Martha Silveira Icict Dout 2015
Martha Silveira Icict Dout 2015
Martha Silveira Icict Dout 2015
REVISÕES SISTEMÁTICAS
COMO FONTE DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS EM SAÚDE
Rio de Janeiro, RJ
2015
MARTHA SILVIA MARTINEZ-SILVEIRA
REVISÕES SISTEMÁTICAS
COMO FONTE DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS EM SAÚDE
Rio de Janeiro, RJ
2015
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblitoeca de Ciências Biomédicas/ ICICT / FIOCRUZ - RJ
Bibliografia: f. 157-173
CDD 649.33
MARTHA SILVIA MARTINEZ-SILVEIRA
Banca examinadora:
_____________________________________
Prof. Dr. Luiz Antonio Bastos Camacho
______________________________________
Profa. Dr. Maria Cristiane Barbosa Galvão
______________________________________
Profa. Dra. Maria Cristina Soares Guimarães
______________________________________
Profa. Dra. Adriana Kelly Santos
_____________________________________
Profa. Dra. Nanci Elizabeth Oddone
______________________________________
Profa. Dra. Adriana Cavalcanti de Aguiar
Dedico mi trabajo de cuatro años en este curso de doctorado a mi querida madre Brenda,
porque no importa lo que tenga que vivir, lo que tenga que sufrir o lo que tenga que dejar,
porque siempre sonríe, porque siempre quiere lo mejor para dar, no para recibir, porque me
acompaña de cerca y se preocupa conmigo, cuando debería ser exactamente al contrario y
soñó con mi tesis tanto como yo.
Dedico mi tesis y mi título a mis hijas Carolina, Cecilia y Victoria y a mis nietas Clarice,
Anahí y Olivia, para que sepan que su madre y su abuela no desiste de nada, y mucho menos
de ustedes.
Dedico mi vida pos-doctorado a mi amor viejo, mi viejo amor, amor de hoy, amor de siem-
pre, Miguel.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha querida orientadora Profa. Cícera Henrique da Silva, que me incentivou a
buscar o Programa de Pós-graduação, aceitando-me como orientanda. Enfrentou mudanças de
percurso, minhas e da tese, sempre com generosidade e dedicação. Recebeu-me como amiga
em sua casa para largas horas de trabalho. Sempre sorridente e de bom humor orientou meu
trabalho com competência e parceria.
Agradeço ao meu querido orientador Prof. Josué Laguardia, a quem nunca precisei explicar
muita coisa, pois sempre esteve atento, cheio de ideias e entusiasmo. Um prazer de trabalhar
com ele que, espero, perdure.
Agradeço à Profa. Cristiane Galvão, com quem tenho o prazer de compartilhar o gosto pelos
mesmos temas de pesquisa. Nossa cumplicidade produziu uma amizade que, sei, continuará a
dar muitos e saborosos frutos.
Agradeço ao Prof. Luiz Antônio Bastos Camacho, pela honra de aceitar meu convite e por sua
eterna gentileza e prontidão para me escutar e discutir questões para mim tão relevantes.
Agradeço à Profa. Maria Cristina Guimarães, que nunca deixou de me provocar com suas
perguntas, contrariando minhas certezas com habilidade. Sou grata também porque as melho-
res leituras foram os livros que ainda lhe devo.
Agradeço à Profa. Adriana Kelly Santos, por aceitar mergulhar no meu trabalho e participar
da minha banca. Sua sensibilidade e sempre amistosas palavras fizeram prazerosas as horas de
aula.
Agradeço à Profa. Nanci Oddone, a quem sempre posso recorrer para todos os assuntos, os da
tese ou os da vida. Uma vez orientadora sempre orientadora.
Agradeço à Profa. Adriana Cavalcanti de Aguiar, porque sempre escutou com interesse sobre
meu projeto, contagiando-me com seu entusiasmo e sua vitalidade.
Agradeço aos meus colegas “avassaladores” do doutorado: Irene, Juliana, Mariana, Robalinho
e Marcelo. Foram muito mais que colegas; serão amigos eternos. Que sorte haver comparti-
lhado com eles estes anos!
Agradeço ao Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, e a Fundação Oswaldo Cruz por autorizar
minha liberação para aperfeiçoamento profissional durante esses quatro anos.
Agradeço às minhas colegas bibliotecárias da biblioteca do CPqGM, Ana Maria Fiscina e
Adelvani de Araújo Boa Morte, tão generosas com seu apoio e compreensão por deixá-las
todos estes anos
Agradeço especialmente a minha amiga Beatriz Vincent e a toda sua família Maurice, Isabelle
e Louise. Eles fizeram simplesmente tudo por mim em esses anos de Rio de Janeiro.
Agradeço a minha amiga Ana Rita Ferraz que desde Salvador acompanha meu caminho, e
que me disse: “nós temos que subverter a ordem da forma acadêmica, nós temos que ser aven-
tureiras”.
Agradeço a meu amigo Rafael Pinho de Morais, com quem compartilhei um ano de aparta-
mento e os contratempos de ser estudante, quando em realidade deveria estar pensando em
aposentadoria.
Agradeço a Juan Calcagno, juntos produzimos muitos bons artigos, mas na verdade é mais do
que isso, somos amigos.
Agradeço a Frederico Marques Berbert, para quem me faltam as palavras. Sou-lhe muito grata
e consciente de tudo o que lhe devo. E obrigada também meu querido Felipe Ehrhard Berbert.
Agradeço a meu irmão Ramiro e minha cunhada Luciana pelo apoio e amor incondicionais.
Agradeço especialmente ao meu querido genro Gregório, por tantas ajudas com as estatísticas
e as tabelas. Também por sua amizade e seu apoio em tudo.
Agradeço a toda minha grande família Martínez em Uruguai, Brasil, Argentina e Espanha; a
distância é apenas um detalhe porque eles me acompanham diariamente. Bendita tecnologia!
Agradeço por fim as minhas filhas Carolina, Cecília e Victória que são meu maior apoio e
minha vida. Quatro anos parecem pouco, mas quantas coisas vivemos! Às minhas netinhas
que chegaram instaurando o novo nas nossas vidas. Parada para o prazer de existir em família.
Foram muitas viagens para nos aconchegarmos, foram muitas mudanças. Que bom que tudo
continua.
Não preciso agradecer por escrito a Miguel, mas quero escrever: Gracias, por el presente y el
futuro, por algo que comenzó en un pasado tan lejano que creía muerto, pero no, y entonces es
real, nuevo-viejo e inmenso.
“’Evidence’ does not reside only in the world where science is pro-
duced; it emerges in the political world of policy making, where it is
interpreted, made sense of and is used, perhaps persuasively, in policy
arguments”.
As revisões sistemáticas são uma síntese metodologicamente construída a partir dos estudos
originais consideradas eficientes geradoras de evidências científicas para as decisões de saú-
de, porém sua qualidade pode interferir limitando sua utilização. Sua importância se percebe
pela crescente produção e utilização nos guias das práticas médicas e recomendações de saú-
de. Tais recomendações baseadas em evidências científicas, elaboradas por instituições de
reconhecida influência orientam o comportamento sobre as ações de saúde. O objetivo deste
estudo foi investigar as revisões sistemáticas como fontes de evidências científicas das reco-
mendações sobre o tema as repercussões da amamentação na saúde da criança. A amamenta-
ção foi escolhida por ser um assunto de saúde pública. Primeiro elaborou-se uma revisão sis-
temática sobre a qualidade das revisões sistemáticas daquele tema e após uma análise de cita-
ção para identificar as revisões sistemáticas referenciadas nas recomendações de instituições
internacionais e do Brasil, Estados Unidos e Canadá. A qualidade metodológica das revisões
foi avaliada usando Amstar. Foi feito uma análise das conclusões e limitações reportadas pe-
los autores das revisões citadas e comparadas com as não citadas. A revisão sistemática sele-
cionou 67 estudos e resultou em 26,9% de qualidade baixa e 73,1% de qualidade média. Trin-
ta delas estavam citadas nas 101 recomendações seleccionadas. Quarenta delas não tinham
citando nenhuma revisão sistemática do tema. A que mais citou foi um relatório técnico de
EUA. A revisão sistemática mais citada trata sobre o tempo de duração da amamentação ex-
clusiva (2002), de qualidade média. A maioria reportou efeitos positivos da amamentação,
porém os efeitos eram pequenos ou baixos, enquanto que em 25% o efeito foi potencial ou
possível. As limitações foram a escassez de estudos e sua qualidade. As evidências reportadas
nas revisões não citadas com relação às citadas sugerem que em 6 temas os resultados são
contraditórios aos prévios ou permanecem inconclusos. Conclui-se que as revisões sistemáti-
cas, escassamente citadas nas recomendações, são de qualidade moderada e ainda insuficien-
tes quanto à temática e aos achados. Poucas revisões se converteram em padrão de citação,
mas não são atuais e nem conclusivas. Os efeitos reais da amamentação sobre a saúde da cri-
ança são reportados em sua maioria como modestos ou possíveis, porém as recomendações os
consideraram como suficientes para recomendá-la em mais de 100 documentos, possivelmen-
te baseados nas evidências destas revisões e de estudos originais que não foram avaliados nes-
ta tese. Esta pesquisa limitou-se à avaliação da forma de apresentação da revisão sistemática,
e seus resultados foram verificados na letra do relato dos autores.
Palavras-chave: Evidência cientifica; Revisão sistemática; Recomendações de saúde; Quali-
dade; Aleitamento materno
ABSTRACT
Systematic reviews are a methodological synthesis built from original studies. They are con-
sidered effective in generating high-level scientific evidence for health care decisions. How-
ever, the quality of the systematic review can impact its usefulness. Their importance can be
seen in their increasing production and use in medical practice guidelines and health recom-
mendations. Such recommendations based on scientific evidence, drawn up by recognized
institutions, influence and guide behaviors on health related actions. The topic of the effects
of breastfeeding on the child’s health was selected because it is a public health issue. The ob-
jective was to investigate systematic reviews as source of scientific evidence in the recom-
mendations taking that subject as a case. This study begins with a systematic review of the
quality of the systematic reviews on that topic and continues with a citation analysis to identi-
fy systematic reviews referenced in the recommendations of international institutions, as well
as institutions from Brazil, United States and Canada. The methodological quality of the re-
views was assessed using Amstar. The cited reviews were analyzed with respect to their con-
clusions and limitations as reported by their authors, and compared to the non-cited reviews.
The systematic review selected 67 studies and the assessment resulted in 26.9% of poor quali-
ty and 73.1% of moderate quality. Of these, 30 reviews were cited in 101 recommendations
selected (26 in Brazil, 7 Canada, 32 US and 36 international organizations). Forty of them did
not cite any systematic review on the topic. A technical report from the U.S. was the one that
cited the most systematic reviews. The most cited systematic review was one of the optimal
duration of exclusive breastfeeding (2002), of moderate quality. Most reported positive ef-
fects of breastfeeding, but in more than half of the outcomes the effects were small or low.
Limitations were the lack of studies and their quality. The comparison of the evidence report-
ed in the non-cited reviews with the cited reviews suggests that in 6 topics the results are in
contradiction to previous reports or remain inconclusive. We conclude that systematic reviews,
barely mentioned in the recommendations, are of moderate quality. Only few reviews became
citation pattern, they are not current neither conclusive. The real effects of breastfeeding on
the health of the child are reported mostly as modest or possible, but the recommendations
have considered as sufficient to recommend it in more than 100 documents, possibly based on
the evidence from these reviews and the original studies that were not evaluated here. This
research was limited to the evaluation of the presentation of the systematic review, and their
results were based in the text of authors report.
Key-words: Scientific evidence; Systematic review; Health Recommendation; Quality;
Breast Feeding
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 4. Análise de termo para compor estratégia de busca na base PubMed (extrato) . 57
Gráfico 2. Falhas metodológicas discriminadas por itens nas 67 RS selecionadas ........... 102
Quadro 10. Análise das conclusões dos autores segundo efeitos da amamentação
na saúde da criança como reportados nas RS ..................................................................... 114
Gráfico 3. Avaliação Amstar comparando RS citadas e não citadas nas RO .................... 116
LISTA DE TABELAS
Tabela 7. Comparação entre as datas de publicação das RS citadas e não citadas ............ 117
Tabela 8. Comparação dos países de publicação entre RS citadas e não citadas ............... 117
Tabela 13. Características das Recomendações publicadas nos EUA ............................... 126
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 20
2.1 EVIDÊNCIA CIENTÍFICA ........................................................................................... 20
2.2 MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS ................................................................ 23
2.3 AS EVIDÊNCIAS NAS DECISÕES DE SAÚDE ........................................................ 27
2.4 RECOMENDAÇÕES DE SAÚDE E REVISÕES SISTEMÁ TICAS ......................... 35
2.5 REVISÕES SISTEMÁTICAS ....................................................................................... 37
2.5.1 Breve explicação do método da RS ..................................................................... 41
2.5.2 Características das RS em saúde pública............................................................ 46
2.6 FONTES DE INFORMAÇÃO PARA REALIZAR REVISÕES SISTEMÁTICAS .... 48
2.6.1 Bases de dados em saúde e ciências afins ............................................................ 49
2.6.2 Fontes para buscas complementares para RS .................................................... 53
2.6.3 As estratégias de busca em bases de dados ......................................................... 55
2.7 CATEGORIZAÇÃO E HIERARQUIA DAS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS EM
SAÚDE ................................................................................................................................ 59
2.8 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS .......... 62
3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 64
3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 64
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 64
4. METODOLOGIA .............................................................................................................. 65
4.1 REVISÃO SISTEMÁTICA ........................................................................................... 65
4.1.1 Pergunta da revisão sistemática ........................................................................... 66
4.1.2 Critérios de Inclusão ............................................................................................. 66
4.1.3 Critérios de exclusão ............................................................................................. 66
4.1.4 Seleção das fontes e localização dos estudos ....................................................... 66
4.1.5 Estratégias de busca .............................................................................................. 67
4.1.6 Seleção dos estudos ................................................................................................ 69
4.1.7 Extração dos dados ............................................................................................... 70
4.1.8 Avaliação da qualidade ......................................................................................... 71
4.1.9 Análise dos resultados ........................................................................................... 71
4.2 ESTUDO EXPLORATÓRIO ........................................................................................ 73
4.2.1 Identificação das Instituições ............................................................................... 74
4.2.1.1 Buscas no Brasil ............................................................................................... 75
4.2.1.3 Buscas nos Estados Unidos (EUA) .................................................................. 78
4.2.1.4 Buscas em páginas de organismos internacionais ............................................ 80
4.2.2 Classificação das instituições ................................................................................ 81
4.2.3 Seleção das Recomendações ................................................................................. 82
4.2.4 Classificação das recomendações ......................................................................... 83
4.2.5 Análise de citação .................................................................................................. 85
4.2.5.1 Identificação das RS citadas nas RO ................................................................ 86
4.2.5.2 Seleção das RS citadas nas RO ........................................................................ 87
4.2.5.3 Características das RS citadas .......................................................................... 88
4.2.6 Análise comparativa entre RS citadas e não citadas.......................................... 89
5. RESULTADOS ................................................................................................................... 90
5.1 REVISÃO SISTEMÁTICA ........................................................................................... 90
5.1.1 Avaliação da qualidade segundo Amstar .......................................................... 101
5.2 REVISÕES SISTEMÁTICAS CITADAS NAS RO ................................................... 103
5.2.1 Conclusões reportadas pelos autores ................................................................. 114
5.2.2 Limitações reportadas pelos autores ................................................................. 115
5.3 RESULTADO COMPARATIVO ENTRE AS RS CITADAS E NÃO CITADAS .... 116
5.4 RESULTADO DAS RECOMENDAÇÕES E ANÁLISE DE CITAÇÃO .................. 123
6. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................... 135
6.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA REVISÃO SISTEMÁTICA ............................ 135
6.2 ANÁLISE DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS CITADAS....................................... 141
6.3 COMPARAÇÃO ENTRE RS CITADAS E NÃO CITADAS ................................... 143
6.4 RECOMENDAÇÕES OFICIAIS E ANÁLISE DE CITAÇÃO ................................. 146
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 151
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 157
APÊNDICE A - Referências das Revisões Sistemáticas incluídas ................................... 174
APÊNDICE B - Referências dos estudos excluídos da RS ............................................... 180
ANEXO 1 – Questionário Amstar original ........................................................................ 183
ANEXO 2 – Parecer do Comité de Ética em Pesquisa...................................................... 185
14
1. INTRODUÇÃO
situadas para além dos estudos científicos (LOMAS, 2004), estes são fonte de informação in-
dispensável ao processo.
As decisões baseadas em evidências são também o fundamento da prática da Medicina
Baseada em Evidências (MBE), que surge do ideal da integração da experiência e o conheci-
mento do clínico com a melhor e mais atual evidência científica produzida pela pesquisa sis-
temática (SACKETT et al., 1996). Ainda que críticas fossem levantadas a esta prática
(CASTIEL; PÓVOA, 2002; VALKENBURG, 2002) a fórmula da MBE foi incorporada por
outras áreas clínicas, como a de odontologia, enfermagem e fisioterapia e, posteriormente às
áreas de saúde pública, de políticas e gestão em saúde.
A produção de evidências científicas para a prática, a assistência e para as políticas e
recomendações de saúde tem origem em diversas fontes que emitem informação necessária
para a tomada de decisão. As evidências científicas poderão também ter diferentes formatos a
depender do conteúdo e do demandante ou potencial usuário. E à medida que a implementa-
ção de práticas baseadas em evidências avança percebe-se um olhar mais amplo sobre os tipos
de estudos que geram evidências. Titler (2008) ressalta que a melhor evidência vem dos estu-
dos clínicos randomizados, mas também da pesquisa qualitativa. No entanto há um consenso
generalizado sobre a validade de estudos secundários, especificamente revisões sistemáticas,
não somente para produção de evidências, mas também para uma melhor efetivação do pro-
cesso de transferência dos resultados da pesquisa para sua utilização nas instâncias decisórias
(EGGER; SMITH, 1997; LAVIS et al, 2003; MOAT et al., 2013).
A revisão sistemática (RS) é um método de síntese eficiente na geração de evidências
científicas a partir dos estudos originais, cujos resultados são a informação de mais alto nível
científico (HIGGINS, 2011; MEERPOHL et al., 2012) sobre uma determinada pergunta. É
também um meio de obter respostas sobre o que funciona e o que não funciona, sobre a efeti-
vidade de uma intervenção (PETTICREW; ROBERTS, 2006). Elas tiveram origem nos Esta-
dos Unidos na área de ciências sociais (GLASS, 1976 apud WADDINGTON et al., 2012) e,
posteriormente, se tornaram úteis para as práticas em saúde onde proliferaram particularmente
alavancadas pela Colaboração Cochrane a partir de 1999 (HIGGINS, 2011). Com a formação
de novos grupos, como é o caso da Colaboração Campbell, as RS voltaram a ser também am-
plamente utilizadas em ciências sociais (WADDINGTON et al., 2012).
