TCC Lukas Moura e Sandro Monteiro - 21.07.2023
TCC Lukas Moura e Sandro Monteiro - 21.07.2023
TCC Lukas Moura e Sandro Monteiro - 21.07.2023
INTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
Belém - PA
Julho/2023
LUKAS RIBEIRO MOURA DE SOUSA
SANDRO MATEUS GONÇALVES MONTEIRO
Belém - PA
Julho/2023
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
Agradecemos, primeiramente, à Deus, pois sem Ele, não chegaríamos ao fim dessa trajetória,
superando todos os desafios pelo caminho. Em segundo lugar, agradecemos aos nossos pais,
Mário e Luíza Moura e Neila Gonçalves, por serem nosso porto-seguro, provendo apoio,
cuidado e conselhos valiosos em todos os momentos. Agradecemos, também, aos nossos
familiares, em especial à Ana Luísa Moura, ao Volney Gonçalves e à Rufina Duarte. Nossa
gratidão aos amigos da Igreja, graduação, PCNA e FAESA que nos auxiliaram, das mais
diversas formas possíveis durante esse processo, sobretudo a Alice Maria e a Maria Clara.
Agradecemos profissionalmente às arquitetas Verena Freire e Sylvia Carvalho, representando o
Ministério Público do Estado do Pará, aos engenheiros André Guimarães, Kleber Gueogjian e
a equipe de projetos CTB pela compreensão e suporte para que pudéssemos dedicar os esforços
na conclusão deste trabalho. Academicamente, somos gratos aos professores que nos
acompanharam ao longo desse percurso, especialmente ao nosso Orientador Maurício de Pina
Ferreira, por todas as oportunidades e experiências no desenvolvimento deste trabalho e pelos
outros que virão. Por fim, agradecemos aos colegas do NUMEA, em especial à Mayara Costa,
Layse Rafaele e Jedson Abrantes pelas sugestões, correções, orientações e apoio.
VERIFICAÇÃO DA CAPACIDADE RESISTENTE DE UMA TRAVESSA
DE PONTE ATRAVÉS DO MÉTODO DE BIELAS E TIRANTES
Lukas Ribeiro Moura de Sousa (1); Sandro Mateus Gonçalves Monteiro (1)
(1) Universidade Federal do Pará
RESUMO
Travessas são elementos estruturais de pontes que tem a função de receber o carregamento das
longarinas e ligar transversalmente os pilares, tal sistema estrutural faz parte da mesoestrutura
que tem por objetivo transmitir os esforços da ponte para a infraestrutura. A capacidade
resistente das travessas é importante para o desempenho e segurança desta OAE (Obra de Arte
Especial), onde os requisitos técnicos do projeto devem estar de acordo com as recomendações
normativas vigentes e a análise técnica de projetos se mostra essencial para a garantia de
qualidade da obra. Em uma análise, a metodologia de verificação deve ser coerente com a
geometria, vinculação e comportamento estrutural do elemento. Para estruturas sujeitas a
condições de contorno não usuais, o método de bielas e tirantes se mostra uma opção, visto sua
abrangência em casos de descontinuidade geométrica e de solicitações. O método trabalha com
uma treliça idealizada internamente ao elemento estrutural, que representa o fluxo de tensões
de compressão (bielas) e tração (tirantes) discretizados, permitindo, assim, a verificação da
resistência do concreto em regiões críticas, assim como a determinação e disposição das
armaduras. Portanto, o presente trabalho tem o objetivo de verificar o projeto de uma travessa
de geometria não usual de uma ponte rodoviária pelo método de bielas e tirantes com o auxílio
do software STRAP para a análise elástica das tensões. Com os resultados gráficos e numéricos
obtidos foi possível esboçar o modelo de treliça e verificá-lo de acordo com as recomendações
normativas da ABNT NBR 6118 (2014). Por fim, tem-se em vista contribuir de maneira a
diversificar as possíveis aplicações do método de bielas e tirantes para possíveis situações que
engenheiros calculistas se deparem na rotina da profissão.
