Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
Skip to main content

Luciano Utteich

No final do trabalho conjunto entre Fichte e Schelling, cuja troca de correspondências é o melhor registro, constata-se em gérmen a trans- formação no pensamento filosófico de Fichte em sua abordagem do conceito do Absoluto. Essa... more
No final do trabalho conjunto entre Fichte e Schelling, cuja troca de
correspondências é o melhor registro, constata-se em gérmen a trans-
formação no pensamento filosófico de Fichte em sua abordagem do
conceito do Absoluto. Essa modificação apontava para algo mais pro-
fundo, a saber, a reformulação da exposição cumulada na Doutrina
da Ciência de 1804 (Segunda Exposição), na qual o conceito de Deus,
como único ser κατ’ ἐξοχήν, para além de favorecer suprimir a eti-
queta de idealismo da Doutrina da Ciência, passará a se mostrar ainda
fundamento da Doutrina da Religião (1806), enquanto exposição po-
pular da Doutrina da Ciência. Se Schelling percebeu nos anos 1802-3
os indícios desta mudança na concepção fichtiana, pelo fato de cada
um se referir nas correspondências de modo distinto ao Absoluto (ou
Deus), parece que ele não se ateve às consequências desta nova abor-
dagem da Doutrina da Ciência, pois, graças ao conceito do Absoluto
ou Deus como o único ser κατ’ ἐξοχήν, Fichte mostrou como a Doutrina da Ciência alcançou pairar sobre a oposição entre idealismo e
realismo na filosofia, enquanto oposição que opunha a Filosofia trans-
cendental e a Naturphilosophie. Nosso intuito é expor as circunstâncias
dessa divergência a fim de explicitar em que sentido o conceito do
Absoluto ou Deus como o único ser par excellence legitima o novo tipo
de operação da razão transcendental proposta pelo segundo Fichte.
O texto debate a relação entre o critério de universalidade e necessidade visto na perspectiva da filosofia crítico-transcendental kantiana e na perspectiva sistematizadora da filosofia transcendental em Fichte enquanto escrutínio desse... more
O texto debate a relação entre o critério de universalidade e necessidade visto na perspectiva da filosofia crítico-transcendental kantiana e na perspectiva sistematizadora da filosofia transcendental em Fichte enquanto escrutínio desse critério para aplicá-lo à noção de consciência transcendental, elevando-a para primeiro princípio da Filosofia transcendental.
Resumo: A carta-resposta de Jacobi a Fichte (1799) pareceu selar o destino da Filosofia transcendental ao considerar o esforço sistemático da razão pura como conduzindo ao nada, ao vazio. No entanto, essa caracterização negativa da razão... more
Resumo: A carta-resposta de Jacobi a Fichte (1799) pareceu selar o destino da Filosofia transcendental ao considerar o esforço sistemático da razão pura como conduzindo ao nada, ao vazio. No entanto, essa caracterização negativa da razão pura fora gestada por Jacobi em obras ainda anteriores. No presente texto examinamos dois desses opúsculos prévios à Carta a Fichte, o Algo que disse Lessing. Um comentário à "Viagem dos Papas" (1782) e a Carta a Laharpe (1790). No resgate de sua argumentação, inicialmente favorável e em seguida desfavorável à razão, identificam-se elementos subliminares que reaparecem na Carta a Fichte. Em vista disso coloca-se em questão a rubrica de niilismo então imputada como não devendo ser assumida no peso atribuído por Jacobi, devido a sua caracterização negativa da razão depender de um fundo sócio-político, o qual tenta encobrir. Ao se reconhecer isso, realoca-se a crítica jacobiana à perspectiva de ser uma tentativa renovada para sustar o desenvolvimento da razão pura devido seu elemento subversivo, o qual parece ter sido o original motivo pelo qual Jacobi teria modificado sua inicial posição em favor da razão.
