Governação Local e Autárquica
Governação Local e Autárquica
Governação Local e Autárquica
O presente trabalho surge no ambito de uma palestra sobre o impacto do novo formato
institucional do Estado, na consolidação da democracia e desenvolvimento rural, a qual
participamos na qualidade de estudantes, e nos fora incumbida a tarefa de fazer uma análise
crítica sob ponto de vista da adopção e eficácia do novo formato de governação. Portanto,
servimos desta, para inicialmente, trazer aspectos básicos como conceitos que compõem este
tema, uma breve contextualização deste modelo, seus objectivos, desafios e no fim, um olhar
critico.
Contextualização
Deste modo, Tavares (2019), explica que a governação participativa pretende incentivar, através
de novas formas de participação política, uma intervenção mais activa dos cidadãos nas decisões
políticas, por forma a aumentar a representação dos mesmos, bem como o sentimento de eficácia
da participação popular. É, neste sentido, que mecanismos como o Orçamento Participativo têm
vindo a demonstrar potencial.
Em 1998 foram realizadas as primeiras eleições autárquicas. Em 2004 traz-se uma nova ideia de
alguns termos como: governador de provincial, e não provincial, sendo este um órgão da
descentralização, pois goza de autonomia financeira e administrativa. Esta constituição traz
igualmente a figura do secretário de Estado, que não e uma figura da descentralização, mas sim,
da desconcentração, pois e dependente dos órgãos centrais (matéria esta que se pode encontrar
no artigo 141 da CRM).
2. Conceitos Básicos
Descentralização
De acordo com MASSALILA a *descentralização* é definida como sendo “a transferência ou
delegação da autoridade judicial ou política para efeitos de planeamento, tomada de decisão e
gestão de actividades públicas do governo central às suas agências, à organização no terreno de
tais agências, unidades subordinadas do governo, empresas públicas semi-autónomas ou
autoridades de desenvolvimento regional, governos autónomos ou organizações não
governamentais”.
Nestes termos, a descentralização reveste-se como sendo uma situação na qual os poderes
político-administrativos e económicos deixam de ser controlados pelos órgãos do poder central,
passando para o controle dos governos locais.
Desenvolvimento
Desenvolvimento é referenciado pelos clássicos da corrente liberal e socialista como sinónimo
do crescimento económico. Por um lado, a abordagem da corrente liberal incide no princípio de
que o crescimento económico permite a melhoria da qualidade de vida individual e suporta o
contínuo progresso das sociedades, dos principais ideólogos desta corrente, destacam-se Adam
Smith, Jean-Baptiste Say, Thomas Robert Malthus e David Ricardo. Em contrapartida, a corrente
socialista que faz alusão sobre as classes laborais e outras formas de organização social e de
mercado, assenta na transformação da organização social de modo que:
A descentralização promove o desenvolvimento local, pode ser utilizada como uma estratégia de
democratização do sector público. Por meio das unidades descentralizadas, pode se estabelecer
canais de comunicação com a sociedade, além de serem utilizadas como referência em processos
de orçamentos participativos e servirem como um canal para implementar acções de carácter
intersectorial, por meio da dimensão de serviços. Neste caso, ela surge como uma estratégia de
governação que procura aproximar profissionais de diferentes sectores entre si, e estes com os
cidadãos.
Objectivos da Descentralização
Visão:
Desafios
No entender de Gaventa (2012), a governação participativa é um mecanismo de inclusão da
população nas estruturas de tomada de decisão sobre as políticas públicas que permite
incrementar e fortalecer as capacidades de intervenção das camadas sociais mais desfavorecidas
e superar as estruturas políticas e de poder tradicionais.
Porém, apesar dos avanços registados no quadro governativo das autarquias locais, no que
concerne a participação para o engajamento activo dos cidadãos na governação municipal
democrática, inclusiva e transparente, Merklein (2010) aponta para a existência de exclusão dos
cidadãos em momentos importantes da tomada de decisão.
Desta forma, como resultado destes factores é o fraco nível de desenvolvimento e tomada de
decisões à margem das necessidades colectivas. Em Moçambique, há persistência de problemas
sociais associados à exclusão dos cidadãos na tomada de decisões e na implementação das
políticas públicas, esta fraca participação está aliada à falta de prestação de conta aos cidadãos,
falta de transparência ou informação, contrariando assim a lógica da Governação Participativa
que é a relação pautada em diálogo transparente e aberto com acesso à informação, promoção da
justiça e desenvolvimento local (Nguenha, 2009:8).
No distrito existem as seguintes entidades: primeiro, três órgãos que fazem parte dos
órgãos de governação descentralizada distrital, Administrador de Distrito, Assembleia
Distrital e o Conselho Executivo Distrital; segundo, um Representante do Estado;
terceiro, o Representante do Governador Provincial no Distrito, e quanto aos Distritos
com autarquias, mais três órgãos autárquicos, o Presidente do Conselho Autárquico, a
Assembleia Autárquica e a Assembleia Autárquica. Esta situação tem um grande
potencial de gerar conflitos negativos e positivos de competências, havendo necessidade
de uma boa articulação, colaboração, coordenação e cooperação.
Ao nível dos órgãos representativos teremos Deputados da Assembleia da República,
Membros da Assembleia Provincial, Membros da Assembleia Distrital e Membros da
Assembleia
Municipal, o que dita a necessidade de uma melhor clarificação do papel de cada um no
âmbito do exercício da função fiscalizadora e representativa, bem como as formas de
articulação, coordenação e cooperação, para que haja complementaridade e não
sobreposição na sua actuação.
A existência dos vários órgãos vai significar uma sobrecarga no Orçamento do Estado e
naturalmente para o cidadão.
Antevendo que por hipótese podem existir Governadores de Província, Administradores
de Distrito e Presidentes de Conselhos Autárquicos sem maioria na Assembleia, significa
que deverá haver muito diálogo, negociações, alianças para garantir a
governabilidade,pois caso os órgãos executivos não tenham o apoio das respectivas
assembleias, dificilmente poderão governar sem o suporte necessário da assembleia.
CRÍTICA
O nosso pacote de descentralização foi concebido com o objectivo de controlar recursos. O
partido maioritário sentindo-se ameaçada pelos outros partidos da oposição em ganharem as
eleições em outras regiões do país, onde os recursos minerais e naturais estão em abundância,
elaboraram este novo formato para colocar pessoas a controlar tais recursos. No entanto, a
governação local pressupõe a existência de 2 órgãos. Portanto, consideramos que neste novo
pacote, existirão órgãos que vão gozar das mesmas atribuições e competências. Estamos face a
um conjunto de órgãos a nível local que vão exercer as mesmas actividades, o que origina o
conflito de competências e atribuições. No entanto, este conflito pode ser visto em 2 sentidos.
1- Positivo: quando todos órgãos estão engajados na resolução de um único problema.
2- Negativo: onde podemos ver que muitos procuram omitir-se face a uma determinada
demanda, o que de certa forma vai condicionar o desenvolvimento e o avanço do formato
institucional.
Conclusão