Lukas Ribeiro Moura de Sousa (1); Sandro Mateus Gonçalves Monteiro (1)
(1) Federal University of Pará
ABSTRACT
Bridge pier caps are structural elements of reinforced concrete bridges that are responsible for
receiving the load from the main girders and transversely connecting the piers. This structural
system is part of the bridge's mesostructure, which aims to transmit the bridge's forces to the
foundation. The load-carrying capacity of the bridge pier cap is important for the performance
and safety of the bridge. The technical requirements of the design must comply with the current
normative recommendations, and the technical analysis of the projects is essential to ensure the
quality of the construction. The verification methodology should be consistent with the
geometry, constraints, and structural behavior of the element. For structures subjected to
unusual boundary conditions, the strut-and-tie method proves to be an option, given its
comprehensiveness in cases of geometric discontinuity and loadings. The method works with
an idealized truss within the structural element, representing the flow of discretized
compression forces (struts) and tension forces (ties). This allows for the verification of concrete
strength in critical regions, as well as the determination and arrangement of reinforcements.
Therefore, the present work aims to verify the design of an unconventional bridge pier cap
geometry’s using the strut-and-tie method, with the assistance of STRAP software for the elastic
analysis of stresses. With it, it was possible to outline the truss model and verify it according to
the normative recommendations of ABNT NBR 6118 (2014). Finally, the goal is to contribute
to diversifying the potential applications of the strut-and-tie method for possible situations that
structural engineers may encounter in their professional routine.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com ABECE (2015), os projetos de estruturas de concreto devem atender a todos os
critérios de qualidade e durabilidade dispostos na ABNT NBR 6118:2014 especificados na
seção 5 visando a garantia da segurança e economia dos projetos.
Adicionalmente, a ABNT NBR 6118 (2014) no item 22.3 especifica que o Método de Bielas e
Tirantes (MBT) é perfeitamente aplicável aos casos de análise da segurança em Estado Limite
Último (ELU) de elementos estruturais com regiões de descontinuidade (regiões que não
atendem a hipótese de Bernoulli).
Este método consiste no entendimento de estruturas como treliças idealizadas compostas por
barras e nós que representam regiões de tensões de tração e compressão que descrevem o
comportamento interno dos esforços e permitem o dimensionamento das armaduras do
elemento estrutural (SILVA e GIONGO, 2000). A generalidade e sistematização do MBT
permite sua aplicação nas mais diversas situações, desde elementos simples como blocos de
fundação, consolos curtos e vigas parede até situações não rotineiras como aberturas em vigas
e estruturas de geometria e condições de contorno complexas.
O presente estudo tem por objetivo a verificação em ELU de uma travessa de geometria não
usual de uma ponte rodoviária, a travessa em estudo possui dimensões equiparáveis a de vigas-
9
paredes, descontinuidades geométricas e cargas pontuais próximas aos apoios, o que justifica a
utilização do MBT. A verificação se dará de acordo com os requisitos técnicos da ABNT NBR
6118 (2014). A análise local do elemento estrutural se iniciou com determinação das reações de
apoio na travessa por meio da modelagem computacional da ponte com o auxílio do software
STRAP. Em seguida, o modelo de treliça idealizado foi determinado por meio de análise linear
de modelo de elementos finitos da travessa e orientações da literatura
consagrada sobre o método.
10
2 RFERENCIAL TEÓRICO
Segundo EL DEBS e TAKEYA (2007), as pontes são estruturas que têm a finalidade de vencer
obstáculos tais como vales, rios e avenidas e estabelecer a continuidade das vias. Comumente
é denominado ponte a estrutura que visa vencer cursos de água ou outras superfícies líquidas e
viaduto a estrutura que visa vencer um vale ou uma via. De acordo com CAVALCANTE (2019),
as pontes mais usuais de concreto armado são constituídas por elementos estruturais
subdivididos em superestrutura, mesoestrutura e infraestrutura, conforme Figura 1:
A teoria de treliça foi estudada e aperfeiçoada com o decorrer dos anos até que, com base em
resultados experimentais, pesquisadores propuseram a adoção da chamada “Treliça
Generalizada de Mörsch” que, segundo SILVA e GIONGO (2000), passou a considerar a
inclinação das bielas comprimidas com o eixo da viga de forma aproximada aos visualizados
nos ensaios experimentais, entre outras modificações, mas mantendo a ideia básica da analogia
de treliça original. Na década de 80, SCHLAICH, SCHÄFER e JENNEWEIN (1987)
propuseram modelos que adotassem o sistema de Bielas e Tirantes como referência, os quais
poderiam ser utilizados de maneira generalizada para diversos elementos de concreto como:
vigas-parede; consolos; blocos sobre estacas, entre outros.