Trata-se de uma investigação que apresenta os motivos implícitos no conceito kantiano do sumo Bem para que Schelling e Fichte realizem a conversão da razão pura, assentando-a desde o primado prático da razão. Para isso discute-se os... more
Trata-se de uma investigação que apresenta os motivos implícitos no conceito kantiano do sumo Bem para que Schelling e Fichte realizem a conversão da razão pura, assentando-a desde o primado prático da razão. Para isso discute-se os textos do primeiro Schelling e o opúsculo de Fichte, Sobre o fundamento de nossa fé em um governo divino do mundo.
Kant respondeu a Garve, manifestando seu apoio ao fato da deturpação da recensão deste da Crítica da razão pura. O interesse de Kant é trazer Garve para contribuir com a divulgação clara a respeito dos propósitos do projeto da razão pura... more
Kant respondeu a Garve, manifestando seu apoio ao fato da deturpação da recensão deste da Crítica da razão pura. O interesse de Kant é trazer Garve para contribuir com a divulgação clara a respeito dos propósitos do projeto da razão pura na esfera do conhecimento e da moral. Vemos nessa correspondência a atenção dedicada por Kant, por isso, visando converter Garve ao projeto transcendental.
Trata-se da resposta de Garve a Kant, solicitada por este no Apêndice dos Prolegômenos a toda Metafísica futura. Nessa carta Garve se assume autor da resenha sobre a Crítica da razão pura, embora pondere que ela fora adulterada pelo... more
Trata-se da resposta de Garve a Kant, solicitada por este no Apêndice dos Prolegômenos a toda Metafísica futura. Nessa carta Garve se assume autor da resenha sobre a Crítica da razão pura, embora pondere que ela fora adulterada pelo editor da revista que a publicou, Johann Georg Heinrich Feder (1740-1821).
Correspondência trocada de Kant a Christian Gottfried Schütz.Trata da tematização de Mendelssohn sobre o aspecto dos conceitos puros aos quais não há correspondência na realidade, portanto, conceitos que não possuem realidade objetiva,... more
Correspondência trocada de Kant a Christian Gottfried Schütz.Trata da tematização de Mendelssohn sobre o aspecto dos conceitos puros aos quais não há correspondência na realidade, portanto, conceitos que não possuem realidade objetiva, mas que, por tratarem de conceitos que exprimem os interesses da pura razão, não requerem determinação. Assim, embora passem por ser "ilusórios" do ponto de vista cognitivo, do ponto de vista puro e reflexivo são inteiramente legítimos para o pensamento.
RESUMO A recepção de Fichte do opúsculo À Paz Perpétua (Zum ewigen Frieden) de Kant tanto confirmou os elementos que preparava para sua teoria do Direito Natural como motivou aprofundar o tema da Paz Perpétua na perspectiva de um Estado... more
RESUMO A recepção de Fichte do opúsculo À Paz Perpétua (Zum ewigen Frieden) de Kant tanto confirmou os elementos que preparava para sua teoria do Direito Natural como motivou aprofundar o tema da Paz Perpétua na perspectiva de um Estado Comercial internamente regulado por leis para torná-lo autossuficiente e independente. Ao identificar, como diferença na planificação da Paz Perpétua, o apelo à natureza em Kant e à razão prática em Fichte, o presente texto expõe o peculiar na tematização da história desde a função teórico-hipotética kantiana enquanto condição para descortinar o impulso para o progresso histórico, contrastado à teleologia prática no conceito racional de história na perspectiva fichtiana, que elucida o alcance da autossuficiência e independência do Estado existente como caminho mais curto em favor dos fins da humanidade perante o supremo fim prático. Na crítica à história subjacente aos Estados existentes, Fichte descortina o ponto de passagem para o Estado ideal, o Estado Comercial fechado, apontando a passividade à qual aderiam como mera consequência natural que deve ser substituída a fim de que o Estado assuma medidas racionais para implementar uma Política favorável à autonomia interna a cada país. Do contraste entre os dois autores extraímos os motivos de o Estado representar, no interior de suas fronteiras naturais, segundo Fichte, as únicas conquistas autênticas e dignas de qualquer Estado, bastando para isso estar ciente de que, ao invés de se deixar conduzir por uma visão natural de história, conduza a uma concepção racional dela.
