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Constantino Lacerda Lobo foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências em setembro de 1788, sócio livre em 30.01.1789 e sócio efetivo em 07.07.1806. Foi autor de diversas memórias publicadas pela Academia das Ciências e... more
Constantino Lacerda Lobo foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências em setembro de 1788, sócio livre em 30.01.1789 e sócio efetivo em 07.07.1806. Foi autor de diversas memórias publicadas pela Academia das Ciências e outros textos publicados no Jornal de Coimbra e no Investigador Português. Foi um dos autores mais profícuos da série das Memórias Económicas da Academia, publicando nesta série 11 estudos, totalizando mais de 500 páginas.
Lacerda Lobo vai ser um dos defensores e praticante da viagem filosófica, a viagem com objetivos científicos. As viagens de Lacerda Lobo vão fazer-se sobretudo ao longo da costa marítima, apesar da primeira de que temos notícia datada de 1789 ter tido como objeto a agricultura da província de entre Douro e Minho e a agricultura do Minho, seguiram-se em 1790 a viagem filosófica ao Algarve e depois em 1791 e 1792 ao Minho, costa da Beira Litoral e Estremadura. De facto, Lacerda Lobo percorreu toda a costa litoral portuguesa e ainda o interior norte do país, Minho e Trás-os-Montes.
José Veríssimo Alvares da Silva foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências em 28.6.1780 e depois sócio livre em 13.1.1798. Foi um dos sócios mais laboriosos tendo escrito várias memórias, que foram publicadas na série... more
José Veríssimo Alvares da Silva foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências em 28.6.1780 e depois sócio livre em 13.1.1798. Foi um dos sócios mais laboriosos tendo escrito várias memórias, que foram publicadas na série de memórias de agricultura premiadas, memórias económicas e nas memórias de literatura. Foi vencedor de vários prémios patrocinados pela Academia das Ciências.
Nas memórias que escreveu para a Academia das Ciências, Alvares da Silva demonstra influência das ideias de António Genovesi (1712-1769), professor de Economia Civil na Universidade de Nápoles, que teria grande influência nas ideias económicas dos ilustrados portugueses e particularmente em Veríssimo Alvares da Silva.
Veríssimo Alvares da Silva foi preso em 1810, acusado de jacobino, por ter aceitado um cargo de governação ao serviço dos franceses, durante o tempo que a cidade de Tomar foi ocupada pelo exército napoleónico. Foi enviado para Lisboa e depois para o presidio da Trafaria, onde faleceu em 1811.
Em 1759 o Marquês de Pombal expulsava os Jesuítas e extinguia a Universidade de Évora. A expulsão dos inacianos teve grande repercussão, quer a nível nacional quer internacional. Mas, mais do que fazer uma leitura marcada por preconceitos... more
Em 1759 o Marquês de Pombal expulsava os Jesuítas e extinguia a Universidade de Évora. A expulsão dos inacianos teve grande repercussão, quer a nível nacional quer internacional. Mas, mais do que fazer uma leitura marcada por preconceitos ou pressupostos ideológicos, a expulsão dos jesuítas tem de ser inserida no contexto das reformas políticas e económicas que o poderoso ministro de D. José pretendia implementar e, a nível religioso, dentro do seio da Igreja, no confronto entre ultramontanos e as correntes reformistas. Temos em anteriores trabalhos analisado o anti jesuitismo, perfilhado a nível da Igreja pelas correntes reformistas, e a nível poder político, escudado no pensamento pedagógico que denunciou de forma bem vincada a decadência dos estudos nos colégios jesuítas. De facto, antes de Pombal ter mandado fechar as casas dos jesuítas em Portugal, Luís António Verney, Bento Farinha e outros apontaram a decadência do ensino responsabilizando os mestres jesuítas. Neste trabalho,...
D. José Azeredo Coutinho, Bispo de Pernambuco e depois de Elvas, foi um dos representantes da corrente reformista que se afirmou em Portugal, em finais do século XVIII. Reformista no sentido que atribuímos ao conceito: o que pretende a... more
D. José Azeredo Coutinho, Bispo de Pernambuco e depois de Elvas, foi um dos representantes da corrente reformista que se afirmou em Portugal, em finais do século XVIII. Reformista no sentido que atribuímos ao conceito: o que pretende a reforma da sociedade e das instituições de forma paulatina e pacífica, conciliando a inovação com a tradição. D. José defendia os valores tradicionais, nomeadamente a religião revelada e o poder absoluto e esclarecido do Príncipe, que considerava imprescindíveis, para o bem-estar da sociedade civil. Era também um contrarrevolucionário, porque não encarava a revolução uma necessidade histórica, como fez Kant, mas como uma fatalidade fruto dos erros humanos e que importava combater no plano das próprias ideias. Esta postura, não significou que o bispo repudiasse a inovação e a constante atualização de conhecimentos que só a instrução podia possibilitar. Pelo contrário, defendia não só uma publicitação dos conhecimentos e uma constante inovação no plano científico e técnico, mas também a necessidade da instrução das mulheres, como fator de desenvolvimento. Neste artigo analisamos duas das obras do bispo, no plano da teoria económica , o Ensaio Económico sobre o Comércio de Portugal e suas colónias(1794), e a Analise sobre a justiça do comercio do resgate dos escravos na costa Africana (1798). Nestas obras expressa o seu pensamento económico sobre o comércio colonial e defende o comércio de escravos e a escravatura. No plano das ideias económicas o discurso de D. José Azeredo Coutinho cai num paradoxo, em parte resultante do peso que atribui às questões políticas do momento. Defensor da liberdade económica era também defensor do absolutismo; um inquisidor defendendo a liberdade do comércio interno e o fim dos monopólios, mas lutando contra a igualdade civil, contra a liberdade dos escravos e a liberdade de religião e de expressão.

Palavras-chave- Pensamento Económico, Comércio colonial, Escravatura,
Civic literacy is an area of the field of literacy’s that libraries should develop. In Portugal, in the Seixal Municipal Library, we have also focused, for several years, on the development of textual literacy and other specific... more
Civic literacy is an area of the field of literacy’s that libraries should develop. In Portugal, in the Seixal Municipal Library, we have also focused, for several years, on the development of textual literacy and other specific literacy’s (as is the case of digital, media, visual and historic literacy’s). In 2007, we started a program of literacy for citizenship, “Rights for Right?” (“Direitos por Direito?”), a project in progress, that shows the importance we give to the growth of the field of literacy’s were we highlight the relevance of the literacy for citizenship, which is one of the basis for Human Rights, practices of active citizenship, social and cultural development based in the principles and values of democracy. In this paper we explain the thought process for literacy for citizenship with the presentation of the project “Rights for Right?”, which aims to promote, early, the knowledge of Human Rights as rights and basic freedoms of all human beings that allow people a c...
