REVISTA IMERSÃO: Ano II. Volume III, setembro de 2021
VIII
A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTESDAS ENGENHARIAS AMBIENTAL, CIVIL,
ELÉTRICA, MECÂNICA, PRODUÇÃO E QUÍMICA, EM RELAÇÃO AO INCENTIVO DE
IDEIAS EMPREENDEDORAS DURANTE O PERÍODO DO CURSO
Ícaro Marcel Araújo Santos18, Leonardo Firmo de Almeida19
RESUMO
O empreendedorismo é um assunto no qual vem ganhando espaço para discussões. Um desses
locais precisa ser na instituição de ensino, a qual poderá instruir corretamente os seus discentes
sobre esta temática. Esta pesquisa investigou a percepção dos alunos das engenharias de uma
determinada Instituição de Ensino Superior de Feira de Santana, para averiguar as suas
percepções enquanto ao desenvolvimento de novas ideias, e com relação ao ensino do
empreendedorismo, tendo como objetivo, fomentar aspectos empreendedores nos alunos através
da divulgação deste trabalho por meios de aplicativos eletrônicos, para que os mesmos comecem
a se identificar com tal tema, criando e desenvolvendo a sua ideia inicialmente com o plano de
negócios durante o curso da IES. O primeiro passo da pesquisa foi o levantamento de dados
teóricos. O segundo passo foi a execução de um questionário online proposto aos alunos das
engenharias do turno matutino e noturno da IES, obtendo cento e trinta e cinco respostas. Alguns
resultados foram positivos. Um deles foi que a maioria dos discentes percebeu que foram
preparados para serem funcionários, mas após o término do curso, muitos pretendem
empreender, e ainda expressam que conhecem e sabem para que serve o plano de negócios.
Palavras-chave: Empreendedorismo. Educação empreendedora. Empreendedor. Discentes.
Metodologia ativa.
ABSTRACT
Entrepreneurship is a subject that has been gaining space for discussions. One of these places
needs to be in the educational institution, which will be able to correctly instruct its students on this
topic. This work investigated the perception of engineering students at a given Higher Education
Institution in Feira de Santana, to investigate their perceptions regarding the development of new
ideas, and in relation to the teaching of entrepreneurship, aiming to foster entrepreneurial aspects
in students through the dissemination of this work through electronic applications, so that they
begin to identify with this theme, creating and developing their idea initially with the business plan
during the course of the IES. The first step of the research was the collection of theoretical data.
The second step was the execution of an online questionnaire proposed to the engineering
students of the morning and night shift at the IES, obtaining one hundred and thirty-five responses.
Some results were positive. One of them was that most of the students realized that they were
prepared to be employees, but after finishing the course, many intend to be an entrepreneur, and
still express that they know and know what the business plan is for.
Keywords: Entrepreneurship.
methodology.
Entrepreneurial
education.
Entrepreneur.
Students.
Active
Graduado em Engenharia Mecânica - Faculdade Nobre e Graduando em Técnico em Eletromecânica –
SENAI. E-mail: icaromarcel1@hotmail.com - https://orcid.org/0000-0002-8243-0797
19 Graduado em Administração e Pós-graduado em Finanças – UEFS, e Graduado em Ensino Superior –
Faculdade Nossa Senhora de Lourdes. E-mail: leofirmo@uol.com.br - https://orcid.org/0000-0001-93023495
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1 INTRODUÇÃO
Desde dois mil e quinze, a crise econômica presente no Brasil diminui os postos de
trabalhos, configurando um alto nível de desemprego conjuntural. Essas pessoas
desempregadas obtiveram no trabalho informal a sua fonte de renda, reinventando
produtos e serviços que pudessem atrair a atenção dos consumidores. De acordo com o
SEBRAE (2013), as pequenas empresas no Brasil representam a maior parte de
empreendimentos legalmente formalizados com a legislação, gerando mais empregos
formais do que as empresas de médio e grande porte.