O método da RS procura reunir resultados de estudos primários para aumentar a qua-
lidade das evidências obtidas por meio das amostras fracionadas de cada estudo
(HEMINGWAY; BRERETON, 2009). A importância das RS está associada à necessidade de
16
se ter respostas seguras para os diversos procedimentos da prática médica e para o desenvol-
vimento de programas de saúde pública. Dificilmente um único estudo pode trazer evidências
definitivas e o enorme volume de publicação torna inviável a leitura e avaliação (GREE-
NHALGH, 2008; GUYATT et al., 2011). As RS combinam os achados de vários estudos me-
nores, criam resultados mais poderosos e convincentes e podem provar as inconsistências ou a
falta de evidências apontando a necessidade de mais e melhores estudos primários
(PETTICREW; ROBERTS, 2006; CHALMER; GLASZIOU, 2009; GUYATT et al., 2011).
Sua importância está em evidência a partir da crescente produção e utilização nos do-
cumentos que guiam as práticas médicas e as políticas e recomendações de saúde (OXMAN;
LAVIS; FRETHEIM, 2007; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012; BRASIL. MI-
NISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
As recomendações de saúde são o produto das instâncias decisórias de instituições pú-
blicas ou privadas que tem o poder de orientar o comportamento sobre as ações de saúde da
sociedade e dos indivíduos em particular. Foram definidas pela Organização Mundial da Saú-
de (OMS) como todo tipo de documento que contenha recomendações sobre intervenções de
saúde, tanto da área clinica, de saúde pública ou política pública de saúde. As recomendações
fornecem informações sobre o que os decisores políticos, os prestadores de cuidados de saúde
ou pacientes devem fazer (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012). Dessa forma estes
documentos passam a ter um caráter oficial, o que levou à decisão de nomeá-las como reco-
mendações oficiais de saúde (RO) nesta pesquisa. A RO pode ter a forma de uma política pú-
blica, um parecer, uma guia, uma estratégia, uma declaração, uma nota ou relatório técnico,
um manual ou um material produzido para servir de modelo para livros.
Embora as RO possam ser divulgadas a nível da população em geral por diversos mei-
os, e em linguagens accessíveis, inclusive idiomas, uma vez que são fartamente traduzidas,
elas estão geralmente direcionadas para o pessoal que trabalha com a saúde, especificamente
os médicos, enfermeiros, odontólogos, nutricionistas, entre outros. Sabe-se também que estas
recomendações estão baseadas em evidências científicas, pois assim indicam as diretivas do
Ministério da Saúde, por exemplo (BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006; BRASIL.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012), e por este motivo elas foram escolhidas para a análise nes-
ta pesquisa.
Diante do exposto concebeu-se o pressuposto de que as RS são fontes indispensáveis e
obrigatórias de evidências para as RO, e que assim sendo, é esperado que estas incluam em
seu texto as referências onde se encontram tais evidências.
17
Para efetuar o trabalho, foi escolhido um tema de saúde pública que envolve contro-
vérsias e ainda demanda muitos estudos: repercussões da amamentação na saúde da criança.
O papel das evidências científicas nas RO sobre amamentação é importante, mas não definiti-
vo, uma vez que as instituições se utilizam das RO para atingir diversos objetivos, em diver-
sas populações, e isso necessariamente são decisões muito mais políticas que científicas.
O ato de amamentar representa uma decisão preferencialmente da mãe, mas também
do entorno familiar, e nesse aspecto diversos fatores estão envolvidos. As pesquisas enfren-
tam dificuldades para mensurar aspectos que se referem ao comportamento humano, à indivi-
dualidade onde o contexto influencia, e estes se transformam em fatores que confundem e en-
viesam a pesquisa e enfraquecem as evidências.
O interesse pela amamentação na literatura científica é profuso e atual. Uma pesquisa
na base de dados Medline/Pubmed usando o descritor “Breastfeeding” do vocabulário contro-
lado produziu um resultado de mais de 26.000 artigos, sendo que nos últimos cinco anos fo-
ram publicados mais de 5.000 artigos sobre o tema. No Google acadêmico, a pesquisa resul-
tou em cerca de 359.000 documentos, sendo 15.900 de 2014 até o presente.
Embora nem todo artigo represente uma evidência, a quantidade de publicações mos-
tra as inúmeras implicações biomédicas e comportamentais do ato de amamentar e do seu
produto, o leite humano. É provável que esse volume também decorra dos diferentes olhares
multidisciplinares da ciência, e representa o que existe de evidências, assim como também as
incertezas que circundam o tema.
Há um consenso em torno do aleitamento materno e seus efeitos positivos à saúde da
criança (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007; 2010; BRASIL; MINISTERIO DA
SAÚDE; ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE, 2002). Na literatura científica
atual, percebe-se que os esforços estão mais direcionados a produzir evidências sobre a efeti-
vidade de programas de promoção da amamentação, seu prolongamento (BABY-FRIENDLY
USA, 2010; CANADIAN PAEDIATRIC SOCIETY; NUTRION AND
GASTROENTEROLOGY COMMITTEE, 2012) e sobre e os efeitos na saúde da mulher e da
criança (SAVE THE CHILDREN INTERNATIONAL, 2012).
Dessa forma, e com o objetivo de verificar quais são as RS existentes e sua qualidade
e se estas são utilizadas nas RO sobre o assunto, se configurou esta pesquisa que utilizou dois
métodos para atingir seus objetivos. Um estudo que utiliza o método da RS para identificar,
coletar e avaliar a qualidade metodológica das RS existentes sobre amamentação e a criança,
e um estudo exploratório que utiliza análise de citação para verificar quais RS foram citadas
pelas RO.
18
Os motivos que levaram a esta pesquisa têm origem no interesse pela qualidade da in-
formação mensurada no aspecto metodológico, e reflete o vivenciar de uma profissional da
área de ciência da informação que lida com peças informacionais como ator intermediário. As
RS tornaram-se populares, abundantes e caracterizadas como um tipo de informação privile-
giada e muito demandada pelos usuários de informação em saúde .
A partir da escolha das revisões sistemáticas como objeto de uma pesquisa prévia
(MARTÍNEZ-SILVEIRA et al., 2013) pôde-se perceber que essa era apenas a ponta de um
iceberg, o que resultou na necessidade de compreender novos conceitos e processos que esta-
vam envolvidos na temática.
Assim inicia-se a apresentação deste trabalho pela abordagem dos conceitos de evi-
dência, evidência científica e medicina baseada em evidências (MBE). A MBE é vista aqui
como uma ideia de prática clínica que deu início a uma era na qual o discurso de adotar deci-
sões baseadas em evidências passou a ser obrigatório nas ações médicas e também nas políti-
cas de saúde. As controvérsias em torno da MBE e um entendimento das áreas afins ao fazer
científico que foram tensionadas por este conceito, suscitando o debate, foram analisadas
através da literatura. Seguiu-se uma aproximação ao tema do processo decisório nas instân-
cias de saúde através da abordagem de autores que o analisam como ato social, político, cir-
cunstancial e impossível de ser moldado (NUTLEY; WALTER; DAVIES, 2007, LOMAS et
al., 2005; LIMIEU-CHARLES; CHAMPAGNE, 2004).
As revisões sistemáticas foram estudadas como peça informacional na sua dimensão
de produtoras de evidências, o método e suas possibilidades, os diferentes tipos e considera-
ções sobre sua aplicabilidade às distintas áreas da saúde são apresentados. As fontes de in-
formação onde podem ser pesquisadas as evidências, com ênfase nas bases de dados biblio-
gráficas, foram exploradas de forma bastante ampla, no intuito de mostrar a variedade de re-
cursos e a complexidade da busca de evidências na literatura, ilustrando-se com estratégias de
busca e métodos eficientes da pesquisa bibliográfica.
O tema amamentação e seus efeitos para a criança se definiu como recorte analítico
para delimitar a pesquisa a partir do qual foi realizada uma revisão sistemática (RS) que to-
mou como unidade de análise as RS sobre o tema selecionado. Foram coletados os trabalhos,
extraíram-se os dados que os caracterizavam, agruparam-se tematicamente e avaliou-se a qua-
lidade metodológica aplicando o questionário Amstar, uma ferramenta validada que analisa
11 aspectos do método a partir do relato da RS e as classifica em categorias alta, média e bai-
xa dependendo da pontuação.
19
2. REFERENCIAL TEÓRICO
pois exige outros elementos além do científico, de modo que o conhecimento científico so-
mente se tornará uma evidência quando usado para sustentar as declarações políticas
(PREWITT; SCHWANDT; STRAF, 2012).
Mas, se há uma característica que pode definir uma evidência científica esta é o fato
dela ser produzida por um método científico. Lomas et al. (2005) distinguem a evidência pro-
duzida por um método reconhecido como científico em contraposição à evidência coloquial,
que seria aquela que vem de fora do ambiente científico. Uma evidência científica é entendida
como o conhecimento explícito, sistemático, que utiliza métodos transparentes, que precisa de
confirmação, e para que isso ocorra, a experimentação passa a ser um dos caminhos. Desse
modo a “evidência [...] pode ser definida como a informação ou fatos que são obtidos sistema-
ticamente, isto é, obtidos de tal forma que é replicável, observável, acreditável, verificável ou
basicamente sustentável” (RYCROFT-MALONE; STETLE, 2004).
As evidências científicas são fontes de informação utilizadas para apoiar as ações e
conclusões na saúde, mas elas não são por si mesmas soluções (OXMAN et al., 2009). A opi-
nião do especialista, por exemplo, é mais do que apenas evidência, é a combinação dos fatos,
a interpretação e a conclusão, onde a evidência científica informa a opinião do especialista
(OXMAN et al., 2009). Ademais nem toda evidência tem o mesmo poder de convencimento,
sendo que a evidência proveniente de resultados de pesquisas bem desenhadas e relatadas tem
mais poder que observações casuais ou de pesquisas com falhas metodológicas. Há ainda que
considerar a qualidade da evidência, para o qual é necessário estabelecer critérios sistemáticos
de avaliação e a viabilidade de sua aplicação. Às vezes a melhor evidência não é diretamente
relevante em um determinado contexto específico (GALVAO et al., 2013), uma evidência
local pode ser de fundamental importância (OXMAN et al., 2009).
De acordo com o seu papel na tomada de decisão Lomas et al. (2005)diferenciam a
evidência em duas categorias: evidências livres de contexto (context-free) e evidências sensí-
veis ao contexto (context-sensitive). Do ponto de vista filosófico o valor da evidência que não
está restringida pelo contexto é inerente ao seu potencial de fornecer uma justificativa verídi-
ca para as decisões, onde a qualidade da evidência é crucial na qualidade das decisões
(DOBROW; GOEL; UPSHUR, 2004). Porém, do ponto de vista prático-operacional a evi-
dência está necessariamente baseada no contexto, sendo gerada especificamente para decisões
dentro de um determinado contexto. Desse ponto de vista a qualidade é menos importante que
a “relevância, a aplicabilidade ou a generalização para o contexto específico.” (DOBROW;
GOEL; UPSHUR, 2004,p. 209).
22
mude com o tempo, especialmente porque novas descobertas irão ocorrer (UPSHUR, 2000).
Por outro lado, existem certos limites em relação à produção de evidências, impostos geral-
mente por questões éticas e econômicas, por exemplo. Posto que se a evidência tem um cará-
ter coletivo, sua produção, avaliação, interpretação, utilização e disseminação são processos
sociais. Não obstante persistem incertezas sobre quem tem autoridade para criar, interpretar e
julgar a evidência por haver diferenças na produção e o acesso entre disciplinas (UPSHUR,
2000).
desse protocolo na maioria dos países, os cientistas avaliaram os estudos que davam sustenta-
ção a essa evidência e verificaram a inexistência de provas devido à má qualidade e inconsis-
tências desses estudos. Os efeitos secundários do rastreamento preventivo de câncer de mama
foram criticados devido às consequências da exposição ao exame, aos efeitos mentais negati-
vos à mulher e pelos aspectos de custo-benefício. O que os pesquisadores dinamarqueses
questionaram foi o efeito do exame em si, algo que aparentemente já se constituía em uma
caixa-preta, um fato consumado. Isto demonstrou que a caixa-preta tinha sido fechada prema-
turamente produzindo controvérsias. A pesquisa anterior foi questionada e as evidências exis-
tentes se tornaram instáveis, o que levou a controvérsia para o plano político e pessoal entre
cientistas, longe do consenso requerido que implicaria em implementar novos ensaios clínicos
para gerar evidências que pudessem embaçar melhor as decisões (VALKENBURG, 2002).
Os problemas com relação à introdução da MBE na prática clínica hospitalar podem
ser classificados em intrínsecos e extrínsecos. Os problemas intrínsecos estariam relacionados
ao fato da evidência parecer frequentemente incompleta e com vieses; o conhecimento ser
descontextualizado, o caso generalizado não ser exatamente o que se apresenta na prática;
perde-se de vista o paciente individual e os desejos e a moral dos pacientes são normatizados.
Os problemas extrínsecos seriam relativos à dificuldade dos médicos em aceitar o conheci-
mento novo frequentemente causado por rigidez e cinismo; o fato de associar a MBE à perda
de autonomia do médico, e que a prática da MBE consiste em fazer e seguir guias de conduta,
e finalmente, à visão de médicos da clínica geral, e de algumas especialidades, de que a sua
área não é adequada para conversão à BEM (VALKENBURG, 2002).
Entretanto, Castiel e Póvoa (2002) alertam para o perigo da MBE vir a reforçar o mo-
delo biomédico da medicina, deixando quase sem espaço o necessário caráter humanista que o
exercício da medicina deveria cultivar. O paciente do praticante de MBE, segundo o modelo,
tem certa autonomia, mas tem talvez mais limitações não tão explícitas, uma vez que a deci-
são do médico, ou até mesmo as informações passadas ao paciente, com as quais ele deverá
lidar para fazer suas escolhas, podem estar sob a influência de “abordagens objetivantes, uni-
versalizantes e previamente qualificadas” (CASTIEL; PÓVOA, 2002, p. 119). Como resulta-
do a escolha da melhor evidência poderia eventualmente não dar lugar aos desejos ou, quiçá,
aos valores éticos do paciente. Esses autores preocupam-se em como dar espaço ao conheci-
mento que vem de áreas como a antropologia médica e a psicanálise, na prática da MBE, que
são chaves na contribuição de uma medicina menos cartesiana aliada às múltiplas dimensões
que devem ser levadas em conta ao pensar a saúde, e não apenas a medicina, algo que obvia-
mente torna muito mais complexo o processo.
25
Para a tomada de decisão na MBE se requer mais que apenas evidências, é preciso o
desenvolvimento de uma expertise clínica, entendida como a competência e o discernimento
que é adquirido pelo clínico em sua experiência e prática profissional (SACKETT, 2009;
NUTLEY; WALTER; DAVIES, 2007). Uma experiência que se reflete não somente na capa-
cidade de identificar melhor e mais eficientemente o diagnóstico, mas também em saber abor-
dar com compaixão as situações difíceis dos pacientes individualmente, respeitando direitos e
preferências para tomar decisões sobre os seus cuidados (SACKETT et al., 1996; GUYATT
et al., 2011). A melhor evidência disponível é aquela oriunda das pesquisas da medicina bási-
ca, e, especialmente, dos estudos clínicos, com foco nos pacientes, que avaliam a acurácia e
precisão dos exames diagnósticos (inclusive o exame clínico), o poder dos marcadores prog-
nósticos, e a eficácia e segurança dos tratamentos, da reabilitação e da prevenção (SACKETT
et al., 1996).
Bons médicos usam tanto a própria experiência clinica quanto a melhor evi-
dência externa existente, pois nenhuma das estratégias é suficiente por si só.
Sem a experiência clínica, a prática arrisca ser tiranizada pela evidência, já
que mesmo excelentes tipos de evidência podem ser inaplicáveis ou inade-
quadas para o paciente específico. Sem a melhor evidência atual, a prática
arrisca ficar rapidamente ultrapassada, para detrimento dos pacientes.
(SACKETT et al., 1996, p. 71 [tradução livre])1
1
“Good doctors use both individual clinical expertise and the best available external evidence, and neither alone
is enough. Without clinical expertise, practice risks becoming tyrannized by evidence, for even excellent exter-
nal evidence may be inapplicable to or inappropriate for an individual patient. Without current best evidence,
practice risks becoming rapidly out of date, to the detriment of patients”.
26
trimento do outro2 (MYKHALOVSKY; WEIR, 2004, p. 1063 [tradução livre]), fazendo com
que a evidência deixe de ser monopólio do médico.
Embora a visão de um paciente evoluído, informado e capaz de avaliar evidências para
admitir ou rejeitar tratamentos e procedimentos de saúde durante a consulta com o médicopa-
reça utópica no contexto brasileiro atual, essa realidade faz parte de alguns segmentos da po-
pulação no Brasil e no mundo. Os mesmos fatores que propiciaram o surgimento da MBE,
tais como, o aumento da informação, o desenvolvimento das modernas tecnologias de infor-
mação, o acesso à informação de saúde, entre outras, também contribuíram para o empodera-
mento dos pacientes (GARBIN; PEREIRA NETO; GUILAM, 2008). Este paciente não é, ou
pode não ser mais um ser submisso à supremacia da ciência médica representada pelo profis-
sional. Sua atitude como pessoa informada contribuiu para um maior comprometimento do
médico com o embasamento das evidências científicas nas suas respostas ao paciente, que ins-
tiga, traz informação, corrobora o que lhe é dito e, muitas vezes, traz informação nova ao co-
nhecimento do médico, propiciando uma mudança na relação médico-paciente (ALGHAMDI;
MOUSSA, 2012; KIVITS, 2006; MCMULLAN, 2006). Embora se saiba que, por outro lado,
existe uma questão a ser considerada em relação a como o paciente adquire informação, que
informação é essa e quanto isso pode afetar negativamente a relação médico-paciente (CAS-
TIEL; VASCONCELLOS-SILVA, 2003; FOX; WARD; O’ROURKE, 2005).