Cabe ressaltar que, dado sua generalidade de aplicação, o MBT deve ser utilizado com cautela,
pois, o método exige conhecimentos diversos e específicos do projetista para a escolha do
modelo que represente coerentemente os esforços internos na estrutura.
13
Figuras 5ª, 5b, 5c, 5d, 5e e 5f: Regiões contínuas e descontinuas em estruturas.
.
Fonte: CEB/FIP MODEL CODE (2010).
O arranjo de barras e nós do modelo depende diretamente de condições de contorno,
carregamentos aplicados, tipo de ações atuantes, geometria da estrutura, distribuição das
armaduras, apoios da estrutura, entre outros. Diversos métodos de determinação da geometria
do modelo foram desenvolvidos e validados ao longo do tempo, dentre os métodos mais usuais
temos:
a) Modelos pré-definidos ou normativos: São propostos por normas ou autores consagrados que
se baseiam em ensaios experimentais.
O objetivo final do método consiste na verificação à resistência das bielas e dos nós com as
dimensões definidas e a determinação da armadura para os tirantes, ambos baseados nas
recomendações normativas adotadas pelo projetista.
No Brasil o MBT é discutido normativamente pela ABNT NBR 6118:2014 e 9062 (2017),que
estabelecem requisitos para aplicação do método, sendo um desses requisitos a limitação do
ângulo θ de inclinação entre 29,7° e 63,4°, com valores de tangente entre 0,57 e 2,00. A norma
também dita os parâmetros de resistência a serem adotados nas verificações de tensões de
compressão máxima nas bielas e regiões nodais conforme a seguir:
𝑓 , = 0,85 ∙ 𝑎 ∙ 𝑓 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)
𝑓 , = 0,60 ∙ 𝑎 ∙ 𝑓 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2)
𝑓 , = 0,72 ∙ 𝑎 ∙ 𝑓 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 3)
Onde:
𝑎 = 1− - (𝑓 em 𝑀𝑃𝑎)
𝑓
𝑓 = 𝛾 - Resistência de cálculo à compressão do concreto
𝑓 - Resistência de cálculo à compressão do concreto
19
Para a resistência de cálculo dos tirantes a norma determina que a área de aço utilizada deve ser
calculada por:
𝐹
𝐴 = (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4)
𝑓
Onde:
Outra verificação necessária pela ABNT NBR 6118 (2014) é a de ancoragem das armaduras,
onde a norma determina que todas as barras de armaduras devem ser ancoradas de forma que
as forças a que estejam submetidas sejam integralmente transmitidas ao concreto por meio de
aderência, dispositivos mecânicos ou ambos. O cálculo da ancoragem por meio da resistência
de aderência entre concreto e armadura passiva se dá pelas seguintes expressões, conforme itens
9.3 e 9.4 da norma:
𝑓 = 𝜂 ∙𝜂 ∙𝜂 ∙𝑓 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5)
Onde:
𝑓 ,
𝑓 = (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 6)
𝛾
𝑓 , = 0,7 ∙ 𝑓 , (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 7)
𝑓 , = 0,3 ∙ 𝑓 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 8)
𝜙 𝑓
𝑙 = ∙ ≥ 25𝜙 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 9)
4 𝑓
𝐴,
𝑙 . =𝛼∙𝑙 ∙ ≥𝑙 . (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 10)
𝐴,
Onde:
a) Ganchos semicirculares: Devem possuir ponta reta de comprimento não inferior a 2𝜙;
21
b) Ganchos em ângulo de 45° (interno): Devem possuir ponta reta de comprimento não inferior
a 4𝜙;
c) Ganchos em ângulo reto: Devem possuir ponta reta de comprimento não inferior a 8*ϕ;
As armações de elementos estruturais ainda devem respeitar valores mínimos de área de aço
determinados normativamente para armaduras longitudinais de tração e armadura de
cisalhamento. A norma especifica taxas mínimas de armadura de flexão para vigas em função
da área de concreto e do 𝑓 de acordo com a tabela abaixo:
𝐴 𝑓 ,
𝜌 = ≥ 0,2 ∙ (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 14)
𝑏 ∙ 𝑠 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛼) 𝑓
Onde:
3 ESTUDO DE CASO
O projeto em estudo se trata de uma ponte rodoviária a ser construída com sistema estrutural da
superestrutura em vigas (longarinas) que suportam laje com uma faixa de rolamento. Os vãos
típicos da estrutura são de 16,90 m e 21,00 m com uma largura de 12,80 m.