O empreendedor é um ser motivado por ocasiões que lhe propicie novas
experiências, proporcionando a inovação de produtos e serviços (NOVAES & GIL, 2009),
situação que deve ser explorada principalmente por estudantes que estão na graduação,
sendo interessante fazer uma análise de como os estudantes de diferentes áreas se
identificam com o empreendedorismo (CORTEZ & VEIGA, 2019). O presente trabalho
apresentará uma investigação sobre a percepção dos alunos do turno matutino e noturno
das engenharias ambiental, civil, elétrica, mecânica, produção e química da Instituição de
Ensino Superior (IES) de Feira de Santana, em relação ao incentivo de ideias
empreendedoras durante o período do curso, no intuito de gerar nos discentes, um
possível entendimento sobre a relevância que tal temática tem em sua carreira
profissional. Uma hipótese a ser investigada é com relação ao ânimo dos estudantes e
suas percepções quanto ao desenvolvimento de novas ideias e projetos, percebendo
também que muitas vezes eles não possuem interesse para com a pesquisa e o estudo
de dados teóricos.
O objetivo geral desta pesquisa é fomentar aspectos empreendedores dos alunos,
através da divulgação deste trabalho por meios de aplicativos eletrônicos, para que os
mesmos comecem a se identificar com o empreendedorismo. Criando e desenvolvendo a
sua ideia, inicialmente com o plano de negócios durante o curso da IES, dessa forma,
alguns objetivos específicos necessários para a elaboração desta pesquisa como realizar
um questionário com os discentes das engenharias da IES, para verificar aspectos
referentes ao empreendedorismo. Em seguida, analisar os dados obtidos provenientes do
questionário e contribuir para a formação empreendedora deles.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE (2020), com o
desemprego atingindo mais de doze milhões de pessoas em dois mil e vinte, e pelas
dificuldades de inserção ao mercado de trabalho pelos recém-graduados, o estudante
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REVISTA IMERSÃO: Ano II. Volume III, setembro de 2021
precisa possuir uma visão que necessita estar muito mais qualificado em comparação à
conjuntura de épocas anteriores. Por este motivo, o empreendedorismo surge como uma
oportunidade de ingresso.
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia,
decretada em 23/01/2019, aborda um atualizado perfil de ingresso e competências
esperadas por parte dos estudantes, onde um dos aspectos introduzidos foi o
empreendedorismo. Nessa perspectiva, esta nova diretriz pretende trazer um modelo de
ensino mais dinâmico e ativo, pois ela pretende fomentar nos alunos, a busca por
conhecimento, pensamentos mais críticos, e a construção da sua própria evolução
durante o curso (BRASIL, 2019). Esta educação empreendedora deve ser utiliza com
metodologias ativas, que não necessariamente transforma o discente em um
empreendedor, mas potencializa e desenvolve as habilidades e competências.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Empreendedorismo e empreendedor
Segundo Ribeiro, Oliveira e Araújo (2014) a primeira instituição de ensino a
ministrar um curso de empreendedorismo no Brasil foi a fundação Getúlio Vargas em São
Paulo, no ano de 1981. O Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2016) define
empreendedorismo como qualquer experiência de introdução de uma empresa, seja
criando ou expandindo uma já existente, ou também por prestação de serviços
independentes, que possui ou não a intenção de fins lucrativos.
O início do ensino sobre empreendedorismo era baseado na geração de empresas,
sendo fundamentada em um contexto exclusivamente psicológico, progressivamente
também foi agregando um contexto social e comportamental, embasado em aspectos
como instruções econômicas e sociais, viabilidade financeira, oportunidades de mercado,
entre outros fatores (FERREIRA & PINHEIRO, 2018), aspectos estes que para Borges,
Mondo, Machado (2017) podem ser analisadas por três parâmetros, o normativo,
regulativo e a cognitiva. A cognitiva representa as competências da pessoa em uma
determinada região. O regulativo tem relação com a colaboração do governo, com
medidas legais que favoreçam o empreendedor. A normativa refere-se à mensuração da
percepção positiva dos cidadãos do país sobre o empreendedorismo. Costa, Barros e
Carvalho (2011) abordam que apesar do empreendedorismo estar ganhando espaço a
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cada ano, as pesquisas e os estudos que cercam este tema não vêm acompanhando o
mesmo, deixando prerrogativas sobre esse tema sem serem analisadas.