A despeito das mudanças na relação médico-paciente, cabe entender o que a MBE
admite como evidência, bem como a sua prática. Esse processo exige dos médicos a localiza-
ção, avaliação e a aplicação adequada dos resultados das pesquisas, que se encontram na lite-
ratura. Porém, o volume atual da literatura médica e científica alcança números cada vez mai-
ores, não sendo possível atender as necessidades de informação da prática médica, sem que
haja uma categorização. Quais são os estudos que geram evidências válidas e em que medida,
ou com que peso, essas evidências avalizam a tomada de decisões? Para tal foram criadas al-
gumas ferramentas fundamentais na MBE: as revisões sistemáticas (HEMINGWAY;
BRERETON, 2009), a metanálise (CROMBIE; DAVIES, 2009) a pirâmide da evidência
(http://www.ebmpyramid.org/samples/complicated.html) (PANDIS, 2011), a tabela de níveis
de evidência (OXFORD CENTRE FOR EVIDENCE-BASED MEDICINE; LEVELS OF
EVIDENCE WORKING GROUP, 2011; HOWICK et al., 2011).
2
“...to bridge the world of patient values and scientific evidence, helpingpatients to weigh the risks and benefits
of having a surgical procedure such as a mastectomy or of choosing one treatment option over another”.
27
e tecnologias de saúde e de ações de caráter administrativo. Cada uma destas instâncias de-
sencadeia um tipo de processo decisório, com suas características e especificidades, ao qual as
evidências, com seus diversos entendimentos, se integram de várias formas (DOBBINS et al.,
2007a).
Para se entender o processo decisório é necessário um olhar multidisciplinar, que pas-
sa pela questão social, política e organizacional (CHAMPAGNE; LIMIEUX-CHARLES;
MCGUIRE, 2004). Dois componentes seriam fundamentais, as evidências e o contexto (DO-
BROW; GOEL, UPSHUR, 2004), não sem antes haver um acordo do que se consideram evi-
dências entre o grupo tomador de decisão.
Dobbins e colaboradores (2007a) conduziram uma pesquisa no Canadá, com o intuito
de verificar o que diferentes tipos de tomadores de decisão, em diferentes instituições e papéis
pensavam ser evidências no processo decisório. O grupo selecionado para a pesquisa estava
envolvido com decisões relacionadas à prestação de serviços de saúde para a população. Os
resultados indicaram que em geral a tomada de decisões baseadas em evidências era visto
como um processo com múltiplas fontes de informação, entre as quais estavam as evidências
das pesquisas, que seriam consultadas antes de tomar as decisões para planejar, implementar ou
alterar programas e serviços.
Lomas (2004) afirma que a tomada de decisões baseadas em evidências não pode ser
vista como uma extensão lógica e linear da ciência, mas como um processo social, onde as
evidências, além de serem de diferentes fontes e categorias (científicas e coloquiais), também
estão sujeitas às predileções pessoais, ao poder profissional e à política organizacional.
Dobbins e colaboradores ( 2007a) chamaram a atenção para o modo como se dá o uso
das evidências, que dependendo da instância decisória, poderia ocorrer a priori ou a posterio-
ri. Alguns informantes declararam que consultaram as evidências de forma prévia ao processo
decisório, enquanto que em outros casos, primeiro foram tomadas as decisões e posteriormen-
te buscou-se um respaldo nas evidências e no conhecimento cientifico para justificar as esco-
lhas (DOBBINS et al., 2007a). As evidências, nesse caso, foram usadas para legitimar e sus-
tentar posicionamentos (INNAVER et al., 2002), uma forma de utilização denominada por
Dickinson (2004) como uso simbólico.
Sabe-se que o tomador de decisões está sujeito às influências do contexto, e que estas
devem sempre ser levadas em conta. “A decisão não pode ser vista como um evento isolado,
mas como um ato que acontece em um contínuo de ações, por um indivíduo, em um contexto
29
determinado”4 (GRANT et al., 2004, p. 199, [tradução livre]). Da mesma forma os decisores
interferem no processo com seus próprios valores, opiniões, atitudes, motivações e habilida-
des (CHAMPAGNE; LIMIEUX-CHARLES; MCGUIRE, 2004).
Médicos na sua prática como tomadores de decisões políticas estão inseridos em con-
textos que afetam as decisões e podem, às vezes, inviabilizar um procedimento de acordo com
as evidências, mesmo que essas sejam conhecidas. São exemplos de tal situação o caso dos
pacientes que obtêm medicamentos diretamente das farmácias, sem prescrição do médico; ou
de um hospital com protocolos desatualizados que devem ser seguidos pelos que ali exercem
a despeito de novas evidências; ou quando os médicos se referem a colegas mais experientes
ou especializados para tirar dúvidas em lugar de consultar a literatura (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2004).
No ambiente político muitas vezes é simplesmente impossível estabelecer decisões de
acordo com as evidências em situações de mobilização da sociedade, por exemplo, ou perante
o veto das instâncias superiores, e em especial toma parte a influência dos interesses econô-
micos, ideológicos político-partidários e da sociedade como um todo (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2004; LAVIS et al, 2002).
Geralmente as evidências não são facilmente acessíveis aos tomadores de decisão, eles
não têm tempo para buscar, avaliar e aplicar os resultados das pesquisas e é impossível dispor
de um estoque de evidências suficiente (NUTLEY; WALTER; DAVIES, 2007). Outras bar-
reiras para o uso das evidências da pesquisa apontadas por Dobbins e colaboradores (2007b)
são: falta de acesso à pesquisa atualizada, habilidades limitadas de avaliação crítica por parte
dos decisores, excessiva quantidade de revisões, ambiente de trabalho que não facilita a trans-
ferência de pesquisa e apropriação, falta de autoridade na tomada de decisões para implemen-
tar os resultados, processo decisório que não facilita a transferência de pesquisa e apropriação,
resistência à mudança e recursos limitados de implementação (DOBBINS et al., 2007b). Se-
gundo Champagne, Limieux-Charles e McGuire (2004) para ter um papel determinante nas
decisões de saúde as evidências científicas devem atender às seguintes condicionantes: dispo-
nibilidade, acessibilidade, validade, oportunidade, comunicabilidade e serem manipuláveis.
Com intuito de entender quais eram as necessidades de informação proveniente das
pesquisas para os envolvidos no processo decisório, Dobbins e colaboradores (2007b) realiza-
ram uma pesquisa com três diferentes instituições canadenses comprometidas com questões
relacionadas às crianças com necessidades especiais. Os seus resultados indicaram que os
4
“A decision can be seen not as a single isolated event, but rather as an act that takes place in a continuum of
actions, by an individual, in a given organizational context”.
30
Para ilustrar incluímos as figuras 1 e 2 do estudo de Lomas et al. (2005) que contem-
pla o expressado pelo UK Government Policy Hub, para o qual o ingrediente básico da evi-
dência é a informação e a qualidade da decisão política depende da qualidade da informação,
que pode ser derivada de várias fontes:
5
“…expert knowledge; existing domestic and international research; existing statistics; stakeholders consulta-
tion; evaluation of previous policies; new research, if appropriate; or secondary sources, including the internet.
Evidence can also include analysis of the outcome of consultation, costing of policy options and the results of
economic or statistical modelling”
32
A despeito da sua origem, seja científica ou não, para que uma evidência se torne uma
recomendação ou ação é necessário um julgamento, seja pelo processo deliberativo ou um
outro procedimento que avalie os objetivos e pondere as consequências desejáveis e indesejá-
veis da escolha de uma opção, em detrimento de outra, para alcançar um determinado objetivo
(OXMAN; LAVIS; FRETHEIM, 2007).
Apesar de existir, teoricamente, uma grande adesão aos processos decisórios baseados
em evidência no âmbito da saúde, na prática isto nem sempre ocorre, ou ao menos não de
forma satisfatória. Um estudo que examinou o uso de evidências nas recomendações da Orga-
nização Mundial da Saúde (OXMAN; LAVIS; FRETHEM, 2007), através de entrevistas co-
mo diretores de departamento e uma revisão das recomendações, constatou que as diretivas da
OMS para compor as recomendações não eram seguidas. As revisões sistemáticas eram rara-
mente utilizadas, assim como outros materiais que passam pelo processo sistemático de avali-
ação e síntese. Ao contrário, todo o processo estava fortemente baseado em especialistas em
metodologias ou em conteúdos de áreas específicas, que não eram representativos daqueles
para quem se dirigiam as recomendações. Ao serem questionados, muitos deles não avalia-
vam esta situação como problema (OXMAN; LAVIS; FERTHEIM, 2007).
Com o intuito de melhorar a forma de produzir políticas de saúde baseadas em evidên-
cias o Global Fórum for Health Research em conjunto com a OMS (2008) publicou um guia
6
The consensual approach refers to situations where there is broad agreement among policy makers and re-
searchers about the main issues of concern and the ways in which these should be addressed. [...] Their focus is
on improving the efficacy of decision making and the outcomes of services activities. [...] . In the contentious
approach, researchers place themselves more on the sideline of public policy. They may not always contribute to
policy development directly, but maintain a critical stance in relation to government, society and its institutions.
The role of researchers in this approach is to act as ‘moral critic’ [...] Paradigm-challenging approach – more
radically, researchers might take a stance outside the prevailing paradigm, using their work to problematize es-
tablished frameworks and ways of thinking. They may propose new principles for action for which they hope
political support will follow”.
34
com seis opções de como melhorar um sistema de saúde, especialmente em países pobres ou
em desenvolvimento. As recomendações são:
a) que os que fazem as políticas demandem de forma proativa a produção de evidên-
cias dos grupos de pesquisa;
b) que se crie uma instância de diálogo onde os políticos possam discutir com os cien-
tistas;
c) que se incremente a coleção de sínteses e apresentação de evidências para que seja
de fácil uso pelos políticos;
d) que se melhore a capacidade técnica dos políticos para acessar, entender e utilizar a
evidência;
e) que se deem incentivos para que os pesquisadores se envolvam no processo decisó-
rio de modo que suas opiniões e experiências possam ser usadas na prática;
f) que se desenvolvam redes entre a comunidade de políticos e pesquisadores para
transmitir as evidências e desenvolver relações de trabalho de confiança.
In the past, we had few research findings; currently we have too many. This
is exciting, but we don’t know what they mean and how to use them. Credi-
bility of research findings may be visualized in the form of a wide-based
pyramid, where most findings have low credibility, and few have high credi-
bility (IOANNIDIS, 2006)
As Revisões Sistemáticas (RS) são reconhecidas como um tipo de literatura que gera evi-
dência científica de alto nível para a tomada de decisões na prática médica e para o estabelecimento
de políticas e recomendações de saúde pública (ARMSTRONG; WATERS, 2007; ARMSTRONG
et al., 2008). Elas se caracterizam por reunir, avaliar criticamente e sintetizar os resultados das
pesquisas originais focando uma pergunta específica (GREENHALGH, 2008; HEMINGWAY;
BRERETON, 2009). Desde que haja homogeneidade entre os estudos, uma RS pode efetuar a me-
tanálise desses dados. A metanálise (M) é a análise quantitativa (estatística) para estimar a forma
conjunta os resultados dos estudos (CROMBIE; DAVIES, 2009). A M possibilita melhorar a esti-
mativa do tamanho do efeito e aumentar o poder estatístico do resultado que pode então ser extrapo-
lado e/ou generalizado (GUYATT et al., 2011b). Como fontes de informação no processo decisório,
devem ser abrangentes quanto aos temas e tipos de estudos que analisam e avaliam.
A partir da década de 80, as RS tornaram-se muito conhecidas no âmbito da MBE, cujo
conceito formaliza teoricamente a prática da consulta à literatura em busca de informações para so-
lucionar os questionamentos e embasar as decisões da prática médica. A ideia de revisar sistemati-
camente a pesquisa não é algo novo. Em 1891 o periódico American Journal of Psychology publi-
cou um artigo de Herbert Nichols que descrevia a evidência acumulada de 22 estudos experimentais
sobre a validade da Lei de Weber, uma lei que descreve a mínima diferença que pode ser percebida
entre dois estímulos, que mostrava os dados tabulados e uma descrição sistemática para estabelecer
que a maior evidência era contrária à lei de Weber. A partir de 1900 é possível encontrar diversos
trabalhos denominados e desenhados no estilo de revisões sistemáticas. A metanálise mais antiga
que se tem notícia foi feita no final dos anos 1970 quando Glass e Smith meta-analisaram 375 estu-
dos sobre a efetividade da psicoterapia (PETTICREW; ROBERTS, 2006).
A explosão das publicações na área de saúde na segunda metade do século XX, quan-
do se contabilizaram cerca de 20 mil periódicos científicos e 2 milhões de artigos por ano in-
viabiliza a tomada de decisões com base nos estudos primários (HEMINGWAY;
BRERETON, 2009). Mesmo em uma única área de conhecimento, o grande número de estu-
dos pode resultar em informações pouco claras, confusas ou contraditórias. Esse excesso de
informação levou à adoção de revisões da literatura (KETCHAM; CRAWFORD, 2007) que,
38
(Canadá US Public Policy; UK Public Policy, DECIT, Brasil). Nesse caso, as RS podem pro-
ver síntese ou sumários confiáveis sobre a evidência atualizada. Um ministro inglês resumiu
nessas palavras porque os políticos gostariam de contar com RS de qualidade e pertinentes:
As revisões sistemáticas não receberam credito suficiente comparado com
novas coleta de dados [...] nós não estamos interessados em correlações inú-
teis baseadas em pequenas amostras das quais é impossível extrair conclu-
sões generalizáveis [...] nós preferimos estudos que combinam informação
quantitativa e em larga escala sobre o tamanho dos efeitos, que vai nos per-
mitir generalizar, inclusive com estudos de caso aprofundados que fornecem
ideias sobre como os processos funcionam.7(BLUNKETT, 2000 apud PET-
TICREW; ROBERTS, 2006, p. 11).
7
“Systematic reviews have not been given sufficient credit compared with new data collection […] we’re not
interested in worthless correlations based on small samples from which it is impossible to draw generalizable
conclusions […] We welcome studies which combine large-scale, quantitative information on effect sizes which
will allow us to generalise, with in-depth case studies which provide insights into how processes work”.
40
avaliados por pares de modo que possam ser replicados, se necessário (HEMINGWAY;
BRERETON, 2009).
Nas Diretrizes para elaboração de RS do DECIT (BRASIL. MINISTÉRIO DA
SAÚDE; SECRETARIA DE CIÊNCIA TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATÉGICOS;
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2012), foi elaborado um quadro que
resume a importância das RS, e que ilustra bem este assunto:
Devido ao êxito e a credibilidade da RS, sua produção aumentou drasticamente nos úl-
timos anos (GUYATT et al., 2011b). A Colaboração Cochrane, uma das principais organiza-
ções dedicadas à realização de RS, conta em sua base de dados com mais de 20 mil registros
de RS concluídas e avaliadas. Na base de dados PubMed podem ser recuperados mais de 140
mil registros de RS e M. Porém, nem todas as revisões foram produzidas com meticuloso cui-
dado, portanto os achados podem ser enganosos ou as análises podem ser deficientes. O mé-
todo seguido nas RS está sendo submetido a uma permanente avaliação, enfatizando que na
qualidade do método reside o valor dos seus resultados. Às RS produzidas pelas equipes da
Colaboração Cochrane, reconhecidas como excelentes na aplicação do método, ainda são
apontados problemas, inconsistências e defeitos na sua elaboração (JADAD et al., 1998; OL-
SEN et al., 2001; SHEA et al., 2002; DELANEY et al., 2007;), e seus resultados nem sempre
se traduzem em evidências, muito porque ha carência de estudos originais de qualidade e em
quantidade suficiente (EL DIB, 2006).
41
reportar RS com foco na Equidade em Saúde (WELCH et al., 2012) eMOOSE (Meta-analysis
Of Observational Studies in Epidemiology) (STROUP, 2000).
Uma RS requer inicialmente que se verifique a sua necessidade e pertinência. De mo-
do geral as seguintes circunstâncias justificam a realização de uma RS:
1) quando não se tem certeza sobre a efetividade de um determinado serviço
ou política e existem estudos prévios sobre o tema;
2) em estágios precoces de desenvolvimento de políticas quando é necessá-
rio obter evidências dos efeitos prováveis de certa intervenção;
3) quando existe uma ampla gama de pesquisa sobre um tema, porém ques-
tões chave ainda permanecem sem resposta, tais como tratamento, preven-
ção, diagnostico ou etiologia ou questões sobre as experiências das pessoas;
4) quando é necessário ter um panorama geral da evidência sobre um tópico
para direcionar futuros esforços de pesquisa;
5) quando é necessário ter um panorama válido de pesquisas e metodologias
anteriores para promover o desenvolvimento de novas metodologias8[tradu-
ção livre]. (PETTICREW; ROBERTS, 2006, p. 21).
Em vista disso há uma ampla gama de perguntas que poderiam ser respondidas com
uma RS tais como: sobre efetividade, diagnóstico, fatores preventivos, associação entre inter-
venções e resultados, prevalência, significados de intervenções sociais, a influência dos even-
tos na vida das pessoas, como as intervenções são implementadas, questões metodológicas
sobre como funciona determinada ferramenta de pesquisa, melhores práticas de métodos de
pesquisa, questões econômicas, de custo-efetividade, de custo-benefício, entre outras
(PETTICREW; ROBERTS, 2006).
Basicamente o método consta dos seguintes passos (HIGGINS, 2011):
a) formulação da pergunta e definição de critérios de inclusão e exclusão;
b) busca e seleção dos estudos;
c) avaliação da qualidade dos estudos;
d) coleta dos dados
e) análise dos dados e
f) interpretação dos resultados.
Uma pergunta de revisão sistemática deve ser clara e muito específica de modo a per-
mitir obter uma resposta por meio de estudos individuais que serão analisados em conjunto na
8
1. “When there is uncertainty, for example about the effectiveness of a policy or a service, and where there has
been some previous research on the issue. 2. In the early stages of development of a policy, when evidence of the
likely effects of an intervention is required. 3. When itis known that there is a wide range of research on a sub-
ject but where key questions remains unanswered – such as questions about people’s experiences. 4. When a
general overall picture of the evidence in a topic area is needed to direct future research effort. 5. When an accu-
rate picture of past research, and past methodological research is required to promote the development of new
methodologies”.
43
revisão. Isso significa que a pergunta terá de trazer implícitos o seu objetivo e seus limites. A
pergunta não pode ser nem muito ampla, nem muito vaga, casos em que uma revisão de litera-
tura seria mais adequada.
Quando possível, a técnica PICO pode ser utilizada para formular a pergunta
(SCHARDT et al., 2007; HEALTH-EVIDENCE, 2009). Esta técnica consiste em descrever
claramente os seguintes componentes da pergunta: a população, pessoas ou problema de inte-
resse (P); a Intervenção ou a intenção com respeito à realidade ou problema (I); a comparação
com a intervenção em uso, técnicas similares ou com não intervenção (C) e o Desfecho (out-
come, no original em inglês) ou resultados que se deseja obter ou conhecer (O). Por exemplo,
ao avaliar a possibilidade do estabelecimento de uma política de incentivo ao trabalho dos
profissionais da saúde em cidades do interior de áreas rurais pobres, a População constituiria
(P= população rural pobre ), a Intervenção seria (I= pagamento de salários mais altos aos pro-
fissionais da saúde ), a Comparação seria (C= pagamento de salários nos valores atuais), e o
Resultado seria (O= aumento do número desses profissionais na área rural pobre? (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2012).
