Durante o século XIX a agricultura da Bahia viveu momentos de instabilidade. Embora o período tenha sido marcado, inicialmente, por um aumento nas exportações, uma série de fatores (intempéries climáticas, epidemias, falta de crédito, fim...
moreDurante o século XIX a agricultura da Bahia viveu momentos de instabilidade. Embora o período tenha sido marcado, inicialmente, por um aumento nas exportações, uma série de fatores (intempéries climáticas, epidemias, falta de crédito, fim do tráfico transatlântico, entre outros) encaminhou a lavoura da Província para uma crise agrícola. Contemporâneos deste processo, os membros do Imperial Instituto de Agricultura da Bahia (IIBA) - em sua maioria integrantes do segmento
agroexportador do Recôncavo - manifestaram sua preocupação com os rumos que a lavoura tomava, enviando (em 1860) uma Representação à D. Pedro II; neste documento, apresentado pelos diretores do Instituto, solicitavam que o então Imperador tomasse providências remediativas
diante da crise que se instaurava. Ainda que a conjuntura fosse atribuída a inúmeros fatores, os membros do IIBA manifestaram no documento especial apreensão com a escassez de mão de obra e o consequente aumento no preço dos cativos, provocados pelo fim do tráfico transatlântico. Como medida para salvar a lavoura, solicitavam ao Imperador apoio na construção de uma escola agrícola, a qual deveria formar mão de obra especializada a ser empregada no campo. Neste
sentido, nosso objetivo é analisar a proposta de criação da Escola Agrícola da Bahia como possível alternativa para a diminuição da oferta de mão de obra gerada pelo fim da legalidade do tráfico transatlântico. Partindo da análise da mencionada Representação e dos Relatórios de Presidente da Província, buscaremos, também, pensar a relação existente entre a diminuição desta atividade e a situação da agricultura da Bahia no período em apreço, bem como, refletir sobre as demandas
de modernização da agricultura geradas pelo fim do tráfico. Para isso, estabelecemos como marcos cronológicos os anos de 1831 e 1877 - o primeiro, referente ao fim da legalidade do tráfico transatlântico de escravizados; e o segundo, ao ano de inauguração da Escola Agrícola da Bahia.