Já o empreendedor é definido por Maximiliano (2016), como uma pessoa que está
em busca da inovação e da criatividade, já Chiavenato (2012), define que é aquela
pessoa que começa e/ou promove a inovação e a criatividade continuamente na
construção de projetos para o empreendimento, assumindo riscos e obrigações. Os dois
autores citados convergem com a opinião que o empreendedor precisa ser inovador e
criativo. Na visão de Mello (2012), um dos aspectos que potencializa a perpetuação do
negócio é a inovação, pois este processo representa o diferencial competitivo da
empresa. Santos (2014) afirma que o empreendedor é aquele que atua através de
ensinamentos, estimulando pessoas para a criação de negócios, ou por determinação
própria, criando empresas para ajudar o crescimento da economia, e do desenvolvimento
social. Com a interpretação desses autores, é perceptível que não se tem uma
denominação única para empreendedor.
Schaefer e Minello (2016) abordam as seguintes características do empreendedor:
Habilidades para inovar, arriscar-se, perseverar diante das incertezas, desenvolver
oportunidades, aprender com os erros. Henrique e Cunha (2008); Schaefer e Minello
(2016) destacam que para estimular essas características é necessário que a educação
empreendedora utilize uma metodologia ativa.Suedekum e Miller (2011) apontam para
três tipos de pessoas, as pessoas desinteressadas, representando aquelas que não
possuem
nenhum
interesse
e
empreendimento
nesse
ramo.
Os
potenciais
empreendedores, sendo aquelas que não possuem o seu empreendimento, mas que
desejam
abrir,
e
as
empreendedoras,
sendo
aquelas
que
já
possuem
seu
empreendimento.
2.1 Educação empreendedora dentro da IES
A educação empreendedora fomenta competências e habilidades que muitas vezes
vão além das adquiridas durante o período do curso, dentre elas, o reconhecimento de
oportunidades empreendedoras, habilidades para liderar, para gerenciamento de
negócios, conhecimento em marketing, entre outros aspectos. Segundo JÚNIOR et al.
(2006), mesmo que algumas instituições abordem em seus cursos uma educação e uma
metodologia voltada para o empreendedorismo, em geral, a educação brasileira não
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instrui para o mesmo, destacando que as instituições e os educadores, devem incentivar
os alunos a terem esse tipo de educação.
Suedekum e Miller (2011) conseguiram identificar através de sua pesquisa, que
não há diferença na intenção de empreender por aqueles que cursaram ou não algum
curso referente ao empreendedorismo, mas afirmam que os estudantes que cursaram
matérias semelhantes, se consideram mais preparados para tal atividade.Schaefer e
Minello (2016) abordam que a educação empreendedora é uma das opções mais
eficientes de produzir e expandir uma cultura empreendedora, necessitando de diferentes
formas de transmissão do conteúdo para estimular a criatividade e a curiosidade dos
alunos, precisando adequar as práticas de ensino com a realidade dos discentes,
propondo-lhes experiências e técnicas contextualizadas com as disciplinas do curso, com
o ambiente da faculdade, com o mercado de trabalho, e com a sociedade (ROCHA &
FREITAS, 2014).
O empreendedorismo na área da engenharia, abrange diversas disciplinas que
juntas, conseguem se correlacionar agregando ainda mais sobre a perspectiva do
estudante, pois as mesmas abordam sobre inovação tecnológica, gerenciamento, além
das específicas de cada curso. O empreendedorismo também surge para o curso de
engenharia, como uma oportunidade dos alunos se amadurecerem durante a graduação,
visto que esse ensino será de forma ativa, ensino este que através da pesquisa de Junior
e Lima (2019), ficou confirmado que os discentes de engenharia possuem uma alta
capacidade para aceitação da metodologia ativa, sendo ainda mais aproveitado, quando é
incluído o empreendedorismo.
