O presente artigo propõe analisar a peça A doença branca, do escritor tcheco Karel Čapek, publicada e encenada pela primeira vez no ano de 1937. Será considerada a situação política europeia naquele período, bem como o reflexo, dentro da... more
O presente artigo propõe analisar a peça A doença branca, do escritor tcheco Karel Čapek, publicada e encenada pela primeira vez no ano de 1937. Será considerada a situação política europeia naquele período, bem como o reflexo, dentro da obra, do pensamento e das opiniões do autor sobre tal situação. Como aporte teórico, o texto trará a contribuição de Susan Sontag, que se dedicou a escrever sobre a doença enquanto metáfora, inclusive na literatura. Além disso, estudos dedicados à vida e à obra de Čapek comporão um quadro mais geral sobre o qual se poderá apoiar a apreciação desse drama específico. Busca-se, com isso, partir do exame do drama selecionado, e de como o autor aborda o tema da doença, para pensar a atualidade dessa leitura no momento em que o mundo, uma vez mais, é atingido por uma pandemia.
No conto Outros tempos , Domingos Pellegrini mostra o funcionamento da liberdade de acao no Brasil em tres momentos: 1950, 1970 e 2000. A diversidade de contexto entre as situacoes vividas nestes tres tempos e retratada pelas atitudes de... more
No conto Outros tempos , Domingos Pellegrini mostra o funcionamento da liberdade de acao no Brasil em tres momentos: 1950, 1970 e 2000. A diversidade de contexto entre as situacoes vividas nestes tres tempos e retratada pelas atitudes de tres geracoes de homens de uma mesma familia diante da abordagem da policia no espaco da via publica. O registro literario revela uma memoria de oprimido que se torna mais dolorosa e traumatica quando comparada a uma memoria de enfrentamento testemunhada pelo mesmo oprimido vinte anos antes. Ambas serao transmitidas atraves de relato oral a um terceiro sujeito, o qual utilizara este conhecimento como experiencia adquirida para criar uma vivencia transformadora em sua realidade atual. Entendendo a Literatura como um lugar em que e possivel a representacao de realidades divergentes ou complementares, este trabalho intentara debater brevemente, a partir da analise do conto citado, alguns aspectos relacionados aos conceitos de testemunho, experiencia, m...
This paper theoretically approaches the relationship between the instances of time and space as far as natural language conveys their manifestation, focusing on meaning, majorly represented by the subdiscipline of Semantics, along with... more
This paper theoretically approaches the relationship between the instances of time and space as far as natural language conveys their manifestation, focusing on meaning, majorly represented by the subdiscipline of Semantics, along with some insights on Syntax and Pragmatics. The outset-designed ontology is mainly composed by categories of TAME (tense, aspect, mood and evidentiality/eventology) instantiated by linguistic phenomena that yelds anchoring, displacement and aboutness properties. To achieve this wide range of linguistic manifestations the scope takes over the verbal semantics of Brazilian Portuguese (henceforth BrP), pursuing to manage the lexical nature of entries in this language and its metaphysical counterpart in meaning. This sort of approach intends to illustrate the proper balance for the formal device of a semantic component regarding these language parameters on TAME and their principles correlation on human language by means of this paper intends to coin as TARDI...
Este trabalho se propõe a avaliar as dimensões da causalidade enquanto fenômeno aquém e além da instância semântica, identificável por meio da aproximação entre significado da sentença e do falante, expressa neste trabalho a partir da... more
Este trabalho se propõe a avaliar as dimensões da causalidade enquanto fenômeno aquém e além da instância semântica, identificável por meio da aproximação entre significado da sentença e do falante, expressa neste trabalho a partir da relação causa/efeito viabilizada pela modalidade. Assume-se que o fenômeno causal, representando tanto sua pertinência para a cognição humana quanto âmbitos mais amplos da gramática, insere-se na categoria de significado complexo, requerendo auxílio das disciplinas de sintaxe e pragmática para o estudo semiformal de sua natureza e ocorrência no âmbito lógico-linguístico. Posto isso, o artigo está organizado a partir da seguinte estrutura: a) o fenômeno causal e a sua expressão em linguagem natural via modalidade com suas respectivas implicações para i) a comunicação cotidiana; ii) a linguagem científica; e iii) a ontologia das Filosofias da Mente, da Lógica, da Linguagem, da Linguística e da Ciência; b) a constituição da holografia semântica a partir d...