A segunda metade do século XVIII em Portugal ficou marcada pelo reformismo pedagógico e cientifico, primeiro com as reformas empreendidas pelo Marquês de Pombal, em particular a reforma da Universidade de Coimbra em 1772, e depois com a... more
A segunda metade do século XVIII em Portugal ficou marcada pelo reformismo pedagógico e cientifico, primeiro com as reformas empreendidas pelo Marquês de Pombal, em particular a reforma da Universidade de Coimbra em 1772, e depois com a criação da Academia das Ciências de Lisboa em 1779 por iniciativa do Abade Correia da Serra e do Duque de Lafões. Foi neste contexto cultural que as elites intelectuais insistiram na necessidade de proceder a um levantamento dos recursos naturais e modernização das atividades económicas, nomeadamente da agricultura e das pescas. Divulgou-se deste modo a defesa da “viagem política e filosófica”. Este conceito, incluía o rigor dos números pela estatística, então designada aritmética política, e a observação e registo das observações feitas de acordo com o paradigma científico em vigor.
Neste trabalho, na sequência de anteriores obras, analisamos as viagens filosóficas de um dos memorialistas mais profícuos da Academia das Ciências de Lisboa e que nas suas digressões percorreu toda a costa marítima de Portugal, inventariando os imensos recursos piscatórios e o sal. Descrevemos com pormenor a sua viagem ao Algarve em 1790 que é uma das que está bem documentada.

Palavras-Chave: Economia, Natureza, Viagem Filosófica, Pescas, Sal.
Bento Farinha viveu grande parte da vida em Évora, primeiro como estudante na Universidade e depois como professor régio. Mesmo após ter deixado o Alentejo, continuou a recordar com saudade a cidade e a divulgar o seu património histórico... more
Bento Farinha viveu grande parte da vida em Évora, primeiro como estudante na Universidade e depois como professor régio. Mesmo após ter deixado o Alentejo, continuou a recordar com saudade a cidade e a divulgar o seu património histórico e artístico, como atesta a correspondência que dirigiu a Frei Manuel do Cenáculo e os textos que publicou como editor literário. Embora sendo um dos principais pedagogos portugueses do século XVIII e a sua obra constituir uma fonte importante para a história institucional e do ensino, as suas ideias e textos continuam a ser pouco conhecidos. Neste artigo fazemos uma análise das obras de Bento Farinha sobre a cidade de Évora, particularmente a História literária da cidade  de Évora desde a expulsão dos Jesuítas até ao ano de 1778, que transcrevemos em apêndice documental.
Escrever sobre a censura na obra D. Frei Manuel do Cenáculo pode parecer um paradoxo. De facto, a sua ação política e cultural ficou marcada pela ideia de propagar a luz do saber pelos seus concidadãos. São conhecidos os textos do bispo... more
Escrever sobre a censura na obra D. Frei Manuel do Cenáculo pode parecer um paradoxo. De facto, a sua ação política e cultural ficou marcada pela ideia de propagar a luz do saber pelos seus concidadãos. São conhecidos os textos do bispo de Beja, e depois arcebispo de Évora, para formar uma elite eclesiástica culta, dotada de conhecimentos úteis e capaz de impulsionar as reformas que o país necessitava. Basta citar o exemplo da Pastoral sobre os Estudos Físicos do Clero, onde defende o estudo da Física e Medicina pelos párocos, ou os Cuidados literários; para documentar como a difusão do conhecimento e da ciência estava entre as prioridades de Cenáculo. Por outro lado, estamos a falar dum homem que encarava os livros como o repositório da ciência e que ao longo da vida alimentou uma bibliomania, reunindo uma das maiores coleções do seu tempo, fundando bibliotecas e museus para os colocar ao serviço do público. Um homem destes, um promotor do saber e da instrução, dificilmente pode ser considerado um obscurantista, ou alguém do lado das trevas e da ignorância. Todavia, Cenáculo foi um censor: Deputado e depois Presidente da Real Mesa Censória e nessa qualidade censurou obras, deu pareceres sobre pedidos de autores, editores e livreiros. Por isso, com este artigo procuramos resolver este aparente paradoxo: como é que um censor, que limita a liberdade de expressão e difusão das ideias, pode ser também um promotor da instrução e da cultura? Em que contexto se desenvolveu a atividade censória de Cenáculo e que critérios a nortearam? Para conseguir as respostas recorremos a alguns exemplos de censuras feitas pelo próprio Cenáculo e à sua extensa obra onde encontramos numerosas referências a livros e bibliotecas e também à censura.

Palavras-chave: Censura, Mesa Censória, Livros, História da Leitura.
Neste trabalho transcrevem-se as cartas que frei Joaquim de Santo Agostinho França Galvão, aba-de de Lustosa, enviou a D. frei Manuel do Cená-culo, bispo de Beja e depois arcebispo de Évora. Apresenta-se uma breve... more
Neste  trabalho  transcrevem-se  as  cartas  que  frei  Joaquim de Santo Agostinho França Galvão, aba-de  de  Lustosa,  enviou  a  D.  frei  Manuel  do  Cená-culo,  bispo  de  Beja  e  depois  arcebispo  de  Évora.  Apresenta-se uma breve notícia biográfica destes dois eclesiásticos e um guião de leitura das 25 cartas, datadas entre 1792 e 1802. Na transcrição das cartas actualizou-se a ortografia para uma melhor compreensão  do  conteúdo,  mas  mantiveram-se  aspectos  formais  e  protocolares  característicos  da  época. Trata-se de um estudo com interesse para uso  de  fontes  históricas  primárias,  particular-mente no domínio da história cultural e política.
Neste trabalho descrevemos as fases do revestimento das salas de aula do Colégio do Espírito Santo com azulejos e estabelecemos a relação entre os painéis e o ensino ministrado. Num ambiente pedagógico em que a imagem era rara nos... more
Neste trabalho descrevemos as fases do revestimento das salas de aula do Colégio do Espírito Santo com azulejos e estabelecemos a relação entre os painéis e o ensino ministrado. Num ambiente pedagógico em que a imagem era rara nos manuais, os painéis vinham dar uma nova dimensão ao ensino, motivavam os alunos e complementavam a aprendizagem dos conteúdos. Como fontes usámos os azulejos das salas de aula da Universidade, os manuais utilizados no ensino e descrições feitas sobre o colégio.
Palavras-chave: jesuítas, ensino universitário, painéis de azulejos, imagens.
A instrução do povo foi a bandeira das nações e do nacionalismo, sobretudo a partir de finais de setecentos, embora as suas raízes remontem à invenção da imprensa, que tornou possível o proselitismo protestante e católico dos século XVI e... more
A instrução do povo foi a bandeira das nações e do nacionalismo, sobretudo a partir de finais de setecentos, embora as suas raízes remontem à invenção da imprensa, que tornou possível o proselitismo protestante e católico dos século XVI e seguintes. Em Portugal a primeira questão, que animava o debate entre os ilustrados portugueses, era a de saber se o povo devia ler. O debate, que irá prolongar-se até à segunda metade do século XIX, pode ser resumido com as conhecidas posições de Verney e Ribeiro Sanches. Foi nesse sentido da instrução popular, no período em análise, que surgiram um conjunto de textos de cariz económico e dirigidos para as gentes simples; entre eles sobressaem os catecismos de agricultura, corolários práticos e almanaques. Com este trabalho fazemos uma sistematização de alguns desses textos populares, e procuramos responder a algumas questões: quais eram os objectivos dos autores? Que leituras eram recomendadas para instrução popular? Eram, esses textos lidos pelo povo?