Mesmo sendo específica, a pergunta carece de esclarecimentos e acordos entre a equi-
pe, isto é, deve-se estabelecer critérios que nortearão a busca e seleção dos estudos. Os crité-
rios devem ser autoexplicativos ou então se deve justificar os motivos que levam a adotar tal
critério. Por exemplo, se um critério de seleção é a data de publicação, esta deverá ter alguma
justificativa lógica e decisiva para o tema. Caso se tratasse da efetividade de um medicamen-
to, a data limite poderia ser a partir do começo da utilização de tal medicamento, por exem-
plo.
Alguns dos critérios de seleção mais utilizados são: o tema e suas especificidades, a
data de publicação, idioma, desenho ou metodologia do estudo, população estudada, número
de casos incluídos no estudo, entre outros. Os critérios enunciados são, por sua vez, fonte de
palavras-chave para construir as estratégias de busca.
A unidade de análise da RS é, portanto, um estudo primário e para cada tipo de ques-
tão existe um tipo de desenho metodológico considerado como padrão-ouro. Devido a grande
quantidade de temas médicos e aos aspectos multidisciplinares da saúde, este ponto é o mais
controverso, pois ainda não há unanimidade sobre os desenhos e a capacidade de cada um em
responder com evidências (BAXTER et al., 2010). Selecionar o melhor estudo para responder
à pergunta é um passo chave no processo e por isso é necessário conhecer a literatura da área
de saúde, que de forma resumida apresenta-se no Quadro 3.
44
LITERATURA MÉDICA
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
(pesquisas originais) (revisões das pesquisas originais)
Vários argumentos são comumente usados para rejeitar um papel mais am-
plo para revisões sistemáticas, e esses argumentos são muitas vezes baseados
em equívocos sobre a história, a finalidade, os métodos e usos das revisões
sistemáticas9 (PETTICREW, 2001, p. 99) [tradução livre]
Quanto aos temas investigados se observa uma grande variedade na área de saúde pú-
blica por lidar com problemas que afetam as populações e porque a questão da saúde não se
refere apenas ao tratamento e diagnóstico de doenças. Pelo contrário são problemas amplos
que perpassam diversas áreas do conhecimento e que refletem sua natureza multidisciplinar
(MINAYO, 2009). A pesquisa relevante para a saúde pública é aquela que avalia as interven-
ções quanto a sua efetividade, mas também quanto às questões éticas, econômicas e de presta-
ção de contas à sociedade (WATERS et al., 2006). São importantes as pesquisas que “investi-
guem a natureza e a extensão dos problemas de saúde subjacentes e suas causas etiológicas
9
Several arguments are commonly used to reject a wider role for systematic reviews, and these arguments are
often based on major misconceptions about the history, purpose, methods, and uses of systematic reviews.
48
Na busca das evidências é necessário utilizar recursos de informação, tais como bases
de dados bibliográficas (BD), catálogos de bibliotecas de livros, teses e dissertações, repositó-
rios, entre outros. Os recursos informacionais mais eficientes para as buscas são as BD biblio-
gráficas (GREENHALGH, 2008; MCKIBBON et al., 2011). Estas são compostas de um sof-
tware estruturado para coletar, armazenar e fornecer informação constituindo coleções de re-
gistros de documentos que, segundo sua finalidade, são reunidos de acordo com uma área te-
mática (BD de periódicos de medicina, por exemplo) ou pertencentes a uma instituição (do-
49
cumentos da OMS, por exemplo). Estes registros, elaborados numa estrutura de campos, po-
dem ser recuperados através de algoritmos de busca que percorrem seus conteúdos. Os traba-
lhos referenciados podem ser livros, artigos e documentos em diferentes tipos de suporte, im-
presso ou eletrônico, dependendo da especialização da base de dados.
digital, como são teses e dissertações, anais de eventos científicos, revistas anteriores as datas
de indexação nas bases de dados (GREENHALGH, 2008). Um estudo demonstrou que apro-
ximadamente 10% de estudos localizados nas buscas manuais faziam parte das RS publicadas
(MALLETT; HOPEWELL; CLARKE, 2002) e que podiam influenciar os resultados das RS
e metanálise (MCAULEY et al., 2000). Também se sabe que mais da metade dos trabalhos
apresentados em congressos nunca são publicados ou o são de forma diferente daquela apre-
sentada nos congressos (SCHERER; LANGENBERG, 2003).
Para contornar esse problema, recomenda-se que sejam mantidos contatos com especi-
alistas e autores da área em estudo, assim como a consulta a recursos que informem sobre es-
tudos em andamento (PETTICREW; ROBERTS, 2006). Neste aspecto é importante destacar
a plataforma Current Controlled Trials (www.controlled-trials.com) que é a maior base de da-
dos internacional de estudos clínicos controlados registrados completos ou em andamento,
com recursos em vários idiomas e a base Community Research and Development Information
Service (CORDIS) (cordis.europa.eu/search/index.cfm). Esta base foi desenvolvida pela Uni-
ão Europeia e oferece detalhes sobre projetos financiados pela comunidade Europeia em qua-
tro idiomas.
Outros sites de registro de ensaios clínicos são o ClinicalTrials.gov, que registra os es-
tudos realizados nos Estados Unidos; o Health Services Research Projects in Progress com
foco em pesquisa clínica nos Estados Unidos e o Federal Research in Progress (FEDRIP) que
é uma base de dados sobre projetos na área de ciências físicas, engenharia e ciências da vida
(ebscohost.com/government/federal-research-in-progress). O Registro Brasileiro de Ensaios
Clínicos (ReBEC), uma plataforma de acesso livre para registro de estudos experimentais e
não-experimentais realizados em seres humanos, em andamento ou finalizados, por pesquisa-
dores brasileiros e estrangeiros (www.ensaiosclinicos.gov.br). No portal do National Institute
for Health Research (NIHR) podem ser consultadas as pesquisas em andamento no Reino
Unido (portal.nihr.ac.uk/Pages/NIHRResearchInfoStatement.aspx);.
Em relação à busca de estudos de temas de saúde pública, é indispensável a comple-
mentação com diversos recursos e procedimentos, uma vez que os estudos podem estar am-
plamente espalhados e publicados em veículos de áreas diversas e nem sempre indexados em
bases de dados. O grupo Cochrane Health Promotion and Public Health Field indica que para
achar evidências em saúde pública é necessário estender as buscas a recursos tais como: pe-
riódicos que abordem temas da área; listas de periódicos compiladas pelas bibliotecas (a
exemplo da Lamar Soutter Library - Lista de periódicos em saúde compilada pela University
of Massachusetts Medical School que contém 710 periódicos; The Core Public Health Jour-
55
nals - lista compilada pela Yale University contém 644 periódicos). Incluir buscas em Reposi-
tórios de Acesso Aberto, institucionais e temáticos também é altamente recomendável
(ARMSTRONG; WATERS, 2007). Na América Latina um recurso importante a ser pesquisado
são as Bibliotecas Virtuais em Saúde temáticas e de instituições da área, como, por exemplo, a BVS
Saúde Pública Brasil, mantida pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
(http://saudepublica.bvs.br)
Quadro 4. Análise de termo para compor estratégia de busca a base PubMed (extrato)
No Quadro 5 se apresenta a estratégia de busca tal qual ficou montada após o estudo
de termos.
58
8. #1 OR #2 = 8.836
9. #3 OR #4 OR #5 OR #6 OR #7 = 14.118.778
10. (#8 ) AND (#9) = 7.680
11. #10 AND (HUMAN OR “PEOPLE” OR “PATIENT” OR “PATIENTS” OR “CASES”
OR “RESIDENTS” OR “MAN”) = 3.940
12. #10 NOT #11 = 3.740
13. #12 NOT ANIMAL[MESH] = 1.686
14. #13 OR #11 = 5.626
59
No Quadro 6 pode-se observar como foi a sequência da busca de acordo com o mode-
lo de Dickersin et al (1994). Esta técnica consiste de três etapas:
1. Inclusão de termos relacionados com a condição, problema ou assunto em estudo
2. Inclusão dos termos relacionados com a intervenção, ou características necessárias
a especificação do tema
3. Inclusão dos termos relacionados com a metodologia dos estudos adequados para o
tipo de assunto em estudo ou condição.
Passo 5 = População
Passo 12-13 = Estratégia para recuperar referências não animal que eventualmente não foram in-
cluídas no Passo 11
Para utilizar as evidências que vem dos estudos clínicos e das RS é necessário estabe-
lecer algum tipo de avaliação que ajude a categorizar os estudos. Para tal, diversas instituições
desenvolveram e empregam sistemas que estabelecem níveis e força da evidência. Uma mes-
ma evidência pode ser categorizada com diferentes níveis e força segundo o sistema utilizado.
A Pirâmide da evidência, que já conta com várias versões, sintetiza como avaliar a
qualidade da evidência (Figura 3):
60
A pirâmide da evidência foi criada para estabelecer a hierarquia dos diferentes níveis
de evidência científica de acordo com os tipos de desenhos de estudos e com base no impacto
de cada um. Cada nível de baixo para cima representa um tipo de estudo com maior rigor,
qualidade e confiabilidade em relação ao nível inferior. Os resultados dos estudos mais acima
da pirâmide são considerados mais acurados, com menor chances estatísticas de erro e com
menor viés nas variáveis que podem influenciar o resultado. A RS encontra-se no topo da pi-
râmide, assim como também as metanálise, por serem considerados os estudos de nível mais
alto de evidência. As revisões críticas e tópicos criticamente avaliados, se bem não são dese-
nhos de estudos em si mesmos, utilizam métodos parecidos com o da RS, são resumos da evi-
dência e por isso tornam-se muito confiáveis.
O Grading of Recommendation Assessment Development and Evaluation (GRADE) é
um sistema bastante conhecido e utilizado que serve para classificar a evidência das RS e
normas de conduta, principalmente aquelas sobre intervenção. O sistema também serve como
guia para desenvolver e apresentar sumários da evidência ao estabelecer critérios para avaliar
as evidências. “O sistema GRADE envolve apreciação inicial da qualidade das evidências,
seguida do julgamento sobre a direção e a força das recomendações” (SCHÜNEMANN et
al., 2011, p. 574). A qualidade da evidência neste sistema é considerada a partir dos seguintes
elementos: desenho do estudo; qualidade do estudo; consistência e objetividade, sendo que a
graduação é a seguinte (ATKINS et al., 2004):
61
Alta - é pouco provável que mais pesquisas alterem a confiança do efeito estimado
Moderada –é provável que mais pesquisas tenham um importante impacto na confian-
ça do efeito estimado e pode alterar a estimativa.
Baixa –é muito provável que mais pesquisas tenham um importante impacto na confi-
ança do efeito estimado e é provável que altere a estimativa
Muito baixa – Qualquer estimativa do efeito é muito incerta.
De acordo com o tipo de estudo o Oxford Centre for Evidence-based Medicine Wor-
king Group(2009) desenvolveu a seguinte categorização (extrato):
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
Este estudo se compõe de uma revisão sistemática da literatura e uma análise de cita-
ções das recomendações.
Para efetuar o trabalho, foi escolhido um tema de saúde pública: repercussões da
amamentação na saúde da criança.
Como a revisão sistemática é objeto e método nesta tese, um capítulo lhe foi dedicado
(Cap.2.4), por isso se dispensa sua explicação neste seção de metodologia.
A pesquisa teve avaliação do Comité de Ética em Pesquisa da Escola Politécnica de
Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz a qual deliberou que este trabalho “não
propõe, em nenhuma de suas etapas, a inclusão de sujeitos de pesquisa de modo direto ou in-
direto” (Anexo II). Não há conflito de interesses e nem houve financiamento nesta pesquisa.
10
EndNote é um programa proprietário gerenciador de referências bibliográficas da Thomson Reuters.
68
termos relacionados aos nomes das bases de dados comumente utilizadas nas revisões siste-
máticas, uma vez que a palavra “revisão” conduz as buscas a inúmeros documentos que não
são revisões sistemáticas. O termo “estratégia de busca” foi identificado como de alta precisão
para localizar revisões sistemáticas. Isto é, em um altíssimo número de revisões sistemáticas
este termo está presente no resumo. 4) Por último cruzaram-se os resultados obtidos em cada
etapa utilizando o operador booleanos “and” para chegar a um número determinado de refe-
rencias que posteriormente foram examinadas de acordo com os critérios de inclusão. Vale
ressaltar que antes de chegar a estes termo e às combinações apresentadas no quadro 7, houve
testes de resultados de cada um de modo a definir quais eram termos eficaces e quais eram
termos ou combinações ineficientes.
As estratégias utilizadas nas demais bases bases de dados encontram-se no Quadro 8.
Quadro 8. Estratégias de busca e data da última revisão, utilizada nas bases Lilacs,
Ibecs, Cochrane Library, Scopus, Web of Science e SciELO.
Uma vez concluída esta primeira seleção, o texto completo dos artigos selecionados e
daqueles em dúvida foram lidos para proceder a uma nova seleção que dirimisse dúvidas da
primeira seleção; a coleta de dados e avaliação da qualidade.
Para avaliar o grau de concordância entre os dois revisores utilizou-se o teste estatísti-
co Kappa que mede o grau de concordância além do que seria esperado tão somente pelo aca-
so (TRONCOSO; OKANO, [2001]). Seus valores variam de -1 a 1, onde o valor -1 representa
discordância total, o 1 representa concordância total e o valor 0 a ausência de concordância ou
igual ao acaso. Landis & Koch (1977) agrupam os valores de Kappa nas seguintes faixas de
concordância: <0 (ausente); 0 a 0-0.19 (ruim ou insignificante); 0.20-0.39 (razoável), 0.40-
0.59 (moderada); 0.60-0.79 (substancial); 0.80-1.00 (quase perfeita).
Além dos critérios de inclusão explicitados foi necessário tomar algumas decisões que
caracterizam este estudo e que de certa forma afetaram a análise dos resultados. Isto é, algu-
72
mas RS encontradas correspondem ao mesmo estudo, ora publicado como atualização, ora
publicado em outro meio. A rigor, estes deveriam ser considerados duplicados e somente um
estudo participar da seleção. Porém, como esta RS está atrelada a um estudo exploratório
maior, o fato de estar citada em uma RO constou para a seleção, não importando se tratar do
mesmo estudo.
Para a análise dos dados foram excluídas as duplicidades somente em caso do mesmo
estudo ter sido publicado em mais de um local, uma vez que as atualizações de uma RS apre-
sentam resultados diversos que devem ser levados em conta na análise. Exceto para a análise
temática quando foram apenas considerados os estudos únicos para não aumentar artificial-
mente as medidas de prevalência.
Foram contabilizados os dados de origem de cada RS por países e instituições. Os ti-
pos de estudos foram identificados e contabilizados. Foram feitas análises da quantidade de
RS que efetuaram avaliação da qualidade dos estudos incluídos assim como das ferramentas
utilizadas.
A partir dos temas dos estudos únicos, isto é RS sem duplicados ou atualizações, se
fez uma análise dos assuntos tratados e que tinham sido classificados de acordo com o DeCS.
Para contabilizar este resultado se fez uma agrupação por afinidade e relacionamento, consti-
tuindo 13 grupos temáticos:
1. Obesidade. Sobrepeso (na infância e na vida adulta)
2. Doenças do sistema imunológico. Sistema imune
3. Crescimento; Desenvolvimento (infantil, do prematuro e do baixo peso ao
nascer)
4. Diabetes Mellitus Tipo1 e 2 (na infância e adulto)
5. Doenças Intestinais
6. Hipertensão; Colesterol
7. Infecções; Doenças Transmissíveis
8. Neoplasias (infantil e adulto)
9. Morbidade; Mortalidade Infantil
10. Inteligência; Cognição
11. Cárie dentária; Má Oclusão
12. Dor/prevenção e controle
13. Doenças Metabólicas.
Por último se fez uma avaliação do resultado da aplicação do Amstar, identificando e
quantificando as RS em alta, média ou baixa qualidade. Foram contabilizadas também as pon-
73
tuações por cada item do questionário para visualizar quais eram as falhas metodológicas
mais frequentes assim como também os itens melhor atendidos nas RS.
Estabeleceu-se neste estudo que “Recomendações oficiais de saúde” (RO) são todos
os documentos elaborados por organismos internacionais de saúde, instituições governamen-
tais da área de saúde em qualquer nível, organizações não-governamentais, associações ou
colégios de profissionais da área de saúde ou relatórios derivados de reuniões de especialistas
com reconhecida atuação na área de saúde, encomendados por instituições de saúde.
Quanto ao conteúdo das RO, tomou-se como modelo para esta seleção o trabalho de
Burda, Chambers e Johnson (2014), que analisaram as recomendações da OMS e os tipos de
documentos por eles considerados como recomendações. Optou-se em um primeiro momento
por selecionar aqueles documentos que expunham uma política, declaração, guia, posiciona-
11
“[...] is any document containing recommendationsabout health interventions, whether these are clinical, pub-
lic health or policy recommendations. A recommendation provides information about whatpolicy-makers,
health-care providers or patients should do.[...] Guidelines are recommendations intended to assist providers and
recipients of health care and other stakeholders to make informed decisions.
74
mento, parecer, enunciado ou que se denominassem como recomendação, guia, diretriz, orien-
tação, consenso ou protocolo com relação ao tema e com possível influência direta na atuação
do profissional de saúde, policymakers ou instituições de saúde, excluindo os documentos
elaborados exclusivamente para o público em geral. Desse modo, foram considerados docu-
mentos no formato de artigos, cartilhas e folhetos, impressos ou digitais e páginas web.
Posteriormente, houve necessidade de ampliar o espectro de documentos selecionados,
uma vez que no Brasil os conteúdos acima mencionados não se encontravam bem representa-
dos nas publicações do Ministério da Saúde. Constatou-se que frequentemente se elaboram
manuais, capítulos de livros e conteúdos para cursos, assim como relatórios técnicos que são
encomendados aos especialistas, e são estes os documentos que permitem conhecer o posicio-
namento do órgão com relação ao tema. Tal tipo de material também foi classificado como
recomendação no trabalho de Burda, Chambers e Johnson (BURDA; CHAMBERS;
JOHNSON, 2014).