A décima quinta edição (vol. 8. n. 1) da DIAPHONÍA – Revista dos Discentes do Curso de Filosofia da UNIOESTE, promovida pelo Grupo PET [Programa de Educação Tutorial] – torna público mais um número, primado pelo rigor e pela... more
A décima quinta edição (vol. 8. n. 1) da DIAPHONÍA – Revista dos Discentes do Curso de Filosofia da UNIOESTE, promovida pelo Grupo PET [Programa de Educação Tutorial] – torna público mais um número, primado pelo rigor e pela originalidade, ao marcar, consideravelmente, uma posição qualificada em termos de produtividade de pesquisa no contexto nacional e internacional da área.
Esta tese tem como proposito acompanhar o desenvolvimento do Transcendental na Filosofia, cujo ponto de partida e Kant. A fim de apresentar a fundamentacao do Transcendental pelo principio fichtiano Eu sou, o texto expoe a abordagem da... more
Esta tese tem como proposito acompanhar o desenvolvimento do Transcendental na Filosofia, cujo ponto de partida e Kant. A fim de apresentar a fundamentacao do Transcendental pelo principio fichtiano Eu sou, o texto expoe a abordagem da Ontologia principiada pela concepcao de uma Elementarphilosophia, na unificacao da razao anteriormente separada em seus ângulos teorico e pratico. Nesse sentido demonstrar-se-a como a teoria de Fichte e ainda relevante para o resgate de questoes centrais da Filosofia, tal como a questao sistematica. Tal questao apresenta-se como a investigacao da dinamicidade propria dos momentos positivos que sao desenvolvidos para ser constituido o carater transcendental filosofico. A base da descricao da logica das ciencias da natureza e do funcionamento teleologico mostra-se que a problematizacao do conceito de finalidade perante a figura da coisa em si (Dinge an Sich) kantiana revela o surgimento da fonte unica e verdadeira da Filosofia transcendental. Por isso i...
Kant criticou incisivamente na Critica da razao pura (1787) a tentativa de manter a nocao de Intuicao intelectual como valida ao procedimento moderno da argumentacao cientifica. Num sentido inequivoco a pressuposicao desse tipo de... more
Kant criticou incisivamente na Critica da razao pura (1787) a tentativa de manter a nocao de Intuicao intelectual como valida ao procedimento moderno da argumentacao cientifica. Num sentido inequivoco a pressuposicao desse tipo de Intuicao como conhecimento intelectual e imediato dos objetos antes descurava das reais condicoes humanas limitadas de conhecimento, dependente de atos de sintese para constituir objetos. Num roteiro argumentativo diferente, do ponto de vista da sistematizacao da razao transcendental, Fichte concede na Doutrina da Ciencia (1794) e na Segunda Introducao a Doutrina da Ciencia (1797) uma atividade a Intuicao intelectual, nao para uma vinculacao intelectual imediata do sensivel, mas para evidenciar os atos originarios da reflexao do eu (Apercepcao), enquanto constituidores do sistema da Filosofia transcendental. Expomos a diferenca de registro nas concepcoes kantiana e fichtiana da nocao de Intuicao intelectual.
Fichte abordó en las Lecciones Sexta y Séptima de Los Caracteres de la Edad Contemporánea [Die Grundzüge des gegenwärtigen Zeitalters, 1806] una importante cuestión relativa al intervalo entre dos períodos o edades, la tercera y la cuarta... more
Fichte abordó en las Lecciones Sexta y Séptima de Los Caracteres de la Edad Contemporánea [Die Grundzüge des gegenwärtigen Zeitalters, 1806] una importante cuestión relativa al intervalo entre dos períodos o edades, la tercera y la cuarta edad de la humanidad, en su relación de oposición y complementariedad. Para él había llegado el momento de preparar la necesaria transición de la tercera a la cuarta edad de la humanidad, ya que la tercera representaba una falsa autonomía lograda por la letra (por la imprenta) frente al espíritu, siendo éste la verdadera fuente de vivacidad en los asuntos humanos desde su marco inicial, la comunicación oral. En nuestro texto contextualizamos brevemente el tema de los criterios de lectura que presupone la verdadera ciencia de la razón como requisito que apunta a este momento previo en el que la propia letra (discurso escrito o impreso) se genera en la dimensión del espíritu, como la actividad verdaderamente viva que satisface todas las necesidades d...
