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pré natal com o pai

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dx.doi.org/10.5380/ce.v26i0.75169 Cogitare enferm.

2021, v26:e75169

ARTIGO ORIGINAL

PARTICIPAÇÃO DO COMPANHEIRO DA GESTANTE


NAS CONSULTAS DE PRÉ-NATAL: PREVALÊNCIA E
FATORES ASSOCIADOS

Jaqueline Guimarães Elói de Brito1


José Marcos de Jesus Santos2
Maria do Socorro Claudino Barreiro1
Diego da Silva Dantas1
Adriana Moraes Leite2
Rosemar Barbosa Mendes1

RESUMO
Objetivo: identificar a prevalência e fatores associados à participação do companheiro da gestante
no pré-natal.
Método: estudo transversal realizado entre março e julho de 2018 por meio de entrevista com
655 puérperas de uma regional do Nordeste brasileiro. Estimou-se associações com uso do Qui-
quadrado e Razão de Prevalência.
Resultados: dentre mulheres com companheiro e que realizaram pré-natal (85,6%; n= 561),
a participação do parceiro foi de (44,2%; n=248), sendo maior entre aquelas que planejaram a
gravidez (RP: 1,25; IC 95%: 1,07-2,10), desejaram engravidar (RP: 1,22; IC 95%: 1,01-1,98), iniciaram
precocemente o acompanhamento (RP: 1,31; IC 95%: 1,01-2,46) e realizaram seis ou mais consultas
(RP: 1,49; IC 95%: 1,32-1,81). Houve menor participação entre mulheres com baixa escolaridade
(RP: 0,72; IC 95%: 0,39-0,77) e que utilizaram serviço público (RP: 0,65; IC 95%: 0,24-0,85).
Conclusão: a baixa prevalência de participação do companheiro da gestante no pré-natal evidencia
a necessidade de maior estímulo à sua inclusão neste processo.
DESCRITORES: Gravidez; Cuidado Pré-Natal; Paternidade; Saúde do Homem; Saúde Pública.

PARTICIPACIÓN DEL COMPAÑERO DE LA EMBARAZADA EN LAS CONSULTAS


PRENATALES: PREVALENCIA Y FACTORES ASOCIADOS
RESUMEN:
Objetivo: identificar la prevalencia y los factores asociados a la participación del acompañante de la gestante en
el prenatal. Método: estudio transversal realizado entre marzo y julio de 2018 mediante una entrevista con 655
puérperas de un hospital regional del Nordeste de Brasil. Las asociaciones se estimaron mediante la Chi-cuadrado
y la Razón de Prevalencia. Resultados: entre las mujeres con pareja que tuvieron control prenatal (85,6%; n= 561), la
participación de la pareja fue (44,2%; n=248), siendo mayor entre las que planificaron el embarazo (PR: 1,25; IC 95%:
1,07-2,10), deseaban quedarse embarazadas (PR: 1,22; IC 95%: 1,01-1,98), iniciaron precozmente un seguimiento
(PR: 1,31; IC 95%: 1,01-2,46) y tenían seis o más consultas (PR: 1,49; IC 95%: 1,32-1,81). La participación fue menor
entre las mujeres con bajo nivel educativo (RP: 0,72; IC 95%: 0,39-0,77) y que utilizaron los servicios públicos (RP: 0,65;
IC 95%: 0,24-0,85). Conclusión: la baja prevalencia de participación del acompañante de la gestante en el prenatal
evidencia la necesidad de un mayor estímulo a su inclusión en este proceso.
DESCRIPTORES: Embarazo; Atención Prenatal; Paternidad; Salud del Hombre; Salud Pública.
1
Universidade Federal de Sergipe. Aracaju, SE, Brasil.
2
Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Cogitare enferm. 2021, v26:e75169

INTRODUÇÃO

A assistência pré-natal visa o desenvolvimento de uma gestação saudável a partir da


