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Miofuncional

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ODONTOLOGIA

MIOFUNCIONAL
João Batista Burzlaff
e col.

ODONTOLOGIA
MIOFUNCIONAL
O CAMINHO DA INTEGRALIDADE

10 edição

Porto Alegre
Angela D’Ornelas Ponsi
2021
Copyright © 2021 by João Batista Burzlaff
Todos os direitos desta edição reservados ao autor.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Burzlaff, João Batista


Odontologia miofuncional : o caminho da
integralidade / João Batista Burzlaff. -- 1. ed. --
Porto Alegre, RS : Angela D'Ornelas Ponsi, 2021.

ISBN 978-65-00-19003-8

1. Odontologia I. Título.

21-59316 CDD-617.6
NLM-WU-100
Índices para catálogo sistemático:

1. Odontologia 617.6

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

Projeto Gráfico, diagramação e capa:


Angela D’Ornelas Ponsi

Ilustração da capa:
“Designed by pch.vector / Freepik”
8
A RESPIRAÇÃO BUCAL E O
DESENVOLVIMENTO FACIAL

CÁSSIA XIMENDES COUTO


JOÃO BATISTA BURZLAFF

“Conheça todas as teorias, domine todas


as técnicas, mas ao tocar uma alma humana,
seja apenas outra alma humana.”

Carl Jung
1. INTRODUÇÃO

Respiração bucal é um conjunto de alterações que se estabelecem


quando o padrão de respiração nasal é substituído por um padrão de
suplência bucal ou misto. O padrão de desenvolvimento facial é alterado
pelo padrão respiratório, levando a diferenças funcionais, como impor-
tantes alterações sistêmicas e um padrão fenotípico. A respiração bucal
tem sido apontada como importante causa de má oclusão. Além disso,
alterações morfológicas levam a desequilíbrios miofuncionais, os quais
não são resolvidos apenas com realinhamento dentário e consequente
correção das chaves de oclusão.
Monte (2014) considerava que a normalidade da função nasores-
piratória é um importante estímulo, além de outros, para o crescimento
e desenvolvimento facial normal. Caso esta função seja prejudicada, po-
dem acontecer desequilíbrios entre vários componentes morfofuncionais
e neuromusculares, provocando modificações faciais e posturais. Uma
das situações nas quais a função respiratória é prejudicada é a Síndrome
do Respirador Bucal (SRB). A respiração bucal é altamente comprome-
tedora na definição de forma e contorno dos arcos dentários, bem como
de todo o processo nasomaxilar.
Angle (1907) afirmou que a respiração bucal é a mais potente,
constante e variada causa de má oclusão. Devido a ela, os músculos do
nariz, maxila e mandíbula se desenvolvem de forma assimétrica e há
uma desorganização das funções exercidas por lábios, bochechas e lín-
gua. Ele observou que é na face que os efeitos da respiração bucal são
sempre manifestados. O nariz é menor e curto, com asas retas; a boca
fica continuamente aberta; o lábio superior curto; a mandíbula fica po-
sicionada para trás com desenvolvimento comprometido — frequente-
mente menor em comprimento, provavelmente devido a pressões não
equilibradas dos músculos.

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A etiologia da respiração bucal é multifatorial, podendo variar de
uma obstrução anatômica, hipertrofia das tonsilas faríngeas ou palatina,
desvio septal, pólipos nasais, hipertrofia de cornetos nasais, rinite alér-
gica, sobrepeso, hábitos orais e doenças neuromusculares até, indireta-
mente, hábitos orais deletérios. Em rinite alérgica, dependendo da sua
intensidade, frequência e duração, pode levar a persistência de respirar
pela boca e, consequentemente, deformar a arcada dentária e alterar a
harmonia facial. Em crianças, o motivo mais comum da respiração bucal
é a obstrução nasal, especialmente hipertrofia adenoide.

O crescimento facial também é multifatorial. Por fator genético,


tende a ter um padrão semelhante ao dos seus pais, mas as condições
externas também atuam neste crescimento. Quanto maior o tempo que
a criança respiradora bucal estiver sujeita a esse tipo de respiração, maior
será o prejuízo no desenvolvimento da face, gerando alterações craniofa-
ciais, posturais e sistêmicas20.