Fonte: Projeto.
Figura 16: Vista em planta da ponte.
Fonte: Projeto.
As longarinas descarregam nas travessas por meio de aparelhos de apoio em neoprene fretado
de 50x100x3 cm. A mesoestrutura por sua vez é composta por estrutura no tipo pórtico com
dois pilares ligados transversalmente por meio da travessa em estudo.
23
Fonte: Projeto.
A travessa em estudo é detalhada em sequência com forma, armadura e especificações:
Fonte: Projeto.
Figura 19: Armação longitudinal da travessa.
24
Fonte: Projeto.
Figura 20: Armação transversal da travessa e notais gerais de projeto.
Fonte: Projeto.
25
4 METODOLOGIA
A ponte em estudo foi modelada no software STRAP com as longarinas representadas por barras
contínuas, a laje contínua como malha com elementos de aproximadamente 50x50 cm e as
transversinas como barras de seção retangular de 35x100 cm. Os apoios foram definidos como
articulações nas extremidades, os vãos da longarina para representação dos aparelhos de apoio.
O modelo é representado na Figura 21.
Fonte: Autores.
Foram considerados os efeitos de não linearidade física dos elementos de maneira aproximada,
conforme recomenda o item 15.7.3 da ABNT NBR 6118 (2014), ajustando os valores de rigidez
dos elementos estruturais.
Fonte: Autores.
A travessa, do estudo de caso, foi modelada como uma malha de elementos finitos apoiada em
engastes na região inferior do pilar parcialmente representado. A malha, conforme Figura 23,
foi discretizada com elementos de 10x10 cm e espessura de 100 cm e as reações de apoio
distribuídas em nós contidos na área de contato do aparelho de apoio.
Fonte: Autores.
A concepção do modelo de bielas e tirantes tem seu início na análise da distribuição linear das
tensões de tração e compressão. A partir destas é possível esboçar a posição de tirantes, em
áreas tracionadas, e bielas, em áreas comprimidas. Para tal, utilizou-se os resultados obtidos no
software STRAP, conforme apresentados nas Figuras 24 e 25.
Fonte: Autores.
27
Fonte: Autores.
Em seguida, verificou-se recomendações na literatura, SILVA E GIONGO (2000), ACI SP-208
(2002) e FIB BULLETIN 61 (2011), com intuito de garantir que o modelo de treliça idealizado
seja o mais adequado para a situação problema em questão.
Para a posição dos dois tirantes superiores, posicionados nas seções tipo A-A, adotou-se o
centróide das armaduras longitudinais dispostas em uma camada conforme projeto original.
Porém, esta disposição em apenas uma camada pode não ser a mais assertiva visto que o trecho
em análise tem dimensões equiparáveis a de uma viga parede que normalmente tem armaduras
longitudinais distribuídas em uma altura maior na viga (várias camadas). SILVA E GIONGO
(2000) comentam que a utilização de parâmetros de vigas usuais em vigas-parede reduz a
segurança e compromete o comportamento em serviço do elemento.
Fonte: Autores.
O posicionamento da biela, encontrada na seção B-B, foi definida por meio da altura da linha
neutra do bloco de compressão (𝑐’), podendo esta ser calculada por meio da Equação 17, com
o suporte das Equações 15 e 16. Segundo o item 22.3.1 da norma supracitada, as inclinações
das bielas devem respeitar os limites de 29,7° a 63,4°. Os critérios acima mencionados,
juntamente com a análise da distribuição linear das tensões de tração e compressão, nortearam
a posição dos demais tirantes e bielas.