Não foi colocado nenhum limite quanto à data de publicação destes documentos com
o intuito de ser o mais abrangente possível, mesmo tendo presente que algumas deles poderi-
am estar obsoletos, ou em desuso. Para os casos onde estava explícito se tratar de uma atuali-
zação, a versão mais recente foi selecionada. Esta decisão deve-se ao fato de que o uso de RS
em RO não ser algo recente, e mediante este levantamento poder-se-ia verificar a partir de que
data elas se tornaram mais citadas nas RO, mesmo que restrito ao tema específico desta pes-
quisa.
Apesar do United States Breastfeeding Committee (USBC) ser composto por mem-
bros votantes das instituições listadas abaixo, optou-se por acessar de forma independente ca-
da uma delas:
ferência ao documento em inglês, pois geralmente é o mais atualizado. Nos casos em que não
havia equivalente em inglês, a versão em português ou espanhol foi selecionada.
No sítio brasileiro da Unicef (www.unicef.org.br), verificaram-se todas as publica-
ções que estivessem relacionadas ao tema, bem como os links para relatórios, boletins, legis-
lação, normativas, documentos e declarações. O sítio da Unicef internacional em inglês
(http://www.unicef.org) também foi pesquisado, especialmente a página de Publicações.
As outras instituições internacionais que foram investigadas são:
Wellstart International
International Lactation Consultant Association
Emergence Nutrition Network
International Council of Nurses
World Alliance For Breastfeeding Action - WABA
International Confederation of Midwives
International Pediatric Association
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
Save The Children
Todos os documentos identificados foram recuperados em texto completo, sendo que a
maioria estava disponível gratuitamente na web, alguns foram solicitados a bibliotecas nacio-
nais e internacionais e dois foram adquiridos pela pesquisadora.
das para a Infância (UNICEF), World Alliance for Breastfeeding Action (WABA)
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e Internatio-
nal Lactation Consultant Association (ILCA);
d) Organização filantrópica independente de saúde (OFI) incluindo aqui instituições
civis com finalidades de interesse público que não tem fins lucrativos, e atuam de
forma independentes do governo e que estivessem vinculadas ao tema e produzissem
material científico para profissionais de saúde. Optou-se por utilizar a denominação
assumida pela instituição em sua página web ao invés de classificá-la como Organi-
zação não governamental (ONG) para evitar incorrer em erros quanto à figura legal de
cada instituição.
TIPO/ ABRE-
INGLÊS DEFINIÇÃO
VIATURA
Política Policy/ São declarações que esclarecem a intenção, descrevem os
P Policy state- meios pelos quais uma empresa ou instituição administra a
ment política e define os elementos da mesma.
Fonte: http://www.ehow.com/about_5527229_policy-
statement.html#ixzz32Yj6YVeo
Relatório Técnico/ Special Report/ Nota técnica, Relatório Especial, Relatório Técnico; Revisão
Nota Técnica/ Summary Re- Sistemática encomendada por uma instituição de saúde para
Posicionamento port/ embasar/orientar decisões. Este tipo de documento tem que ter
técnico/ Technical uma instituição como autora ou responsável pela publicação.
Ferramentas statement/
RT Relatório técnico - Trabalho que consiste em relatório formal
dando detalhes da pesquisa e dos resultados de um problema
médico ou científico. Quando publicada por um órgão gover-
namental ou agência oficial, seu conteúdo pode ser secreto ou
não, de acordo com as medidas de segurança. Este tipo de pu-
blicação também pode cobrir um artigo científico ou o estado
atual ou posição atual de uma pesquisa científica e seu desen-
volvimento. Se o editor lhe der este rótulo, este tipo de publi-
cação pode ser adequadamente utilizado em trabalhos publica-
dos em periódicos.
Fonte: Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) -
http://decs.bvs.br:
Manuais/ Manual/ Manuais, cursos, capítulos de livro e material elaborado para
Capítulos para Chart booklet/ servir de apoio a técnicos e profissionais de saúde.
livros/ Model chapter
Apostilas para for textbooks/
cursos/ Tool or Toolkit/
MCL Operation Manual
85
sária para garantir que não houvessem perdas, uma vez que esta etapa foi feita unica-
mente pela autora;
d) na planilha RO foi adicionada uma nova coluna -“Citações”, onde foi colocado o
código correspondente de cada RS citada e outra coluna contendo o número total de
RS citadas nesse documento. Isto foi feito como medida de controle, para que as in-
formações de uma e outra tabela fossem consistentes e, por conseguinte, uma menor
taxa de erro possível.
5. RESULTADOS
Sem
Base de Dados Resultado 1a. Seleção*
duplicadas
PUBMED 638 236 236
LILACS 275 44 11
IBECS 47 2 0
COCHRANE REV SIST 292 0 0
COCHRANE METODOL 9 1 0
DARE 52 5 5
SCOPUS 1530 160 25
WEB OF SCIENCE 1799 154 32
SCIELO 4 2 0
BUSCA MANUAL 5 5 5
TOTAL 4651 609 314
* Seleção através da leitura do título
Na segunda seleção dupla e cega, feita através da leitura dos títulos e resumos, e apli-
cação dos critérios de inclusão, foram eliminados 216 artigos. Na revisão dupla e cega dos
textos completos dos 98 artigos restantes foram excluídos 31 artigos pelos seguintes motivos:
24 não eram RS (AGUIAR; SILVA, 2011; BALABAN; SILVA, 2004; DUNCAN; SEARS,
2008; ELSOM; WEABER, 1999; FILTEAU, 2000; GOLDING; EMMETT; ROGERS, 1997;
GOLDING; ROGERS; EMMETT, 1997; HANSON, 1998; HEINIG; DEWEY, 1996; JACK-
SON, 1977; JAIN; CONCATO; LEVENTHAL, 2002; LEITE; CASTRAL; SCOCHI, 2006;
MATHESON; ALLEN, K; TANG, 2012; OWEN, 2011, RADTKE, 2011; ROJAS; CAUS-
SADE, 2004; SEGURA et al., 2002; SILVA; SCHNEIDER, STEIN, 2009; STERLING; RI-
CHARDSON; ELLIS, 2003; TURCK, 2007; WHO, 2000; RIBEIRO; RIBEIRO, 2004;
PEREIRA; ALFENAS; ARAUJO, 2014; ODDY; PEAT, 2003); 2 por não serem do tema es-
pecífico (UHARI; MANTYSAARI; NIEMELA, 1996; WIJNDAELE, K. et al., 2009); 2
eram comentários sobre RS já selecionadas neste estudo (BICK, 1999; DAS, 2004); e 3 por
serem de idioma distinto daqueles definidos nos critérios de inclusão (LOLAND; BAERUG;
NYLANDER, 2007; WEISS, SHEHADH, ETZIONI, 1999; MERTENS; VANDENPLAS,
1998). Nesse último caso, ao utilizar o tradutor automático do resumo, pode-se verificar que
não eram de fato RS. Deste modo 67 RS fizeram parte desta revisão. O teste Kappa de con-
cordância entre os revisores para esta seleção apresentou um valor igual a 0,68, considerada
como boa ou substancial.
O diagrama de fluxo segundo o modelo PRISMA (LIBERATI et al., 2009) se encontra
a seguir na figura 5. (A lista de referências dos artigos selecionados e excluídos encontra-se
no Apêndice 1 e 2).
92
Selecionados por
título e resumo Excluídos
(n = 216)
Elegibilidade
(n = 314)
Estudos incluídos
(n =67)
93
M = Se realizou metanálise no estudo; N=Não; C = Coorte; CC = Caso-controle; CS= Cross-sectional (estudo transversal); RCT= Ensaio clinico controlado e randomizado;
OUT = Outros tipos de estudos; NI = Não informa o tipo de estudo nem a quantidade; AM= Amamentação.
* Os desfechos avaliados em Hornell 2013 foram: crescimento na infância, sobrepeso e obesidade na vida adulta; doença atópica, asma ou alergia; doenças infecciosas (otite
media, infecções gastrointestinais, infecções do trato respiratório), desenvolvimento cognitivo e neurológico, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, hipertensão, tole-
rância à glucose e resistência à insulina.
** Os desfechos avaliados em Horta 2007 foram: hipertensão na vida adulta, colesterol na vida adulta, sobrepeso e obesidade na vida adulta; risco de diabetes tipo 2; con-
quistas escolares e níveis de inteligência.
*** Não considerada na análise dos dados por ser um estudo já publicado em outro local
100
Quanto aos temas abordados nas RS optou-se por analisar apenas os estudos
únicos (60), excluindo os duplicados (KRAMER; KAKUMA, 2004; SHAH; ALI-
WALAS; SHAH, 2007) e as atualizações do mesmo estudo (HENDERSON; AN-
THONY; McGUIRE, 2001b; KRAMER; KAKUMA, 2002a; 2002b; 2009; SHAH;
ALIWALAS, SHAH, 2006), mantendo as versões mais atuais. Esta decisão foi toma-
da para evitar o aumento artificial da prevalência de temas, uma vez que, por exem-
plo, existe um estudo com 5 versões diferentes em nossa revisão. Alguns estudos in-
cluem mais de um tema, por isso se observa que o total de temas é superior ao total de
estudos (Tabela 3).
Na composição dos grupos temáticos o tópico infecções incluiu estudos sobre
infecções por Helicobacter pylori, infecções gastrointestinais, infecções respiratórias,
infecções oportunistas e otite média; o tema doenças do sistema imune agrupou os
estudos sobre asma, rinite alérgica perene, dermatite atópica e doenças alérgicas. O
grupo sobre as doenças intestinais inclui os estudos sobre doença celíaca, enterocolite
necrosante e doenças inflamatórias intestinais. O tema mortalidade infantil contempla
estudos sobre morbi-mortalidade por diarreia infantil, mortalidade por pneumonia, morta-
lidade por doenças cardiovasculares e morte súbita do latente. Outro grupo é o que
aborda neoplasias, onde além dos estudos gerais sobre câncer na infância ou na vida
adulta incluíram-se os estudos sobre leucemia e linfoma Hodgkin.
Os 13 grupos temáticos gerados abrangem uma variedade de assuntos com
uma prevalência de Composição corporal, obesidade e sobrepeso (16,3%); Doenças
do sistema imunológico (16,6%) e Crescimento e desenvolvimento (15%). Individu-
almente o tema Obesidade foi o prevalente (13,3%).
25"
22"
20"
15"
11"
10" 8" 8"
6" 6"
5" 4"
1" 1"
0" 0" 0"
0"
nota0" nota1" nota2" nota3" nota4" nota5" nota6" nota7" nota8" nota9" nota10"nota11"
Quantidade"de"RS"
Protocolo"anterior" 16,4%"
Seleção"e"extração"duplicada" 56,7%"
Busca"biliográ:ica" 64,2%"
Literatura"cinzenta" 29,9%"
Lista"de"estudos" 52,2%"
Características"dos"estudos"incluídos" 91,0%"
Avaliação"da"qualidade"dos"estudos" 68,7%"
Qualidade"considerada"nos"resultados" 56,7%"
Combinação"de"estudos"apropriada" 65,7%"
Viés"de"publicação"avaliado" 32,8%"
Con:lito"de"interesse"informado"0,0%"
0%"10%"20%"30%"40%"50%"60%"70%"80%"90%"
100%"
Tabela 5. Revisões sistemáticas citadas nas Recomendações oficiais de saúde por ordem alfabética do primeiro autor (as RO podem ser
identificadas por meio do código nas tabelas 13 a 15)
Valaitis Cárie Dentária R124+R135 3 S Estudos de qualidade mode- Falta de consistência me-
2000 rada indicam que AM duran- todológica dos estudos na
te1 ano e à noite após a erup- associação entre AM e
ção dos dentes, pode estar cáries. Inconsistência na
associada à cáries na infância. definição de cáries e AM.
Não se pode definir o mo-
mento em que a criança deva
ser desmamada e os pais de-
vem cuidar da saúde oral do
bebê desde cedo.
AM= Amamentação ou amamentar ou amamentado(s); AF = Alimentado com fórmula; BPN = Baixo peso ao nascer; DeCS = Descritores em
Ciências da Saúde; N = Não; PT = pré-termo; S = Sim
* Trata-se do mesmo estudo publicado em diferentes locais e ano, sendo que a versão 2009 é uma atualização realizada em 2007 e que foi acessada na base de dados da Co-
chrane em 2009, por isso foi citada como sendo publicada em 2009. Todas tem o mesmo numero de registro Cochrane - CD003517. Todas foram citadas nas RO.
** Trata-se do mesmo estudo, publicado em diferentes locais em diferente ano e citado na mesma RO.
114
Quadro 10. Análise das conclusões dos autores segundo efeitos da amamentação na
saúde da criança como reportados nas RS.
45%#
40%#
35%#
30%# 27%#
24,3%#
25%#
20%#
13,5%#
15%# 10,8%#
8,1%# 8,1%#
10%# 5,4%#
5%# 2,7%#
0%# 0%# 0%# 0%#
0%#
NOTAS#AMSTAR#
0# 1# 2# 3# 4# 5# 6# 7# 8# 9# 10# 11#
RS#CITADAS# RS#NÃO#CITADAS#
117
A maioria das RS citadas, assim como as que não foram citadas, foi publicada
no Reino Unido (36,6% e 24,3% respectivamente), seguida do Canadá (23,3% das RS
citadas) e dos Estados Unidos (18,9% das não citadas). Entre as citadas, as RS norte-
americanas representaram o 16,7% do total. A Austrália publicou 16,2% das RS não
citadas, mas nenhuma RS australiana foi citada. Uma RS do Brasil (3,3%) foi citada
nas RO e três (8,1%) não foram citadas. As revisões não citadas são provenientes de
13 países, enquanto que apenas 7 países estão representados nas RS citadas (Tabela 8).
Cerca de 40% das RS citadas e não citadas não efetuaram uma avaliação dos
estudos originais incluídos nas revisões. Quando avaliados, os critérios mais utiliza-
dos foram os Critérios da Cochrane (33,3% e 13,5% respectivamente) (Tabela 9).
CASP = Critical Appraisal Skills Programme; SIGN = Scottish Intercollegiate Guideline network;
CHERG = Child Health Epidemiology Reference Group grading system; QAT = Quality Assessment
Tools; NIHR-CRD = National Institute for Health Research Centre for Reviews and Dissemination
Quanto à temática analisaram-se apenas os estudos únicos por grupo, que fo-
ram 26 dentro do grupo das RS citadas, e 37 dentro das RS não citadas. Quase todos
os grupos estavam presentes tanto nas RS citadas como nas não citadas, à exceção das
doenças metabólicas sobre as quais não havia nenhuma RS entre as citadas. O grupo
temático prevalente entre as citadas foi Composição corporal, obesidade e sobrepeso
(24%) e entre as não citadas foram Crescimento e desenvolvimento e Doenças do sis-
tema imunológico (21,6% cada um) (Tabela 10).
119
Tabela 10. Comparação por grupos temáticos (estudos únicos) entre as RS citadas e
não citadas
Tabela 11. Temas específicos das RS comparando RS citadas e não citadas, sua nota Amstar, evidências encontradas e categorias da evidência
Categorias
Tema 1o Autor Ano Amstar Média* Evidências encontradas
Asma
Citada Gdalevich 2001 6 AM exclusiva durante o 1o mês está associada a menores taxas de asma na infância. Efeito
6
protetor substancial da AM em crianças com historia de atopias.
Não citada Brew 2011 8 Não ha evidências do efeito protetor contra a doença em crianças de 5 ou mais anos de ida-
de.
5,6
Hornell 2013 5 Resultados contraditórios. Evidência inconsistente e limitada, sem conclusões Evidência
Dogaru 2014 4 Efeito protetor em crianças. Quanto mais tempo menos risco de desenvolver asma. contraditória
Cognição e inteligên-
cia
Citada Anderson 1999 3 Crianças AM estão associadas a escores significativamente mais elevado no desenvolvi-
mento cognitivo. Quanto maior a duração de AM aumenta o benefício.
Der 2006 0 Pequeno ou nenhum efeito na inteligência da criança. A associação observada anteriormen-
3
te resulta dos fatores de confundimento.
Horta 2007 6 Efeito positivo, aumento do desenvolvimento cognitivo. Aumento relativamente pequeno
no desempenho em testes.
Não citada Walsfisch 2013 6 Efeitos reportados anteriormente devem-se a fatores de confundimento (inteligência da mãe
5,5 e efeitos socioeconômicos) Evidência
Hornell 2013 5 Provável evidência do benefício, quanto maior duração, maior benefício. contraditória
Colesterol
Citada Owen 2002 5 Colesterol total aumentado na infância, mas baixo na vida adulta
5,5
Horta 2007 6 Não há efeito na criança e no adolescente, pequeno efeito na idade adulta Evidência
Não citada Owen 2008 6 6 Menor concentração em adultos AM exclusivamente permanece
Dermatite atópica
Citada Gdalevich 2001a 6 6 Efeito protetor significativo em AM exclusiva, maior em crianças com hereditariedade.
Não citada Yang 2009 5 Não há uma forte evidência do efeito protetor e em crianças com hereditariedade a associa-
5 ção não é significativa Evidência
Hornell 2013 5 Evidência muito limitada não permite afirmar o efeito protetor inconclusa
Desenvolvimento e
crescimento
Citada Kramer 2002/04/09 6/7/8 Não déficit de crescimento em crianças exclusivamente AM durante 6 meses ou mais, de
7
países em desenvolvimento ou desenvolvidos
Não citada Delgado 2013 3 Não se encontrou associação com desenvolvimento infantil. Evidências escassas e contradi- Evidência con-
4
tórias dos efeitos a médio prazo de AM por 2 ou mais anos traditória
121
Categorias
Tema 1o Autor Ano Amstar Média* Evidências encontradas
Hornell 2013 5 Pequena variação no crescimento dos AM exclusivamente.
DMT1
Citada Norris 1996 6 6 Escassa redução do risco pós AM que pode-se dever a viés metodológico dos estudos
Não citada Cardwell 2012 5 Escasso efeito protetor. Pouca evidência de redução do risco depois de 3 meses de AM ex-
clusivo ou não.
Gerstein 1994 4 AM mantida ao menos por 3 meses reduz o risco.
Patelarou 2012 5 Há alguma evidência do efeito protetor de AM na redução do risco. A falta de AM ou AM
4,75
por pouco tempo constitui um fator de risco.
Hornell 2013 5 Evidência provável do efeito protetor. Evidência limitada do forte efeito da AM prolonga-
da. Permanece sem aclaração se os efeitos da AM são do leite ou da anulação de outros Evidência
alimentos ou a baixa prevalência de infecções na criança AM. inconclusa
DMT2
Citada Owen 2006 6 Evidência consistente de redução do risco na vida adulta.