O presente texto busca corroborar conceitualmente as noções metateóricas de significado complexo e racionalidade a partir de óticas linguístico-filosóficas. Nesse sentido, o texto organiza-se a partir de quatro seções, sendo: a) seção... more
O presente texto busca corroborar conceitualmente as noções metateóricas de significado complexo e racionalidade a partir de óticas linguístico-filosóficas. Nesse sentido, o texto organiza-se a partir de quatro seções, sendo: a) seção introdutória, caracterizando o ponto de partida para o desenvolvimento do problema de pesquisa abordado; b) apresentação de fundamentos característicos de significado complexo, buscando localizar sua instanciação em teorias linguísticas distintas, relacionando-se direta ou indiretamente com a significação linguística; c) caracterização de aspectos disciplinares tipicamente envolvidos com a racionalidade ampla, circunscrevendo-a à área da ciência linguística por meio de modelos e métodos; e d) seção de conclusão, situando os conceitos de significado complexo e racionalidade ampla a partir de uma abordagem multiforme e heteromórfica em conformidade com a proposta de Metateoria das Interfaces, seção fortemente marcada por uma análise epistemológica sobre ...
This paper intends to discuss the cornerstone of a currently very relevant semantic tool regarding theory linguistic and analysis, specially for Possible Worlds Semantics, namely the anchors or the notion/process of anchoring. As a squib,... more
This paper intends to discuss the cornerstone of a currently very relevant semantic tool regarding theory linguistic and analysis, specially for Possible Worlds Semantics, namely the anchors or the notion/process of anchoring. As a squib, three quite brief sections compose the architecture of this paper: a) characterization of the issue, identifying the rise of anchors on literature; b) this tool’s relevance on logic-linguistic scenario, associated to other two semantic properties, notably i) displacement and ii) aboutness; c) unfolding perspectives regarding this topic, suggesting some insights from Brazilian Portuguese description data, mainly concerning the phenomena of i) monsters-operators and ii) propositional attitudes.
O trabalho que se apresenta propoe-se majoritariamente a uma discussao epistemologica acerca do fenomeno causal instanciado pelas propriedades de significado da linguagem verbal enquanto objeto teorico delineado metodologicamente pela... more
O trabalho que se apresenta propoe-se majoritariamente a uma discussao epistemologica acerca do fenomeno causal instanciado pelas propriedades de significado da linguagem verbal enquanto objeto teorico delineado metodologicamente pela interface logica/linguagem natural. A metodologia de trabalho cientifico empregada tem consistencia teorico-analitica e teoricoargumentativa, apoiando-se sobre o framework semântico-formal assumido na perspectiva gerativista da Faculdade da Linguagem. Sendo tres os capitulos de desenvolvimento deste trabalho, o primeiro, que corresponde ao âmbito historico-teorico, se da em direcao a pressuposicao do objeto real e a caracterizacao da causalidade enquanto entidade fenomenologica tangenciavel, apresentando de forma nao problematica os fundamentos empregaveis diante do recorte tematico proposto. Em nivel metodologico-ontologico de discussao, pauta do segundo capitulo, instaura-se o debate entre as propriedades logicoformais e linguistico-naturais que, pos...
RESUMO: Este trabalho, baseando-se na proposta da Metateoria das Interfaces (Costa, 2007), visa estabelecer uma relação lógico-linguístico-comunicativo-cognitiva sobre o tratamento fenomenológico do argumento semiformal em linguagem... more
RESUMO: Este trabalho, baseando-se na proposta da Metateoria das Interfaces (Costa, 2007), visa estabelecer uma relação lógico-linguístico-comunicativo-cognitiva sobre o tratamento fenomenológico do argumento semiformal em linguagem natural, observado a partir de adágios e aforismos em português brasileiro, passíveis de ser válidos em sua forma argumentativa e aceitáveis em seu conteúdo e usabilidade. Sobretudo a partir do framework de Sperber e Wilson (1995), contextualizamos nossa discussão na possível interface entre relevância e validade, conforme propõem Costa e Strey (2014), buscando alguma adequação descritivo-explanatória sobre a natureza desse tipo de argumentação em linguagem natural, tanto nos aspectos linguísticos, de acordo com a proposta de Ibaños e Costa (2014), quanto nas suas implicações computacionais, comunicativas e cognitivas. Nossa hipótese central é a de que, na dimensão da racionalidade prática, entre lógica e linguística, a pragmática está embasada de maneir...
Neste artigo são investigadas as características da condição judaica na obra de dois escritores judeus brasileiros contemporâneos: Cíntia Moscovich e Michel Laub. Por meio da leitura das obras Por que sou gorda, mamãe? (2006) e Diário da... more
Neste artigo são investigadas as características da condição judaica na obra de dois escritores judeus brasileiros contemporâneos: Cíntia Moscovich e Michel Laub. Por meio da leitura das obras Por que sou gorda, mamãe? (2006) e Diário da queda (2011), as características da identidade judaica encontradas nas narrativas são comparadas com a posição dos próprios autores, conhecida através de entrevistas realizadas em setembro de 2018. Tanto as respostas da entrevista quanto a observação dos textos literários são interpretadas à luz de A condição judaica (1985), de Moacyr Scliar. Conclui-se que a identidade judaica não é um dado biológico/hereditário nem religioso, compondo-se a partir de marcos culturais, como costumes, rituais, fala, humor e alimentação, e que a presença desses elementos ou o pertencimento de autores ao judaísmo não condiciona uma obra, por si, como literatura judaica.