abordagem de aspectos biopsicossociais, diagnósticos e terapêuticos e oferta de atividades
educativas e preventivas cabíveis neste processo(1-2). Historicamente, as ações em saúde
voltadas ao período gravídico-puerperal foram direcionadas exclusivamente à mulher e
ao feto/recém-nascido, com notável diferença no foco da promoção da saúde ao binômio
mãe-bebê e à saúde masculina. Há também um entrave cultural motivado por estereótipos
na visitação de homens aos serviços de saúde, em especial da Atenção Primária(3-4).
No Brasil, o Ministério da Saúde publicou em 2016 um Guia do Pré-Natal do Parceiro
para Profissionais da Saúde, que estabelece: 1º incentivo à participação do homem nas
consultas de pré-natal e nas atividades educativas; 2º realização de testes rápidos e
exames de rotina no parceiro (tipagem sanguínea e fator RH, HBsAg, teste treponêmico e/
ou não treponêmico para detecção de sífilis, pesquisa de anticorpos anti-HIV e anti-HCV,
hemograma, lipidograma, dosagem de glicose, eletroforese da hemoglobina, aferição de
pressão arterial, verificação de peso e cálculo de IMC); 3º atualização do cartão de vacina
do parceiro; 4º abordagens de temáticas voltados ao público masculino; e 5º orientações
sobre o papel do homem na gestação, pré-parto, parto, puerpério imediato e cuidados
com a criança(3).
Todavia, embora a participação do parceiro da gestante nas consultas de pré-natal
tenha passado a ser estimulada nos últimos anos no país, muitos homens continuam sem
entender a importância e/ou finalidade de participarem deste processo. Autores atribuem
essa problemática aos profissionais de saúde da Atenção Primária, quando ignoram e/ou
desqualificam a participação do parceiro na gestação. Muitos parceiros nem chegam a ser
convidados para entrar na sala onde são realizados os atendimentos à mulher(5-6).
Cabe destacar que a participação do homem no pré-natal é fator determinante para
a criação e fortalecimento de vínculos afetivos saudáveis, além de favorecer a realização
de um pré-natal com melhores indicadores de qualidade(3). A presença do parceiro no
pré-natal pode contribuir para um maior número de consultas realizadas(2), bem como
influenciar na saúde física e psicológica da mulher e criança, reduzir a ansiedade, aliviar a
dor, diminuir a duração do trabalho de parto, favorecer o aleitamento materno e reduzir os
índices de violências domésticas e/ou obstétricas(6-8).
Acrescenta-se, por fim, que a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem (PNAISH) também defende o envolvimento dos pais no ciclo gravídico-puerperal,
buscando consolidar a mudança crucial do foco no binômio mãe-criança para o trinômio
pai-mãe-criança(3,9-10). Frente ao exposto, o objetivo deste estudo foi identificar a prevalência
e os fatores associados à participação do companheiro das gestantes nas consultas de pré-
natal.

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, descritivo e inferencial, realizado entre março


e julho de 2018. Foram avaliadas 655 puérperas por meio de entrevista e visualização
do cartão de pré-natal durante o pós-parto imediato. O local de realização foi uma
maternidade de risco habitual localizada em Lagarto, Sergipe, Brasil. A instituição possui
quatro leitos obstétricos particulares, seis leitos de pré-parto e 31 leitos de alojamento
conjunto. Atende partos com financiamento público e/ou privado de parturientes de risco
habitual provenientes de Lagarto e de outras cidades da Região Centro-Sul do estado.

Participação do companheiro da gestante nas consultas de pré-natal: prevalência e fatores associados


Brito JGE de, Santos JM de J, Barreiro M do SC, Dantas D da S, Leite AM, Mendes RB
Cogitare enferm. 2021, v26:e75169

A população elegível ao estudo era composta por 1.250 mulheres com base na
estimativa anual de partos disponibilizada pela direção da instituição. A partir disso foi
feito cálculo amostral usando a fórmula de Barbetta (2014), sendo considerado um nível de
confiança de 97% e de erro amostral de 3%(11). Acrescentou-se uma margem de segurança
de 10% no número calculado, resultando em 655 puérperas.
As participantes foram selecionadas por amostragem aleatória simples, a partir de uma
listagem de internação diária, sendo consideradas elegíveis todas as mulheres que tiveram
parto de feto vivo de qualquer peso ou idade gestacional. Não foram incluídas mulheres
que não falassem e/ou compreendessem o idioma português e/ou que apresentassem
transtornos mentais graves.
Para a coleta dos dados, foram aplicados questionários durante entrevistas com as
puérperas, respeitando-se um intervalo mínimo de seis horas após o parto. O questionário
abordava questões sociodemográficas maternas, relacionadas à gravidez e ao pré-natal da
mulher e do parceiro.
Destaca-se que foram estimadas associações entre variáveis sociodemográficas
maternas (faixa etária, raça, zona de moradia, escolaridade e trabalho remunerado),
relacionadas à gravidez (planejamento reprodutivo, sentimento quanto à gravidez e
percepção do tempo da gestação) e ao pré-natal (trimestre de início, número de consultas,
acompanhamento pelo mesmo profissional e tipo de serviço) com a participação do
parceiro das gestantes nestas consultas.
A análise estatística foi realizada no IBM® SPSS 20.0 Mac. Utilizou-se as técnicas uni
e bivariada para obtenção da distribuição dos valores das frequências absoluta e relativa/
proporcional. As associações foram estimadas por meio do teste Qui-quadrado entre
variáveis categóricas, com uso da Razão de Prevalência como medida de associação e
seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%). Em todos os casos foi adotada
significância de 5%.
Este estudo está vinculado ao Projeto Nascer em Lagarto, SE: Inquérito Municipal
sobre Parto e Nascimento, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Sergipe, sob parecer nº 2.553.774. Os pesquisadores seguiram as diretrizes e
normas regulamentadoras preconizadas na Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de
Saúde sobre as pesquisas envolvendo seres humanos(12).