Ao descobrir seu acordo com teses fundamentais da filosofia de Kant, Fichte obteve grande impulso para estabelecer o conceito de liberdade para princípio de seu sistema de pensamento e demonstrar o que Kant havia apenas anunciado na... more
Ao descobrir seu acordo com teses fundamentais da filosofia de Kant, Fichte obteve grande impulso para estabelecer o conceito de liberdade para princípio de seu sistema de pensamento e demonstrar o que Kant havia apenas anunciado na Crítica da razão prática, que o primado da razão é prático. No presente texto tematizamos como trazido pela letra do texto kantiano os elementos de que se serve Fichte para estabelecer o princípio do “Eu sou” (Ich bin) como princípio sistemático e extrair as últimas consequências da revolução copernicana aplicada na filosofia, enquanto uma legítima radicalização da alteração do método proposta por Kant. Palavras-chave: Razão prática, Liberdade, Princípio sistemático, gênese
Qual a natureza da razao na filosofia de Kant? Se partimos do pressuposto de que a razao e a faculdade que organiza sistematicamente a multiplicidade dos objetos de pensamento, no que diz respeito ao conhecimento dos fenomenos e ao puro... more
Qual a natureza da razao na filosofia de Kant? Se partimos do pressuposto de que a razao e a faculdade que organiza sistematicamente a multiplicidade dos objetos de pensamento, no que diz respeito ao conhecimento dos fenomenos e ao puro pensamento critico transcendental, entao, como disse Kant, temos de convir que se trata de uma faculdade que e “por natureza arquitetonica”. A questao que esse texto pretendera desenvolver sera, portanto, esta: como compreender a natureza da razao que, por natureza, e ser arquitetonica?
O texto faz uma apresentação da troca de correspondências inicial entre Immanuel Kant e Christian Garve, acerca da recensão sobre a primeira edição da Crítica da razão pura (1781), aceita por Garve, mas adulterada pelo editor da revista... more
O texto faz uma apresentação da troca de correspondências inicial entre Immanuel Kant e Christian Garve, acerca da recensão sobre a primeira edição da Crítica da razão pura (1781), aceita por Garve, mas adulterada pelo editor da revista de Göttingen, Johann Georg Heinrich Feder.
O texto tematiza os motivos e a modificação do Prefácio da primeira edição (1781) para o Prefácio da segunda edição (1787) da Crítica da razão pura de Kant, motivado pela interpretação difusa do texto crítico-fundacional kantiano, a... more
O texto tematiza os motivos e a modificação do Prefácio da primeira edição (1781) para o Prefácio da segunda edição (1787) da Crítica da razão pura de Kant, motivado pela interpretação difusa do texto crítico-fundacional kantiano, a partir da Resenha da revista de Göttingen. Assim, atribui-se à necessidade de modificar a adoção da razão pura não mais desde uma posição temerária e duvidosa, mas antes segura e definitiva.
O arquivo traz as duas primeiras Cartas trocadas entre Garve e Kant, motivada pela convocação de Kant, realizada no Apêndice aos Prolegômena (1783), para que viesse se manifestasse o autor da recensão sobre a Crítica da razão pura (na... more
O arquivo traz as duas primeiras Cartas trocadas entre Garve e Kant, motivada pela convocação de Kant, realizada no Apêndice aos Prolegômena (1783), para que viesse se manifestasse o autor da recensão sobre a Crítica da razão pura (na primeira edição, 1781), publicada no periódico de Göttingen.