Henrique e Cunha (2008); Gomes e Silva (2018); Almeida, Cordeiro e Silva (2018),
também destacam que a melhor maneira de ensinar uma educação empreendedora, é a
correlação dos conteúdos teóricos e práticos, tendo como referência os exemplos do
cotidiano dos empreendedores, pois a melhor maneira de aprender é baseando-se
nessas pessoas que conseguiram perseverar. Mendes (2011); LIMA et al. (2014)
convergem para o mesmo pensamento, abordando que é necessário mesclar as
disciplinas do curso, para que os estudantes possam observar que mesmo não sendo
uma matéria específica de empreendedorismo, as diferentes áreas do conhecimento
também contribuem para uma educação empreendedora. O Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial de São Paulo é uma instituição do Brasil, que conseguiu
abordar uma educação empreendedora utilizando diferentes disciplinas do curso (NETO
et al., 2012).
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LIMA et al. (2015) realizou uma pesquisa que foi possível identificar aspectos
referentes ao empreendedor. O autor construiu três hipóteses, e as duas primeiras não
são válidas, pois não importa a quantidade de matérias ou atividades referentes ao
empreendedorismo que os discentes façam, essas ações não interferem nas intenções
empreendedoras dos mesmos. A primeira hipótese é: “Fazer disciplinas e atividades de
educação empreendedora no ensino superior aumenta a intenção empreendedora dos
estudantes universitários que são fundadores intencionais” (LIMA et al., 2015, p.426). A
segunda hipótese é: “Fazer disciplinas e atividades de educação empreendedora no
ensino superior aumenta a autoeficácia empreendedora dos estudantes universitários que
são fundadores intencionais” (LIMA et al., 2015, p.426). A terceira hipótese é: “Uma maior
intenção empreendedora aumenta a demanda por disciplinas e atividades de educação
em empreendedorismo por parte de estudantes universitários que são fundadores
intencionais” (LIMA et al., 2015, p.427). Sendo esta válida, pois as pessoas interessadas
em possuírem as suas empresas, denominados pelos autores de fundadores intencionais,
denotam de um maior interesse e demanda por matérias e atividades referentes ao
empreendedorismo.
LIMA et al. (2014) aborda que não necessariamente qualquer metodologia de
educação empreendedora irá proporcionar o mesmo resultado para todos os discentes.
Como não se tem estudos aprofundados, as ações propostas pelos docentes podem não
ser as melhores atividades para tal determinada matéria ou assunto, e nem estarem
sendo executadas na melhor qualidade para gerar os benefícios pretendidos.
2.2 Formas de incentivar o empreendedorismo dentro da IES
Cada
pessoa
apresenta
suas
próprias
perspectivas
influenciadas
por
características e habilidades pessoais desenvolvidas durante o seu crescimento como
cidadão, mas nem todos que pretendem e empreendem, tiveram suas habilidades
desenvolvidas e aprimoradas (NOVAES & GIL, 2009). Algumas práticas que podem ser
desenvolvidas dentro da IES para estimular os alunos podem ser, palestras e visitas
técnicas voltadas ao empreendedorismo, promovendo o networking. Grupos de debates
que promovem o desenvolvimento de discussões sobre temas diversos, viabilizando
também o brainstorming, onde essas ideias podem ser discutidas e analisadas, gerando
novas idealizações. Sugestões de leituras, estimulando o aluno também para a obtenção
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de conhecimentos teóricos. Outras sugestões podem ser workshops, projetos sociais,
startups e empresas Junior.
As empresas Junior são empresas criadas dentro da IES com a parceria da
mesma, que visam o desenvolvimento de habilidades do aluno e suas competências
profissionais. Os alunos de diferentes graduações que estão incluídos em uma mesma
empresa Junior, denotam para um ótimo arranjo organizacional de aprendizagem. Outra
forma de incentivo é através da prestação de serviços de monitoria, mas dessa ação, o
resultado será mais para serviços de consultorias (LUNA et al., 2014). Outra forma de
motivar são as disciplinas de empreendedorismo, onde os discentes podem conseguir ter
o direcionamento mais aprofundado sobre o que é, e como empreender. A mesma pode
ajudar a desenvolver a criatividade, direcionando cada estudante para o seu futuro ramo
de atuação. Outra forma para atrair e fazer com que os discentes obtenham outra
perspectiva sobre o tema e sobre o seu empreendimento, é a criação do plano de
negócios. Ações estas que intensificam a identidade profissional do aluno.