6
Horta 2007 6 Não conclusões definitivas sobre o efeito de AM a longo prazo e risco de DMT2
Não citada Taylor 2005 6 Escassa evidência e possível efeito de AM por pelo menos 2 meses pode reduzir as taxas de
DMT2
5.5
Hornell 2013 5 Provável evidência do efeito protetor. A evidência forte do efeito de longa duração de AM Evidência
é limitada. nova
Doença celíaca
Citada Akobeng 2006 8 Reduz significativamente o risco. Maior tempo de AM está associado a uma redução maior
8 do risco. Resta saber se AM somente retarda o aparecimento dos sintomas ou se brinda uma
proteção permanente.
Não citada Nash 2003 4 Evidência de efeito protetor no retardo do aparecimento da doença , porém não protege na
adolescência e na vida adulta.
Henriksson 2013 6 Efeito protetor contra o desenvolvimento de DC e se houver AM quando a introdução do
5 glúten reduz pela metade o risco.
Hornell 2013 5 Provável evidencia do efeito protetor, se o glúten for introduzido em pequenas quantidades
durante AM. Carece saber se a proteção é para o aparecimento ou se é proteção permanen- Evidência
te. nova
Doenças cardiovascu-
lares
Citada Martin 2004 6 Ter sido AM não esta associado a mortalidade por DCV, mas há possibilidades de que AM
6
prolongado esteja associado a um aumento de mortes pro DCV
Não citada Hornell 2013 5 Os dados existentes não trazem evidencia de que AM esteja relacionada com toda causa de Evidência
5
morte por DCV nova
122
Categorias
Tema 1o Autor Ano Amstar Média* Evidências encontradas
Hipertensão
Citada Owen 2003 3 Modesto efeito na redução que não é de importância clinica ou de saúde pública.
Martin 2005 6 Pequena redução da PA e independente do tamanho do estudo. Porém a viés de publicação
5
e de confundimento residuais.
Horta 2007 6 Pequeno e significativo efeito protetor Evidência
Não citada Hornell 2013 5 5 Provável evidência do pequeno efeito redutor. Não efeito na pressão sanguínea da criança. permanece
Leucemia
Citada Kwan 2004 6 AM de curto e longo prazo tem efeito protetor do risco de leucemia linfoblástica e possível
6
efeito em leucemia mieloide
Não citada Martin 2005b 6 Evidência consistente de diminuição do risco de leucemia linfoblástica em crianças AM.
5 Ainda não está claro se a duração de AM influencia ou não. Evidência
Guise 2005 4 Resultados conflitivos em poucos estudos de qualidade não permitem afirmar o efeito. inconclusa
Morte súbita
Citada Hauck 2011 4 4 AM de qualquer duração protege contra morte súbita, se for exclusiva é mais forte o efeito. Evidência
Não citada McVea 2000 7 7 Evidência de redução do risco, porém origem dos dados de baixa qualidade. permanece
Obesidade adulta
Citada Harder 2005 5 Evidência de pequena associação causal. Mais que a exclusividade o prolongamento leva a
uma maior diminuição do risco de obesidade na vida adulta.
Owen 2005a 6 5 Efeito protetor contra obesidade na vida adulta, sem precisão da magnitude do efeito.
Quando ajustados os fatores de confundimento o efeito diminui muito.
Horta 2007 6 Pequeno efeito protetor na prevalência de obesidade, mais que do sobrepeso.
Não citada Hornell 2013 5 Evidência é convincente de que maior duração de AM, exclusivo ou não, está associado a
um efeito protetor contra o excesso de peso e obesidade na infância e adolescência.
Owen 2005b 5 5 Efeito pequeno na redução da média de IMC em sujeitos que foram AM. Esta evidência
não sustenta a indicação de AM com a finalidade de redução de IMC adulta. O aparente Evidência
efeito protetor pode-se dever a efeitos fatores de confundimento. nova
Obesidade pediátrica
Arenz 2004 7 Pequeno e consistente efeito protetor, apesar do viés de publicação e de poucos estudos na
Citada 7
metanálise. Evidência
Não citada Plagemann 2005 2 2 Efeito protetor na redução do risco quando as mães são sadias. permanece
As buscas por RO resultaram em 164 possíveis documentos, que uma vez lo-
calizados em textos completos, foram selecionados de forma dupla e cega segundo os
critérios detalhados no capítulo da Metodologia. Finalmente 101 RO compuseram o
estudo sendo que 26 eram provenientes do Brasil (Tabela 12), 32 norte-americanas
(Tabela 13), 7 canadenses (Tabela 14) e 36 elaboradas por instituições internacionais
de saúde (Tabela 15).
As datas de publicação das RO vão de 1984 a 2013 sendo que mais da metade
(52,4%) foi publicada nos últimos 5 anos do período. Apenas 10 (9,9%) RO foram
publicadas na década de 90.
Quanto ao tipo, 48 (47,5%) documentos foram classificados como recomenda-
ções; 21 (20,8%) como manuais e material para incluir em livros ou cursos para pro-
fissionais da área de saúde; 19 (18,8%) como declaração de posicionamento da insti-
tuição; 8 (7,9%) como políticas públicas de saúde e 5 (5%) como relatórios de especi-
alistas para embasar decisões de saúde.
Ao fazer uma análise discriminando por grupos, observa-se que a maioria das
RO do Brasil (96%) foram publicadas por instituições do governo (Ministério da Saú-
de) e apenas uma por associação profissional (4%). As RO canadenses foram publica-
das por instituições do governo (28,6%), por associações profissionais (42,8%) ou em
conjunto entre ambas (28,6%). As RO norte-americanas foram publicadas em sua
maioria por associações profissionais (56,3%), e instituições do governo (25%). As
instituições filantrópicas independentes norte-americanas publicaram 15,6% e uma
(3,1%) foi publicada pelo braço estadunidense de uma instituição internacional (Ba-
by-friendly USA). As instituições internacionais de saúde que publicaram RO foram
classificadas em: associações internacionais de profissionais (16,6%), instituição in-
ternacional filantrópica independente (2,8%) e organismos internacionais de saúde
(80,6%) (Tabelas 12-15).
De forma individual a instituição que mais publicou foi a OMS, com 23 do-
cumentos seguida do Ministério da Saúde do Brasil, com 22.
124
Tabela 12. Características das Recomendações publicadas no Brasil por ordem alfabética
Tipo Tipo No. de Refe- Total RS
Código Instituição Ano Título
Instituição Documento rências Citadas
R072 IBFAN Brasil Rede Internaci- GOV 2009 Alimentação de lactentes e crianças pequenas em situações de emergên- MCL 9 0
onal em Defesa do Direito de cia: manual de orientações para a comunidade, profissionais de saúde e
Amamentar gestores de programas de assistência comunitária
R075 IBFAN Brasil Rede Internaci- GOV 1999 Benefícios do aleitamento materno e importância dos ácidos graxos de R 28 0
onal em Defesa do Direito de cadeia longa
Amamentar
R003 Ministério da Saúde GOV 2009 Saúde da criança: nutrição infantil. Aleitamento materno e alimentação MCL 145 2
complementar
R005 Ministério da Saúde GOV 2002 Guia alimentar para crianças menores de 2 anos R 295 0
R006 Ministério da Saúde GOV 2006 Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação R 287 2
saudável
R081
Ministério da Saúde GOV 2007 Promovendo o aleitamento materno MCL 0 0
R082 Ministério da Saúde GOV 2008 Iniciativa Hospital Amigo da Criança: Modulo 1- Histórico e implemen- MCL 43 2
tação
R083 Ministério da Saúde GOV 2009 Iniciativa Hospital Amigo da Criança: Modulo 2 – fortalecendo e sus- MCL 257 3
tentando a iniciativa Curso para gestores
R084 Ministério da Saúde GOV 2009 Iniciativa Hospital Amigo da Criança: Modulo 3 – Promovendo e incen- MCL 88 1
tivando a amamentação Curso
R085 Ministério da Saúde GOV 2009 Iniciativa Hospital Amigo da Criança: Modulo 4- Auto-avaliação e mo- MCL 5 0
nitoramento do hospital
R086 Ministério da Saúde GOV 2001 Como ajudar as mães a amamentar? MCL 0 0
R088 Ministério da Saúde GOV 2011 Atenção à saúde do recém-nascido v. 1 Capítulos: Aleitamento materno R 33 2
e Dificuldades no aleitamento materno
R089 Ministério da Saúde GOV 2011 Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso: método canguru MCL 151 0
Manual técnico 2.ed. Mod.3
R089 Ministério da Saúde GOV 2002 Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso: método canguru: MCL 178 1
manual do curso. Sessão 12. Nutrição do recém-nascido
R090 Ministério da Saúde GOV 2010 Dez passos para uma alimentação saudável: Guia alimentar para crian- R 13 0
ças menores de 2 anos. 2.ed.
R093 Ministério da Saúde GOV 2002 AIDIPI Atenção integrada as doenças prevalentes na infância. Curso MCL 0 0
capacitação. Módulo 5 Aconselhar a mãe ou o acompanhante
125
R116 Ministério da Saúde GOV 2010 Alimentação e nutrição para as família dos Programa Bolsa família: MCL 7 0
manual para os agentes comunitários de saúde
R126 Ministério da Saúde GOV 2012 Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Cap. 9. Alimentação R 65 1
saudável p. 132-156
R128 Ministério da Saúde GOV 1984 Assistência integral à saúde da criança: ações básicas R 11 0
R149 Ministério da Saúde GOV 2013 Estratégia nacional para promoção do aleitamento materno e alimenta- P 0 0
ção complementar saudável no SUS – Estratégia Amamenta e Alimenta
Brasil
R162 Ministério da Saúde GOV ca1986 Aleitamento materno e orientação alimentar para o desmame R 0 0
R080 Ministério da Saúde; Rede GOV 2009 Caderno do Tutor Rede Amamenta Brasil MCL 36 0
Amamenta Brasil
R127 Sociedade Brasileira de Pedia- AP 2012 Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia: alimentação do MCL 22 0
tria lactente ao adolescente
D = Declaração; MCL = Material para cursos e livros; P = Política pública; R= Recomendação; RT = Relatório técnico
126
Tabela 13. Características das RO publicadas nos EUA por ordem alfabética
No. Total
Tipo Tipo
Código Instituição Ano Título de RS
Instituição Documento Citadas
Ref
Academy of Breastfeeding AP 2011 Breastfeeding the late preterm infant (34 0/7 to 36 6/7 weeks gestation): ABM R 0 0
R155
Medicine clinical protocol
Academy of Breastfeeding AP 2010 Non-pharmacologic management of procedure-related pain in the breastfeeding R 53 3
R158
Medicine infant
Academy of Breastfeeding AP 2008 Position on Breastfeeding D 24 1
R016
Medicine
Agency of Health Research GOV 2007 Breastfeeding and maternal and infant health outcomes in developed countries RT 420 16
R032
Quality
American Academy of Fam- AP 2013 Breastfeeding, Family Physicians Supporting (Position Paper) D 164 1
R015
ily Physicians
American Academy of Nurs- AP 2011 The Surgeon General's call to breastfeeding action-policy and practice implica- R 14 0
R038
ing tions for nurses
American Academy of Pedi- AP 2012 Policy on dietary recommendations for infants, children, and adolescents P 36 0
R119
atric Dentistry
American Academy of Pedi- AP 2012 Breastfeeding and the use of Human Milk: policy statement P 151 7
R035
atrics
American Academy of Pedi- AP 2011 Sudden infant death syndrome and other sleep-related infant deaths: Expansion of rec- P 65 1
R133 atrics ommendations for a safe infant sleeping environment
American Academy of Pedi- AP 2008 Effects of early nutritional interventions on the development of atopic disease in RT 18 3
R164 atrics infants and children: the role of maternal dietary restriction, breastfeeding, and
timing of introduction of complementary food (Cap Breastfeeding)
American College of Nurse- AP 2011 Position statement D 0 0
R034
Midwives
American College of Obste- AP 2007 Breastfeeding: maternal and infant aspects: Special report from ACOG RT 92 0
R002
tricians and Gynecologist
American Dietetic Associa- AP 2009 Position of the American Dietetic Association: promoting and supporting breast- D 141 5
R017
tion feeding
American Heart Association; AP 2012 Breastfeeding health benefits for mother and child: promoting sound lactation D 13 0
R125 American Stroke Associa- policies in the U.S.
tion
American Public Health AP 2013 An update to A Call to Action on Breastfeeding: a fundamental public health is- P 52 2
R060
Association sue
127
No. Total
Tipo Tipo
Código Instituição Ano Título de RS
Instituição Documento Citadas
Ref
Association of Women's AP 2007 Breastfeeding: Position statement D 0 0
R037 Health, Obstetric and Neo-
natal Nurses
Baby-Friendly USA OI 2010 Baby-Friendly Hospital Initiative Section. Guidelines and evaluation criteria for R 11 1
R040
facilities seeking baby-friendly designation
Centers for Disease Control GOV 2013 The CDC Guide to strategies to support breastfeeding mothers and babies R 90 1
R033
and Prevention
Centers for Disease Control GOV 2005 The CDC guide to breastfeeding interventions R 65 0
R068
and Prevention
Executive Office of the Pres- GOV 2010 Solving the problem of childhood obesity within a generation. Cap. Early child- R 338 3
R045
ident of the United States hood breastfeeding
R027 Institute of Medicine OFI 2011 Early childhood obesity prevention policies R 0 0
National Association of Ne- AP 2009 The use of human milk and breastfeeding in the neonatal intensive care unit: posi- D 59 0
R160
onatal Nurses NANN tion statement
National Association of Pe- AP 2007 NAPNAP position statement on breastfeeding D 10 0
R018
diatric Nurse Practitioners
National Center for Educa- GOV 1997 A review of the medical benefits and contraindications to breastfeeding in the R 142 0
R136 tion in Maternal and Child united states
Health
National Perinatal Associa- AP 2003 Breastfeeding Position Statement D 0 0
R118
tion
R066 National WIC Association OFI 2004 Breastfeeding promotion and support in the WIC Program: position paper D 80 0
U.S. Depart of Health and Hu- GOV 2000 HHS Blueprint for Action on Breastfeeding R 175 2
R019
man Services
U.S. Depart of Health and Hu- GOV 2011 Call to action to support breastfeeding R 298 6
R031 man Services - US Surgeon
General
United States Breastfeeding OFI 2010 Statement on Breastfeeding as critical strategy for obesity prevention D 7 0
R014
Committee
United States Breastfeeding OFI 2002 Benefits of Breastfeeding D 20 4
R022
Committee
United States Breastfeeding OFI 2000 Statement on exclusive breastfeeding R 2 0
R021
Committee
128
No. Total
Tipo Tipo
Código Instituição Ano Título de RS
Instituição Documento Citadas
Ref
United States Preventive GOV 2008 Primary care interventions to promote breastfeeding: U.S. Preventive Services R 11 0
R061
Services Task force Task force recommendation statement.
AP = Associação ou sociedade de profissionais de saúde; D = Declaração; GOV= Instituição governamental; MCL = Material para cursos e livros; OFI = Organi-
zação filantrópica independente; OI = Organismo internacional; P = Política pública; R= Recomendação; RS = Revisões sistemáticas; RT = Relatório técnico
R121 Canadian Pediatric Society AP 2005 Exclusive breastfeeding should continue to six R 10 1
month
R140 Health Canada GOV 2004 Exclusive breastfeeding duration 2004 Health R 15 1
Canada Recommendation
R004 Health Canada; Canadian Paediatric Society; Dieti- GOV; AP 2013 Nutrition for healthy term infants: recommenda- R 206 4
tians of Canada; Breastfeeding Committee for Can- tion from birth to six month
ada
R024 Health Canada; Canadian Paediatric Society; Dieti- GOV; AP 2013 Nutrition for healthy term infants: recommenda- R 204 1
tians of Canada; Breastfeeding Committee for Can- tion from six to 24 month
ada
AP = Associação ou sociedade de profissionais de saúde; GOV= Instituição governamental; R= Recomendação
129
Tabela 15. Características das RO publicas por organismos internacionais por ordem alfabética
Tipo No. de Refe- Total SR
Código Instituição Ano Título
Documento rências Citadas
R057 The Baby-Friendly Hospital Initiative for Neo- 2013 Three guiding principles and ten steps to protect, promote and support R 224 1
natal Wards NEO-BFHI breastfeeding
R151 International Confederation of Midwives 2011 Breastfeeding D 10 0
R138 International Council of Nurses 2013 Position statement Breastfeeding D 9 0
R056 International Lactation Consultant Association 2005 Clinical guideline for the establishment of exclusive breastfeeding R 258 2
R110 International Lactation Consultant Association 2000 Position paper on infant feeding D 283 0
R111 International Lactation Consultant Association 1999 Evidence-based guidelines for breastfeeding management during the R 109 0
first fourteen days
R152 International Pediatric Association 2009 Support for breast feeding from the International Pediatric Associa- D 0 0
tion
R100 Pan American Health Organization 2013 Beyond survival: integrated delivery care practices for long-term ma- R 147 1
ternal and infant nutrition 2. ed.
R092 Pan American Health Organization 2002 Cuantificación de los beneficios de la lactancia materna: reseña de la evi- R 186 2
dencia
R046 Unicef; WHO; Unesco; UNFPA; UNDP; UN- 2010 Facts for life R 0 0
AIDS; WFP; WB
R030 United Nations Children’s Fund 2009 Baby-Friendly Hospital Initiative Section 3: Breastfeeding promotion MCL 38 1
and support in a Baby-friendly hospital: a 20-hour course for materni-
ty staff
R044 Wellstart International 2013 Lactation management self-study modules Level I 4thed MCL 79 2
R144 World Alliance for Breastfeeding Action - WA- 2008 Protecting, promoting and supporting continued breastfeeding from D 16 0
BA 6-24 + month: issues, politics, policies and action
R050 World Health Organization 2013 Essential nutrition actions: improving maternal, newborn, infant and R 381 3
young child health and nutrition
R076 World Health Organization 2013 WHO Recommendations on postnatal care of the mother and new- R 120 0
born
R106 World Health Organization 2013 Guidelines on maternal, newborn, child and adolescent health. Rec- R 49 0
ommendations on child health
R107 World Health Organization 2013 Guidelines on maternal, newborn, child and adolescent health. Rec- R 4 0
ommendations on newborn health
R059 World Health Organization 2011 Statement exclusive breastfeeding for six months best for babies eve- D 1 1
rywhere
R102 World Health Organization 2011 Guidelines on optimal feeding on low birth-weight infants in low- R 114 0
and-middle-income countries
130
R041 World Health Organization; United Nations 2013 Ten step to successful breastfeeding R 0 0
Children’s Fund
R124 World Health Organization; United Nations 2009 Baby-Friendly Hospital Initiative Section 2: Strengthening and sus- MCL 311 6
Children’s Fund taining the Bay-friendly hospital initiative: a course for decision-
makers
R113 World Health Organization; United Nations 2006 Infant and young child feeding counseling: an integrated course 4 v + MCL 40 1
Children’s Fund slides
R055 World Health Organization; United Nations 1993 Breastfeeding counseling: a training course MCL 24 0
Children’s Fund
R054 World Health Organization; United Nations 1989 Protecting, promoting and supporting breast-feeding D 0 0
Children’s Fund
D = Declaração; MCL = Material para cursos e livros; P = Política pública; R= Recomendação; RT = Relatório técnico
131
Tabela 16. Quantidade de recomendações oficiais citantes por ano, e média de citações.