O texto faz uma apresentação da troca de correspondências inicial entre Immanuel Kant e Christian Garve, acerca da recensão sobre a primeira edição da Crítica da razão pura (1781), aceita por Garve, mas adulterada pelo editor da revista... more
O texto faz uma apresentação da troca de correspondências inicial entre Immanuel Kant e Christian Garve, acerca da recensão sobre a primeira edição da Crítica da razão pura (1781), aceita por Garve, mas adulterada pelo editor da revista de Göttingen, Johann Georg Heinrich Feder.
RESUMO: Ao descobrir seu acordo com teses fundamentais da filosofia de Kant, Fichte obteve grande impulso para estabelecer o conceito de liberdade para princípio de seu sistema de pensamento e demonstrar o que Kant havia apenas anunciado... more
RESUMO: Ao descobrir seu acordo com teses fundamentais da filosofia de Kant, Fichte obteve grande impulso para estabelecer o conceito de liberdade para princípio de seu sistema de pensamento e demonstrar o que Kant havia apenas anunciado na Crítica da razão prática, que o primado da razão é prático. No presente texto tematizamos como trazido pela letra do texto kantiano os elementos de que se serve Fichte para estabelecer o princípio do "Eu sou" (Ich bin) como princípio sistemático e extrair as últimas consequências da revolução copernicana aplicada na filosofia, enquanto uma legítima radicalização da alteração do método proposta por Kant.
O texto aborda a crítica de Schelling a Espinosa, apresentando a limitação operada por Schelling sobre a teoria espinosana. Ao mesmo tempo, na linha dessa crítica mostra de que modo os jovens Schelling e Fichte realocam o primado prático... more
O texto aborda a crítica de Schelling a Espinosa, apresentando a limitação operada por Schelling sobre a teoria espinosana. Ao mesmo tempo, na linha dessa crítica mostra de que modo os jovens Schelling e Fichte realocam o primado prático da razão pela conversão do conceito de sumo Bem kantiana em um domínio sem transcendência e sem ranço teórico.
Aristóteles foi o primeiro que julgou necessário tratar os problemas filosóficos em sua conexão histórica. Sua metafísica e particularmente sua Psicologia contêm muitos conceitos que apenas foram elaborados na intenção de superar as... more
Aristóteles foi o primeiro que julgou necessário tratar os problemas filosóficos em sua conexão histórica. Sua metafísica e particularmente sua Psicologia contêm muitos conceitos que apenas foram elaborados na intenção de superar as dificuldades nas quais seus precursores haviam fracassado. Estes conceitos são resultados tanto de seu próprio pensamento como de sua crítica da história. Após Aristóteles, a necessidade de ligação destes ambos aspectos foi acentuada de diversas maneiras por grandes pensadores. Por intermédio disso, Leibniz chegou a sua Monadologia, apenas pelo fato de que, por meio dela, ele podia tornar compatíveis afirmações de autores entre si que lhe pareceram, por assim dizer, evidentes, mesmo que entre eles fossem incompatíveis. Kant desenvolveu sua Filosofia Crítica na intenção de tornar transparentes as leis da razão, das quais surgiu a metafísica tradicional e deste modo o fundamento para a luta milenar, que ela conduziu contra si mesma. Por fim, Hegel definiu a Filosofia em relação à essência das condições das quais ela surge. E assim também nós temos de prosseguir para compreender o problema da própria filosofia em sua perspectiva histórica. Todavia, a situação na qual nós nos encontramos como filósofos difere fundamentalmente da deles. Nossa orientação para a história do pensamento é dominada por outro imperativo: Aristóteles, Kant e Hegel acreditavam que eles tinham levado adiante a investigação da verdade até um termo final. É esta a convicção na qual ainda se encontra a alegria dos mestres gregos do pensamento e a inquietude escatológica dos espíritos especulativos na época da revolução francesa. Em comparação com isso, a filosofia vive hoje antes sob a ameaça do seu fim. Sua história parece necessitar de uma defesa e até a sua ideia de uma 1 Publicação original: HENRICH (1982), p. 57-82. Gostaria de agradecer ao amigo Paulo Rudi Schneider pela esmerada revisão desta minha tradução.