O plano de negócio surge para que o empreendedor consiga desenvolver um
estudo detalhado do seu negócio, pois não é suficiente apenas obter uma ideia e colocála em prática, é preciso identificar qual será o seu objetivo com esse produto/serviço,
quais serão os passos necessários para promover essa ideia na prática, se a mesma é
viável economicamente. Desse modo, consegue-se prevenir alguns erros, além do
conhecimento que o empreendedor passará a possuir.
2.3 Antes do ingresso ao empreendedorismo
O aspecto imprescindível, discutido por Gomes e Silva (2018), antes de ingressar
no empreendedorismo, é a relevância de uma formação específica do empreendedor para
a área de atuação, e a importância do networking com empreendedores que já estão
consolidados no mercado, pois estas pessoas podem dar dicas para uma boa gestão do
negócio e do desenvolvimento das suas ideias. Por isso é importante que toda pessoa
antes de abrir o seu empreendimento, desenvolva um plano de negócio. Este plano
ajudará no planejamento e na execução das atividades a serem desenvolvidas,
identificando e diminuindo os riscos de falhas. Para Ferreira e Pinheiro (2018), uma boa
instrução sobre o plano de negócios, melhora o desenvolvimento de aprendizado sobre o
empreendedorismo, pois esta é a principal ferramenta que do empreendedor.
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Para se construir um plano de negócios, alguns pontos precisam ser analisados,
como por exemplo, qual é a missão da empresa, serviço que irá executar. Visão,
representando a pretensão de crescimento. Os objetivos da empresa, as metas a serem
alcançadas em um determinado intervalo de tempo para alcançar a visão almejada.
Modelo de negócio, sendo business to business (B2B), business to commerce ou
business to consumer (B2C), consumer to consumer (C2C), entre outros pontos.
2.4 Ramos do empreendedorismo
Nas literaturas que abordam sobre o empreendedorismo, são encontradas
basicamente três formas de empreender. O empreendedorismo que o indivíduo
desenvolve produtos, serviços ou expansões de empresas, o intraempreendedorismo,
que segundo Ferreira e Pinheiro (2018) são pessoas que empreendem no seu local de
trabalho, desenvolvendo projetos de melhorias e inovações, e o empreendedorismo
social, desenvolvido sem fins lucrativos, voltado para a melhoria da sociedade.
A principal diferença entre o empreendedorismo e o intraempreendedorismo, é a
origem e o retorno do capital investido, por exemplo, o empreendedor investe o seu
dinheiro, em sua própria ideia de negócio, já o intraempreendedor, tem investimento da
empresa que se trabalha para executar essa inovação, mas os lucros e benefícios
gerados por essas melhorias não lhes serão obrigatoriamente concedidos. Segundo
Ferreira e Pinheiro (2018) as empresas não contratam somente as pessoas com perfil
empreendedor porque as mesmas pensam em desenvolver ideias e lucrar, mas sim,
porque elas apresentam criatividade para a resolução de problemáticas, que podem
melhorar o ambiente de trabalho, o processo de fabricação do produto e o serviço
oferecido pela empresa.
As diferenças comparativas entre os outros dois modelos anteriormente abordados
com o empreendedorismo social segundo Novaes e Gil (2009) são: o desenvolvimento do
empreendedorismo social é baseado nas vivências entre o empreendedor e a
comunidade a ser estudada, desenvolvendo ideias para auxiliar essas pessoas a
enfrentarem os obstáculos da região ou da sociedade, por exemplo, o preconceito. É um
tipo de empreendedorismo voltado à realidade coletiva e solidária, sem apresentar o
intuito do retorno financeiro.
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Por este motivo, qualquer ramo do empreendedorismo, é um meio oportuno que
agrega no desenvolvimento e crescimento pessoal, social, e profissional, daqueles que já
estão empreendendo, ou daqueles que estão interessados em começar a empreender.