28
Considerando os eixos cartesianos em duas dimensões, tem-se que, no eixo x, os nós foram
posicionados, predominantemente, na direção vertical da aplicação das forças F1 = 2350 kN e
F2 = 2489 kN e das reações R1 e R2, sendo a posição destas em 25% da base dos pilares. No
eixo y, observou-se os critérios anteriormente apresentados e, na Figura 26, encontra-se a
síntese da concepção deste modelo.
Fonte: Autores.
Para as dimensões das bielas e regiões nodais a ABNT NBR 6118 (2014) não fornece
orientações de como determinar tais valores. De posse disto, considerou-se as recomendações
normativas da ACI 318 (2019). A figura 27 detalha as escolhas de dimensões do nó 1, onde
dimensão wt será duas vezes a distância da face do elemento estrutural até o centróide das
armaduras, a dimensão lb será a face de contato do aparelho de apoio e a dimensão ws se dará
pela equação 18:
Fonte: Autores.
A definição da geometria dos demais nós seguiu orientações parecidas e com auxílio do
programa AutoCAD as dimensões das bielas foram determinadas interligando geometricamente
os nós.
30
5 RESULTADOS
5.1 MODELO DE TRELIÇA
Considerando os critérios adotados e recomendações normativas, definiu-se o modelo de
treliça, apresentado na Figura 28, a ser utilizado para a verificação do dimensionamento feito
em projeto através da análise dos tirantes, bielas e regiões nodais.
Figura 28: Modelo de treliça escolhido.
Fonte: Autores.
A partir da concepção do modelo de treliça, foi utilizando o software CAST a fim de se obter
os esforços solicitantes em cada elemento, sendo as forças solicitantes nas bielas e tirantes
apresentadas na Figura 29.
Figura 29: Esforços solicitantes nos elementos da treliça.
Fonte: Autores.
Com base nos valores apresentados acima, na resistência à tração do aço CA-50, na compressão
do concreto C30 e da geometria da travessa da ponte, efetuou-se o dimensionamento da
armadura à flexão e ao cisalhamento através dos tirantes e verificações de resistência aos
esforços solicitantes em bielas e regiões nodais.
31
5.2 TIRANTES
5.2.1 Verificação das armaduras à flexão
A fim de verificar as armaduras de combate à flexão, faz-se necessário analisar,
majoritariamente, os esforços nos tirantes horizontais. É dito majoritariamente em função de
bielas presentes em banzos superiores também poderem solicitar armadura diferente da mínima
calculada.
A princípio, é necessário encontrar as áreas de aço correspondentes aos esforços de tração nos
tirantes, por meio da Equação 4. Em seguida, é necessário verificar se a área de aço calculada
(𝐴 ) é superior a mínima (𝐴 , í ) definida na ABNT NBR 6118 (2014), caso contrário, deve-
se utilizar o 𝐴 , í , calculado conforme Tabela 1, para definir o diâmetro da armadura de flexão.
Na Tabela 2, encontram-se os valores obtidos dos itens acima mencionados. Por fim, será
realizada uma verificação da área efetiva calculada pelo modelo, em comparação ao utilizado
em projeto.
Tabela 2: Dimensionamento dos tirantes à flexão.
Fonte: Autores.
Tabela 4: Comprimento de ancoragem.
Fonte: Autores.
Tabela 5: Dimensionamento dos tirantes ao cisalhamento.
Nota-se que todos os esforços solicitantes são mínima ou significativamente inferiores aos
resistentes. Assim, não há necessidade de posicionar armaduras para combater tais esforços.
5.3.2 Verificação das bielas ao cisalhamento
A verificação ao cisalhamento consiste em checar se as bielas dispostas diagonalmente
resistirão aos esforços solicitantes ou se serão esmagadas, sendo que, tal constatação, se dará
com a análise de 𝑁 <𝑁 , . A Figura 32 ilustra as espessuras efetivas das bielas (𝑤 ), bem
como as regiões nodais, verificadas no item a seguir.
