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F9 Literatura Cearense PDF

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CURSO

l c
9 Da Vanguarda
à Ditadura
Literatura em Encruzilhadas
Fernanda Diniz e Kedma Damasceno

i e
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a n
t s
u e
r
a

Realização
1.
A PALO SECO
omo você já deve ter percebi-
do, nossos módulos têm atra-
vessado variados períodos da
história. Em cada um deles, a

2.
literatura e as artes em geral se
manifestam de forma distinta, a
partir de influências e de novas
contribuições. Neste módulo,
também situado em um deter-
minado recorte de tempo, trazemos a você VANGUARDA?
um estudo que impulsiona a reflexão acerca No sétimo módulo de nosso
dos conceitos de vanguarda e de geração, curso, soubemos um pouco
tanto no âmbito nacional, quanto no local. sobre as vanguardas euro-
Assim, você poderá acompanhar conosco peias e as suas influências no
como se deu a “encruzilhada” entre a literatu- surgimento do Modernismo
ra vanguardista e alguns dos principais fatos brasileiro. A palavra vanguar-
históricos e literários desse período, perpas- da, partindo do pressuposto
sando a ditadura civil-militar brasileira e se es- francês avant-garde – pois
tendendo até a década seguinte, ou seja, es- tem origem latina e alemã,
tamos entre as décadas de 1950, 1960 a 1970. ainda no século XII –, significa, literalmente,
Para você, que admira e busca cada vez a “guarda avançada ou parte frontal de um
mais aprofundar seus conhecimentos so- exército”. Sabendo disso, você consegue
bre a Literatura Cearense, é importante associar o termo ao surgimento dos diver-
saber que durante esse período nossos es- sos movimentos de ruptura artística do
critores, a exemplo de seus antecessores, início do século XX, que tinham por obje-
também se mantinham antenados com o tivo “tomar a dianteira” da esfera artística,
que acontecia no país e procuravam acom- rompendo esteticamente com tudo aquilo
panhar, renovando ou não, os demais mo- que para eles representava uma arte ultra-
vimentos e produções artístico-culturais. E, passada e que privilegiava e atendia princi-
motivados pelo que o professor e escritor palmente aos interesses da classe burguesa.
Batista de Lima denomina de “literatu- Para compreender melhor o contexto van-
ra de mutirão”, criariam por aqui, mesmo guardista da literatura no Brasil e no Ceará, é
quando meteoricamente, novos grupos li- preciso uma revisão no mínimo básica das
terários. Seguindo a rota destes escritores principais vanguardas históricas da Europa,
que buscavam romper padrões estéticos cientes que somos de suas significativas in-
e/ou político-sociais, esperamos contri- fluências. Mas, claro, devido ao curto espaço
buir para ampliar o debate sobre os estudos de que dispomos, não poderemos fazê-la
em Literatura Cearense. Sinta-se convidado aqui mais profundamente, contudo é vasta a
para entoar conosco este canto de ruptura. bibliografia que você poderá inclusive encon-
Está curioso(a)? Pois tomemos as ruas! trar na internet sobre tais estéticas. Pesquise!

130 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


3.
FUTURISMO, CUBISMO E DADAÍSMO
Futurismo, como o pró- O movimento foi liderado por F. T. Ma-
prio nome diz, caracteri- rinetti (1876-1944), que lançou em 1909 o
zou-se como um movimen- famoso Manifesto Futurista, publicado
to de ruptura estética que no jornal Le Figaro. Embora inovador, esse
enfatizava o “moderno” em “manifesto de violência agitada e incendi-
busca do futuro, exaltando ária”, fascinado pela guerra e com discurso
a velocidade dos automó- de excessivo patriotismo, como se apresen-
veis, os avanços industriais, tava o autor, em seu parágrafo 9, dizia: “Nós
a eletricidade, o desenvol- queremos glorificar a guerra – única higiene
vimento das metrópoles, das engrenagens do mundo –, o militarismo, o patriotismo,
dos maquinários. Almejava deixar para trás o gesto destrutor dos anarquistas, as belas
o passado e lançava o olhar sobre um novo ideias que matam e o menosprezo à mu-
mundo colocado sob o signo da técnica, lher.” (TELES, 2009, p.115). Assim, as suas
das multidões urbanas, da energia trepi- ideias acabaram por deitar um tapete para
dante das metrópoles modernas. o regime fascista de Mussolini em 1919.

CURSO literatura cearense 131


Segundo Gilberto Mendonça Teles, “No
Brasil, é a partir de 1920 que as ideias futu- BOLACHINHAS
ristas atingem, primeiro, os intelectuais de
São Paulo, alastrando-se depois de 1925 A palavra francesa dadá significa:
por todo o território brasileiro, numa trans- cavalinho de madeira. Entretanto,
formação em processo.” (2009, p.14) para o poeta Tristan Tzara, “dadá”
Como vimos no módulo 7, Edigar de significava absolutamente nada! Tzara
Alencar conta que o Modernismo não seria afirmava que encontrou essa palavra
bem recebido pelos nossos autores adep- por acaso ao abrir o dicionário.
tos de escolas literárias anteriores. Rodrigo
Marques também nos diz que Antônio Sales
“havia introduzido a oposição ao Movimen- O Dadaísmo ou movimento Dadá teve
to antes mesmo que o Movimento Moder- sua origem em Zurique, na Suíça, onde um
nista chegasse ao Ceará”. (MARQUES, 2018, grupo de rapazes, refugiados de guerra,
p.158) Um exemplo disso é que, sob pseu- costumava se encontrar, em 1916, no Caba-
dônimo, em 1923, Sales criou dezoito “Es- ret Voltaire, pequeno teatro de variedades
tâncias Futuristas”, que seriam “poemas de fundado por Hugo Ball, para ler poemas e
humor que desferiam golpes contra os ‘her- discutir sobre as incertezas da guerra e
deiros de Marinetti’ e que findaram por as ideias futuristas de Marinetti, sendo,
criar uma pequena polêmica na imprensa porém, contrários à guerra, mas revoltados
local sobre as tentativas de renovação esté- com a sociedade. Fundaram esse movi-
tica”. (MARQUES, 2018, p.158). mento que se lançava contra todos os va-
O Cubismo é considerado um dos lores culturais, utilizando-se, para isso, de
MALACA movimentos mais influentes do período certa irreverência. Assim, “a obra dadaísta
CHETAS vanguardista. O seu marco se deu em Paris
(1907), com a exposição da tela “As senho-
passa a caracterizar-se pela improvisação,
pela desordem, pela dúvida, pelo predo-
ritas d’Avignon”, do pintor espanhol Pablo mínio da percepção, pelo agnosticismo e
Marinetti comemorou a Primeira Picasso. O movimento passou a represen- pela oposição a qualquer tipo de equilí-
Guerra Mundial, dizendo ser ela o tar o Modernismo ou a avant-garde france-
mais belo poema futurista. Em sa, tendo a pintura como seu maior veículo.
1919, ingressou no Partido Nacional
Fascista, e defendia que a ideologia
O cubismo literário só surgiria anos depois,
em 1913, com o manifesto literário cubis-
BOLACHINHAS
do Partido era como uma extensão ta do polêmico poeta italiano Guillaume
do pensamento futurista, Apollinaire (1880-1918) que, ao lado de ou- Assista a esses vídeos e entenda um
chegando a publicar, em 1924, a obra tros poetas, como Max Jacob, Reverdy, Cen- pouco mais sobre:
Futurismo e Fascismo. Esteve em drars – este esteve no Brasil, às voltas com FUTURISMO
Recife, a convite de Joaquim Inojosa. os “semanistas” – e outros, “desenvolveu https://www.youtube.com/
um sistema poético de subjetivação e de- watch?v=B2yySLkCva8&
sintegração da realidade, criando por volta feature=emb_logo
BOLACHINHAS de 1917, paralelamente ao dadaísmo, uma
poesia cujas características são o ilogismo, o CUBISMO
humor, o anti-intelectualíssimo, o instanta- https://www.youtube.com/
Apollinaire seria também o criador neísmo, a simultaneidade e uma linguagem watch?v=kX5urWpYCwg
da palavra “Surrealismo” e a sua obra predominantemente nominal e mais ou me- DADAÍSMO
Calligrammes (1918) é considerada nos caótica” (TELES, 2009, p.149). No Brasil, https://www.youtube.com/watch?v=
uma das precursoras da nossa Oswald de Andrade seria um dos poetas que ZiESc3EiHwI&list=RDCMUCsgHWN8lY
poesia concreta. apresentariam influências cubistas. veMUEWTDheTjZA&start_radio=1&t=0

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brio, tanto na forma quanto na homoge- Contudo, faz-se necessário reconhecer que de São Paulo, composto inicialmente por
neidade de ideias e sentimentos”. (TELES, há enormes diferenças: o projeto dos da- Augusto de Campos, Décio Pignatari e
2009, p.171). Daí a afirmação do romeno daístas tinha um propósito revolucionário Haroldo de Campos. A primeira mostra do
Tristan Tzara (1896-1963), líder do movi- de destruição da arte como instituição, en- movimento aconteceu no Brasil, em 1956, no
mento e responsável pelos principais ma- quanto Trívia, na década de 1990, asseme- MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo.
nifestos do dadaísmo: “A obra de arte não lha-se muito mais a uma brincadeira sem a A poesia concreta surgia no Brasil com o
deve ser a beleza em si mesma, porque a mesma força revolucionária, mas com evi- intuito de combater o retrocesso formal que a
beleza está morta”. Na Biblioteca Virtual dente apuro estético que intenta jogar com chamada “Geração de 45” representava – na
do AVA, uma receita curiosa de Tzara para os padrões de poesia disponíveis. visão desses artistas – para a poesia da épo-
se escrever um poema dadaísta. Leia e des- Essas são poucas considerações sobre ca. Os concretistas se inspiraram bastante na
cubra-se também um poeta dadaísta! apenas algumas das vanguardas que des- poesia “Pau-Brasil” de Oswald de Andrade,
No Ceará, a obra Trívia: 1 livro fora do pertaram o mundo artístico e literário em seu com suas reduções linguísticas e técnicas
com/um (1996), do poeta Pedro Henrique tempo – até os dias de hoje. Mas o que dis- de montagem, assim como no rigor cons-
Saraiva Leão, em parceria com o produtor semos aqui é pouco mesmo, acredite. Vale a trutivo dos poemas de João Cabral de Melo
e artista gráfico Geraldo Jesuíno, apesar pena saber mais e refletir sobre essas ideias, Neto, para proporem suas inovações poéti-
da distância temporal e ideológica, apro- está bem? Agora, vamos sair de Montmartre cas. No âmbito internacional, Mallarmé, Ezra
xima-se bastante das experimentações diretamente à praça do Ferreira, onde estuda- Pound, e.e.cummings, Apollinaire e James
dadaístas, pois são inseridos na obra obje- remos um dos movimentos mais polêmicos Joyce foram as principais influências dos
tos como uma pequena cruz, um alfinete, da nossa literatura, visto, por alguns, como poetas concretistas brasileiros. A poesia
um grampo, alguns botões, um pente etc. um significativo movimento vanguardista concreta rompeu com o uso de formas fixas
e com a predominância do verso e passou a
valorizar a utilização do espaço gráfico-
-visual, o caráter sintético da construção e

4.
outros artifícios que possibilitassem a criação
de uma poesia dotada de objetividade.
O contexto social, político e econômi-
co da década de 50 no Brasil, o governo JK,
a construção de Brasília (1957-1960), entre
O CONCRETISMO outros, contribuiu bastante para a inserção
e fortalecimento das ideias de ruptura pos-
ARARAJUBA tuladas pelo movimento de poesia concreta
“É a poesia concreta quem inaugu- no país. Perceba que, no âmbito dos grandes
ra o segundo ciclo vanguardista centros São Paulo e Rio de Janeiro, a vanguar-
no contexto da modernidade lite- da concretista encontrou o espaço ideal para
rária brasileira. ” A professora de Te- o lançamento de suas ideias que claramente
oria Literária Iumna Maria Simon, dialogavam com o anseio pela moderniza-
em seu ensaio “Esteticismo e parti- ção tão em voga. A valorização dos meios de
cipação: as vanguardas poéticas no comunicação de massa também foi bastante
contexto brasileiro (1954-1969)”, faz significativa nesse momento, como mencio-
essa afirmação para ratificar que, na o crítico Antonio Candido em seu ensaio
depois do Modernismo de 22, nos “Literatura e Subdesenvolvimento” (1970).
anos de 1950, o Concretismo surge no Bra- E como aconteceu a chegada do Concre-
sil e assume o posto de segundo momento tismo ao Ceará, sabido que este era um es-
vanguardista de relevância no país. tado periférico e ainda predominantemente
O movimento nacional de Poesia Concreta agrário, ou seja, longe deste afã urbanístico
nasceu nos primeiros anos da década de 1950, que predominava o eixo sul e sudeste brasi-
pelo trabalho do grupo brasileiro Noigandres, leiro? É o que veremos a seguir.

CURSO literatura cearense 133


5.
O CONCRETISMO
BOLACHINHAS
A revista ad: Arquitetura & Decoração
não era um periódico do movimento
concreto brasileiro, embora
CABEÇA-CHATA durante 1956 e 1957 ela abrigasse
aroldo de Campos, em muitos artistas desse movimento,
“Contexto de uma van- principalmente os poetas de
guarda”, afirmou que For- Noigandres e Waldemar Cordeiro.
taleza “foi a primeira ca-
pital brasileira, depois
dos grandes centros São
Paulo e Rio de Janeiro, a
contribuir positivamente,
com ideias e criações, para
o movimento concreto”.
(CAMPOS, 1987, p. 155).
No Ceará, o poeta e ficcionista José
Alcides Pinto (1923-2008) foi, em 1957, o
principal responsável pela inserção do
movimento no estado. Alcides se corres-
pondia frequentemente com os irmãos Ha-
roldo e Augusto de Campos. Inúmeras des-
sas cartas foram perdidas, mas, das que
restaram, é interessante mostrar como os
paulistas apoiavam e elogiavam a atuação
dos cearenses:
A atividade de vocês aí em Fortaleza con-
tinua a nos surpreender. Com o material
enviado por você e pelo Girão [Antônio
Girão Barroso], preparamos uma reporta-
gem sobre o front concreto no Ceará, que
sairá num dos próximos números da revista
ad.[Arquitetura & Decoração] (29.10.1957)
Além dos elogios às atividades do gru-
po concretista cearense, todas as cartas
de Haroldo foram escritas no calor da
primeira hora concretista e tratavam
de contar detalhes das intermináveis de-
savenças dos irmãos Campos com a dissi-
dência liderada por Ferreira Gullar – fun-
dando o Neoconcretismo. É interessante
observar a expressão “o front concreto no
Ceará”, que, claramente demonstra que os
concretistas paulistas realmente conside-

134 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


ravam aquele movimento cearense repre-
sentante desta vanguarda. Porém, ao con- MALACA BOLACHINHAS
trário dos irmãos Campos, Alcides Pinto
continuaria suas boas relações com o au-
CHETAS
tor do “Poema sujo”, que, quando do fale- Eusélio Oliveira, em 1957,
cimento do primeiro, lamentaria a “perda A primeira exposição contou com juntamente com Eudes, o irmão,
pessoal” de um grande amigo: trabalhos de Antônio Girão Barroso lançaria o Manifesto Recentista,
(o poema “ó duquesa”, dito “quase da vanguarda. Foi, no Gazeta
A gente sempre tem a impressão que os
nossos amigos nunca vão morrer. A morte
concreto”), José Alcides Pinto (6 de Notícias, o responsável pelo
do Zé é uma perda para a literatura cea- poemas e 2 desenhos), Pedro Henrique suplemento literário “Literarte
rense, para a literatura brasileira e, para Saraiva Leão (2 poemas, sendo um GN”. Segundo, Azevedo, figura em
mim, uma perda pessoal. Ele foi meu com- deles “lucialindaluciabela”), Estrigas diversas antologias de vanguarda
panheiro de descobertas nos anos 1950. Te- (Nilo Firmeza: 2 guaches), Goebel nacionais e internacionais e seria
nho ainda hoje um exemplar do Rimbaud
Weyne (2 desenhos), J. Figueiredo (6 coautor das obras Três dedos de
autografado por ele. Aprendemos muito
juntos. (GULLAR, “Adeus ao Poeta Maldito”, desenhos), Zenon Barreto (1 desenho) Orfeu (1955) e Poegramas (1958).
em 3 de junho de 2008) e Liberal de Castro (3 desenhos).
Desses, somente o pintor J. Figueiredo
Antônio Girão Barroso, Horácio Dídimo,
não era cearense. Ele nasceu em São Vanguardista, insubmisso, desobediente
Eusélio Oliveira, Eudes Oliveira e Pedro
Luís do Maranhão e somente, em 1956, e inovador na criação de processos fic-
Henrique Saraiva Leão foram os poetas que,
transferiu-se para Fortaleza. cionais e na restauração da linguagem
juntamente com José Alcides Pinto, forma- poética, José Alcides Pinto é considerado
A segunda mostra reuniria alguns
vam esse grupo de poetas concretos do Ceará. o mentor do Movimento Concretista no
participantes da primeira (Antônio
José Alcides Pinto também foi um dos Ceará, e o seu representante mais des-
Girão Barroso, José Alcides Pinto, Pedro tacado, sendo por isto mesmo, luminosa
responsáveis pela realização das duas
Henrique Saraiva Leão, J. Figueiredo sua trajetória literária.
Mostras de Arte Concreta que ocorreram
e Goebel Weyne) e mais, do Ceará,
em Fortaleza. A primeira aconteceu, em Suas produções percorrem as veredas
Horácio Dídimo e os irmãos Eusélio e
julho de 1957, no “Clube do Advogado” do satanismo, através do erotismo e da lou-
Eudes Oliveira. Como contribuições de
(praça do Ferreira) e a segunda em feve- cura. Prefaciando Cantos de Lúcifer (1954),
fora a essa segunda mostra incluíam-
reiro de 1959, no Ibeu. É importante res- Cassiano Ricardo diz que a obra confirma,
se poemas de Haroldo de Campos,
saltar que a primeira exposição aconteceu a seu ver, “a inquietação do poeta múltiplo
Augusto de Campos, Décio Pignatari
menos de um ano depois do lançamen- e uno que é José Alcides Pinto, nos vários
e Ronaldo de Azeredo, de São Paulo,
to oficial do Movimento Concretista selves que polifacetam a sua personalida-
Alberto Amêndola Heinzl, de Campinas,
Brasileiro em São Paulo, e que as duas de”. Aparentemente simples, no entanto
José Chagas e Deo Silva, do Maranhão,
mostras contaram com a participação complexa, a sua vasta obra poética e fic-
e Ivo Barroso, do Rio de Janeiro.
não apenas de poetas, mas também de cional não segue nenhuma linha definida,
pintores, desenhistas e artistas plásti- pelo contrário, o autor mostra-se bastante
cos que se identificavam com as ideias e versátil em suas produções. Cada obra ad-
com a forma concretista. quire seu próprio estilo, organiza seu siste-
José Alcides, além de precursor do con- ma único, demonstrando a preocupação do
cretismo cearense, transitou por diversos escritor em renovar-se constantemente e
gêneros: foi poeta, ficcionista, teatrólogo, crí- fazer que seu universo seja o mais possível
tico literário, ensaísta, contista e memorialis- multiforme e atual. Cassiano Ricardo, ainda
ta. É conhecido por muitos como o poeta neste prefácio, cita a seguinte afirmação de
“maldito”, pois cultivava temas relacionados Gilberto Amado: “Concretismo, pós-surrea-
com a morte, o diabo e a miséria humana. lismo, qualquer que seja o rótulo, seus poe-
Assim o apresenta Dimas Macedo no prefá- mas rápidos, intensos, são poesia ressoan-
cio da obra Poemas Escolhidos (2003): te, reveladora do seu talento admirável”.

CURSO literatura cearense 135


Embora suas composições concretistas O poema “Fábrica”, a seguir, presente na Dídimo, embora tenha participado so-
não tenham sido muitas, pode-se dizer que obra Concretemas, também foi apresentado mente da II Mostra de Arte Concreta, seus
foram significativas. Entre suas obras con- na Exposição de Arte Concreta em Fortaleza. poemas são importantes para esse estu-
cretas estão: As águas novas (1975) e Con- do. Uma ironia: enquanto Horácio, poste-
creto: estrutura visual-gráfica (1956), da qual riormente, desenvolveria uma poesia mais
destacamos o poema “máquina”: voltada para o sagrado, Alcides Pinto
privilegiaria a outra face da moeda: o pro-
fano. Ressalte-se, entretanto, que as mar-
cas da religiosidade nas obras de Horácio
Dídimo foram se acentuando com o passar
dos anos, uma vez que, nos anos de 1950 e
1960, esse viés religioso ainda não era tão
forte em seus poemas.
Em 1959, os seus poemas apresentados
na II Mostra e, posteriormente publicados
no Jornal de Letras do Rio de Janeiro, fo-
ram, entre outros: “A fumaça”, “O empare-
dado” e “Necessidade”. Esses poemas se-
ria publicados anos depois em A palavra
e A PALAVRA (2002), mas com um impor-
tante diferencial que é o acréscimo das
passagens bíblicas, que complementam
Pedro Henrique Saraiva Leão era o ou mesmo modificam o sentido dos poe-
mais jovem componente do grupo de poetas Neste poema, a forma é predomi-
mas concretos. Além deste livro, completa
concretos do Ceará. Sua primeira publicação nante, pois o poema, gráfica e semanti-
sua obra concretista A nave de prata: livro
foi 12 poemas em inglês (1960). Apesar de camente, se “autofabrica”. O poeta, como
de sonetos & Quadro verde: poemas visuais
terem sido suas publicações mais tardias, a um operário da linguagem, vai construin-
(1991). Leiamos, agora, o seu poema “luz
sua participação foi importante para o mo- do a estética e a semântica do seu poema,
azul” de A palavra e a PALAVRA.
vimento, como afirma José Alcides Pinto no de forma que o resultado remeta a um ob-
prefácio de Concretemas (1983): jeto concreto da realidade. No caso deste
poema, o autor insere as letras de cima
O concretismo no Ceará foi por natureza
um movimento de equipe, sem chefes nem
para baixo sempre acrescentando uma le-
papismos. Mas teve seu consultor, como tra no final do sintagma, passando uma
acontece em todo grupo literário ou artís- ideia de construção. As duas últimas pa-
tico. E esse papel era desempenhado pelo lavras se diferenciam apenas pelo acento
mais jovem do grupo – Pedro Henrique agudo que está na última (“fabrica” – “fá-
Saraiva Leão. E foi na condição de acadê-
brica”) e que faz toda a diferença, pois é
mico de medicina e professor de Inglês do
Ibeu que cerrou fileiras ao nosso lado. na última palavra que está o núcleo do
poema: o advento da industrialização
e o aumento do número de fábricas em
diversas partes do país.
Outro importante nome para o movi-
mento de poesia concreta cearense é o de
Horácio Dídimo. A sua obra irá aos poucos
desenvolvendo também um viés místico EU VIM COMO LUZ AO MUNDO,
e religioso, aspecto que é tão importante ASSIM TODO AQUELE QUE CRER EM MIM
na obra de Alcides Pinto. NÃO FICARÁ NAS TREVAS. (Jó, 12,46)

136 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Utilizando-se apenas de dois vocábulos
(“luz” e “azul”), o poeta dispõe as palavras
no formato de uma cruz, colocando a letra
“a” no centro, de modo que estas palavras
formem o sintagma “luz azul” em qualquer
sentido que se leia. Este poema é um dos
mais famosos do autor e nele percebemos
já haver o viés religioso pelo seu formato de
cruz, sentido este reforçado, anos mais tarde,
com o acréscimo da citação bíblica de Jó.
Antônio Girão Barroso foi poeta, con-
tista e crítico. Era um dos nomes mais im-
portantes do grupo CLÃ, como vimos no
módulo anterior. A sua poesia caracteriza-se
principalmente pela adesão às ideias mo-
dernistas de abandono das formas poéticas Observando-se a estrutura formal do
tradicionais, empregando livremente versos poema, poucos são os traços que o carac-
longos ou curtos, rimas ocasionais, explora- Ó DUQUESA terizariam como um poema concreto. O
Ou
ção de recursos sonoros e, o que lhe é mais Poema Quase Concreto próprio poeta contesta o seu caráter intei-
interessante e peculiar, faz uso de uma lin- ramente concreto ao escrever nos primei-
guagem coloquial, privilegiando o português mansamente tua mão ros versos “ou poema quase concreto”. A
popular, pleno de brasileirismos, de neolo- é uma carícia cara esse “quase” poderia muito bem ter sido
ó duquesa! teu hálito
gismos, expressões populares e emprego acrescentada a palavra “nada”, que resul-
habita meu coração
irregular dos sinais de pontuação. Em rela- taria em “ou poema quase nada concreto”,
ção à sua vertente concretista, pode-se e dizem: engano ah! ratificando que o poema foge quase que
dizer que o autor aderiu sim ao movimento dá-me ganas de completamente às características formais
longitudinalmente oh!
de poesia concreta, inclusive participando desse tipo de poesia. Não se encontra nele
não fosses tu
das duas mostras ocorridas no Ceará, mas, um apelo visual, há a presença de versos, de
principalmente atuando como crítico, pois lipa e rosa enflorada rima (na primeira estrofe: mão - coração) e
quanto aos seus poemas, é notório que não que me gusta – e que me’ima a utilização de uma linguagem culta (dá-me
não há dúvida, duquesa
seguem à risca as ideias formais de com- ganas de...), que se afasta propositalmente
posição dos concretistas de São Paulo. O rosa ou simplesmente poema à tendência coloquial do autor. Somente no
seu poema “ó duquesa”, apresentado na pri- eomaples misuoasor último verso é perceptível a experimenta-
meira exposição de Arte Concreta do Ceará, p/ i e d o s a m e n t e ção concretista através da separação das
em 1957, é um ótimo exemplo disso: (BARROSO, 1994, p. 138). letras na palavra “p/ i e d o s a m e n t e”.

CURSO literatura cearense 137


Assim como algumas das vanguardas his- Porém, desde o início, tendeu a um menor
tóricas não alcançaram seu objetivo nem o compromisso com as formas do movimento,
público como desejavam, a poesia concreta pois enquanto os concretistas de São Paulo
brasileira também não conseguiu. Apesar de dedicavam-se prioritariamente à composi-
ter sido veiculada pelos meios de comunica- ção de poemas concretos, os do Ceará não
ção de massa, acabou ficando restrita aos assumiram tal obrigatoriedade e compu-
seus próprios teóricos e a alguns intelectuais nham seus poemas mais livremente. Con-

6.
que conseguiam acompanhar as técnicas tudo, apesar de não se dedicarem tanto ao
da nova poesia. Em linhas gerais, pode-se projeto da poesia concreta, percebe-se que
dizer que o movimento da poesia concre- a manifestação dessa vanguarda no estado,
ta no Ceará encontrou, aqui, solo fértil para além de legar aos poetas cearenses técni-
seus adeptos e suas atividades e produções. cas de composição e experimentação es-
tética, causou alguma estranheza no meio
A GERAÇÃO 60
Geração 60 do Modernis-
ainda fortemente tradicionalista, cumprin-
mo Brasileiro se caracteriza
do assim, ao menos em parte, o desígnio de
como um movimento que
todas as vanguardas.
apresenta aspectos artísti-
cos e literários provenien-
tes de diferentes tempos
e espaços. Nelly Novaes
Coelho é uma das primeiras
estudiosas a abordar, em
plano nacional, autores dessa faixa geracio-
nal, reunindo-os na Geração 60. Em Carlos
Nejar e a “Geração 60”, a autora escreve:
Chamamos de ‘Geração de 60’ aos poetas
das mais variadas tendências que se reve-
laram ou firmaram na década que acaba
de findar e que apresentam como denomi-
nador comum, a intensa pesquisa no sen-
tido do reajustamento da linguagem às
solicitações dos novos tempos, e o impulso
dinâmico da integração do homem e da
poesia no processo histórico em desen-
volvimento. (COELHO, 1971, p. 170).
Notamos que no discurso de Coelho
verifica-se na Geração 60 o surgimento de
novas preocupações, tanto no que se refere
à construção da linguagem quanto às te-
máticas a serem desenvolvidas.
Em 1995, o poeta, teórico, ensaísta e crí-
tico cearense Pedro Lyra organizou uma
antologia intitulada SINCRETISMO: a poesia
da Geração 60. Trata-se de uma coletânea
de 628 páginas, antecedida por um longo
estudo inicial sobre o conceito de “Geração”.
Nessa obra, o autor mapeia, classifica e ana-

138 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


lisa o perfil geracional de quarenta e cinco MALACA
escritores: Adélia Prado, Affonso Romano
de Sant’Anna, Carlos Lima, Carlos Nejar, Fer- CHETAS
nando Py, Ivan Junqueira, Marcus Accioly,
Reynaldo Valinho Alvarez e, entre outros, os Nelly Novaes Coelho incluía, no que
cearenses Linhares Filho, Roberto Pontes, denominou de “rótulo”, Geração
Horácio Dídimo, Adriano Espínola e Oswald de 60, o grupo paulista da Poesia
Barroso (filho de Antônio Girão Barroso). Concreta, o grupo mineiro de
É importante sabermos que em 1979 o Tendência e o movimento Práxis, além
poeta e crítico paraibano Sérgio de Castro de outras vozes significativas que se
Pinto, também incluído na antologia de firmaram independentemente de
Lyra, organizou a Antologia poética do grupo grupos em todo o país.
Sanhauá, focalizando as características lite-
rárias do grupo que representa a Geração
60 na Paraíba. O livro reúne trabalhos de
Marcos dos Anjos, Marcos Tavares, Marcus
SABATINA Compósito
Que é composto
Vinícius, Sérgio de Castro, entre outros. e caracterizado pela
De acordo com Pedro Lyra, uma gera- Para conhecer um pouco heterogeneidade
ção tem que superar a anterior. Superar mais sobre Pedro Lyra de elementos.
não no sentido de ser melhor, mas de im- http://blogs.opovo.com.br/
pulsionar para o novo. Nessa superação, o leiturasdabel/2017/11/10/coluna-
escritor conta com a vantagem de acumular ao-pe-ouvido-baladas-para-leitores-
a experiência de todas as gerações que o an- e-pedro-lyra/ apresenta múltiplas diretrizes, como
tecederam e desembocam na sua. Em SIN- o protesto de procedência regio-
CRETISMO, Lyra explica que a Geração de 60 nalista, voltado para o abandono
“é compósita, com vários segmentos e ver- do homem do interior. Um exemplo
como: um lirismo ostensivamente dessa diretriz é o livro Sumos do tem-
tentes, estilos e tendências fundindo-se num erotizado, do qual fazem parte, por
amplo sincretismo”. (LYRA, 1995, p. 159). po, de Linhares Filho. Ressalta ainda
exemplo, os poemas que compõem três aspectos importantes da segun-
Para melhor fixar os limites geracionais, Minha gravata colorida, de Adriano
com os quais trabalha, Pedro Lyra (1995) da vertente. São eles: (1) o protesto
Espínola; um lirismo universalista, direcionado para o cotidiano, como
apresenta alguns requisitos para a configu- de fundo cosmológico/metafísico
ração literária da Geração 60. Para conhe- exemplo, podemos citar Tempo de
e um lirismo de fundo místico. Tais chuva, de Horácio Dídimo; (2) o
cer essas faixas, consulte na sua Bibliote- aspectos reunidos formam o lirismo
ca Virtual do AVA. protesto de alcance cosmopolita,
crítico de uma geração que se recusa a exemplo da obra Antiuniverso, de
Pedro Lyra destaca também quatro ver- a apresentar um simples desabafo
tentes do discurso dos escritores da referi- Fernando Py; (3) o protesto de pro-
do eu, buscando uma maior liberta- cedência política, que pode ser visto
da Geração que surgiu “com um sonho de ção e expressão do ser em relação à
mudanças no coração e depois com a corda em Poemas do cárcere e da liberdade,
sociedade como um todo. de Oswald Barroso. Os poemas do
da ditadura no pescoço” (LYRA, 1995, p. 24).
Observe cada uma delas. b. Segunda vertente: denominada livro Verbo encarnado, de Roberto
Protesto Social, caracterizada por Pontes, também exemplificam essa
a. Primeira vertente: é a Herança Lí- uma poesia de participação, envolvi- vertente de poesia, levando em consi-
rica, que, de modo mais amplo, pode da com a realidade social, tendo em deração o seu caráter de insubmissão
ser considerada um traço marcante vista a situação histórica e política do e de resistência à ditadura, bem como
da poesia ocidental. Essa vertente se país e a iminente conquista do poder a presença da luta a favor da redemo-
subdivide em algumas diretrizes, tais pela esquerda. Tal vertente também cratização da sociedade brasileira.

CURSO literatura cearense 139


c. Terceira vertente: a chamada Explo-
são épica. É a diretriz mais importan-
Em conjunto: o ideal estético expresso
nesses metapoemas é o de uma poesia MALACA
te, não apenas deste segmento, mas
de toda a Geração. Um exemplo des-
concebida como expressão consciente do
eu mediada pela técnica, a partir de uma CHETAS
séria pesquisa de temas e modelos, formas
sa vertente é o livro Sísifo, de Marcus e atitudes, ensaiando uma reflexão sobre a Para conhecer a obra
Accioly, no qual apresenta uma reto- condição do poeta e a natureza da poesia,
indispensável de Juarez Barroso:
mada intertextual de toda a tradição num modo supremo de autoconhecimento
e autorrealização. (LYRA, 1995, p. 111). Juarez Barroso: obra completa (EDR)
do humanismo ocidental. Juarez Barroso: o poeta da crônica-
d. Quarta vertente: é a Convicção Como você observou, a Geração 60 canção, de Natercia Rocha
Metapoética, que pode ser exem- representa, portanto, um momento de (Substânsia, 2018).
plificada com O banquete, de Marly suma relevância para o contexto literário
de Oliveira. Essa vertente se carac- brasileiro, não só por ter lançado novos
teriza pela consciência da carpinta- nomes da Literatura, mas também por ter Eduardo Saboia – da Padaria Espiritual – e
ria poética. Sobre ela, Lyra ressalta impulsionado o processo de reafirma- esposa de Jáder de Carvalho), José Alcides
relativamente à Geração: ção da poesia ocidental. Pinto (certamente um dos mais ativos no pe-
Eram anos complicados, também na ríodo, sendo reconhecido e premiado nacio-
música a palavra de ordem era o sincre- nalmente, publicando poesia, romance, no-
tismo, e assim, pop, rock, samba, baião, vela e contos), Rachel de Queiroz (na década
bossa nova e folclore se amalgamavam de 60, com exceção de O menino mágico, só
em uma “geleia geral”. publicaria crônicas), Francisco Carvalho (um
dos maiores poetas que o Ceará nos trouxe),
Carlos d’Alge, Horácio Dídimo (aqui destaca-
do no movimento concretista, lançaria seus

7.
primeiros livros de poemas), Ciro Colares,
Caio Cid (pseudônimo de Carlos Cavalcan-
ti), Juarez Barroso (seu único livro publicado
em vida ganhou o Prêmio José Lins do Rêgo,
em 1968), Sânzio de Azevedo (publicaria seu
O GRUPO SIN livro de estreia como poeta, sendo, entretan-
s anos 60 no Ceará, cul- Ou seja, os anos de 1960, seriam de grande to, mais reconhecido futuramente pela ex-
turalmente, foram mar- produção literária no Ceará, do CLÃ e de in- tensa bibliografia sobre Literatura Cearense),
cados por diferentes dependentes, o que é facilmente constatado Caio Porfírio Carneiro, entre outros.
levantes de resistência em uma breve lista de publicações do perío- É no meio desse contexto que, em 1967,
artístico-social, no que do que você poderá encontrar na Biblioteca surge o grupo SIN, tendo como principal
se refere à literatura, ao Virtual do AVA. A seguir, alguns de nossos diretriz o sincretismo literário e artístico.
teatro e ao cinema. autores que publicaram na década de O movimento teve vida curta, porém
É importante nunca 1960: Fran Martins, Aluízio Medeiros, Eduar- produtiva. Iniciou-se com a articulação de
esquecermos que apesar do Campos (com grande profusão de gêne- estudantes, principalmente dos cursos de
de tratarmos aqui de ros: contos, romances e dramaturgia), Artur Direito e de Letras da Universidade Federal
outros movimentos que surgiriam nos anos Eduardo Benevides, Otacílio Colares, Morei- do Ceará (UFC), interessados por literatura e
50, 60 e 70, o CLÃ continuaria suas atividades, ra Campos, Milton Dias, Lúcia Martins (es- outras artes. Observe que o nome do grupo
entretanto, como afirma Sânzio de Azevedo, treando em livro), Durval Aires (publicando deriva de sincretismo, palavra oriunda do
“perdendo este sentido de movimento revo- suas “novelas-reportagens”), João Jacques étimo grego (synkretismos), que, conforme
lucionário (como aliás seria de se esperar), (irmão de Paulo Sarasate e redator-cronista o Dicionário online Caldas Aulete é um “sis-
até transformar-se numa agremiação aber- de O POVO, que surgia na cabeça do Cipó tema filosófico que consiste em combinar
ta, na qual vão ingressando outros nomes de Fogo, em 1931, publicaria crônicas e con- as opiniões e os princípios de diversas esco-
de nossa literatura”. (AZEVEDO, 1976, p.500). tos), Margarida Saboia de Carvalho (filha de las; mistura de opiniões combinadas para

140 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


tergilda e Roberto Pontes. O grupo também
formar um sistema misto, eclético”. A diver-
sidade temática e as diferentes formas criou um selo editorial, a SINedições, que BOLACHINHAS
de posturas artísticas são, pois, o cerne emprestou seu logotipo a seus integrantes.
do SIN, cuja poesia apresenta elementos do O contexto histórico no qual nasceu o
Pedro Lyra, em 1968, receberia o
sincretismo poético, uma vez que assimila SIN, no entanto, não era propício à articula-
Prêmio Esso: Jornal de Letras
processos, técnicas e modos praticados pe- ção de movimentos culturais, sociais e mui-
para Universitários Brasileiros
los poetas brasileiros precedentes. Destaca- to menos políticos. Assim, o grupo nasceu
com o ensaio “Quem tem medo
mos, contudo, que alguns demonstravam e dissolveu-se no mesmo ano. Naquele
de Augusto dos Anjos?”.
certa reação à poesia do grupo CLÃ, sobre- momento, o Brasil vivia o regime ditatorial
tudo no tocante aos seguidores do formalis- instaurado em 1964 e a censura era rígida. In-
mo Neoparnasiano da Geração de 45. telectuais como Alceu Amoroso Lima, Oscar A imprensa também registrou a impor-
Constitui-se inicialmente por Horácio Dídi- Niemayer, Antonio Candido e Antonio Hou- tante presença do SIN no panorama literá-
mo, Linhares Filho, Pedro Lyra, Roberto Pon- aiss posicionaram-se no sul do país contra a rio cearense. Caio Cid, prestigiado cronista
tes e Rogério Bessa. Aos fundadores uniram- ditadura, por ocasião do episódio da assina- de então, ressaltou a rápida, porém mar-
-se Barros Pinho, Yêda Estergilda, Leão Júnior, tura do histórico “Manifesto dos Intelectuais cante atuação do grupo. No artigo escrito
Rogério Franklin, Lêda Maria, Marly Vasconce- Contra a Censura”. O apoio a esse manifesto, no Correio do Ceará, em maio de 1968, sob
los e Inês Figueiredo. Os, então, estudantes se bem como as assinaturas de adesão dos in- o título “Recebo um livro esquisito”, a pro-
reuniam nas residências dos integrantes e na tegrantes do SIN foram solicitados por aque- pósito da publicação da primeira coletânea
antiga Livraria Universitária, à época, situada les intelectuais por meio do teatrólogo B. de do SIN, disse ele: “Trata-se como se vê, de
à praça do Ferreira. A primeira apresentação Paiva, servindo o poeta Roberto Pontes de gente nova e inovadora. Literatura moder-
pública dos jovens poetas do SIN ocorreu na porta-voz junto ao grupo. Contudo, os es- na. Turma de vanguarda, com minúsculas
aula de encerramento do curso de Letras, da critores cearenses se mostraram divididos nos nomes e ideias doidas nas cabeças in-
UFC, na disciplina de Literatura Brasileira, re- quanto à adesão que deveria ser prestada a cendiadas pelo sentido da poesia revolu-
gida pela professora Aglaeda Facó, em 1967. esta manifestação. Roberto Pontes se propôs cionária.” (CID, 1968, p. 34).
Na ocasião, foram distribuídos e declamados a assiná-lo, mas não havendo unanimidade O Gazeta de Notícias, de Fortaleza, publi-
poemas dos participantes que, posteriormen- nem consenso, o grupo se desfez em seu iní- cou em 19 de maio de 1968 o documento
te, foram reunidos em coletâneas: Minisinan- cio. Adriano Espínola examina esse contexto “Denúncia/Comunicado”, registrando o fim
tologia I e Minisinantologia II. na apresentação intitulada “Uma geração daquele grupo, que, mesmo breve, assim
Como as duas primeiras publicações ob- entre o SIN e o Não”, escrita para a Revista de como o Orpheu em Portugal, muito contri-
tiveram sucesso, os participantes decidiram Letras, nº 15, comemorativa dos 25 anos de buiu para a afirmação de seus integrantes
imprimir a SINantologia, que foi editada fundação do grupo SIN (1993): no cenário da literatura brasileira, conforme
pela Imprensa Universitária da UFC e lan- ressalta a matéria “SIN, um grupo que a cen-
É bom que se diga, entretanto, que o SIN logo
çada no Museu de Arte da Universidade Fe- sura dividiu”, publicada no jornal O POVO.
se dissolveu devido, por um lado, a discordân-
deral do Ceará, o Mauc, em 20 de março de cias ideológicas de seus membros e, por outro, É importante acrescentar que os autores
1968, com apresentação de Artur Eduardo à repressão e perseguições que se seguiram do grupo SIN se inserem na chamada Gera-
Benevides, poeta do CLÃ. após a ditadura militar editar o sinistro ção 60, tendo em vista a importância que
AI-5. A partir daí, como se sabe, todo e qual- têm no contexto nacional da arte e da cul-
O SIN não contemplou apenas a literatu-
quer agrupamento político, cultural ou literá- tura, conforme demonstrou Pedro Lyra no
ra, mas também a outras linguagens, como rio tornou-se suspeito em potencial. Perigoso.
o teatro, com as peças “Canga e crença, meu Alvo dos militares era acabar com a cultura do
livro SINCRETISMO: a poesia da Geração 60
Padim”, de José Leão Júnior, dirigida pelo país, silenciar os incômodos intelectuais, artis- (Introdução e Antologia) (1995).
autor, e “A prostituta respeitosa”, de Jean tas e críticos do regime. Amordaçar a palavra,
sufocar a criatividade, baixar o cacete na mo-
Paul Sartre, dirigida e levada à cena no palco
çada mais rebelde e “subversiva”. Com a barra
da Faculdade de Direito da UFC por Rogério assim pesando, o grupo SIN – como de resto
Franklin de Lima. Na música, o SIN mante- vários outros, se não totalidade das agremia-
ve contatos com o movimento “Pessoal do ções culturais que existiam no Brasil – se desa-
Ceará”, que se articulava na Faculdade de Ar- gregou. (ESPÍNOLA, 1993, p. 10).
quitetura da UFC, por intermédio de Yêda Es-

CURSO literatura cearense 141


8. BOLACHINHAS iniciaria roteiros que seriam futuramente exi-
bidos pela Globo) ou à morte (frei Tito). Eram
tempos inseguros, de medo e constante insa-
Mário Gomes, biografado por tisfação político-social, econômica e artísti-
O CLUBE Márcio Catunda em Poeta, santo e
bandido, tornou-se uma lenda urbana
co-cultural. Em 1971, foi criada a Associação
Profissional dos Escritores do Ceará por
DOS POETAS em Fortaleza, o “poeta da praça Jáder de Carvalho (seu primeiro presidente),
Artur Eduardo Benevides, Carlyle Martins,
do Ferreira”, o andarilho, o louco
CEARENSES briguento, mas sempre reconhecido Ciro Colares, Antônio Girão Barroso, Cândida
m 12 de abril de 1969, tem início como poeta, mesmo por aqueles que Galeno, Abdias Lima, entre outros.
o Clube dos Poetas Cearenses, nunca leram um verso sequer seu. Nesse contexto conturbado, em 1976, o
tendo com fundadores Carneiro poeta e livreiro Manoel Coelho Raposo, o
Portela, Pádua Lima e João Bosco poeta e ficcionista Jackson Sampaio, o fic-
Dantas. As reuniões aconteciam na cionista e ensaísta Nilto Maciel e o romancis-
Casa de Juvenal Galeno. A maioria ta e poeta Carlos Emílio Corrêa Lima cria-
de seus participantes eram jovens, riam O Saco, “revista mensal de cultura”, um
que iam e vinham, chegavam e se periódico que desde o primeiro número trazia
despediam. Entre alguns de seus colaborações de escritores de todo o Brasil e
participantes: Cândido B. C. Neto, até do exterior. Foram apenas sete edições
Dimas Macedo, Alex Studart, Edmilson Cami- bimestrais, mas a publicação ganhou gran-
des proporções no cenário nacional, circu-

9.
nha Jr, Juarez Leitão, Mário Nogueira, Vicente
Freitas, Márcio Catunda, Guaracy Rodrigues, lando por bancas de revistas em dezessete
Stênio Freitas, Costa Senna, Ricardo Guilher- estados do Brasil e contando com 12 cola-
me, Walden Luiz, Aluísio Gurgel do Amaral Jr. boradores internacionais, de países como
e Mário Gomes, entre muitos, muitos outros. Portugal, Espanha, Suécia, Estados Unidos e
Entre as atividades do Clube estava a or- LITERATURA Suíça. Alguns dos nossos escritores estreariam
n’O Saco, como o cronista Airton Monte, por
ganização e publicação de antologias – che-
gou a publicar quatro, sendo a última com N’O SACO exemplo, que apenas em 1979 lançaria seu pri-
organização de Carneiro Portela, capa de Nos dias primaveris, colherei flores / meiro livro de contos: O grande pânico.
Rosemberg Cariry sobre desenho de Luiz Ca- para meu jardim da saudade. Em 2006, em entrevista para um peri-
rimai –, bem como publicações em revistas e Assim, exterminarei a lembrança ódico local, Carlos Emílio argumentou:
jornais, além da realização de eventos como de um passado sombrio. “algumas pessoas achavam a literatura ‘um
a “Semana de Estudos de Literatura Cearen- saco’, então resolvemos colocá-la dentro de
Frei Tito de Alencar (12.10.72) um para divulgá-la”.
se” e o “Festival de Poesias”.
os anos de 1970, o cenário O objetivo do periódico era propor algo
artístico nacional estava novo para os padrões da época e, para tanto,
cada vez mais fragmentado. a publicação se valeu de um projeto experi-
Os “anos de chumbo”, espe- mental, considerado até os dias atuais ainda
cialmente com o advento arrojado. A revista não vinha encadernada,
do cruel e sangrento Ato colada ou grampeada. Pelo contrário, suas
Institucional nº 5 (AI-5), folhas eram arrumadas em quatro encartes:
ainda em 1968, perseguiram prosa, poesia, artes plásticas e um anexo com
e levaram muitos artistas ao entrevistas, críticas literárias, reflexões e ma-
exílio e à clandestinidade, térias jornalísticas. Esses encartes viam quase
ao cárcere (como o poeta soltos num envelope de papel que era pendu-
Gerardo Mello Mourão – na mesma cela de rado nas bancas de revista.
Zuenir Ventura, Ziraldo e Hélio Pellegrino – e Para Nilto Maciel, O Saco não se confi-
a jornalista Heloneida Studart – quando gurava como um movimento. Segundo

