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O presente trabalho busca explorar a vida e obra da artista brasileira Maria Martins, com ênfase em sua exposição Maria: New Sculptures, realizada em 1943, na Valentine Gallery em Nova York. A pesquisa também destaca a relação da artista... more
O presente trabalho busca explorar a vida e obra da artista brasileira Maria Martins, com ênfase em sua exposição Maria: New Sculptures, realizada em 1943, na Valentine Gallery em Nova York. A pesquisa também destaca a relação da artista com o movimento surrealista e seu envolvimento no meio artístico internacional, a fim de compreender a hostilidade com que foi recebida pela crítica brasileira ao retornar ao Brasil em 1950, resultando na invisibilidade de sua arte e marcando, também, sua imagem na história da arte do país. Retirar Maria do ostracismo em que se encontra na arte brasileira, é uma tarefa delicada e um tanto quanto injusta, já que a escultora passou anos de sua vida retratando temas relacionados à cultura do povo brasileiro em suas obras. Maria: New Sculptures talvez seja a exposição mais relevante da carreira de Maria, responsável não só por colocar a artista nos holofotes do movimento surrealista, mas por também marcar uma mudança na estética de sua arte, que deixa de ser figurativa para adotar uma postura mais desfigurada, exibindo corpos híbridos com toques metamórficos que davam um ar obscuro às suas obras. As esculturas juntas a textos e poemas que compuseram a exposição de 1943, retratavam uma narrativa mística que explorava os mitos e as lendas da região amazonense, dando vida a oito personagens, que na visão da artista, representariam o folclore brasileiro: Amazônia, Cobra Grande, Boiuna, Yara, Yemenjá, Aiokâ, Iacy e Boto. O sucesso da exposição ocorreu graças ao grupo de artistas surrealistas que estavam exilados em Nova York nos anos 40 e que encontraram nas obras de Maria a representação dos ideais defendidos pelo movimento surrealista na época. Além de abordar o universo folclórico, suas esculturas também exploravam a sexualidade feminina, dando forma a corpos que exibiam explicitamente seios e vulvas. Em suma, a história de Maria Martins na arte brasileira segue em esquecimento ou em irrelevância e, até mesmo sua ilustre participação no meio surrealista é, de certa forma, ignorada pelo movimento. Investigar os motivos que contribuiriam para a marginalização de Maria Martins na história da arte ocidental, abriu espaço para diálogos que envolvem problemáticas de gênero, políticas nacionalistas e outros tópicos que ultrapassam as questões meramente estéticas.