Teve início com Dieter Henrich (Marburg, 05/01/1927), desde os anos 70, a retomada dos autores clássicos da filosofia alemã e do estudo comentado do pensamento de Immanuel Kant até a recepção dos pós-kantianos, Fichte e Hegel, e daí para... more
Teve início com Dieter Henrich (Marburg, 05/01/1927), desde os anos 70, a retomada dos autores clássicos da filosofia alemã e do estudo comentado do pensamento de Immanuel Kant até a recepção dos pós-kantianos, Fichte e Hegel, e daí para os primeiros românticos alemães. Para núcleo dos estudos sobre Kant-Hegel, D. Henrich publicou, em 1971, Hegel im Kontext, com edição revisada e ampliada em 2010, num minucioso debate sobre a filiação do pensamento hegeliano à tradição anterior, o qual reapareceu em publicação inglesa em Between Kant and Hegel. Lectures on German Idealism (2003). Com igual circunspeção, foram debatidos os escaninhos que formaram o período dos primeiros pós-kantianos na filosofia, no pensamento de Reinhold, Maimon, Schulze e Jacobi, tratados tanto do ponto de vista histórico como reflexivo, e das origens do primeiro romantismo alemão nos estudos dedicados a Hölderlin (2004a), a Schiller, a Novalis, a Schlegel e outros, nos dois volumes do Grundlegung aus dem Ich (2004b). Relativo ao período do Idealismo alemão, na ênfase sobre as fontes da vertente idealista da razão, D. Henrich dedicou-se a apresentar a lógica interna das formulações sistemáticas de Fichte, Schelling e Hegel, reconstituída em Kostellationen (1991). Se a história da filosofia pós-kantiana não deve ser explicada com dependência exclusiva de uma perspectiva pessoal de pensamento, mas, sim, a partir da constelação de problemas, é salutar reconhecer, nesse período, que o conjunto de possibilidades não podia ser capitaneado por apenas um único sistema de pensamento. 1 Aqui as premissas que reconstroem os temas e problemas em cada filósofo, ao qual se aplica a leitura exegética, têm de levar em conta o contexto.
Verbete "Sociedade Civil"
O artigo aborda o opúsculo Sobre o fundamento de nossa crença em um governo divino do mundo, de Fichte, que, juntamente com o texto de Forberg, Desenvolvimento do conceito de Religião, provocaram a cisma e a redação de imputação de... more
O artigo aborda o opúsculo Sobre o fundamento de nossa crença em um governo divino do mundo, de Fichte, que, juntamente com o texto de Forberg, Desenvolvimento do conceito de Religião, provocaram a cisma e a redação de imputação de ateísmo contra os autores. Visa-se aqui debater o ponto de partida kantiano, no conceito de sumo Bem, da concepção readequada por Fichte de Deus a partir da noção de crença.
Fichte abordó en las Lecciones Sexta y Séptima de Los Caracteres de la Edad Contemporánea [ Die Grundzüge des gegenwärtigen Zeitalters , 1806] una importante cuestión relativa... more
Fichte  abordó  en  las  Lecciones 
Sexta  y  Séptima  de 
Los  Caracteres  de 
la  Edad  Contemporánea
  [
Die  Grundzüge 
des  gegenwärtigen  Zeitalters
,  1806]  una 
importante  cuestión  relativa  al  intervalo 
entre  dos  períodos  o  edades,  la  tercera  y  la 
cuarta edad de la humanidad, en su relación
de  oposición  y  complementariedad.  Para 
él  había  llegado  el  momento  de  preparar  la 
necesaria transición de la tercera a la cuarta
edad  de  la  humanidad,  ya  que  la  tercera 
representaba una falsa autonomía lograda por
la letra (por la imprenta) frente al espíritu,
siendo éste la verdadera fuente de vivacidad
en  los  asuntos  humanos  desde  su  marco 
inicial,  la  comunicación  oral.  En  nuestro 
texto  contextualizamos  brevemente  el  tema 
de  los  criterios  de  lectura  que  presupone  la 
verdadera ciencia de la razón como requisito
que apunta a este momento previo en el que
la propia letra (discurso escrito o impreso) se
genera en la dimensión del espíritu, como la
actividad verdaderamente viva que satisface
todas  las  necesidades  del  pensamiento,  ya 
sea filosófico o literario, en la sociedad.