Nos economistas portugueses de finais do século XVIII é vulgar encontrar a ideia que o atraso económico português, relativamente às nações prósperas do norte da Europa, tem como razão de fundo a ignorância, mãe dos abusos e deficiente... more
Nos economistas portugueses de finais do século XVIII é vulgar encontrar a ideia que o atraso económico português, relativamente às nações prósperas do norte da Europa, tem como razão de fundo a ignorância, mãe dos abusos e deficiente exploração das riquezas que os imensos territórios lusos encerravam. Impunha-se, por isso, um conhecimento rigoroso da História Natural. Era assim um imperativo e uma obrigação patriótica partir para o terreno, ou seja, viajar pelo país e colónias para conhecer esses imensos recursos, não simplesmente pelo prazer que a viagem proporciona, mas sobretudo pelas suas potencialidades científicas. E estas duas componentes a estética, anunciando uma sensibilidade e mentalidade românticas, e a científica, em concordância com o iluminismo, estão presentes no discurso dos viajantes naturalistas de modo que podemos dizer que com a viagem se juntava o útil ao agradável. Ora é neste contexto que surgem os apelos para a realização de viagens filosóficas no Reino e colónias. Com este estudo, tomamos como referência as obras e viagens de José António de Sá (1756-1819), para averiguar qual a ideia de Natureza dos viajantes filósofos de finais de setecentos, nomeadamente, em que paradigma científico se integravam e que ética defendiam na relação do homem com a Natureza.
RESUMO As bibliotecas foram ao longo dos tempos os locais por excelência para adquirir conhecimento. Durante séculos estiveram ao serviço de minorias, nomeadamente do clero e nobreza, e na Europa só com a Revolução Francesa começaram a... more
RESUMO As bibliotecas foram ao longo dos tempos os locais por excelência para adquirir conhecimento. Durante séculos estiveram ao serviço de minorias, nomeadamente do clero e nobreza, e na Europa só com a Revolução Francesa começaram a abrir as portas ao público, ou seja, a todos os cidadãos. A partir de então a biblioteca pública transformou-se paulatinamente no espaço onde os mais desfavorecidos tinham os mesmos meios que os ricos para adquirir conhecimento. Neste artigo tomamos como ponto de partida as ideias dos mestres da Biblioteconomia dos séculos XIX e XX, António Panizzi, Melvil Dewey, Paul Otlet e Shiyali Ranganathan, para compreender que funções sociais cabem à biblioteca pública na era da informação. Estamos cientes que muitos são os desafios e que, tal como no passado, a biblioteca pública tem uma função social a cumprir nomeadamente combatendo as discriminações no acesso ao conhecimento, desenvolvendo o espirito crítico e assim contribuir para a criação da esfera pública, e de uma sociedade mais justa. ABSTRACT Libraries have long been the prime sites for acquiring knowledge. For centuries they were in the service of minorities, namely clergy and nobility, and in Europe only with French Revolution began to open the doors to the public, that is, to all the citizens. From then on, the public library gradually transformed itself into the space where the most poor had the same means as the rich to acquire knowledge. In this article, we take as starting point the ideas of the masters of Library in nineteenth and twentieth century, Anthony Panizzi, Melvil Dewey, Paul Otlet and Shiyali Ranganathan, to understand what social functions belong to public library in the information age. We are aware that many challenges remain and that, as in the past, the public library has a social function to fulfill notably by combating discrimination in access to knowledge, developing the critical spirit and thus contributing to the creation of the public sphere and a more just society.
Neste trabalho procuramos compreender as ideias que nortearam a acção de Frei Manuel do Cenáculo, enquanto reformador de estudos para diferentes níveis e bispo empenhado na formação do clero e dos fiéis da sua diocese. Tomamos como ponto... more
Neste trabalho procuramos compreender as ideias que nortearam a acção de Frei Manuel do Cenáculo, enquanto reformador de estudos para diferentes níveis e bispo empenhado na formação do clero e dos fiéis da sua diocese. Tomamos como ponto de partida os anteriores trabalhos sobre a actuação política e pastoral de Cenáculo, para sistematizar a acção em defesa do ensino e o seu pensamento pedagógico. Como textos fundamentais para esta análise, salientamos os Cuidados Literários (1791), os documentos relativos ao plano de estudos para a Terceira Ordem de S. Francisco e algumas das cartas pastorais, quer as que o bispo dirigiu para o clero, quer as dirigidas a todos os diocesanos.
A Universidade de Évora deve a sua existência ao contexto cultural e político de meados de quinhentos e sobretudo à criação da Companhia de Jesus, em Paris no ano de 1534. A iniciativa de fundar uma Universidade em Évora partiu dos... more
A Universidade de Évora deve a sua existência ao contexto cultural e político de meados de quinhentos e sobretudo à criação da Companhia de Jesus, em Paris no ano de 1534. A iniciativa de fundar uma Universidade em Évora partiu dos jesuítas que para isso desenvolveram todos os esforços, derrubando os muitos obstáculos que se levantaram, entre os quais avultou a oposição dos Lentes de Coimbra, que tudo fizeram para assegurar o monopólio do ensino universitário em Portugal. Neste trabalho descrevemos o contexto cultural e político em que foi fundada a Universidade de Évora, integrando-a na rede universitária dos jesuítas, bem como nos objectivos reformistas, que a Companhia assumiu, e que se articulavam com o espírito transaccional que desde o início imprimiram no ensino.
Em 1759 o Marquês de Pombal expulsava os Jesuítas e extinguia a Universidade de Évora. A expulsão dos inacianos teve grande repercussão, quer a nível nacional quer internacional. Mas, mais do que fazer um leitura marcada por pressupostos... more
Em 1759 o Marquês de Pombal expulsava os Jesuítas e extinguia a Universidade de Évora. A expulsão dos inacianos teve grande repercussão, quer a nível nacional quer internacional. Mas, mais do que fazer um leitura marcada por pressupostos ideológicos, a expulsão dos jesuítas tem de ser inserida no contexto das reformas políticas e económicas que o poderoso ministro de D. José pretendia implementar e, a nível religioso, dentro do seio da Igreja, no confronto entre os conservadores e as correntes reformistas. Temos em anteriores trabalhos analisado o anti-jesuitismo, perfilhado a nível da Igreja pelas correntes reformistas, e a nível do poder político, escudado no pensamento pedagógico que denunciou de forma bem vincada a decadência dos estudos nos colégios jesuítas. De facto, antes de Pombal ter mandado fechar as casas dos jesuítas em Portugal, Luís António Verney, Bento Farinha e outros apontaram a decadência do ensino responsabilizando os mestres jesuítas. Neste trabalho, tomando como âmbito temporal o período que vai de meados de setecentos a 1841, analisamos  a extinção da Universidade de Évora e  sistematizamos o ensino que passou a fazer-se no Colégio do Espírito Santo para substituir o dos mestres jesuítas. Procuramos responder a algumas questões: porquê a extinção da Universidade de Évora, numa época em que as Luzes começavam a estar em voga na Europa e tinham já importantes mentores em Portugal? Terá sido a extinção da Universidade de Évora um mero acto de anti-jesuitismo primário, como pretendem alguns, ou pelo contrário terá sido uma questão de bom gosto, um imperativo ditado por razões pedagógicas evidentes e que exigiam novos professores,  de acordo com as novas exigências políticas e culturais? E relativamente ao ensino que se estabeleceu no Colégio, quais os parâmetros que o nortearam e que paralelismo podemos estabelecer entre os diversos métodos e planos de estudos, durante este período de aproximadamente 100 anos?