Por meio dos conceitos acerca do ensaio pessoal, este artigo apresenta alguns dos atributos deste gênero literário que tomou forma e força desde o surgimento do ensaio em si, com Michel de Montaigne, desenvolvendo-se e firmando-se também... more
Por meio dos conceitos acerca do ensaio pessoal, este artigo apresenta alguns dos atributos deste gênero literário que tomou forma e força desde o surgimento do ensaio em si, com Michel de Montaigne, desenvolvendo-se e firmando-se também com autores anglo-saxões. Após apresentar alguns desses traços gerais segundo ensaístas que refletiram sobre o gênero – como o próprio Montaigne, Alexander Smith, Virginia Woolf e Max Bense –, o artigo se detém sobre quatro elementos do ensaio pessoal segundo a análise do teórico e ensaísta Phillip Lopate, sejam eles: o componente conversacional; honestidade, confissão e privacidade; contrações e expansões do ser; e o papel da contrariedade. A partir deles, identificamos a presença dessas características em duas obras da literatura brasileira contemporânea: Pai, pai, de João Silvério Trevisan; e Meus desacontecimentos, de Eliane Brum.
Trangressor, o romance Viagens na minha terra (1846), do português Almeida Garrett, flutua entre gêneros e discursos diversos. Mistura crônica de viagem, ensaio pessoal, crítica literária, opinião política, prosa jornalística e um romance... more
Trangressor, o romance Viagens na minha terra (1846), do português Almeida Garrett, flutua entre gêneros e discursos diversos. Mistura crônica de viagem, ensaio pessoal, crítica literária, opinião política, prosa jornalística e um romance folhetim. Este ensaio mostra as diversas transgressões do romance enquanto pondera sobre a (não) normatividade da criação literária e os parâmetros (subversíveis) das aulas de Escrita Criativa. Ao alinhavar tais assuntos, usam-se como referências Mikhail Bakhtin, Francine Prose, Linda Hutcheon, Ofélia Paiva Monteiro, Carlos Reis, dentre outros.
A Escrita Criativa ganha espaço na academia brasileira. Além da PUCRS, a primeira universidade do país a instaurar uma área de Escrita Criativa, concentrada dentro do Programa de Pós-Graduação em Letras, outras instituições e revistas... more
A Escrita Criativa ganha espaço na academia brasileira. Além da PUCRS, a primeira universidade do país a instaurar uma área de Escrita Criativa, concentrada dentro do Programa de Pós-Graduação em Letras, outras instituições e revistas acadêmicas prestigiam a disciplina. Nesse contexto, este artigo reflete sobre o papel da Escrita Criativa no meio universitário. A partir dos estudos do estadunidense David Gershom Myers e do australiano Paul Dawson, traça-se aqui a origem da Escrita Criativa para então problematizá-la no âmbito dos estudos literário atuais.
Ernest Hemingway tornou-se um escritor em Paris na década de 1920. O estilo do futuro laureado com o Nobel forjou-se na capital francesa, para onde ele se mudou no final de 1921. Na época, Paris mostrava-se o coração do florescente... more
Ernest Hemingway tornou-se um escritor em Paris na década de 1920. O estilo do futuro laureado com o Nobel forjou-se na capital francesa, para onde ele se mudou no final de 1921. Na época, Paris mostrava-se o coração do florescente modernismo e atraía os principais artistas, o que possibilitou a Hemingway entrar em contato com um caldo cultural que amoldou a sua formação como escritor. Este artigo investiga as cartas escritas por Hemingway nos três primeiros meses de sua estada parisiense, que constam no primeiro volume de sua correspondência reunida: The Letters of Ernest Hemingway – Volume 1, 1907-1922. A partir de pressupostos do historiador Michel de Certeau e do especialista em epistolografia Marcos Antonio de Moraes, realiza-se uma recuperação histórica do período, acionando bastidores do sistema literário, formular apontamentos sobre as relações travadas por Hemingway e rememorando os lugares citados na correspondência.
Joyce Carol Oates é uma das autoras mais produtivas e premiadas das últimas cinco décadas. Desde sua estreia, em 1963, a escritora estadunidense escreveu 140 livros, transitando entre romances, coletâneas de contos, histórias... more
Joyce Carol Oates é uma das autoras mais produtivas e premiadas das últimas cinco décadas. Desde sua estreia, em 1963, a escritora estadunidense escreveu 140 livros, transitando entre romances, coletâneas de contos, histórias infantojuvenis, poesias e peças de teatro, além de ter ganhado alguns dos mais importantes prêmios literários de seu país. Este artigo objetiva estabelecer conexões entre o pensamento de Joyce Carol Oates sobre a criação literária e as reflexões de alguns escritores-teóricos (ou teóricos-escritores) sobre o assunto. Para tanto, toma-se como base uma entrevista de Oates para a The Paris Review, cujas respostas são comparadas com textos de Roland Barthes, Maurice Blanchot, Jean-Paul Sartre, Alberto Manguel, John Gardner e Philippe Willemart.