3 MÉTODOS
O trabalho aqui descrito é qualitativo, pois é embasado em materiais teóricos, como
livros, artigos, dissertações e palestras. O mesmo também é quantitativo, pois um
questionário foi proposto exclusivamente para os alunos das engenharias desta IES de
Feira de Santana, do turno matutino e noturno, obtendo respostas das engenharias
ambiental, civil, elétrica, mecânica, produção e química. No intuito de apresentar uma
base sólida de informações e atingir o objetivo geral da pesquisa, que é incentivar os
alunos por intermédio da sensibilização, a terem ideias empreendedoras, iniciando pelo
plano de negócios durante o período do curso.
O primeiro passo da pesquisa foi o levantamento de dados teóricos, e após o
discernimento sobre a temática, a execução de um questionário online. O período
proposto para os discentes responderem este questionário foi no período de 16/05/2020
até 09/07/2020, tendo cento e trinta e cinco pessoas entrevistadas. Uma amostragem
representativa que seria eficaz para essa pesquisa, considerando apenas o nono e
décimo semestre das engenharias, pois foram os semestres que mais responderam. Com
aproximadamente um total de duzentos e dez alunos matriculados, com uma confiança de
noventa por cento, e uma margem de erro de dois por cento, seria de aproximadamente
cento e oitenta e oito pessoas, mas pelo baixo índice de adesão dos discentes, o
questionário só obteve a resposta de setenta pessoas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O questionário foi idealizado para obter respostas referentes à percepção dos
discentes, enquanto a sua jornada educativa dentro da IES, e sobre a IES. O questionário
alcançou cento e trinta e cinco respostas das seis engenharias desta IES, algumas
perguntas serão abordadas abaixo, com as suas respectivas respostas.
1. Como você considera o nível do ensino sobre empreendedorismo em sua IES?
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Gráfico 1 - Nível do ensino sobre empreendedorismo.
Fonte: Próprio autor da pesquisa.
O Gráfico 1 demonstra que essa IES pode não possuir o melhor nível de ensino
sobre empreendedorismo, mas o trabalho que está sendo desenvolvido com os discentes
de algum modo está sendo bom, pois sessenta e cinco pessoas concordam que este nível
de ensino sobre empreendedorismo está bom, e mais de setenta e dois por cento dos
participantes, acham de alguma forma bom esse ensino, mas se somar os participantes
que escolheram as opções extremamente bom, e muito bom, e comparar com o número
de pessoas que escolheram muito ruim, e extremamente ruim, denota que esse ensino
não está tão adequado.
2. A didática aplicada em sala de aula, pela maioria dos docentes da sua IES, converge
para o ensinamento simultâneo entre o emprego formal e o empreendedorismo?
Gráfico 2 – Percepção dos discentes, sobre a didática dos docentes.
Fonte: Próprio autor da pesquisa.
O resultado do (ráfico 2 permite uma análise referente aos profissionais da IES,
segundo a percepção dos alunos. Os docentes já começaram a aplicar uma didática
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REVISTA IMERSÃO: Ano II. Volume III, setembro de 2021
voltada para o ensino do empreendedorismo, aonde os autores Friedlaender (2004);
Almeida, Cordeiro e Silva (2018) abordam que o empreendedorismo requer uma mudança
na atual pedagogia do ensino brasileiro. Mesmo com os professores já aplicando didáticas
voltadas ao empreendedorismo, os alunos possuem um interesse em mais aulas sobre o
mesmo tema, conforme mostra o resultado da pergunta anterior, demonstrando realmente
um interesse por parte dos discentes. Para aproveitar todo esse interesse, Cortez e Veiga
(2019) denotam que a didática dos docentes necessita de ações que vão além de simples
projetos.
3. O curso necessita melhorar a abordagem sobre a criatividade e a inovação dos alunos,
em relação aos projetos desenvolvidos dentro da IES?
Gráfico 3 - Melhoria sobre a abordagem da criatividade e da inovação dos alunos, em
relação aos projetos desenvolvidos dentro da IES
Fonte: Próprio autor da pesquisa.
Se somar os valores de todas as opções do Gráfico 3, referentes a parte que
necessita melhorar a abordagem sobre a criatividade, e a inovação, representa cento e
vinte e quatro pessoas, mais de noventa e três por cento dos participantes. Este dado
indica que os discentes percebem essa necessidade, e também identifica que a proposta
transmitida pelos orientadores educacionais são as mesmas, não propondo projetos e
ações que agucem a criatividade e a inovação dos alunos.