Figura 32: Espessuras das bielas e regiões nodais.
Fonte: Autores.
Semelhantemente ao subitem anterior, calculou-se o esforço resistente de acordo com a
Equação 19. A única distinção se dá na tensão resistente considerada, visto que por se tratar de
uma região com tensões de tração transversais, consideraremos na equação supracitada 𝑓 , ,
este calculado conforme Equação 2. Os valores obtidos e a verificação 𝑁 <𝑁 , são
apresentados na Tabela 7.
Tabela 7: Esforços resistentes das bielas dos banzos comprimidos.
Fonte: Autores.
Tabela 8: Caracterização das regiões nodais.
Fonte: Autores.
6 CONCLUSÕES
Tendo em vista os resultados obtidos pela verificação do projeto pelo método de bielas e
tirantes, observa-se que através da análise dos tirantes as armaduras de combate à flexão
atendem os esforços solicitantes à estrutura. Quanto as de combate ao cisalhamento, constatou-
se que os trechos entre os pilares e a descontinuidade geométrica da viga deveriam ter um
espaçamento menor que o definido em projeto, em função de tensões principais de tração mais
significativos neste trecho. Apesar disto, todas estão acima dos mínimos normativos. Na
verificação da ancoragem, a travessa atendeu aos critérios necessários, muito em função de suas
dimensões.
Quanto a análise das bielas, verificou-se que não há risco de esmagamento das mesmas, ou seja,
da estrutura sofrer ruptura devido ao cisalhamento. Entretanto, as regiões nodais 2 e 3
apresentam tensões solicitantes, provenientes dos tirantes T1 e T2, maiores que as resistentes,
indicando possível risco a segurança estrutural. As possíveis soluções para contornar tal
problemas seria o aumento do 𝑓 de 30 para 35 Mpa ou uma outra disposição das armaduras
de combate a flexão nesta região. Esta outra possível disposição, aliás, poderia ser armando esta
semelhante a viga-parede, isto é, distribuindo a armadura ao longo de 15% da altura total da
seção.
De posse dos resultados obtidos na análise da travessa pelo método de bielas e tirantes, conclui-
se que o projeto original atende às especificações técnicas normativas quanto ao estado limite
último, havendo apenas a necessidade de sugeridas acima. Quando ao referencial normativo,
destaca-se que, apesar da principal adotada neste trabalho ser a ABNT NBR 6118 (2014),
tornou-se necessário recorrer a ACI 318 (2019), visto que a norma brasileira carece de
detalhamentos adequados sobre a determinação da geometria das regiões nodais e espessuras
das bielas.
Por fim, situações de dimensionamento de elementos com descontinuidade geométrica e de
carregamento podem não ser rotineiros profissionalmente. Entretanto, este trabalho buscou
contribuir para aplicação do método de bielas e tirantes para situações semelhantes ao estudo
de caso do mesmo.
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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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commentary (ACI 318R-19).
ADEBAR, Perry; ZHOU, Zongyu. Bearing strength of compressive struts confined by plain
concrete. ACI Structural Journal, v. 90, p. 535-535, 1993.
CEB/FIP MODEL CODE. Fip Bulletin 55: Model Code 2010, First complete draft. vol. 1
Internacional Federation for Structural Concrete, 2010. Disponível em:
https://doi.org/10.35789/fib.BULL.0055.
EL DEBS, Mounir Khalil; TAKEYA, Toshiaki. Introdução às pontes de concreto. São Carlos,
2007.
MARTHA, Luiz Fernando Campos Ramos. Geração automática via otimização topológica e
avaliação de segurança de modelos de bielas e tirantes. 2012. Tese (Doutorado em
Estruturas) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
SILVA, Reginaldo Carneiro da; GIONGO, José Samuel. Modelos de bielas e tirantes
aplicados a estruturas de concreto armado. São Carlos: EESC/USP, 2000.
YAHYA, Norrul Azmi et al. Bearing strength of concrete for difference heights of concrete
blocks. In: IOP conference series: materials science and engineering. IOP Publishing, 2018. p.
072011. Disponível em: http://doi.org/10.1088/1757-899X/431/7/072011.