Em 1968: o ano que não terminou, Zuenir Ventura afirma que a juventude dos anos 1960 achava que tudo devia se submeter ao político: o amor, o sexo, a cultura, o comportamento. Para o escritor, nenhuma geração depois daquela lutou tão... more
Em 1968: o ano que não terminou, Zuenir Ventura afirma que a juventude dos anos 1960 achava que tudo devia se submeter ao político: o amor, o sexo, a cultura, o comportamento. Para o escritor, nenhuma geração depois daquela lutou tão radicalmente por seu projeto. O presente artigo mostra como aqueles jovens são retratados quatro décadas mais tarde, como personagens ficcionais, nos romances Azul-corvo, de Adriana Lisboa, e Nada a dizer, de Elvira Vigna. Na análise de Azul-corvo ressaltamos a importância da obra na construção de uma memória histórica da Guerrilha do Araguaia, a partir de aportes teóricos de Hayden White, Michel de Certeau, Seymour Menton e Maria Cristina Pons. Em Nada a dizer, radiografamos a relação amorosa entre os personagens principais sob o viés de Zygmunt Bauman, além de utilizarmos Paul Ricoeur para tratar do papel da memória no romance de Elvira Vigna.
Em 2006, André recebeu uma proposta da editora parisiense Leduc.s: usar sua experiência para escrever uma obra com o intuito de ser um guia para quem almejasse se tornar escritor. André aceitou e, no ano seguinte, Devenir Écrivain foi... more
Em 2006, André recebeu uma proposta da editora parisiense Leduc.s: usar sua experiência para escrever uma obra com o intuito de ser um guia para quem almejasse se tornar escritor. André aceitou e, no ano seguinte, Devenir Écrivain foi publicado pela primeira vez, tendo sido reeditado em 2012. Em 2018, após um processo de reescrita, o livro ganhou outra versão, desta vez em colaboração com a jornalista Nathalie Hegron, que ficou responsável pelo acréscimo de uma seção referente à autopublicação.
Estudo sobre o romance trata-se, antes de qualquer coisa, de um texto assinado por um dos mais famosos escritores franceses da segunda metade do século XIX, que ficou conhecido principalmente por seus contos. Importa aqui a informação de... more
Estudo sobre o romance trata-se, antes de qualquer coisa, de um texto assinado por um dos mais famosos escritores franceses da segunda metade do século XIX, que ficou conhecido principalmente por seus contos. Importa aqui a informação de Guy de Maupassant ter sido um grande contista, pois o Estudo sobre o romance nasceu justamente para responder aos críticos sobre suas incursões no romance. O texto foi publicado como prefácio da edição em livro de Pedro e João, de 1888, obra que já havia sido apresentada ao público como folhetim em 1887 e, como Maupassant afirma, os críticos não consideravam “propriamente um romance”.
O trabalho problematiza os critérios utilizados para definir o que se convencionou chamar de jornalismo literário–um tipo de jornalismo centrado na questão da técnica narrativa, feito em geral com olhar diferenciado, criativo, e com... more
O trabalho problematiza os critérios utilizados para definir o que se convencionou chamar de jornalismo literário–um tipo de jornalismo centrado na questão da técnica narrativa, feito em geral com olhar diferenciado, criativo, e com procedimentos que não são necessariamente da narrativa jornalística convencional. Depois propõe que a crônica possa ser considerada uma variante marcantemente brasileira do jornalismo literário, por ser ela um gênero híbrido: nasceu com a imprensa, encontrou sua casa nas páginas de jornal e, no entanto, chega a momentos de grande literatura.
Neste trabalho vamos atrás das “marcas indeléveis” de que fala a pesquisadora fala, mas nosso foco será nos “construtores no romance nacional”, e em dois deles em particular: José de Alencar e Machado de Assis. Vamos mostrar como no... more
Neste trabalho vamos atrás das “marcas indeléveis” de que fala a pesquisadora fala, mas nosso foco será nos “construtores no romance nacional”, e em dois deles em particular: José de Alencar e Machado de Assis. Vamos mostrar como no folhetim moldou as principais características da escrita de José de Alencar e como Machado de Assis, apesar de ter traduzido um romance de folhetim e também empregar técnicas folhetinescas em sua primeira fase, fazia questão de negar essa influência, chegando a afirmar que nunca lera folhetim em sua vida.