A partir de meados do século XVI, em toda a Europa Ocidental e territórios colonizados pelos europeus, as edições de catecismos constituem um dos êxitos editoriais mais notáveis e envolvem autores consagrados como Erasmo, Calvino e, com... more
A partir de meados do século XVI, em toda a Europa Ocidental e territórios colonizados pelos europeus,  as edições de catecismos constituem um dos êxitos editoriais mais notáveis e envolvem autores consagrados como Erasmo, Calvino e, com o Concílio do Trento, Belarmino, Francisco Xavier e Frei Bartolomeu dos Mártires, só para falarmos dos nomes mais sonantes. O catecismo constitui um produto cultural que envolve todos os grupos sociais e, embora sendo produzido fundamentalmente pelas elites eclesiásticas, dirige-se sobretudo aos grupos populares e às crianças. Trata-se, portanto, dum objeto de estudo fundamental para uma história das crenças, da piedade popular, da pedagogia, das mentalidades, nomeadamente os comportamentos familiares tais como as relações entre cônjuges e entre pais e filhos, ou mesmo das atitudes económicas, ao longo de todo o Antigo Regime. O nosso estudo centra-se na segunda metade do século XVIII, na perspectiva de precisar os diferentes significados que o catecismo assume no discurso das Luzes. Nesse sentido, analisamos as ideias de Frei Manuel do Cenáculo, em cuja ação pastoral está bem vincado o ensino do catecismo. Procedemos também a uma leitura de dois catecismos publicados no período referido, a fim de aferir o conteúdo e pedagogia dos manuais.
A influência do movimento das Luzes de Itália em Portugal tem sido estudada em diferentes abordagens, nas quais se reconhece uma preferência dos nossos intelectuais da segunda metade de setecentos pelo pensamento e obra dos grandes nomes... more
A influência do movimento das Luzes de Itália em Portugal tem sido estudada em diferentes abordagens, nas quais se reconhece uma preferência dos nossos intelectuais da segunda metade de setecentos pelo pensamento e obra dos grandes nomes da ilustração italiana. As semelhanças de pontos de vista que se detetam nas ideias e ação reformista das elites ilustradas dos países católicos terão resultado, não só das estruturas económicas e sociais semelhantes, mas também da atitude filosófica eclética assumida e que se caracterizou pelo compromisso possível entre razão e fé. O exemplo de Verney é neste domínio paradigmático. Com efeito, o autor do Verdadeiro Método de Estudar viveu muitos anos em Itália e foi amigo pessoal de Muratori e defensor fervoroso da instrução e renovação dos métodos de ensino. Este pedagogismo está igualmente bem documentado na obra de António Genovesi ( 1712-1769), um dos nomes da ilustração italiana que influenciou o pensamento das nossas elites de finais de setecentos e primeira metade de oitocentos. É sabido que Genovesi teve um percurso intelectual que o conduziu da Teologia e Metafísica para o estudo da Economia. Foi mesmo um pioneiro nesta matéria, quando regeu a primeira cadeira de Economia Civil numa universidade europeia. Do curso que lecionou na Universidade de Nápoles resultaram as Lezioni di Commercio o sia d’ Economia Civile (1765). Sabendo já a influência de Genovesi em matéria filosófica importa também analisar a difusão entre nós do seu pensamento económico, tema que nos parece ter sido esquecido pelos investigadores. É este o objetivo do nosso trabalho. Tomamos, por isso, como ponto de referência as Lezioni e percorremos a obra de alguns ilustrados portugueses, que traduziram, ou citaram o mestre italiano, nomeadamente, Bento Farinha, Ricardo Raimundo Nogueira, José Veríssimo Alvares da Silva, António Ribeiro Santos e João Pedro Ribeiro.
Resumo: A ação pastoral de Frei Manuel do Cenáculo caraterizou-se por um grande dinamismo, sobretudo a partir de 1777, quando chegou a Beja para exercer o papel de pastor do rebanho que lhe tinha sido confiado. Pode-se dizer também que... more
Resumo: A ação pastoral de Frei Manuel do Cenáculo caraterizou-se por um grande dinamismo, sobretudo a partir de 1777, quando chegou a Beja para exercer o papel de pastor do rebanho que lhe tinha sido confiado. Pode-se dizer também que esta é uma nova fase na vida do bispo, que durante o tempo de Pombal foi um dos principais responsáveis pela política cultural delineada e teve intervenção direta nas reformas pedagógicas, nomeadamente, na reforma da Universidade de Coimbra. Caído em "desgraça", abandonado pela corte e pelos seus, vilipendiado na praça pública Cenáculo, que era então um homem maduro e à beira da velhice, contava 53 anos, encontrou na pastoral o refúgio para dar asas ao dinamismo e pôr em prática muitas das ideias que bebera nos livros, seus fiéis amigos desde a juventude. As ideias de Cenáculo integram-se num quadro e contexto do iluminismo católico, que contava com referências de mestres como Luís António Verney e o Abade António Genovesi em Itália, autores que Cenáculo leu e conhecia bem. Neste trabalho, tomamos como ponto de partida esta segunda fase da vida de Cenáculo, que se estende por 37 anos e, como é sabido, corresponde aos anos de Beja e depois de arcebispo de Évora, a partir de 1803. Procuramos sistematizar as ideias económicas presentes no seu episcopado, tomando como referência principal os textos pastorais, as cartas dirigidas ao clero e restantes diocesanos, os registos que constam do seu diário, onde se encontram diversas memórias, registos numéricos e outros textos. Numa primeira parte e em jeito de contex-tualização traçamos o quadro síntese da ação pastoral do bispo bejense e depois arcebispo de Évora. Numa segunda descrevemos as ideias económicas que os textos nos revelam.
A Biblioteca Pública de Évora é uma das mais importantes bibliotecas patrimoniais de Portugal, quer pela sua colecção quer por ter sido uma das primeiras bibliotecas a abrir as portas aos leitores. Neste trabalho analisam-se os dados... more
A Biblioteca Pública de Évora é uma das mais importantes bibliotecas patrimoniais de Portugal, quer pela
sua colecção quer por ter sido uma das primeiras bibliotecas a abrir as portas aos leitores. Neste trabalho analisam-se
os dados publicados sobre a leitura na Biblioteca Pública de Évora, entre 1887-1921, em particular o número de leitores
em cada ano, os livros requisitados, as temáticas mais populares, a leitura de jornais e a comparação entre a
leitura pública e a alfabetização da população. Como fontes utilizam-se os dados publicados pelo Anuário Estatístico
de Portugal, os livros de registo de leitores e visitantes, os relatórios dos bibliotecários e registos de leitura. Esta
análise tem como objectivo traçar o perfil do leitor da Biblioteca Pública de Évora e contribuir para a caracterização
do público leitor em Portugal na transição do século XIX para o século XX.
Palavras chave: História da leitura; biblioteca pública; bibliotecário; colecções.