Quantidade Número de
Ano Média
de RO citações
2000 1 2 2
2002 3 7 2,3
2004 1 1 1
2005 2 3 1,5
2006 3 8 2,6
2007 2 17 8,5
2008 3 6 2
2009 7 27 3,8
2010 3 7 2,3
2011 4 10 2,5
2012 3 10 3,3
2013 9 16 1,7
A avaliação da qualidade de um estudo pode ser entendida como um processo que tra-
ta de estabelecer quão próximo da “verdade” seus achados tem probabilidade de estar e se es-
ses estudos são de relevância para um determinado ambiente, paciente ou grupo (CENTRE
FOR REVIEWS AND DISSEMINATION, 2009). Avaliar a qualidade de um estudo signifi-
ca, de modo geral, levar em consideração os seguintes pontos: a) adequação do projeto aos
objetivos da pesquisa, b) risco de viés, c) escolha da medida do desfecho, d) questões estatís-
ticas, e) qualidade do relato f) qualidade da intervenção e g) possibilidade de generalização
dos resultados (CENTRE FOR REVIEWS AND DISSEMINATION, 2009). A importância
de cada um desses aspectos vai depender do foco e da natureza da avaliação, embora se saiba
que a avaliação da qualidade dos estudos produz melhores níveis de confiança dos achados
científicos (LOHR, 2004). Esta pesquisa avaliou a qualidade metodológica da RS por meio do
uso de uma ferramenta validada (Amstar), para identificar e categorizar os trabalhos científi-
cos que geram evidências e fundamentam as recomendações de saúde, mais especificamente,
as recomendações sobre amamentação e sua repercussão na saúde da criança. Em seguida
136
buscou conhecer quais dessas revisões eram citadas nas recomendações oficiais de saúde. Os
dois estudos se entrelaçam e os achados podem ser interpretados de forma conjunta.
Os resultados, de modo geral, indicaram que existem ao menos 65 revisões sistemáti-
cas diferentes publicadas sobre o tema no período de janeiro de 1994 a abril de 2014 e que a
qualidade metodológica dessas revisões é essencialmente média, atingindo em sua maioria 6
pontos em 11, que é a pontuação requerida para obter uma qualidade ótima, segundo Amstar.
Entretanto, dentre as 65 RS identificadas somente 30 foram citadas nas RO. Vale ressaltar
que cerca da metade das recomendações foram publicadas entre 2009 e 2013, quando entre
75% e 97% das revisões já se encontravam disponíveis. Uma observação similar foi reportada
por Oxman, Lavis e Fretheim (2007) que destacaram que as recomendações da OMS faziam
pouco uso das RS, prevalecendo a opinião de especialistas como forma de evidência. Dada a
quantidade de citações existentes nas RO avaliadas (mais de 8 mil), e o baixo número de RS
citadas, pode-se deduzir que foram privilegiadas as citações de estudos originais e de outras
recomendações.
Ao elaborar uma RS, os autores investigam todos os estudos que foram publicados ou
que têm resultados disponíveis sobre o tema, avaliam a qualidade e analisam os dados de for-
ma conjunta. Este “controle de qualidade” tem feito com que as RS e metanálises se tornas-
sem os estudos científicos com o melhor nível de evidência para embasar as políticas e as de-
cisões de saúde (COOK; MULROW; HAYNES, 1997; PETTICREW; ROBERTS, 2006;
WATERS et al., 2006).
Contudo, os resultados encontrados mostraram que a adoção de procedimentos de ava-
liação da qualidade metodológica dos estudos incluídos nas RS (item 7 do Amstar) não foi
empregada em mais de 30% das RS identificadas. Mesmo entre as 45 RS que avaliaram, qua-
se a metade (20) não utilizou ferramentas validadas, mas critérios próprios ou citou artigos de
outros autores que haviam empregado seus próprios critérios sem validação. Algumas revi-
sões adotaram os critérios do manual da Cochrane (HIGGINS, 2011), mas nenhuma utilizou o
CONSORT (MOHER et al., 2010) para avaliar estudos randomizados e controlados, ou oS-
TROBE, (VANDENBROUCKE et al., 2014) para avaliar estudos observacionais, ou o CO-
REQ (TONG; SAINSBURY; CRAIGH, 2007), para avaliar a pesquisa qualitativa. Entre as
ferramentas apropriadas utilizadas estão o Critical Appraisal Skills Programme tool
(CASP)(CRITICAL APPRAISAL SKILL PROGRAMME, 2013), os critérios do Centre for
Reviews and Dissemination (UNIVERSITY OF YORK. CENTRE FOR REVIEWS AND
DISSEMINATION, 2009), a Newcastle-Ottawa Scale (NOS) (WELLS et al., 2014)que serve
137
para avaliar a qualidade dos estudos não randomizados, o Quality Assessment Tool for Quan-
titative Studies (QAT) (EFFECTIVE PUBLIC HEALTH PRACTICE PROJECT, 2009) e o
Amstar (SHEA et al., 2009).
O Amstar também investiga se o resultado da avaliação da qualidade gerou algum tipo
de categorização ou ranking dos estudos incluídos na RS e se este foi levado em consideração
ao formular as conclusões e recomendações (item 8), de modo que, quem lê a RS, esteja in-
formado da qualidade daquela evidência, seus pontos fortes e fracos. Neste estudo observou-
se que entre os que avaliaram a qualidade, 13% não fez esta correlação no relato das conclu-
sões e recomendações, enquanto que entre os que a fizeram, a baixa qualidade detectada nos
estudos não impediu de gerar evidências, conclusões e recomendações, quando o esperado
seria concluir que devido à má qualidade dos estudos, não há evidências disponíveis
(VALAITIS et al., 2000; HENDERSON; ANTHONY; MCGUIRE, 2001; ARENZ et al.,
2004; KLEMENT et al., 2004; KWAN et al., 2004; HORTA et al., 2007; BARCLAY et al.,
2009).
Por outro lado tem que ser destacado que o tema escolhido para realizar o estudo, a
amamentação, possui características particulares que dificultam a produção de evidências por
meio de estudos experimentais. Embora sejam considerados como o tipo de estudo mais efici-
ente para produzir evidências de maior nível (GUYATT et al., 2011b; BESEN; GAN, 2014),
estudos experimentais seriam antiéticos ao expor crianças a outro tipo de alimentação
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000). Gdalevich e colaboradores ressaltam também
que o principal fator que induz ao viés nos estudos deste tema é inerente à própria prática da
amamentação, pois se trata de uma escolha pessoal da mãe que está sujeita a diversas influên-
cias subjetivas, sociais e culturais que se convertem em fatores de confundimento de difícil
mensuração.
Outro problema apontado é uso de uma definição vaga ou imperfeita dos fenômenos
estudados, o que dificulta a obtenção de homogeneidade nos dados. Estes, por sua vez, são
geralmente obtidos por meio de questionários preenchidos pelos pais, frequentemente sujeitos
ao viés de memória, em caso de ter transcorrido muito tempo desde o período de amamenta-
ção (GDALEVICH et al., 2001).
Desse modo, ao se falar sobre amamentação exclusiva, torna-se difícil determinar ou
saber se realmente foi exclusiva, pois podem ocorrer esquecimento ou mesmo desconheci-
mento de eventos que interromperam a amamentação, por exemplo a internação da criança
após o nascimento.
138
a publicação dos objetivos da pesquisa. Isto não é frequentemente feito tampouco informado
(MOHER et al., 2007; MA et al., 2012; SHI et al., 2014). A maioria das RS avaliadas apenas
especificou os objetivos e os critérios de inclusão, exceto as revisões Cochrane, sobre as quais
foram publicados os protocolos na base de dados de revisões da Cochrane (CDSR). De fato,
dentre as 11 RS que pontuaram neste quesito, 7 eram da Cochrane. Os autores de RS tem a
possibilidade de registrar suas revisões no sistema Prospero do Reino Unido
(http://www.crd.york.ac.uk/PROSPERO/), no The Joanna Briggs Institute da University of
Adelaide, Austrália (http://joannabriggs.org), ou publicar em recursos das suas instituições,
tais como website ou repositório institucional na internet.
As buscas bibliográficas abrangentes (item 3 do Amstar) tiveram uma presença cons-
tante nas RS avaliadas, como também tem sido reportado por outros trabalhos já publicados
(LICHTNER et al., 2014; MOHER et al., 2007). O item requer que pelo menos 2 bases de
dados sejam utilizadas, que se informe a data em que foram feitas as buscas, as estratégias e
as palavras-chave utilizadas. Porém para pontuar neste quesito é necessário também que se-
jam reportadas buscas complementares, tais como livros, outras revisões e suas listas de refe-
rencias, as referências dos estudos identificados na busca ou a consulta a especialistas da área.
Entretanto, a ênfase nesta parte do processo é frequentemente confundida com a realização da
própria RS, como se a RS fosse apenas uma busca sistemática em bases de dados (GUYATT
et al., 2011b). No caso das buscas complementares em quase 80% dos casos se restringiram a
pesquisar as listas de referências. Este achado destoa do resultado do item 4 do Amstar, que
prevê que sejam realizados esforços para localizar estudos na literatura cinzenta, tais como
anais de eventos, teses e dissertações e registros de ensaios clínicos (p.ex. o Registro Brasilei-
ro de Ensaios Clínicos / Rebec - http://www.ensaiosclinicos.gov.br;o Clinicaltrial.gov sediado
no U.S. National Institutes of Health - https://clinicaltrials.govou o European Union Clinical
Trials Register - ww.clinicaltrialsregister.eu). Em diversos trabalhos esta falha também foi
reportada (LICHTNER et al., 2014; MA et al., 2012). O fato de 71% das RS não terem reali-
zado pesquisas complementares na literatura cinzenta sugere que essas buscas, por apresenta-
rem maior grau de dificuldade, impõem limitações aos revisores e requerem bibliotecários
especialistas (ALPI, 2005; MCGOWAN; SAMPSON, 2005; MCKIBBON, 2006;
MARTÍNEZ-SILVEIRA, 2011) os quais nem sempre são consultados. Em acréscimo, o viés
de publicação (item 10 do Amstar) não foi testado por quase 60% delas, confirmando uma
fraqueza das evidências devido a omissão de dados e, por vezes, de resultados negativos nas
RS, uma vez que este teste mostra a probabilidade de omissão na inclusão de trabalhos. As
140
implicações de não se fazer teste para viés de publicação quando as buscas foram limitadas às
grandes bases de dados bibliográficos, está em que os resultados positivos tem maiores chan-
ces de serem publicados em periódicos com alto fator de impacto e essas tem maior probabi-
lidade de serem incluídas nas bases MEDLINE, SCOPUS e WoS, e assim se facilitam as ten-
dências ou viés das evidências. Não é raro as RS apresentarem falhas neste quesito
(LICHTNER et al., 2014; MA et al., 2012; MOHER et al., 2007; PETTICREW et al., 1999;
TRICCO et al., 2008)
Um item indispensável em uma RS é o relato ou a apresentação de tabelas com as ca-
racterísticas dos estudos incluídos mas cerca de 10% de RS não atenderam esse quesito do
item 5 do Amstar, fato também relatado por Lichtner e colaboradores (2014)em sua revisão.
No caso da inclusão da lista com as referências dos estudos selecionados e os excluídos, o
que se observou foi que quase a metade das RS (48,5%) não apresentou tais referências. Am-
bas as situações podem ser devidas às limitações impostas pelos periódicos, como por exem-
plo o número de caracteres e de referências, conforme assinalado em alguns trabalhos
(CHALMER; GLASZIOU, 2009; MARTÍNEZ-SILVEIRA et al., 2013).
A heterogeneidade nos desenhos e a forma de utilizar os dados dos estudos originais
não permite que os autores concluam a RS fazendo a metanálise, por isso quase 25% a omiti-
ram, embora, segundo os resultados do item 9 do Amstar, 65% das RS realizou testes para
medir tal heterogeneidade, e dentre as RS citadas, apenas duas reportaram ter achado hetero-
geneidade entre os estudos, resultados parecidos com os obtidos por Lichtner e colaboradores
(2014). Este problema obriga os autores a que, quando a heterogeneidade é confirmada, de-
vam fazer a metanálise apenas com os estudos homogêneos, o que, por vezes, diminui drasti-
camente o número de estudos incluídos, comprometendo a força da evidência. Petticrew e co-
laboradores (1999) relatam em sua pesquisa que 16% das RS terminam em narrativas e 41 %
em metanálise.
Com a qualidade média ou baixa, a maioria das RS identificadas foi produzida no
Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, que publicaram 41 das 65 RS. Este dado corrobora os
achados de González de Dios (2004) no qual 92% das RS avaliadas provinham desses países,
e de Austrália, que, por sua vez teve também presença nesta pesquisa entre as RS não citadas.
Dentre as 24 RS restantes, 4 eram provenientes do Brasil, das quais 3 do Rio Grande do Sul e
uma do Rio Grande do Norte.
O reduzido número de temas abordados nas RS avaliadas neste estudo não refletiu o
volume de artigos escritos sobre os mais diversos aspectos da amamentação, cerca de cinco
141
mil, identificados ao se realizarem as buscas para a revisão. Agrupados por similaridade e in-
terconexão com o auxílio do DeCS, os temas das RS estavam representados em somente 13
grupos, o que sinaliza a escassez de temas investigados e a dispersão e falta de aprofundamen-
to nos achados. Os 65 estudos dispersos em 13 temas, resulta em uma média de apenas 5 RS
por grupo temático o que se mostra insuficiente para reverter o quadro atual de um predomí-
nio de resultados inconclusivos ou contraditórios observados nas RS avaliadas. Esta pesquisa
mostrou que, quando analisado por grupo temático, os resultados das RS não citadas pouco
modificariam as evidências citadas (29%), aportariam resultados contraditórios aos já citados
ou reforçariam os resultados inconclusos (43%), como se visualizado na tabela 11.
Um olhar mais abrangente sobre os grupos temáticos mostra que quatro grandes temas
sobre as repercussões da amamentação nas crianças foram objeto das maioria das investiga-
ções: obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol, revelando uma sinergia com as pesquisas
na área de saúde pública (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2011; CENTER FOR
DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2013)
A revisão sistemática levada a cabo nesta tese previu que todas as RS localizadas nas
RO seriam incluídas na análise. Desse modo, o estudo exploratório que consistiu na busca e
recuperação das RO sobre o tema da amamentação e suas repercussões na saúde da criança, e
posterior análise de citações, obteve um conjunto de 30 RS citadas.
As características das 30 RS estão descritas nas tabelas 6 e 7. Entretanto, para a análi-
se destes dados, foram considerados apenas os estudos únicos (26), excluindo-se duas RS du-
plicadas e publicadas em diferente meio (KRAMER & KAKUMA, 2004 e SHAH, ALIWA-
LAS, SHAH, 2006), e duas versões atualizadas de um mesmo estudo (KRAMER & KAKU-
MA, 2002a; 2002b).
As dificuldades na confecção de uma RS, como assinalado, extrapolam o uso adequa-
do da metodologia da RS. Uma das limitações mais frequente é a inexistência de estudos pri-
mários que atendam os critérios mínimos de qualidade e especificidade; outras limitações têm
origem nas falhas metodológicas dos estudos originais (KELLY et al., 2001; MIKTON;
BUTCHART, 2009; PETTICREW et al., 1999) que impõem barreiras à produção de evidên-
cias e a heterogeneidade entre os estudos (FLETCHER, 2007). Nesta pesquisa, 53% das RS
citadas reportaram ter encontrado falhas metodológicas importantes nos estudos analisados,
142
mas somente metade delas fez uma avaliação da qualidade dos estudos. O manejo dos dados
desses estudos pode ter tornado mais evidentes as falhas existentes, segundo foi reportado. A
existência de heterogeneidade foi apontada apenas em 2 RS, entretanto, como 76% das RS
citadas fizeram algum tipo de teste para avaliar a homogeneidade entre os estudos antes de
combinar os dados (segundo item 9 do Amstar), supõe-se que essa dificuldade foi superada de
alguma maneira. Frequentemente opta-se por fazer a análise dos dados agrupando-os por tipo
de estudo realizar a metanálise apenas dos dados homogêneos ou calcular novas medidas a
partir dos dados reportados ou obtidos através da consulta aos autores para contornar a limita-
ção da heterogeneidade dos estudos (CENTRE FOR REVIEWS AND DISSEMINATION,
2009; BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Além dos problemas metodológicos encontrados nos estudos que compõem as RS, há
também limitaçõesdas próprias RS, sendo a mais frequente a não realização do ajuste para os
fatores de confundimento, como ocorreu com limitações das citadas, segundo reportado pelos
autores. Outras dificuldades frequentes são a não avaliação do viés de publicação, quando os
testes estatísticos aplicados mostram uma probabilidade maior de omissão de trabalhos não
publicados ou a utilização de trabalhos menores o que pode distorcer ou exagerar as estimati-
vas do tamanho do efeito (MONTORI; IOANNIDIS; GUYAT, 2011) e do viés de seleção,
que sinaliza quando há falhas ou tendência na seleção dos estudos ou mesmo da seleção dos
desfechos para análise. Ambas dificuldades foram reportadas em aproximadamente 10 % das
RS citadas.
Quando observadas as conclusões das RS citadas, viu-se que as evidências podem ser
analisadas a partir do efeito da amamentação na saúde da criança (quadro 4). A associação
entre os aspectos da saúde da criança, que podiam ser vários dentro de um mesmo estudo, e os
efeitos reportados, que podiam ser diferentes, dependendo do estudo, mostrou que há uma
predominância dos efeitos positivos da amamentação (60,7%), trazendo à tona uma realidade
presente na literatura da área de saúde onde é mais comum a publicação de resultados positi-
vos (HOPEWELL et al., 2009; FRANCO; MALHOTRA; SIMONOVITS, 2014). Não obstan-
te, há uma particularidade das RS que permite que, ao fazer um levantamento o agrupamento
dos resultados, as evidências possam ser diferentes daquelas dos estudos originais ou mesmo
tornar mais clara a falta de evidências. Dessa forma, verificou-se que em mais da metade dos
aspectos estudados (53%), os resultados apresentavam efeitos pequenos, baixos, modestos ou
mesmo nenhum efeito, enquanto que em 25% dos aspectos o efeito foi classificado como po-
tencial ou possível, porém sem que se afirme como uma evidência.