No final do trabalho conjunto entre Fichte e Schelling, cuja troca de correspondências é o melhor registro, constata-se em gérmen a transformação no pensamento filosófico de Fichte em sua abordagem do conceito do Absoluto. Essa... more
No final do trabalho conjunto entre Fichte e Schelling, cuja troca de
correspondências é o melhor registro, constata-se em gérmen a transformação no pensamento filosófico de Fichte em sua abordagem do conceito do Absoluto. Essa modificação apontava para algo mais profundo, a saber, a reformulação da exposição cumulada na Doutrina
da Ciência de 1804 (Segunda Exposição), na qual o conceito de Deus,
como único ser κατ’ ἐξοχήν, para além de favorecer suprimir a etiqueta de idealismo da Doutrina da Ciência, passará a se mostrar ainda
fundamento da Doutrina da Religião (1806), enquanto exposição popular da Doutrina da Ciência. Se Schelling percebeu nos anos 1802-3
os indícios desta mudança na concepção fichtiana, pelo fato de cada
um se referir nas correspondências de modo distinto ao Absoluto (ou
Deus), parece que ele não se ateve às consequências desta nova abordagem da Doutrina da Ciência, pois, graças ao conceito do Absoluto
ou Deus como o único ser κατ’ ἐξοχήν, Fichte mostrou como a Doutrina da Ciência alcançou pairar sobre a oposição entre idealismo e
realismo na filosofia, enquanto oposição que opunha a Filosofa transcendental e a Naturphilosophie. Nosso intuito é expor as circunstâncias dessa divergência a fim de explicitar em que sentido o conceito do Absoluto ou Deus como o único ser par excellence legitima o novo tipo de operação da razão transcendental proposta pelo segundo Fichte.
O artigo propõe uma interpretação vinculante das noções de vontade humana e vontade racional a partir do princípio subjetivo da razão segundo o qual o homem é um ser que existe como um fim em si mesmo. A partir disso pode ser considerada... more
O artigo propõe uma interpretação vinculante das noções de vontade humana e vontade racional a partir do princípio subjetivo da razão segundo o qual o homem é um ser que existe como um fim em si mesmo. A partir disso pode ser considerada a dimensão racional da vontade como encarnando a dimensão sensível, justificando o lançamento do conceito de felicidade para o momento racional na KpV.
O texto apresenta uma interpretação do conceito de felicidade como conceito racional, não sensível, enquanto aponta ao modo pelo qual o princípio do ser racional como fim em si mesmo encarna a vontade humana sensível e empírica. Nessa... more
O texto apresenta uma interpretação do conceito de felicidade como conceito racional, não sensível, enquanto aponta ao modo pelo qual o princípio do ser racional como fim em si mesmo encarna a vontade humana sensível e empírica. Nessa exposição se contrasta a estratégia kantiana com a de Schopenhauer, que admite haver fenômenos éticos originários.
A diferença entre as abordagens filosóficas de Fichte e de Hegel pode ser vista desde a Doutrina da Ciência de 1804. Ludwig Siep mostrou em Hegels Fichtekritik und die Wissenschaftslehre 1804 que as crítica endereçadas por Hegel, no... more
A diferença entre as abordagens filosóficas de Fichte e de Hegel pode ser vista desde a Doutrina da Ciência de 1804. Ludwig Siep mostrou em Hegels Fichtekritik und die Wissenschaftslehre 1804 que as crítica endereçadas por Hegel, no Differenzschrift (1801) não mais alcançam a compreensão fichtiana da razão. O texto contrasta as críticas de Siep com os argumentos de Hegel do texto de 1801.
Research Interests:
Research Interests: