Direito de Integraçao Regional
Direito de Integraçao Regional
Direito de Integraçao Regional
FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2021
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2021
Índice
PROCESSO DE INTEGRAÇÃO REGIONAL CASO SADC..............................................1
Introdução...............................................................................................................................4
CEDEAO/ECOWAS..............................................................................................................5
ACTIVIDADES E EVOLUÇÃO...........................................................................................6
DESAFIOS.............................................................................................................................7
OBJECTIVOS DO COMESA................................................................................................9
Objectivos Políticos..............................................................................................................12
Conclusão.............................................................................................................................18
Referências bibliográficas....................................................................................................20
Introdução
O presente trabalho cujo tema é o processo de integração regional caso SADC, de
forma sintética entende-se que, a integração regional é um fenômeno que ocupa um papel
central em diversas áreas de estudo. O continente africano, em especial a África Austral, é
uma região de grande diversidade geográfica, econômica, política e social. Considerando o
desenvolvimento como o objetivo principal da Comunidade para o Desenvolvimento da
África Austral, buscaremos demonstrar se a SADC, contribuiu para o desenvolvimento dos
países membros. Os resultados indicam que houve avanço no desenvolvimento e na
integração dos países em diversas áreas, embora não seja possível afirmar o quanto disso é
devido à integração.
O presente trabalho visa fazer uma abordagem esgotada do tema acima referido,
SADC.
Como estrutura do presente trabalho nos propusemos a discutir numa primeira fase,
alguns aspectos ligados com o processo de sub-regional; numa segunda fase sobre a SADC
desde a sua génese e o tratado que constitui a organização; e por fim, algumas considerações
4
PROCESSO DE INTEGRAÇÃO SUB-REGIONAL
CEDEAO/ECOWAS
A Comunidade Econômica de Desenvolvimento dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO) ou Economic Community of West African States (ECOWAS) foi resultado dos
esforços da integração iniciada na década de 1960, cujo gênese englobava algumas iniciativas
como:
1
FILHO, Pio, Integração Econômica no continente africano: ECOWAS e SADC, Cena internacional.
Revista de Análise em Política internacional, vol.2, no2, 2000.
2
CNUCED. Le dévelopment Economique en Afrique: Rapport 2009-Renforcer l´intégration économique
régionale pour le développment de l´Afrique. Conférence des nations unies sur le commerce et le
développement, 2009.
5
Com vista a levar em frente o desenvolvimento regional, os objetivos da CEDEAO
são:
ACTIVIDADES E EVOLUÇÃO
São seguintes as actividades e a evolução da CEDEAO:
3
UEMOA. Rapport Annuele de la comission suer le fonctionnement et l´evolution de l´union. Union
Economique et monetaire Ouest Africaine, 2006.
4
DE LA VEGA, L. Actores Regionales y Subregionales en África Subsahariana: socios y líneas de trabajo
potenciales para la cooperación española. Madrid: Fundación Carolina – CeALCI, 2007.
5
UEMOA, Rapport Semestriel d´execution de la Surveillance Multilaterale. Union Economique et
monetaire Ouest Africaine, 2009.
6
A maior conquista foi o lançamento com êxito da Estratégia Regional de Redução da
Pobreza (ERRP) em 11 de Janeiro de 2010, em Acra, o qual foi subsequentemente seguido
por um workshop, realizado em Abuja para rever o plano de implementação e discutir as
questões relativas aos arranjos institucionais para implementação da estratégia e do
mecanismo de monitorização e avaliação.
DESAFIOS
A CEDEAO enfrenta muitos desafios no caminho para integração regional. Entre
outros, estão a insegurança, aplicação dos Protocolos por alguns Estados e barreiras ao
comércio.
Existem certos factores que entravam o comércio na sub-região. Para a maioria dos
agentes comerciais transfronteiriços da África Ocidental, a reivindicação comum tem sido o
alto custo das operações como resultado dos obstáculos que lhe são colocados pelos
empregados do Estado. De acordo com as disposições da CEDEAO, tais barreiras deveriam
ter desaparecido.
7
COMESA, COMESA Secretariat, Lusaka, Zambia, 2007
8
Finalmente, a CEDEAO preconiza integrar a Comunidade Económica Africana, tal
como previsto pelo Tratado de Abuja. Este desejo do Tratado está mais perto ao da CEDEAO
do que o de estender a integração a todo o continente africano.
Tal como outras instituições regionais de comércio, a CEDEAO está aquém dos
objetivos do Tratado mas, com maior engajamento direcionado, progressos significativos e
visíveis poderão ser atingidos a curto e médio prazo.
OBJECTIVOS DO COMESA
8
COMESA (2007) ‘COMESA Fund’. COMESA Secretariat, Lusaka, Zambia.
9
Os Estados Membros da COMESA também acordaram na necessidade de criar e
manter o seguinte:
1. Uma acabada área livre de comércio que garante a livre circulação de bens e serviços
produzidos dentro da COMESA e a remoção de todas as tarifas e de barreiras não
tarifárias;
2. Uma união aduaneira, na qual bens e serviços importados de Países não Membros da
COMESA estarão sujeitos a uma única tarifa em todos os Estados da COMESA;
3. Livre circulação de capital e investimento suportada pela adopção de uma área
comum de investimento bem como pela criação de um clima mais favorável ao
investimento na região da COMESA;
4. Criação gradual de uma união de pagamentos baseada na Casa de Compensação da
COMESA e a eventual criação de uma união monetária comum com uma moeda
comum; e
5. Adopção de acordos de visto, incluindo o direito de estabelecimento conduzindo
eventualmente a livre circulação de pessoas de boa fé.
A primeira parte aborda o período da década de 1930 até a independência de parte dos
países africanos, que actualmente são membros da Comunidade.
A segunda parte abarca o ELF, que foi fundamental para a independência dos países
da região e para o enfrentamento dos regimes de minoria branca. A terceira parte explana
sobre a SADCC que surgiu em 1980, quando o contexto da região permitiu aos países se
ocuparem das questões económicas tanto quanto das políticas e securitárias, e, a última parte,
apresenta a SADC que é objecto desse estudo, foi criada em 1992, possui uma ampla agenda
de actuação e é o resultado dos ELF e SADCC
A África Austral era a região do continente africano de maior destaque económico após1935,
isso era devido à riqueza em minerais, a agricultura e a industrialização. A demais, a rota do
Cabo para o tráfego marítimo se tornava cada vez mais importante, principalmente, para o
transporte de petróleo nos últimos trinta anos do século XX. A África Austral também foi a
região do continente mais afectada pela questão racial, que acarretou nos regimes de minoria
branca da África do Sul e da Rodésia do Sul (actual Zimbabué).11
O ano de 1948 marca o avanço da perseguição racial na África e de uma nova forma de
fascismo, o apartheid. Tanto na África do Sul quanto na Rodésia do Sul (actual Zimbabué) o
principal ponto era a luta dos europeus e colonos brancos para manterem seu privilégio
económico. Os dois Estados adoptaram diversos actos segregacionistas, assim, todos os altos
postos de trabalho e os maiores salários eram reservados aos brancos, também, os produtos
fabricados pelos negros eram boicotados como forma de eliminar a concorrência.
Os actos segregacionistas, porém, não foram capazes de acabar com o nacionalismo e a
militância dos negros, logo, o Parlamento da África do Sul, que era exclusivamente branco,
adoptou, na década de 1950, uma série de leis repressivas - vigilância, tortura, perseguição,
prisão domiciliar, encarceramento, entre outras. -
10
SURET-CANALE, J.; BOAHEN, A. A. A África Ocidental. In: MAZRUI, A. A.; WONDJI, C. (Eds)
História Geral da África, VIII: África desde 1935 , Brasilia, UNESCO. 2010.
11
CHANAIWA, D. A África Austral. In: MAZRUI, A. A.; WONDJI, C. (Eds) História Geral da África, VIII:
África desde 1935, Brasilia, UNESCO. 2010.
11
Em 1959 foi adoptada a política dos bantustões, que objectivava dividir e reavivar as
rivalidades étnicas já que os africanos foram divididos em grupos tradicionais, enquanto à
África do Sul branca cabia a última palavra em relação à defesa, segurança interna, relações
internacionais e o orçamento. Entretanto, nenhum esforço dos brancos da África do Sul foi
capaz de destruir a nacionalidade africana, e, nas eleições de 1989, começou a se desintegrar a
unidade branca do país. As colónias inglesas na África, à excepção da África do Sul,
conquistaram a independência em diferentes datas que variam de 1957 a 1965. As colónias
francesas, por outro lado, à excepção da Guiné e do Djibuti, se tornaram independentes no
mesmo ano, em 1960.
As colónias portuguesas na África precisaram lutar pela independência, essa luta que ocorreu
nos anos 1960 e 1970, foi longa, violenta e sangrenta. 12 A história da descolonização africana
do século XX, especialmente após 1935, deve ser vista como um processo que permitiu aos
africanos a compreensão de quem realmente são e de sua identidade pan-africana.
Objectivos Políticos
Sobre os objetivos que constam no Tratado da SADC, Cilliers (1999) os divide em três
categorias: política e segurança, desenvolvimento econômico e geral/outros.
12
SURET-CANALE, J.; BOAHEN, A. A. A África Ocidental. In: MAZRUI, A. A.; WONDJI, C. (Eds) História
Geral da África, VIII: África desde 1935 , Brasilia, UNESCO. 2010, p.219.
13
CILLIERS, J. Building Security in Southern Africa: An Update on the Evolving Architecture. ISS Monograph
Series, 1999
12
Analise do tratado da SADC
Já o artigo 5 do mesmo capítulo aborda os objetivos da SADC e o que deve ser feito
para atingi-los. São eles:
13
As medidas que devem ser implementadas, para alcançar os objetivos citados acima,
são:
“1. A SADC é uma organização internacional e tem personalidade legal com capacidade e
poderes para firmar contratos, adquirir, possuir ou alienar propriedade móvel ou imóvel e
propor ou ser demandada em acções judiciais.”
14
BR nº 021, I Série, 2º Supl., de 01 de Junho de 1993, no 1 do artigo 3
14
Tendo em conta que a SADC é uma organização internacional ou seja um ente que,
apesar de não possuir território, povo ou mesmo soberania, é dotado de influência mundial,
como o Tratado já diz, é colocado em análise a questão de quando diz-se que uma
organização internacional tem personalidade e capacidade jurídica.
Personalidade Jurídica
Capacidade Jurídica
15
Texto Adaptado pelos Estudantes
16
JÚNIOR, Eliezer Guedes de Oliveira, O regime jurídico das organizações internacionais, 2017, pág. 8
17
REZEK, José Francisco, Direito internacional público: curso elementar. 13ª Ed, São Paulo: Saraiva, 2011,
pág. 181
15
A personalidade é conceito básico da ordem jurídica e, actualmente, todos os sistemas
jurídicos internos reconhecem as pessoas físicas, assim como as pessoas jurídicas de direito
público e privado, enquanto sujeitos de direito internacional.18
Uma união aduaneira segue à zona de comércio livre a igualização das tarifas pelos
Estados Membros para as importações dos Estados não Membros (isto é, a implementação da
Tarifa Externa Comum ou TEC).
Uma União económica segue aos instrumentos do Mercado comum alguns níveis de
harmonização das políticas económicas nacionais de forma a remover barreiras provocadas
pelas anteriores disparidades entre os Estados Membros nestas políticas (por exemplo, a
criação de um Banco Central com alguns poderes supranacionais).
20
Protocolo sobre trocas comerciais da SADC, Disponivel em:
https://www.mic.gov.mz/index.php/por/Comercio-Externo/Acordos-Bilaterais/PROTOCOLO-SOBRE-
TROCAS-COMERCIAIS-DA-SADC. Acesso em: 22 agosto. 2021
21
Balassa B., Towards a theory of Economic Integration, “Kyklos, Vol.XIV, No. 1, 1961, pp.1-14.
17
Finalmente, uma integração económica total pressupõe a unificação monetária, fiscal,
social e políticas disseminadoras e requer a criação da autoridade supranacional cujas
decisões sejam aplicáveis nos Estados Membros (isto é por natureza a criação de uma
federação política) ”.22
Conclusão
Apos o término do desenvolvimento do trabalho chegamos a conclusão:
A integração regional em África foi sempre o principal objectivo dos Países africanos
desde a criação da então Organização da Unidade Africana (OUA). Grande número de
declarações foi feito pelos Estados Membros para impulsionar o processo de integração em
22
Comissão da União Africana, vol. III, 2011
23
Fórum Parlamentar e Assembleia Consultiva SADC, Disponivel em:
https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Imprensa/Noticias/Esperanca-Bias-na-reuniao-da-Comissao-
Executiva-do-Forum-Parlamentar-da-SADC. Acesso em 23 de Agosto.
18
África. De igual modo, o Tratado da SADC, serviu de corolário para a criação de uma
organização rumo ao desenvolvimento da Africa.
19
Referências bibliográficas
FILHO, Pio, Integração Econômica no continente africano: ECOWAS e SADC,
Cena internacional. Revista de Análise em Política internacional, vol.2, no2, 2000.
20