A Companhia de Jesus surgiu num contexto marcado pelo Humanismo e pela Reforma no ambiente universitário da cidade de Paris. Desde início que os Jesuítas se afirmam como arautos e defensores do Catolicismo e tendo como principal... more
A Companhia de Jesus surgiu num contexto marcado pelo Humanismo e pela Reforma no ambiente universitário da cidade de Paris. Desde início que os Jesuítas se afirmam como arautos e defensores do Catolicismo e tendo como principal finalidade a missionação dos povos. Para essa finalidade os Jesuítas lançaram mão dos meios disponíveis na época, que lhe permitiram alcançar a aceitação das populações, pela escrita e pela palavra. Para conquistar a adesão da realeza, da nobreza e do povo, três meios de informação foram determinantes para os jesuítas: o confessionário, o sermão e o catecismo. Neste trabalho analisa-se a importância que os Padres da Companhia atribuíram ao catecismo, entendido como ensino das verdades da Fé, tomando como fonte um dos manuais mais usados pelos jesuítas no ensino e na missionação, o primeiro livro impresso em Portugal pelos jesuítas: a Doutrina Cristã, do P. Marcos Jorge e depois acrescentada pelo P. Inácio Martins. Procede-se a uma análise do conteúdo e pedagogia desse catecismo e apresentam-se as inovações introduzidas na Doutrina Cristã pelos padres jesuítas. Palavras-Chave: Catecismo, Jesuítas, Missionação, Ensino, Confessionário. Abstract: The Society of Jesus emerged in a context marked by Humanism and Reformation in the university environment of the city of Paris. From the beginning the Jesuits affirm themselves as heralds and defenders of Catholicism and having as main purpose the mission of people. To this end the Jesuits made use of the media available at the time, which enabled them to reach the acceptance of the populations, by writing and by word.
Évora Public Library owes its foundation and its valuable collection to the initiative of D. Manuel do Cenáculo. The early years of the institution were marked by instability and war, the library was sacked by the French army in 1808 and... more
Évora Public Library owes its foundation and its valuable collection to the initiative of D. Manuel do Cenáculo. The early years of the institution were marked by instability and war, the library was sacked by the French army in 1808 and a substantial part of his collection was destroyed. With the Statutes of 1811, the founder endowed the library of generous funding, a staff who wanted to serve the public and a collection of great value, not just books but also works of art, antiquities and natural products. This paper presents a brief historical account of the library and discussed the ideas in their statutes, in comparison with the legislation and other national and international documents of librarianship. Also assess the fulfillment of a purpose set out in the Statutes, convert the library into a "house of wisdom".
Neste trabalho analisamos a organização do ensino na Universidade de Évora, fundada em 1559 e confiada aos padres da Companhia de Jesus, tendo como principal documento os Estatutos, que estiveram em vigor até 1759. Os Estatutos constituem... more
Neste trabalho analisamos a organização do ensino na Universidade de Évora, fundada em 1559 e confiada aos padres da Companhia de Jesus, tendo como principal documento os Estatutos, que estiveram em vigor até 1759. Os Estatutos constituem um documento privilegiado para o estudo do ensino universitário, nomeadamente no que se refere à vida administrativa, ao plano de estudos e a outros aspectos da vida académica, como a utilização da biblioteca, os costumes dos estudantes, as festas, actos públicos e o intercâmbio internacional. Com a leitura e análise a um dos documentos mais relevantes da história da Universidade, pretendemos dar um contributo para a história do ensino universitário em Portugal e traçar a evolução da universidade durante os duzentos anos de ensino dos jesuítas
D. Manuel do Cenáculo Villas Boas entrou na diocese em Março de 1777 com um programa reformista bem delineado e que tinha nos meios de informação do seu tempo o suporte indispensável para sua implementação. Efetivamente, das suas cartas... more
D. Manuel do Cenáculo Villas Boas entrou na diocese em Março de 1777 com um programa reformista bem delineado e que tinha nos meios de informação do seu tempo o suporte indispensável para sua implementação. Efetivamente, das suas cartas ressalta a vontade de transformar Beja numa espécie de pólo cultural, como que a pretender colocar a cidade no mapa, não apenas nacional mas também europeu. Com a presença efetiva do prelado, Beja ganhou um dinamismo cultural surpreendente, com as diversas iniciativas e projetos que levou a cabo. São prova dessa nova dinâmica os muitos visitantes nacionais e estrangeiros que aí passam durante o seu episcopado, os estudos que cria para os seus párocos, as conferências eclesiásticas, a criação de uma biblioteca-museu que abriu ao público, os projetos arqueológicos que desenvolveu no terreno, nomeadamente, em Troia e Sines.
Temos defendido em anteriores trabalhos que Cenáculo era um homem de projetos, que com a sua ação em prol da ciência e da cultura se transformou num autêntico Príncipe das Letras do Alentejo, um mecenas para todos os que se aventuravam nos caminhos das Belas Artes e das Belas Letras e recorriam ao seu patrocínio. Com esta comunicação fazemos um balanço do dinamismo cultural e científico que a cidade alentejana passou a ter durante o seu episcopado e aferimos a importância que a correspondência, os livros e outros meios de informação tiveram para pôr no terreno os projetos do bispo.
Neste trabalho, tomamos como referência os textos que nos últimos anos temos publicado sobre a ação de frei Manuel do Cenáculo, para compreender a ideia de biblioteca, que ao longo da vida foi aperfeiçoando, quer com os projetos em que... more
Neste trabalho, tomamos como referência os textos que nos últimos anos temos publicado sobre a ação de frei Manuel do Cenáculo, para
compreender a ideia de biblioteca, que ao longo da vida foi aperfeiçoando, quer com os projetos em que sucessivamente se envolveu, quer também com os contactos com outros bibliófilos e "gentes do livro", quer ainda com os cargos que foi ocupando na vida política e na República das Letras.
Quando olhamos para a ação global de D. Manuel do Cenáculo divisamos um autêntico "Príncipe das Ciências, das Artes e das Letras", dada a diversidade de domínios que a sua obra reflete. Mas, apesar deste ecletismo, vemos na sua bibliofilia e na criação de bibliotecas a ideia chave onde se consubstancia a sua ação política, o seu papel de bispo empenhado na pastoral e também a sua intervenção para o reformismo económico. Facto que resulta também da biblioteca ser um
local de ecléticas e diversificadas coleções: com efeito, nela se reuniam os livros, impressos e manuscritos, as antiguidades, as peças arqueológicas  as moedas e os produtos naturais.
Palavras-chave — Biblioteca-Museu, Filantropia, Reformismo Económico, Instrução.
O liberalismo português apregoou a importância da instrução, do saber e dos conhecimentos úteis, uma ideia que associou à de civilização e progresso material. Num contexto cultural e político marcado pela afirmação do nacionalismo e... more
O liberalismo português apregoou a importância da instrução, do saber e dos conhecimentos úteis, uma ideia que associou à de civilização e progresso material. Num contexto cultural e político marcado pela afirmação do nacionalismo e romantismo, essa instrução pretendia agora levar as luzes da ciência e do conhecimento ao povo. Neste sentido, as questões da literacia popular marcaram o debate ao longo do século XIX, um debate que era uma herança das luzes, como comprovam as ideias de Ribeiro Sanches e Verney, continuadas depois pelos nossos autores liberais. Passam assim a ter um lugar de destaque os meios e as instituições vocacionadas para instruir os cidadãos, as escolas, os teatros, os museus e particularmente os livros e as bibliotecas. Neste trabalho analisamos o testemunho de José Silvestre Ribeiro, sobre as bibliotecas e a leitura pública, com base na sua monumental  História dos Estabelecimentos Científicos e Literários, obra norteada pela vontade de  garantir a memória das instituições culturais ao longo dos séculos, e na qual dedica um volume à História das Bibliotecas portuguesas.