A criatividade e a inovação para Chiavenato (2012); Maximiliano (2016), é uma
característica do empreendedor, que promove a construção de seus projetos, melhorando
o seu diferencial, sendo este um dos principais aspectos a ser trabalhado com os alunos.
4. Você acha que foi preparado (a) pela sua IES (Instituição de Ensino Superior), para ser
um empreendedor (a), ou ser funcionário (a)?
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Gráfico 4 - Percepção dos discentes enquanto ao seu preparo pela IES
Fonte: Próprio autor da pesquisa.
O Gráfico 4 demonstra que mesmo apesar de todos os avanços da IES com
propostas de projetos empreendedores desenvolvidos durante a carreira acadêmica do
aluno,
com
parte
da
didática
dos
professores
convergindo
também
para
o
empreendedorismo, oitenta e uma pessoas acham que foram preparados para serem
profissionais contratados, mas também, vinte e oito por cento, acham que foram
preparados para serem tanto empreendedores quanto contratados. Este dado do Gráfico
4, converge com a dado obtido no Gráfico 2, pois quase cinquenta por cento dos
entrevistados, acham que a didática dos docentes converge para o ensinamento sobre o
emprego formal.
5. Assim que terminar o curso, você pretende empreender ou ser funcionário?
Gráfico 5 - Pretensão dos estudantes, pós término do curso.
Fonte: Próprio autor da pesquisa.
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REVISTA IMERSÃO: Ano II. Volume III, setembro de 2021
Os valores disponíveis no Gráfico 5, se tornam divergentes com o obtido no Gráfico
4, demonstrando que os estudantes mesmo sendo preparados para serem funcionários,
ao terminar o curso, pretendem empreender. Este resultado leva para o pensamento de
Cortez e Veiga (2019), onde abordam que antes de ingressar ao empreendedorismo, a
pessoa precisa saber se realmente possui interesse, e conhecimento das implicações que
podem surgir para um empreendedor. O resultado do Gráfico 5, denota que os estudantes
não precisam assistir aulas de empreendedorismo para terem a intenção de empreender,
mas as aulas são importantes para que o aluno tenha a capacidade e o conhecimento
técnico e prático, possuindo uma maior possibilidade de sucesso na sua jornada, este
pensamento é confirmado na pesquisa de Suedekum e Miller (2011), e na hipótese de
LIMA et al. (2015), a qual diz que não importa a quantidade de matérias ou atividades
referentes ao empreendedorismo que os discentes façam, essas ações não interferem
nas suas intenções empreendedoras.
6. Você sabe como empreender?
Gráfico 6 - Percepção do saber como empreender
Fonte: Próprio autor da pesquisa.
Em uma escala de um a cinco, onde um era sei muito como empreender, e cinco
era, não sei empreender. Neste Gráfico 6, se consegue analisar que nove pessoas
responderam que sabem muito como empreender, indicando que os mesmos já podem
ser empreendedores, ou estão se capacitando para ser, algo que para Cortez e Veiga
(2019) promove no aluno, um conhecimento para planejar o seu futuro direcionamento
profissional. Quase quarenta e cinco por cento dos participantes responderam que sabem
como empreender, sendo este um dado otimista, pois exprime que mesmo com a
carência de assuntos referente ao empreendedorismo, a IES está conseguindo fomentar
a curiosidade dos mesmos.
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7. Você conhece, e sabe para que serve o plano de negócios?
Gráfico 7 - Conhecimento sobre o plano de negócios.
Fonte: Próprio autor da pesquisa.
O dado obtido no Gráfico 7 é interessante, pois noventa e nove pessoas que
participaram, disseram que conhecem e sabem a funcionalidade do plano de negócios,
sendo mais de setenta e três por cento dos participantes, fato muito positivo, pois esta é a
primeira e principal ferramenta para todos que pretendem empreender. Se comparar os
valores obtidos no Gráfico 7, com os valores obtidos no Gráfico 5, têm-se mais pessoas
que conhecem e sabem para que serve o plano de negócios, do que pessoas que
pretendem empreender após o término do curso. Revelando que esta ferramenta é
difundida entre todas as pessoas, com pretensão ou não de empreender.