143
gorias para analisar as conclusões ou evidências presentes nas RS não citadas com relação às
RS citadas, cotejando também sua qualificação por meio do Amstar (tabela 11).
Dentre os temas identificados, três apresentaram novas evidências que foram classifi-
cadas como discordantes das reportadas nas RS citadas. Nos estudos sobre asma foi verificado
que 3 revisões (BREW et al., 2011; HORNELL et al., 2013; DOGARU et al., 2014) abordam
este mesmo tema, cuja qualidade variou de 4 a 8, mas que não foram citadas. O outro tema é a
cognição e inteligência, sobre o qual existem duas novas RS publicadas em 2013 (HORNELL
et al., 2013; WALFISCH et al., 2013) que reportaram vieses e inconsistências dos estudos
analisados ou evidencias prováveis e não definitivas, com notas Amstar 5 e 6 respectivamen-
te, mas que também não foram citadas . O terceiro tema é desenvolvimento e crescimento, no
qual o trabalho de Kramer e Kakuma(2002a) é o mais citado em suas diversas versões, porém
duas novas RS (DELGADO; MATIJASEVICH, 2013; HORNELL et al., 2013), cujas notas
Amstar são 5 e 3, não corroboram os resultados anteriores.
Outros temas cuja evidência foi classificada como inconclusa são a dermatite atópica,
a diabetes mellitus tipo 1 e a leucemia. No caso da dermatite atópica, não foram citadas duas
RS (YANG; TSAI; LU, 2009; HORNELL et al., 2013) cujas notas Amstar foram 5 e seus re-
sultados não acharam evidências como para afirmar o efeito. No tema diabetes mellitus tipo 1
identificaram-se 4 RS sobre o tema que não foram citadas, das quais 3 eram mais atuais
(CARDWELL et al., 2012; PATELAROU et al., 2012; HORNELL et al., 2013). Estas RS
com nota Amstar 5 reportaram evidências limitadas que permaneceram sem esclarecimentos.
No tema leucemia, duas RS, com nota Amstar 4 e 6 e publicadas em 2005 (GUISE; AUSTIN;
MORRIS, 2005; MARTIN et al., 2005) não foram citadas, enquanto que a citada foi publica-
da em 2004 (KWAN et al., 2004). As RS não citadas reportaram não haver clareza nas evi-
dências encontradas e, consequentemente, não se poderia afirmar que há efeito.
Os temas cuja evidência permanece similar aos estudos anteriores são colesterol, hi-
pertensão e obesidade pediátrica, com uma RS mais nova não citada em cada caso (OWEN et
al., 2008; HORNELL et al., 2013; PLAGEMANN; HARDER, 2005)e o tema morte súbita
cuja RS não citada (MCVEA; TURNER; PEPPLER, 2000) é mais antiga que a citada.
Em 4 seguintes temas encontraram-se novas evidências: a diabetes mellitus tipo 2 com
duas RS não citadas, mas apenas uma mais atual (HORNELL et al., 2013), a doença celíaca,
com 3 RS não citadas, porém somente duas delas eram mais atuais (NASH, 2003;
HENRIKSSON; BOSTROM; WIKLUND, 2013; HORNELL et al., 2013), a mortalidade por
doenças cardiovasculares, com uma RS mais atual não citada (HORNELL et al., 2013) e obe-
146
sidade adulta, com duas não citadas e apenas uma mais atual (HORNELL et al., 2013). Um
aspecto a se destacar é que as notas Amstar foram, na média superiores entre as citadas do
que as não citadas.
Houve evidência nova nos 4 seguintes temas: diabetes mellitus tipo 2 com duas RS
não citadas e apenas uma mais atual (HORNELL et al., 2013), doença celíaca com 3 RS não
citadas porém somente duas mais atuais (NASH, 2003; HENRIKSSON; BOSTROM;
WIKLUND, 2013; HORNELL et al., 2013), mortalidade por doenças cardiovasculares com
uma RS mais atual (OWEN et al., 2005; HORNELL et al., 2013)e obesidade adulta com duas
não citadas e apenas uma mais atual (HORNELL et al., 2013). As notas Amstar em média
foram superiores entre as citadas que as não citadas.
1999) teve importância por ser a primeira metanálise que relacionou um efeito positivo da
amamentação no desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes estudados.
A RS de Kramer e Kakuma(2002a) procurou trazer evidências sobre os efeitos da
amamentação exclusiva por seis meses no desenvolvimento e crescimento da criança. A visão
de que o leite materno exclusivo fosse insuficiente para suprir as necessidades nutricionais do
bebê, somada à ideia de que os alimentos dados como complemento são inadequados e passí-
veis de contaminação em muitos países em desenvolvimento colocou em cena o que se deno-
minou do “dilema do desmame”. No início dos anos 2000, as recomendações da OMS e da
Unicef diferiam quanto ao que deveria ser considerado como duração ótima. Enquanto a OMS
recomendava amamentação exclusiva de 4 a 6 meses e logo após introdução de alimentos
complementares, a Unicef não estipulava limites tão claros aconselhando que a amamentação
exclusiva fosse “por mais ou menos 6 meses”. A Academy of Pediatrics, à época, trazia re-
comendações contraditórias em seu manual, pois recomendava o leite materno exclusivo por
seis meses em um dos capítulos e para adiar a introdução de alimentos sólidos até os 4 ou 6
meses, em outro capítulo (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS apud KRAMER;
KAKUMA, 2002a). Diante de tal situação, a OMS encomendou uma RS e com base nas evi-
dências obtidas, tanto a OMS quanto a Unicef emitiram suas recomendações de amamentação
exclusiva por seis meses e continuação da amamentação por dois anos ou mais. Esta revisão
teve ampla divulgação e naquele mesmo ano foi publicada como revisão da Cochrane
(KRAMER, M. S.; KAKUMA, 2002b), porém com uma atualização dos estudos incluídos na
versão original. Posteriormente, essa RS foi republicada em um periódico (KRAMER;
KAKUMA, 2004) e teve duas atualizações - em 2007 (disponível na base da Cochrane até
2009) e em 2012 (KRAMER; KAKUMA, 2009; 2012), onde foram incluídos novos estudos,
mas seus achados não se modificaram substancialmente.
A RS de Horta (2007) surge de um interesse generalizado em verificar os efeitos da
amamentação a longo prazo, ou seja, no desenvolvimento intelectual e na vida adulta, uma
vez que à época um estudo realizado em países de média e baixa renda havia relatado os efei-
tos a curto prazo, especificamente a redução da mortalidade e morbidade por doenças infecci-
osas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000), mas existiam controvérsias sobre as
consequências da amamentação a longo prazo. Esse estudo trouxe evidências que sugeriam
benefícios a longo prazo nos aspectos relativos à hipertensão, colesterol, obesidade, inteligên-
cia e DMT2.
150
Além dessas RS citadas com maior frequência, verificou-se que alguns temas tiveram
continuidade de pesquisa, gerando novas RS com novas evidências ou resultados discordantes
em relação aos estudos mais antigos (Tabela 11). Partindo-se do pressuposto que as RO pu-
blicadas entre 2012 e 2013 disporiam de um conjunto maior de RS, poder-se-ia esperar que
estas novas evidências tivessem sido incorporadas a essas RO , mas isso não ocorreu. Em sua
maioria, as 12 RO mais atuais citaram RS publicadas entre 1999 e 2007. Apenas uma RS de
2011 é citada uma única vez, enquanto que as 3 RS mais citadas descritas acima aparecem
nessas RO com 5 citações para cada uma delas.
151
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os achados deste estudo mostram que as revisões sistemáticas são pouco citadas nas
recomendações, têm qualidade média ou moderada em sua maioria e ainda são insuficientes
para sustentar as evidências. Os assuntos estudados são limitados a poucos temas e as conclu-
sões podem ser discordantes e indefinidas. Poucas RS se converteram em padrão de citação
nas RO, isto é, RS mais frequentemente citadas e por mais tempo nas RO, mas estas não são
as mais atuais e nem conclusivas. Isto talvez explique o fato de haver novas revisões sendo
publicadas sobre tais temáticas nos últimos anos, apesar de não serem citadas. A qualidade
dessas novas RS não parece ter melhorado em relação às citadas, segundo Amstar.
Os efeitos reais da amamentação sobre a saúde da criança são reportados em sua maio-
ria como modestos ou possíveis, em muitos casos devido à falta ou às falhas metodológicas
verificadas nos estudos originais ou às limitações com que se defrontam os autores da RS.
Contudo, as recomendações parecem considerar as evidências existentes como definitivas e
suficientes para recomendar a amamentação em mais de 100 documentos de diferentes tipolo-
gias publicados em três países e por organismos internacionais de saúde. Possivelmente, as
evidências venham das revisões citadas, mas também de muitos outros estudos originais que
podiam estar citados, mas que não foram objeto desta pesquisa.
152
sejam exclusiva ou parcialmente confirmatórios ou que sua qualidade esteja acima de um de-
terminado limiar. Não obstante, a OMS declarou que segue atentamente as novas investiga-
ções e que suas diretrizes se atualizam com RS acompanhadas da avaliação da qualidade dos
dados para garantir que estejam baseadas nos melhores dados da pesquisa (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2011).
Chama a atenção o fato de um relatório técnico de uma agência do governo dos Esta-
dos Unidos e um modelo para capítulo de livro de estudantes de medicina editado pela OMS
terem sido os documentos que mais citaram as RS deste tema. Isto permite considerar, por um
lado, que um relatório técnico encomendado para reunir a evidência, mais do que nenhum ou-
tro documento, tem necessidade de citar as fontes que analisou, e que, segundo o que foi estu-
dado até aqui, as RS gozam certo privilégio de citação nestes casos. Está claro que outras RO
deveriam ter este mesmo critério, mas declarações e políticas, por exemplo, podem priorizar
citar as recomendações já emitidas e consolidadas, em lugar das RS. Por outro lado, o modelo
para capítulo de livro, como seu próprio nome o diz, segue um formato de literatura conven-
cional, do qual as citações fazem parte indispensável. Apesar de que um livro frequentemente
é um espaço onde são apresentados dados consolidados sobre o tema, e as RS encontradas em
geral não parecem conclusivas, é necessário dar oportunidade aos leitores o aprofundamento e
conhecimento de todo o que se conhece sobre o tema, ainda que permaneçam referenciadas as
controvérsias. Contudo, embora sejam explicáveis estes fatos, avalia-se que o resultado en-
contrado é bastante preocupante pelo fato de que 40 RO não citaram nenhuma RS do tema, e
19 não citaram nada. Além disso 37 RO citaram menos de 5 RS ao todo, e dentre essas RO, 2
também são relatórios técnicos e 19 são recomendações.
Quando a OMS encomendou uma RS sobre a influência da amamentação exclusiva no
crescimento e desenvolvimento das crianças (KRAMER, M.; KAKUMA, 2002a), fez um uso
instrumental (NUTLEY; WALTER; DAVIES, 2007) desse relatório para mudar a recomen-
dação de amamentação exclusiva de 4 para 6 meses, apesar dos achados não serem conclusi-
vos e que se tenha sinalizado a necessidade de novos maiores e melhores estudos. Nas con-
clusões foi apontado que não havia evidência objetiva para a questão sob estudo, que era o
efeito protetor da amamentação exclusiva contra doenças infecciosas em contraposição à ale-
gada insuficiência de leite materno exclusivo, para satisfazer as necessidades energéticas e de
micronutrientes requeridos após o quarto mês de vida. Os autores reportaram que nenhum es-
tudo sugeriu déficit de peso ou estatura em crianças amamentadas exclusivamente até os 6
meses e por outro lado, que os bebês apresentavam menos morbidade por infecção gastroin-
154
testinal e respiratória. Porém o que se observou foi que nessa RS e suas posteriores atualiza-
ções (KRAMER, M.; KAKUMA, 2009; 2012), foram selecionados dois únicos ECR manti-
dos na sua última versão e categorizados pelos autores como de baixa qualidade e seus dados
referem aos aspectos maternos da amamentação. Os estudos observacionais incluídos, que ao
longo das atualizações foram atingido o máximo de 23 e categorizados como de qualidade
variada, não mudaram as conclusões originais, que permanecem até a última versão baseadas
em 3 deles, para as implicações relativas à infecções gastrointestinais e respiratórias. Os estu-
dos que deram origem a esta evidência foram levados a cabo em Bielorrúsia, Nigéria e Irã. E
definitivamente são estas as evidências mais citadas em todas as recomendações.
Este exemplo também serve para entender que além da provisoriedade, a controvérsia
está presente nesses documentos. Em 2011, um artigo (FEWTRELL et al., 2011) questionou a
recomendação da OMS, bem como a RS que a sustentava, ao citar uma outra revisão de espe-
cialistas encomendada pela European Food Safety Authority, publicada em 2009, que conclu-
iu que na União Europeia a alimentação complementar deveria ser introduzida entre os 4 e
seis meses de vida. As respostas da OMS foram a emissão de uma declaração reafirmando seu
posicionamento a favor da amamentação exclusiva por 6 meses (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2011) e de uma coleção especial da Cochrane de RS sobre aleitamento
materno (THE COCHRANE COLLABORATION, 2011).
Diversos trabalhos que avaliaram RS têm resultados parecidos no tocante à qualidade
desses estudos (SEQUEIRA-BYRON et al., 2011; TRICCO et al., 2008; ZOLTOWSKI et al.,
2014), o que faz pensar por um lado, que os achados nesta tese refletem uma situação já co-
nhecida na literatura, mesmo que esteja abordando outro tema. E por outro lado, permite re-
fletir sobre a utilidade de ferramentas como o Amstar. O Amstar tem sido utilizado em estu-
dos internacionais (MARTEL et al., 2012; MIKTON; BUTCHART, 2009; MONASTA et al.,
2010; SEQUEIRA-BYRON et al., 2011), e em alguns estudos brasileiros (BESSA-
NOGUEIRA; VASCONCELOS; NIEDERMAN, 2008; ZOLTOWSKI et al., 2014), mostran-
do ser eficiente para seu propósito. Isto permite concluir que, de acordo aos resultados obtidos,
as RS não estão atendendo aos critérios de qualidade, ou, ao menos seu relato não está refle-
tindo uma qualidade ótima.
Alguns itens estão frequentemente presentes nas RS, e outros frequentemente ausentes.
A busca em bases de dados, por exemplo, é uma etapa que aparece bem relatada em uma
grande quantidade de RS avaliadas. Entretanto, esta ferramenta não permite saber se essas
buscas foram bem efetuadas, sendo comum as pesquisas que apontam falhas e dificuldades na
155
busca dos estudos originais (SAMPSON; MCGOWAN, 2006; SAMPSON et al., 2009), na
utilização de estratégias (RELEVO, 2012) e a necessidade de integrar peritos em buscas às
equipes de RS, tais como os bibliotecários (MCKIBBON, 2006; DUDDEN; PROTZKO,
2011; MARTÍNEZ-SILVEIRA, 2011). Em um estudo anterior foi realizada uma avaliação
das revisões sistemáticas publicadas em periódicos brasileiros (MARTÍNEZ-SILVEIRA et al.,
2013) no qual a metade das RS não pontua nesse quesito. Em ambos os trabalhos é possível
afirmar que o título “revisão sistemática” foi dado a diversos trabalhos que realizaram apenas
a busca seguindo uma sistematização parecida com a da RS e relatada de forma sistemática.
Porém, o restante da metodologia não se ajusta ao método propriamente dito. Estes estudos
posteriormente tiveram que ser excluídos ou obtiveram notas muito baixas.
Por último ressalta-se que as RO foram difíceis de identificar e demandaram um traba-
lho prévio exaustivo, uma vez que não foi localizado um estudo publicado que categorizasse
ou definisse qual o formato de uma recomendação de saúde. Pelo contrário o formato resultou
ser bastante variado, e a partir da definição de guidelines da OMS (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2012) se decidiu quais seriam os documentos selecionados. Esta etapa
permitiu uma reflexão sobre a forma de comunicação entre as instituições que tem um papel
norteador para a grande massa de profissionais de saúde, nos diferentes países analisados. E,
de forma geral, se percebeu que não há um consenso e nem um formato estabelecido, não há
uma hierarquia claramente definida, e em princípio, qualquer instituição associação ou enti-
dade pode emitir seu parecer sobre o tema. Mas na verdade o que se observa é que a maioria
tende a citar e replicar as recomendações da OMS, embora isto não tenha sido especificamen-
te investigado neste estudo.
O pressuposto de que as RO se utilizam das RS como fontes de evidências e de que is-
to ficaria claro ao analisar as citações não foi confirmado nesta pesquisa. Isto não ocorre por-
que 4 RS se mostraram frequentemente citadas, enquanto que as outras foram muito pouco
citadas ou não citadas.
Finalmente reconhece-se que esta pesquisa tem suas limitações especialmente no to-
cante à avaliação que se restringe à forma de apresentação da revisão sistemática, e de que as
evidências foram verificadas no relato da discussão e conclusões com base nos termos esco-
lhidos pelos autores dos artigos. Quando analisadas as citações nas RO não foi especificamen-
te estudado o momento da citação no texto, mas apenas a existência da citação na lista de re-
ferências. Outras análises podem complementar estes achados, como por exemplo uma verifi-
cação das demais citações nas RO, buscando um padrão de citação, que junto desta pesquisa
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.
183
Note: If at least 2 sources + one supplementary strategy used, select “yes” (Cochrane
register/Central counts as 2 sources; a grey literature search counts as supplementary).
Note: Acceptable if not in table format as long as they are described as above.
184
7. Was the scientific quality of the included studies assessed and documented?
'A priori' methods of assessment should be provided (e.g., for effectiveness studies if the
author(s) chose to include only randomized, double-blind, placebo controlled studies, or
allocation concealment as inclusion criteria); for other types of studies alternative items
□ Yes
will be relevant.
□ No
□ Can't answer
Note: Can include use of a quality scoring tool or checklist, e.g., Jadad scale, risk of bias,
□ Not applicable
sensitivity analysis, etc., or a description of quality items, with some kind of result for
EACH study (“low” or “high” is fine, as long as it is clear which studies scored “low” and
which scored “high”; a summary score/range for all studies is not acceptable).
Additional notes (in italics) made by Michelle Weir, Julia Worswick, and Carolyn Wayne based on conversations with
Bev Shea and/or Jeremy Grimshaw in June and October 2008 and July and September 2010.
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