RESULTADOS

Dentre as mulheres com companheiro à época da pesquisa (85,6%; n=561), (99,8%;


n= 560) referiram a realização do pré-natal. Entretanto, somente (44,2%; n=248) delas
tiveram a participação do parceiro nestas consultas, sendo (33,1%; n=82) com participação
total/em todas as consultas e (66,9%; n=166) com participação parcial/algumas consultas.
A análise de associações entre as características sociodemográficas maternas e a
participação do parceiro no pré-natal mostrou uma menor prevalência entre mulheres com
baixa escolaridade (RP: 0,72; IC 95%: 0,39-0,77) (Tabela 1).

Participação do companheiro da gestante nas consultas de pré-natal: prevalência e fatores associados


Brito JGE de, Santos JM de J, Barreiro M do SC, Dantas D da S, Leite AM, Mendes RB
Cogitare enferm. 2021, v26:e75169

Tabela 1 – Associações entre variáveis sociodemográficas maternas e a participação do parceiro no pré-


natal (n=560). Região Centro-Sul de Sergipe, Brasil, 2018

Variáveis sociodemográficas Participação do parceiro no pré-natal Valor de p RP


(IC 95%)
Sim (%) (n=248) Não (%) (n=312)
Faixa etária
≤ 19 anos 45,5 54,5 1,02
0,861
≥ 20 anos 44,4 55,6 (0,65-1,64)
Raça/Cor da pele
Branca/Amarela 50 50 1,15
0,267
Preta/Parda 43,6 56,4 (0,82-2,04)
Zona de moradia
Rural 41,6 58,4 0,88
0,169
Urbana 47,4 52,6 (0,80-1,77)
Escolaridade
Analfabeta/Fundamental 36,7 63,3 0,72
0,001
Médio/Superior 51,1 48,9 (0,39-0,77)
Possui trabalho remunerado
Sim 49,1 50,9 1,15
0,176
Não 42,8 57,2 (0,89-1,86)
Legenda: RP= Razão de Prevalência, IC 95%= Intervalo de Confiança de 95%.

A gravidez planejada (RP: 1,25; IC 95%: 1,07-2,10) e o desejo materno de realmente


engravidar naquele período da vida (RP: 1,22; IC 95%: 1,01-1,98) mostraram-se associadas
à participação do parceiro no pré-natal (Tabela 2).

Tabela 2 – Associações entre variáveis relacionadas à gravidez e a participação do parceiro na assistência


pré-natal (n=560). Região Centro-Sul de Sergipe, Brasil, 2018 (continua)

Variáveis relacionadas à Participação do parceiro no pré-natal Valor de p RP


gravidez (IC 95%)
Sim (%) (n= 248) Não (%) (n=312)
Gravidez planejada
Sim 49,8 50,2 0,017 1,25
Não 39,7 60,3 (1,07-2,10)
Sentimento em relação à gravidez
Satisfeita 46 54 0,288 1,12
Mais ou menos/Insatisfeita 41,1 58,9 (0,84-1,76)
Percepção de tempo da gestação

Participação do companheiro da gestante nas consultas de pré-natal: prevalência e fatores associados


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Queria engravidar agora 49,1 50,9 0,041 1,22


Queria engravidar depois 40,4 59,6 (1,01-1,98)
Legenda: RP= Razão de Prevalência, IC 95%=Intervalo de Confiança de 95%.