142 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


o escritor, “o objetivo era, antes de tudo,
editar uma revista sem bairrismo, regio- SABATINA REFERÊNCIAS
nalismo, nacionalismo ou qualquer outro BARBALHO, Alexandre. Cultura e Imprensa alternativa.
Tentamos compensar o pouco espaço Fortaleza: UECE, 2000.
‘ismo’. Queríamos publicar nossas obras e
encontrar espaço de destaque em resposta que tivemos nesse fascículo, inserindo BARROSO, Antônio Girão. Mini SINantologia 2. In: Correio do
ao ‘Sul-Maravilha’ e aos veículos que só se o máximo de material complementar Ceará. Fortaleza, 15 de junho de 1968.
interessavam pelos medalhões”. sobre os grupos e manifestos em nossa BESSA, Rogério. Contracanto. In: Gazeta de Notícias de
Alexandre Barbalho, no livro Cultura e Biblioteca Virtual do AVA, que está Letras. Fortaleza, 31/03 a 01/04 de 1968.
imprensa alternativa, destaca, inclusive, fantástico. E por falar em FANTÁSTICO, CANDIDO, Antonio. Literatura e Subdesenvolvimento in: A
que a revista conseguiu dar visibilidade não perca o módulo 10 de nosso curso. Educação pela Noite. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006.
às diferentes ideias dos escritores da dé- COELHO, Novaes Nelly. Carlos Nejar e a Geração de 60. São
cada de 70, sem a preocupação de defi- Paulo: Saraiva, 1971.
nir uma corrente estética a ser seguida. Gilmar de Carvalho estava na mira da DAMASCENO, Kedma Janaina Freitas. A vanguarda concretista
Segundo o autor, eram publicadas tanto censura do regime que, para desautorizá-lo, no contexto da literatura cearense. 2012. 139f. – Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal do Ceará. Disponível em
poesias de denúncia quanto textos mais o acusaria de escrever “pornografia” no Ga- http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/8087.
experimentais. Dessa forma, caracteriza- zeta de Notícias, periódico no qual colabo-
DÍDIMO, Horácio. A NAVE DE PRATA: livro de sonetos &
va-se como uma revista democrática rava. O resultado foi a intimação para com- QUADRO VERDE: poemas visuais. Fortaleza: Imprensa
por reunir escritores de diversos gêneros, parecer no temido Departamento de Ordem Universitária, 1991.
além da colaboração de diversos artistas Política e Social (Dops).
________________. A palavra e a PALAVRA. 3 ed. Fortaleza:
plásticos que a ilustravam. Dois anos depois, em 14 de julho de Editora UFC, 2002.
A revista circulou até 1977, mesmo ano 1979, remanescentes do Clube dos Poetas
ESPÍNOLA, Adriano. Literatura no Ceará. In: Diário do
de publicação do livro Queda de braço: uma Cearenses e d’O SACO, ao lado de outros jo- Nordeste-DN Cultura. Fortaleza, 16 de janeiro de 1983.
antologia do conto marginal, publicado no vens escritores, lançariam o Manifesto Si-
_________________. Uma geração entre o SIN e o NÃO.
Rio de Janeiro. Organizada por Glauco riará, posicionando-se “contra a ritualística In: Revista de Letras da Universidade Federal do Ceará,
Mattoso e Nilto Maciel, a antologia reunia de um passado literário que formal e con- jan.1990/dez. 1993, p. 9-18.
os escritores d’ O Saco ao lado de outros au- teudisticamente não mais representa a rea- LEÃO, Pedro Henrique Saraiva. Concretemas. Fortaleza: Xisto
tores marginais do país em um panorama lidade nordestina do momento. [...] Somen- Colona Editor, 1983.
artístico literário de sua época. No mesmo te dentro dessa roupagem nos permitem LEÃO, P.H.S, COSTA, G.J. Trívia: 1 livro fora do com/um.
ano, no Ceará, era publicado o romance lançar nacionalmente nossa ‘mercadoria’”. Fortaleza: Edições UFC, 1996.
Parabélum, de Gilmar de Carvalho, obra Assinam o manifesto: Adriano Espínola, An- MACEDO, Dimas. A obra literária de José Alcides Pinto. In:
considerada pouco compreendida quando tônio Rodrigues de Sousa, Batista de Lima, PINTO, José Alcides. Poemas escolhidos. Rio de Janeiro:
de seu lançamento, fosse pelo estilo radical, Airton Monte, Carlos Emílio Corrêa Lima, Eu- Editora GRD, 2003. p. 17. 56
na experimentação da linguagem, ou pelo gênio Leandro, Fernanda Teixeira Gurgel do MARQUES, Rodrigo. A nação vai à província: do
próprio formato fragmentado do romance. Amaral, Floriano Martins, Geraldo Markan, romantismo ao modernismo no Ceará. Fortaleza: Imprensa
A obra é considerada por críticos e pesqui- Jackson Sampaio, Joyce Cavalcante, Lydia Universitária, 2018.
sadores relevante para se refletir acerca dos Teles, Paulo Barbosa, Paulo Veras, Rogacia- PINTO, José Alcides. As Águas Novas. Fortaleza: Editora
anos 70 no Ceará. O que nos diz o autor: no Leite Filho, Rosemberg Cariry, Sílvio Bar- Henriqueta Galeno, 1975.
Parecia que estávamos na direção da cons- reira, Márcio Catunda, Maryse Sales Silveira, SIMON, Iumna Maria. Esteticismo e participação: as vanguardas
trução de um país. Vivemos um momento Marly Vasconcelos, Natalício Barroso, Nilto poéticas no contexto brasileiro (1954-1969), in: PIZARRO, Ana (Org.)
de grande retrocesso. Esta onda moralizan- Maciel, Nirton Venâncio e Oswald Barroso. América Latina: Palavra, Literatura e Cultura. São Paulo:
te existia no tempo da ditadura militar com Memorial da América Latina; Campinas: Ed. UNICAMP, 1995. v.3.
Dimas Macedo, em seu ensaio “Literatura
a TFP e o Comando de Caça aos Comunis- SILVA, Fernanda Maria Diniz da. Tradição e modernidade
tas. Ainda hoje, na enunciação deste dis- e Escritores Cearenses”, assegura que o grupo
Siriará não deixou “uma contribuição signifi- na produção poética de Roberto Pontes. 2017. 281f. - Tese
curso retrógrado, temos palavras de ordem (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará. Disponível em
contra o comunismo que não existe mais, cativa, enquanto movimento de renovação http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/28433
depois da queda do Muro de Berlim (1989) estética e literária. Foi uma atitude muito
e muitas falas a favor da intervenção mili- TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Europeia e
mais do que um grupo literário com dispo- Modernismo Brasileiro: apresentação dos principais
tar. Deus nos acuda! (CARVALHO, Gilmar,
sição de aglutinar uma proposta concreta de poemas, manifestos, prefácios e conferências vanguardistas,
em entrevista: 17.11.2017)
ação ou coisa que o valha” (MACEDO, 2011). de 1857 a 1972. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

CURSO literatura cearense 143


AUTOR
Este curso é parte integrante do programa
Circuito de Artes e Juventudes 2019, Pronac nº 190198,
processo nº 01400.000464/2019-94, em parceria com a
Fernanda Diniz Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania.

É graduada em Letras pela Universidade Federal do Ceará FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
(UFC), com mestrado em Letras, MBA em Docência e João Dummar Neto Presidente
Metodologia do Ensino Superior, especialização em Gestão André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro
e Coordenação Escolar, doutorado em Letras e pós- Marcos Tardin Gerente Geral
Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos
doutorado em Educação, também pela UFC. Professora
Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes
efetiva da Secretaria da Educação do Estado do Ceará. e Fabrícia Góis Analistas de Projetos
Tutora no curso de Letras da UFC Virtual. Coordenadora
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
Pedagógica da Escola de Gestão Pública do Ceará (EGPCE). Viviane Pereira Gerente Pedagógica
É membro da Academia Maracanauense de Letras (AML), Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos
na cadeira 25, cujo patrono é Pedro Lyra. Integra o Grupo de Joel Bruno Designer Educacional
Pesquisa Estudos de Residualidade Literária e Cultural (UFC) CURSO LITERATURA CEARENSE
e o Grupo de Pesquisa em História da Educação do Ceará Raymundo Netto Coordenador Geral,
(UFC). É organizadora das publicações do grupo Ceará em Editorial e Estabelecimento de Texto
Letras e é acadêmica de Psicanálise (IAPB). Lílian Martins Coordenadora de Conteúdo
Emanuela Fernandes Assistente Editorial
Kedma Damasceno Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico
É graduada em Letras, com mestrado em Literatura Miqueias Mesquita Diagramador
Carlus Campos Ilustrador
Comparada e Graduação em Letras (Português/Literaturas)
Luísa Duavy Produtora
e é doutoranda em Letras pela Universidade Federal do
ISBN: 978-65-86094-22-0 (Coleção)
Ceará (UFC). Professora efetiva da Secretaria da Educação ISBN: 978-65-86094-21-3 (Fascículo 9)
do Estado do Ceará. Integrante do Grupo de Estudos de
Literatura, Tradução e suas Teorias (GELTTTE/UFC/CNPQ) e
do Grupo Antonio Candido/ História e Literatura, da UFC.

ILUSTRADOR
Carlus Campos Todos os direitos desta edição reservados à:
Artista gráfico, pintor e gravador, começou a carreira em Fundação Demócrito Rocha
1987 como ilustrador no jornal O POVO. Na construção Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará
do seu trabalho, aborda várias técnicas como: xilogravura, Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148
pintura, infogravura, aquarelas e desenho. Ilustrou revistas fdr.org.br
fundacao@fdr.org.br
nacionais importantes como a Caros Amigos e a Bravo.
Dentro da produção gráfica ganhou prêmios em salões de
Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

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