Neste texto estabelecemos um paralelismo entre a educação de dois príncipes que, embora tendo nascido para ocuparem o mais alto cargo do Estado, nunca chegaram a reinar: Dom José, filho primogénito da Rainha Maria I, e Dom Luís Filipe, o... more
Neste texto estabelecemos um paralelismo entre a educação de dois príncipes que, embora tendo nascido para ocuparem o mais alto cargo do Estado, nunca chegaram a reinar: Dom José, filho primogénito da Rainha Maria I, e Dom Luís Filipe, o herdeiro do Rei Dom Carlos. Procuramos ver como neste espaço de pouco mais de cem anos da monarquia portuguesa era encarada a educação do príncipe herdeiro, que valores a norteavam, como evolui a ideia de um príncipe bem preparado para exercer o “ofício de Rei” e como as conjunturas se reflectiram nos programas pedagógicos e científicos delineados pelos principais responsáveis. Relativamente a estes últimos, analisamos o papel desempenhado por Frei Manuel do Cenáculo, preceptor e confessor de Dom José, e Luís Mouzinho de Albuquerque, a quem Dom Carlos confiou a educação do príncipe Luís Filipe
Neste texto damos uma notícia histórica da Festa e romaria a Nossa Senhora de Aires em Viana do Alentejo e analisamos esta manifestação da piedade popular, anotando a aliança do sagrado e do profano, da religião popular e do comércio.... more
Neste texto damos uma notícia histórica da Festa e romaria  a Nossa Senhora de Aires em Viana do Alentejo e analisamos esta manifestação da piedade popular, anotando a aliança do sagrado e do profano, da religião popular e do comércio. Problematizamos a ideia de decadência, veiculada em diversos documentos, onde se descreve uma "idade de ouro" desta romaria.
Neste texto divulgamos um dos cultos mais antigos do nordeste transmontano: o culto à Senhora do Naso, que tem o seu ponto culminante na romaria que todos os anos se faz na sua ermida no dia 8 de Setembro Descrevemos a origem e evolução... more
Neste texto divulgamos um dos cultos mais antigos do nordeste transmontano: o culto à Senhora do Naso, que tem o seu ponto culminante na romaria  que todos os anos se faz na sua ermida no dia 8 de Setembro Descrevemos a origem e evolução e analisamos  os fundamentos  culturais que  estão subjacentes a esta manifestação da piedade popular.
A Biblioteca Pública de Évora possui uma rica e importante colecção de manuscritos, reunida pelo fundador da instituição, o Arcebispo D. Manuel do Cenáculo, e que foram catalogados pelo Bibliotecário Cunha Rivara no século XIX. Uma parte... more
A Biblioteca Pública de Évora possui uma rica e importante colecção de manuscritos, reunida pelo fundador da instituição, o Arcebispo D. Manuel do Cenáculo, e que foram catalogados pelo Bibliotecário Cunha Rivara no século XIX. Uma parte substancial dessa colecção é constituída pelo espólio bibliográfico do fundador e particularmente pela correspondência que lhe foi dirigida pelas mais diversas personalidades nacionais e estrangeiras. Contudo, o Catálogo da Correspondência dirigida a D. Manuel do Cenáculo, obra de  Armando Guzmão (1944-1956), não inventariou alguns dos fundos da correspondência. O trabalho que se apresenta, analisa dois volumosos códices que não foram catalogados. Trata-se, portanto, de cartas inéditas e pouco conhecidas dos investigadores, que foram enviadas ao Arcebispo Cenáculo, entre 1772-1803, por Joaquim José da Costa Sá, Professor Régio de Latim no Colégio dos Nobres de Lisboa e por Alexandre Ferreira Faria Manuel, Secretário da Real Mesa Censória.  Com este trabalho pretende-se salientar a importância histórica deste género de fontes primárias, nomeadamente, o valor documental para compreender a conjuntura política de finais do Antigo Regime, as reformas pedagógicas do governo do Marquês de Pombal, a censura dos livros e de outros meios e manifestações culturais, a vida quotidiana e mentalidades no Portugal do século XVIII.

Palavras-chave- Fontes Históricas; Correspondência, Censura, Livros, Micro- história.
A ideia de usura permite captar a passagem de uma ética da sociedade tribal, fundada em laços consanguíneos, para a fraternidade universal do cristianismo medieval e finalmente para o liberalismo utilitarista dos tempos modernos. Esta... more
A ideia de usura permite captar a passagem de uma ética da sociedade tribal, fundada em laços consanguíneos, para a fraternidade universal do cristianismo medieval e finalmente para o liberalismo utilitarista dos tempos modernos. Esta comunicação centra-se nesta última etapa, a da afirmação do liberalismo utilitarista nos países católicos e nomeadamente em Portugal . A questão em causa não é propriamente a condenação moral ou legal da usura, ou o juro excessivo; mas o facto de também o juro moderado, de acordo com a doutrina escolástica, ser entendido como usura. Além desta confusão conceptual, no ponto de vista económico partia-se do preceito aristotélico de que o dinheiro era coisa estéril e por isso não podia ser pedido qualquer fruto ou renda pelo empréstimo. As atitudes mentais, que estabeleceram a conexão ente a usura e o pecado, bem como uma alteração introduzida nas sociedades em que o dinheiro passou a ser "rei e senhor", constituem determinantes para compreensão do fenómeno da usura, que é sem dúvida, um dado estruturante das antigas sociedades. Nestas sociedades, o usurário é frequentemente comparado a um vampiro da sociedade, um Nosferatum do pré-capitalismo, que em termos sociais se identifica com o judeu, "infanticida e profanador da hóstia". Não se estranha, deste modo, que a usura seja considerada a filha da avareza, um pecado burguês, que destronou do trono dos sete pecados capitais a tradicional soberba feudal.
O discurso de Luís António Verney integra-se na transição de uma concepção aristotélica da Economia e dos fenómenos económicos, para uma concepção da Economia como saber autónomo. Por isso, em matéria económica está mais próximo da... more
O discurso de Luís António Verney integra-se na transição de uma concepção aristotélica da Economia e dos fenómenos económicos, para uma concepção da Economia como saber autónomo. Por isso, em matéria económica está mais próximo da Economia Civil de António Genovesi do que da Economia Política de Adam Smith. Daí que as suas posições em matéria económica estejam imbuídas de um sentido moral, de que são bons exemplos as soluções que apresenta contra o luxo excessivo ou contra o flagelo da usura. A inovação do discurso de Luís Verney neste domínio surge pela via pedagógica e reformista e particularmente pela defesa de um utilitarismo fundado no “bom gosto filosófico”, ou na filosofia moderna. É com essa defesa intransigente dum novo método e uma nova atitude perante os problemas sociais e económicos que Verney faz escola a nível nacional e ibérico. Com este trabalho, procedemos a uma análise a alguns textos de Luís Verney, o Verdadeiro Método de Estudar e também às cartas que, entre 1765-1766, dirigiu a Francisco de Almada e Mendonça, Ministro Plenipotenciário Português em Roma, para sistematizar as suas ideias económicas. Procuramos, sobretudo, caracterizar o seu reformismo económico e social, aferir o papel das suas ideias para criar associações de cariz económico na Península ibérica, as sociedades económicas e entre nós a fundação da Academia das Ciências de Lisboa, e compreender o alcance e significado das ideias que defendeu, sobre a instrução económica das mulheres e o ensino gratuito para os pobres.