Também foi observada uma maior prevalência de participação do parceiro da


gestante nas consultas de pré-natal entre mulheres que iniciaram precocemente seu
acompanhamento (RP: 1,31; IC 95%: 1,01-2,46) e que realizaram seis ou mais consultas
(RP: 1,49; IC 95%: 1,32-1,81), e menor entre aquelas que utilizaram o serviço público neste
processo (RP: 0,65; IC 95%: 0,24-0,85) (Tabela 3).

Tabela 3 – Associações entre as características da assistência pré-natal e a participação do parceiro nestas


consultas (n=560). Região Centro-Sul de Sergipe, Brasil, 2018

Variáveis da assistência pré- Participação do parceiro no pré-natal Valor de RP


natal p (IC 95%)
Sim (%) (n=248) Não (%) (n=312)
Início precoce
Sim 46,6 53,4 0,046 1,31
Não 35,6 64,4 (1,01-2,46)
Número de consultas
6 ou mais consultas 47,7 52,3 0,004 1,49
≤ 5 consultas 32 68 (1,32-1,81)
Acompanhamento pelo mesmo profissional
Sim 45,6 54,4 0,502 1,07
Não 42,6 57,4 (0,79-1,59)
Tipo de serviço que realizou a maioria das consultas
Público 41,5 58,5 <0,001 0,65
Privado 64,1 35,9 (0,24-0,85)
Legenda: RP= Razão de Prevalência, IC 95%= Intervalo de Confiança de 95%.

DISCUSSÃO

Os benefícios da assistência pré-natal têm ampla discussão no meio científico, embora


abordados em perspectivas exclusivamente voltadas à mãe-bebê(13). Desta maneira, em
um dos eixos da PNAISH foi desenvolvida a Estratégia Pré-Natal do Parceiro, que objetiva
engajar o envolvimento dos homens no acompanhamento pré-natal, parto e pós-parto(9).
Esse cenário justifica a produção de evidências científicas que contribuam para encorajar a
prática de atenção ao pré-natal do parceiro, tendo em vista o empoderamento familiar(3).

Participação do companheiro da gestante nas consultas de pré-natal: prevalência e fatores associados


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No presente estudo, foi evidenciado que 44,2% das mulheres entrevistadas tiveram a
participação do companheiro nas consultas de pré-natal, com somente 14,6% participando
de fato em todas as consultas. Esse resultado se diferencia do achado de uma pesquisa de
nível nacional feita pelo Ministério da Saúde entre 2017/2018 com 37.322 homens, na qual
72,2% dos participantes referiram ter acompanhado suas companheiras nas consultas de
pré-natal(14). Ademais, em contexto internacional, um estudo realizado com 5.333 mulheres
na Inglaterra mostrou que mais de 80% dos parceiros acompanharam a gestação, parto e
puerpério de suas esposas(8).
No Sergipe, um dos principais motivos relatados pelos pais para não comparecerem
às Unidades Básicas de Saúde (UBS) foi a necessidade de trabalhar (76%)(15), resultado
semelhante ao encontrado em outros estudos(16-17). Ressalta-se que a Lei nº 13.257/2016
dá o direito ao trabalhador de se ausentar do serviço por até dois dias para acompanhar
consultas e exames complementares, sem prejuízo salarial(18).
Todavia, mesmo amparados por lei, muitos trabalhadores têm receio de faltar no
serviço por razões de saúde, fato que, somado à pouca resolutividade dos serviços e/ou
ao longo tempo de espera para atendimentos, dificultam a ida dos homens aos serviços de
saúde da atenção básica e/ou especializada do país(6).
Ademais, quando os companheiros se fazem presentes, em muitos casos, não são
realizadas atividades que os incluam, fazendo com que o homem não se sinta convidado
para o pré-natal(5-6). É evidente que a maioria dos pré-natalistas ainda estão focando suas
orientações exclusivamente na gestante (69,1%), o que mostra também uma invisibilidade
do pai, mesmo quando este se faz presente no serviço de saúde(5-6,15).
Reforça-se que o Ministério da Saúde preconiza a oferta de algumas atividades
preventivas e diagnósticas para os companheiros das gestantes durante o pré-natal. Dentre
elas, cita-se a solicitação de testes rápidos, HIV, Sífilis e Hepatites; aconselhamentos e
exames de rotina, e atualização do cartão de vacina(3), além da participação em atividades
educativas para estimular os pais a participarem ativamente do cuidado com o filho(19).
Foi também identificado um perfil característico de mulheres e da assistência pré-
natal que melhor favorecem o envolvimento do parceiro no acompanhamento gestacional:
mulheres que desejaram ou planejaram a gravidez e/ou que iniciaram precocemente o
acompanhamento pré-natal e/ou que realizaram seis ou mais consultas e/ou mulheres com
maior escolaridade e/ou que utilizaram o serviço privado.
Autores apresentam a escolaridade como fator importante na utilização dos serviços
de saúde pelas camadas da população menos favorecidas(2). Quando o nível de escolaridade
do casal é mais elevado, há uma maior adesão por parte da mulher ao pré-natal, e a
participação do homem durante o ciclo gravídico comumente é mais ativa(17).
Além disso, outro estudo encontrou que o envolvimento paterno é maior entre
mulheres autodeclaradas brancas/amarelas(8). Isso pode ser explicado, inclusive, por um
possível racismo institucional na saúde, uma vez que mulheres pardas/negras têm menor
acesso aos serviços de qualidade, à atenção ginecológica e obstétrica(20).
A limitação deste estudo está relacionada à obtenção dos dados exclusivamente a
partir do relato das puérperas entrevistadas, sem a obtenção dos dados diretamente com
os parceiros das gestantes nas consultas de pré-natal.

CONCLUSÃO

Foi evidenciada uma baixa prevalência de participação do companheiro da gestante

Participação do companheiro da gestante nas consultas de pré-natal: prevalência e fatores associados


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nas consultas de pré-natal, com associação de variáveis sociodemográficas maternas e


características assistenciais. Os fatores associados à maior participação do companheiro
das gestantes no pré-natal foram: alta escolaridade materna, utilização do serviço privado,
gravidez planejada, desejo materno de realmente engravidar, início precoce do pré-natal
e realização de seis ou mais consultas.
Esses achados reforçam a necessidade de maior estímulo à inclusão do homem
neste processo assistencial. Recomenda-se, em especial aos profissionais da Enfermagem,
atenção ao fato de a gravidez também ser um assunto de homem, de modo que estimular
a participação do pai/parceiro durante todo esse processo pode ser fundamental para o
bem-estar biopsicossocial da mãe, do bebê e dele próprio.
Reforça-se a necessidade de sensibilizar e preparar as equipes de saúde para
receberem e acolherem os homens de forma integral e adequada a este seguimento. O
enfermeiro ocupa um papel fundamental neste aspecto, pois deve orientar e estimular
as gestantes quanto à possibilidade e importância da presença do parceiro no pré-
natal, não oferecendo obstáculos à sua participação, e sim uma escuta qualificada sobre
as expectativas do casal em relação à paternidade/maternidade. Desse modo, o pai se
sentirá seguro para oferecer o apoio necessário à mulher e à criança, visto que entenderá
as alterações fisiológicas/emocionais pertinentes ao ciclo gravídico-puerperal no qual está
inserido.

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Participação do companheiro da gestante nas consultas de pré-natal: prevalência e fatores associados


Brito JGE de, Santos JM de J, Barreiro M do SC, Dantas D da S, Leite AM, Mendes RB
Cogitare enferm. 2021, v26:e75169

COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO:


Brito JGE de, Santos JM de J, Barreiro M do SC, Dantas D da S, Leite AM, Mendes RB. Participação do companheiro
da gestante nas consultas de pré-natal: prevalência e fatores associados. Cogitare enferm. [Internet]. 2021
[acesso em “colocar data de acesso, dia, mês abreviado e ano”]; 26. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/
ce.v26i0.75169.

Recebido em: 13/07/2020


Aprovado em: 02/02/2021

Editora associada: Tatiane Herreira Trigueiro

Autor Correspondente:
José Marcos de Jesus Santos
Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto, SP, Brasil
E-mail: jsmarcos@usp.br

Contribuição dos autores:


Contribuições substanciais para a concepção ou desenho do estudo; ou a aquisição, análise ou interpretação de
dados do estudo – JGEB, JMJS, RBM
Elaboração e revisão crítica do conteúdo intelectual do estudo – JGEB, JMJS, MSCB, DSD, AML, RBM
Aprovação da versão final do estudo a ser publicado – JGEB, JMJS, MSCB, DSD, AML, RBM
Responsável por todos os aspectos do estudo, assegurando as questões de precisão ou integridade de qualquer
parte do estudo – JGEB, JMJS, RBM

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original seja devidamente citado.

Participação do companheiro da gestante nas consultas de pré-natal: prevalência e fatores associados


Brito JGE de, Santos JM de J, Barreiro M do SC, Dantas D da S, Leite AM, Mendes RB

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