8. Você acha necessário que a faculdade lhe incentive a ter uma educação
empreendedora, começando pelo início do curso?
Gráfico 8 – Necessidade de iniciar a educação empreendedora, no início do curso
Fonte: Próprio autor da pesquisa.
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REVISTA IMERSÃO: Ano II. Volume III, setembro de 2021
Constata-se no Gráfico 8, que oitenta por cento dos participantes acham de alguma
forma que é necessário essa educação, e realmente é importante para um aluno, pois
segundo Henrique e Cunha (2008); Schaefer e Minello (2016), esta educação estimula
diversas características de um empreendedor, que mesmo para aquelas que não
pretendem empreender, conseguirá utilizá-las em sua carreira profissional, afirmando
ainda que essa educação necessita de uma nova metodologia, que difere da utilizada na
educação tradicional. LIMA et al. (2014); Schaefer e Minello (2016) ainda afirmam que
esta educação é uma das opções mais eficientes para efetivar e expandir uma intenção e
cultura empreendedora.
5 CONCLUSÃO
Com o crescente número de alunos obtendo acesso à informação, poderá existir
um maior índice de discentes interessados em desenvolver ideias com o propósito de
melhorar o ambiente, a cidade, o país ou as pessoas que estão inseridas no contexto de
suas pesquisas, ocasionando também a diminuição do número de desempregados no
país. O empreendedorismo gera o aumento do número das vagas de emprego,
movimenta a economia do país, elevando o crescimento do PIB, estimulando
positivamente os outros setores da macroeconomia. Com relação à faculdade, os
docentes juntos com a instituição, sabendo das evoluções tecnológicas e das diminuições
dos postos de trabalhos em alguns setores, deveriam propor uma ementa voltada para
mais conteúdos relacionados ao empreendedorismo, orientando-os sobre o mercado de
trabalho e seus meios de inserção.
Uma das formas da instituição propor experiências para os alunos que desejam
empreender,
é
oferecer
matérias
optativas
voltadas
exclusivamente
para
o
empreendedorismo, onde ela poderia propor inicialmente que os alunos investigassem
quais são as necessidades da faculdade, para em seguida, desenvolverem projetos que
visem sanar as mesmas e, posteriormente, investigarem as necessidades do bairro onde
a faculdade reside. Outra forma de incentivo seria proporcionar aos seus alunos
interessados em empreender um profissional qualificado e um espaço em que esses
discentes possam ir discutir, conhecer, explorar e, promover o enriquecimento de ideias e
o networking, ou até mesmo, um setor responsável por instruir aqueles alunos que
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Revista Imersão: Capim Grosso - BA, Ano II, Volume III, N 3, Set. 2021. http://www.fcgba.com.br/revista
possuem uma ideia, mas não sabem qual deve ser o primeiro passo a ser dado para por
em prática a mesma.
Portanto, essa IES assim como outras do país, ainda não perpassa por uma
estrutura fundamentada de ensino que aborde o tema empreendedorismo como o
emprego formal é abordado. Dessa maneira, o questionário direcionado apenas para os
alunos, identifica que essa instituição já aborda alguns temas do empreendedorismo, mas
esse ensino não está sendo mais adequado, pois alguns resultados obtidos identificam
uma carência no ensino. Houve a constatação de que grande parte dos discentes desta
IES que responderam o questionário, estão interessados que a mesma ministre mais
aulas voltadas ao empreendedorismo, apesar de acharem de alguma forma bom este
ensino, e também estão atraídos pela ideia de empreender após o curso, mesmo a
maioria dos participantes apontarem que estão sendo preparados para serem
funcionários, mas esta pesquisa não conseguiu identificar se esses mesmos discentes
possuem interesse para com a parte que contempla a pesquisa e o estudo de dados
teóricos. À vista disso, a presente pesquisa espera que a partir dessa abordagem,
aumente o número de discentes que apresentem uma maior base de informações sobre o
empreendedorismo.
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