Os atentados ao património artístico e bibliográficos perpetrados pelos invasores na cidade de Évora em 1808 constituem o tema central deste trabalho. Tomando como fonte os relatos de alguns autores locais que viveram e sofreram esses... more
Os atentados ao património artístico e bibliográficos perpetrados pelos invasores na cidade de Évora em 1808 constituem o tema central deste trabalho. Tomando como fonte os relatos de alguns autores locais que viveram e sofreram esses trágicos dias 29, 30 e 31 de Julho de 1808, o autor dá-nos o quadro da violência e roubo levados a cabo pelos franceses durante esses três dias no decurso dos quais todos os estabelecimentos religiosos (conventos, mosteiros, igrejas) e muitas casas particulares foram alvo da fúria dos franceses. Nas descrições avultam os relatos pormenorizados dos sacrilégios e atentados contra o Santíssimo Sacramento, que merecem um relato muito mais pormenorizado do que as violações de mulheres ou outros atentados a vida e outros direitos humanos. O património sofreu mais pelo vandalismo praticado pelos soldados do que pelo roubo, uma vez que os invasores assumiram “uma atitude que se pautou por não levar objectos de grande dimensão”, concentrando-se no roubo de dinheiro e objectos de ouro e prata tais como cálices, crucifixos, anéis e jóias. A mesma atitude esteve na origem da destruição de muitos cartórios e do espólio bibliográfico das livrarias conventuais e da própria Biblioteca Pública de Évora.
Nesta comunicação procuramos compreender o impacto da revolução das tecnologias da informação nas bibliotecas públicas, nomeadamente, no que se refere às alterações provocadas na cultura impressa com o aparecimento do texto electrónico.... more
Nesta comunicação procuramos compreender o impacto da revolução das tecnologias da informação nas bibliotecas públicas, nomeadamente, no que se refere às alterações provocadas na cultura impressa com o aparecimento do texto electrónico. Numa primeira parte, fazemos a contextualização sobre as grandes mudanças operadas com a revolução das tecnologias da informação e comunicação, partindo do pressuposto que entramos numa Era da Informação. Situamos a nossa análise num tempo longo de modo a encarar esta revolução de finais do século XX, como mais uma, entre várias revoluções da informação, de que são bons exemplos: a invenção da escrita, o aparecimento do códex e a revolução da imprensa de Gutenberg, em meados do século XV. Numa segunda parte, caracterizamos as mudanças operadas nas bibliotecas públicas pela introdução das tecnologias da informação, tomando como base duas atitudes que a História do Livro e da Leitura documenta, pelo menos desde a invenção da imprensa, o medo da perda do património bibliográfico, ou salvaguarda da memória de todos os textos e livros produzidos, e o de excesso de informação, ou de textos e livros que são cada vez mais e, como tal, nenhum erudito pode aspirar a ler toda essa imensa massa documental. É nesta dialética, entre a perda e excesso, que consideramos que o papel das bibliotecas na era da informação deve ser de continuidade, em muitas das ideias e fins para que foram criadas, ao longo dos tempos, e de responder aos novos desafios que a o presente lhe coloca.

Palavras-chave: Era da informação, TIC, biblioteca pública, memória, literacia
Os documentos oficiais comprovam que a aldeia de Pinelo é povoação muito antiga e de importância estratégica. No ano de 1187, o rei D. Sancho I doou aos monges de Castro de Avelãs as vilas de Pinelo, Argozelo e Santulhão. O rei D. Dinis... more
Os documentos oficiais comprovam que a aldeia de Pinelo é povoação muito antiga e de importância estratégica. No ano de 1187, o rei D. Sancho I doou aos monges de Castro de Avelãs as vilas de Pinelo, Argozelo e Santulhão. O rei D. Dinis deu-lhe foral, em 4 de julho de 1288. Situada numa encosta da margem esquerda do rio Maçãs, a aldeia apresenta uma diversidade, na flora, fauna e na abundância de recursos hídricos que a transformam num bom exemplo de ecologia arcadiana. No presente trabalho, o autor, persistindo no espírito de “viajante filósofo”, apresenta um quadro completo sobre as práticas ecológicas e cultura popular, tomando como referência o período do Estado Novo. Neste contexto, o primeiro objetivo, e nem sempre fácil, era assegurar a subsistência, através de uma agricultura com técnicas rudimentares, que não provocavam uma rutura no equilíbrio do meio natural, antes pareciam conciliar o homem com a natureza. É como se entre ambos se estabelecesse um respeito mútuo, sendo o primeiro o aperfeiçoador, mas sendo a natureza a ditar o essencial das regras.
Palavras-Chave: Economia da Natureza, Ambientalismo, Património cultural, Contos, Lendas, Literatura Oral, Religião Popular, Medicina Popular.
A Biblioteca Pública de Évora, fundada em 1805, por iniciativa de Frei Manuel do Cenáculo, é uma das mais belas bibliotecas patrimoniais de Portugal e possui uma valiosa coleção, em grande parte doada pelo fundador e que foi aumentando ao... more
A Biblioteca Pública de Évora, fundada em 1805, por iniciativa de Frei Manuel do Cenáculo, é uma das mais belas bibliotecas patrimoniais de Portugal e possui uma valiosa coleção, em grande parte doada pelo fundador e que foi aumentando ao longo de mais de duzentos anos. A biblioteca nasceu também com a vocação de prestar um serviço público, tal como determinavam os Estatutos dados pelo fundador. Neste capítulo analisámos a evolução da coleção e movimento de leitores nos séculos XIX e XX, bem como as comemorações do bicentenário, feitas em 2005 em que, além da história da biblioteca se enunciaram os desafios que se colocam a esta instituição no contexto da era da informação.
Manuel Severim de Faria (1582-1655) tem sido considerado, um humanista e economista português, defensor de ideias modelares que influenciaram o pensamento económico, pelo menos até o triunfo do liberalismo. Ideias que deixou bem vincadas... more
Manuel Severim de Faria (1582-1655) tem sido considerado, um humanista e economista português, defensor de ideias modelares que influenciaram o pensamento económico, pelo menos até o triunfo do liberalismo. Ideias que deixou bem vincadas na sua principal obra, as Notícias de Portugal, que agora se reedita na íntegra, na qual em oito discursos aborda os temas mais “interessantes para a República”; a falta de gentes, a milícia, a nobreza, a moeda, as universidades, a evangelização, a carreira das naus e a peregrinação. As páginas das Notícias de Portugal revelam um bom economista, um leitor atento da conjuntura económica nacional e que, após o diagnóstico dos males, aponta as soluções, ou os remédios, mais eficazes para os atalhar.

Palavras-chave – Pensamento Económico; Nobreza, Numismática; Universidades, Evangelização.
Este livro reúne um conjunto de textos redigidos por diversos autores e que constituem os principais testemunhos sobre o saque de Évora, durante os dias 29, 30 e 31 de Julho, de 1808, pelo exército francês, comandado superiormente por... more
Este livro reúne um conjunto de textos redigidos por diversos autores e que constituem os principais testemunhos sobre o saque de Évora, durante os dias 29, 30 e 31 de Julho, de 1808, pelo exército francês, comandado superiormente por Junot e nesta operação militar pelo general Loison, também conhecido como o maneta. Alguns dos textos são manuscritos que se encontram no espólio bibliográfico de D. Frei Manuel do Cenáculo, que também deixou no seu diário uma Narração objectiva das barbaridades perpetradas pelos invasores; outros foram obras impressas no rescaldo dos acontecimentos, como a Évora Lastimosa, ou a Évora no seu Abatimento Gloriosamente Exaltada. O cariz jornalístico, que os autores imprimiram ao relato, possibilita uma leitura repleta de momentos de atracção, conjugada com a possibilidade de ter uma informação pormenorizada sobre os atentados cometidos, contra as pessoas e o património artístico e cultural da cidade, particularmente nas muitas casas religiosas, conventos, mosteiros, recolhimentos e igrejas, que foram saqueadas pelos franceses. De facto, os textos descrevem os roubos e actos de iconoclastia, mas também falam dos mortos, das pessoas ultrajadas, das mulheres e donzelas violadas. Como tal, constituem um ponto de partida para uma reflexão sobre os horrores das guerras de ontem e de hoje
O presente trabalho traça com pormenor a afirmação da Economia, como saber e pedagogia, na transição do antigo regime para o liberalismo. Duas “ciências” se revelam importantes neste percurso, ambas em sintonia com o reformismo pombalino... more
O presente trabalho traça com pormenor a afirmação da Economia, como saber e pedagogia, na transição do antigo regime para o liberalismo. Duas “ciências” se revelam importantes neste percurso, ambas em sintonia com o reformismo pombalino e o movimento de ideias que o fundamenta: a Ciência do Comércio e a Economia Civil. Tomando como paradigma a obra e pensamento de António Genovesi, e a difusão das suas ideias nos países ibéricos, procede-se numa primeira parte à análise de alguns debates que marcaram de forma vincada o discurso da Ilustração portuguesa, relativamente economia e fenómenos económicos: o luxo, a usura e o associativismo económico. Os textos comprovam o confronto entre atitudes e comportamentos herdados de uma ética cristã, baseada no princípio da fraternidade universal, “Daí e emprestai sem nada esperar em troca” (Lucas, 6, 35), para uma ética utilitarista e liberal, baseada numa nova ideia de interesse individual e no princípio de que as paixões e interesses de cada indivíduo podem ser utilizadas em proveito da sociedade. Permitem, ainda, comprovar que o atraso português, diagnosticado pela historiografia, tem na sua origem razões estruturais: a macrocefalia do país, a ausência de políticas regionais concertadas, quer para fomento económico, quer para combater um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento: a ignorância e analfabetismo popular; e, last but not least, a fragilidade cultural das nossas elites, não só da nobreza que continua relutante às ideias de formação e especialização – como demonstra o insucesso que foi o Colégio dos Nobres – mas também dos homens de negócio, cujo objectivo principal é o elixir da fama e da honra, ou seja a nobilitação. Neste sentido, há uma fraqueza do patriotismo português, que procura sempre a sombra tutelar do Príncipe para delinear projectos, sejam eles criar uma Sociedade Económica em Elvas, uma Escola de Fiação e Filatório em Chacim, ou um plano para educar os expostos. Quando, nas nações industriosas do norte, se davam asas para a iniciativa privada, em última análise os valores que moviam os patriotas portugueses eram a honra e proveito, que à custa do Estado podiam obter, esquecendo a responsabilidade que cada um tem para alcançar o bem público.
Na segunda parte analisam-se as ideias e projectos de três dos nomes mais representativos da Ilustração portuguesa: D. Frei Manuel do Cenáculo, Ricardo Raimundo Nogueira e José António de Sá. Trata-se de autores que pugnaram por um reformismo económico, que se consubstanciou na expressão “Saúde da Republica”: o Estado tal como qualquer organismo vivo precisa de ser saudável. Por isso, procede-se ao diagnóstico dos males e apresentam-se as terapias. Neste domínio a conclusão que se extrai é que estes reformadores identificaram a instrução, no sentido de ensino e divulgação de conhecimentos, como a estratégia necessária para recuperar do atraso e manter a saúde da república, ou seja a sua prosperidade e bem-estar dos cidadãos.
O presente trabalho traça com pormenor a afirmação da Economia, como saber e pedagogia, na transição do antigo regime para o liberalismo. Duas “ciências” se revelam importantes neste percurso, ambas em sintonia com o reformismo pombalino... more
O presente trabalho traça com pormenor a afirmação da Economia, como saber e pedagogia, na transição do antigo regime para o liberalismo. Duas “ciências” se revelam importantes neste percurso, ambas em sintonia com o reformismo pombalino e o movimento de ideias que o fundamenta: a Ciência do Comércio e a Economia Civil. Tomando como paradigma a obra e pensamento de António Genovesi, e a difusão das suas ideias nos países ibéricos, procede-se numa primeira parte à análise de alguns debates que marcaram de forma vincada o discurso da Ilustração portuguesa, relativamente economia e fenómenos económicos: o luxo, a usura e o associativismo económico. Os textos comprovam o confronto entre atitudes e comportamentos herdados de uma ética cristã, baseada no princípio da fraternidade universal, “Daí e emprestai sem nada esperar em troca” (Lucas, 6, 35), para uma ética utilitarista e liberal, baseada numa nova ideia de interesse individual e no princípio de que as paixões e interesses de cada indivíduo podem ser utilizadas em proveito da sociedade. Permitem, ainda, comprovar que o atraso português, diagnosticado pela historiografia, tem na sua origem razões estruturais: a macrocefalia do país, a ausência de políticas regionais concertadas, quer para fomento económico, quer para combater um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento: a ignorância e analfabetismo popular; e, last but not least, a fragilidade cultural das nossas elites, não só da nobreza que continua relutante às ideias de formação e especialização – como demonstra o insucesso que foi o Colégio dos Nobres – mas também dos homens de negócio, cujo objectivo principal é o elixir da fama e da honra, ou seja a nobilitação. Neste sentido, há uma fraqueza do patriotismo português, que procura sempre a sombra tutelar do Príncipe para delinear projectos, sejam eles criar uma Sociedade Económica em Elvas, uma Escola de Fiação e Filatório em Chacim, ou um plano para educar os expostos. Quando, nas nações industriosas do norte, se davam asas para a iniciativa privada, em última análise os valores que moviam os patriotas portugueses eram a honra e proveito, que à custa do Estado podiam obter, esquecendo a responsabilidade que cada um tem para alcançar o bem público.
Na segunda parte analisam-se as ideias e projectos de três dos nomes mais representativos da Ilustração portuguesa: D. Frei Manuel do Cenáculo, Ricardo Raimundo Nogueira e José António de Sá. Trata-se de autores que pugnaram por um reformismo económico, que se consubstanciou na expressão “Saúde da Republica”: o Estado tal como qualquer organismo vivo precisa de ser saudável. Por isso, procede-se ao diagnóstico dos males e apresentam-se as terapias. Neste domínio a conclusão que se extrai é que estes reformadores identificaram a instrução, no sentido de ensino e divulgação de conhecimentos, como a estratégia necessária para recuperar do atraso e manter a saúde da república, ou seja a sua prosperidade e bem-estar dos cidadãos.