O tratamento clínico objetiva resolver problemas das alterações


dentofaciais e craniofaciais. Para esse fim é fundamental uma abordagem
multidisciplinar com a participação de cirurgiões, otorrinolaringologistas,
alergistas e fonoaudiólogos. O ortodontista pode ser o primeiro profissio-
nal de saúde a monitorar o crescimento e desenvolvimento craniofacial
na infância. Pacientes jovens devem ser encaminhados a um otorrinola-
ringologista quando apresentarem sinais ou sintomas de respiração bucal
para melhorar sua qualidade vida e evitar alterações dentárias e faciais14.
Aparelhos miofuncionais do Sistema Trainer™ e Myobrace™ atuam es-
timulando e exercitando os músculos faciais, além de, simultaneamente,
estimularem o crescimento e o desenvolvimento das estruturas faciais.
Com o desenvolvimento dos maxilares e dos arcos dentais e o reposicio-
namento da postura da língua, os dentes tendem a se reposicionarem no
sentido de se alinharem35.

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2. O RESPIRADOR BUCAL

2.1 Etiologia
A respiração é vital para o organismo. Deve ser preferencialmente
por via nasal, para que chegue em condições adequadas de temperatura
e filtragem nos pulmões. Além disso, a respiração nasal, estimulará o
correto desenvolvimento do crescimento craniofacial e o correto fun-
cionamento das outras funções estomatognáticas. Quando uma pessoa
apresenta alguma restrição que impeça esse processo, assumirá uma res-
piração bucal ou mista, podendo ser por razão orgânica ou não orgânica.
Quando é por razões orgânicas, os fatores podem ser hipertrofia das
tonsilas, faríngea e/ou palatina, desvio de septo corpo estranho, tumo-
res, pólipos, fratura, atresias, conchas nasais hipertróficas, rinite crônicas,
entre outros24. Quando é por razões inorgânicas (por vício), tem-se há-
bitos deletérios, postura incorreta da língua, músculos mastigatórios em
repouso e insuficiência labial como possíveis causadores9. As obstruções
nasofaríngeas podem se manifestar isoladamente ou de forma conjun-
ta. Crianças, nascidas saudáveis imunologicamente, possuem adenoides
aumentadas que atingem seu pico de crescimento por volta de 4 e 5
anos e, após esse período, estas atrofiam até os 10 anos de idade. Em
alguns casos, as adenoides podem aumentar seu tamanho e causar uma
obstrução parcial ou total da respiração nasal. O mesmo ocorre com
as amígdalas, que podem crescer e invadir a nasofaringe, impedindo a
respiração nasal. Das diferentes formas de rinite, a que mais causa a res-
piração bucal crônica é a rinite alérgica. Em crianças, prejudica não só o
desenvolvimento craniofacial, mas a sua saúde geral, o controle da asma
e a qualidade de vida1.
Os tecidos linfoides aumentados na criança também são considera-
dos importantes, pois ajudam os recém nascidos no processo de deglutir
sem necessitar totalmente do palato mole, pois a adenoide com volume

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aumentado diminui a distância do palato mole e da parede posterior da
faringe. Outra peculiaridade da deglutição da criança é a proximidade
entre o palato mole e a epiglote, fazendo com que o alimento vá dire-
tamente para o esôfago, o que serve para impedir que a criança aspire
o alimento e permitir que a criança praticamente degluta e respire ao
mesmo tempo. Temos a deglutição atípica quando se mantém o padrão
infantil de deglutição com a língua interposta entre as arcadas e projetada
contra os dentes anteriores11.
Nos respiradores bucais, a deglutição, geralmente, se encontra atí-
pica, devido ao mau uso das estruturas orofaciais, que acabam por apre-
sentar flacidez e mudança na posição considerada normal. Tem-se então
uma deglutição alterada com interposição da língua, contração do músculo
orbicular, pouca contração do músculo masseter, contração do músculo
mentual, interposição do lábio inferior, movimento de cabeça e ruídos24.
Os hábitos deletérios também são um fator etiológico. Geralmen-
te, tem origem na repetição de um ato com uma determinada finalidade
— como a sucção, que, geralmente, tem finalidade de obter alimentos
pelos bebês, mas quando é realizada sem essa finalidade de nutrição, re-
petidamente, pode se tornar um hábito. Então, a respiração bucal pode
ter como uma das causas etiológicas esses hábitos adquiridos e mantidos
cronicamente, como o uso prolongado de chupetas e mamadeiras e a au-
sência de aleitamento materno. A posição dos bicos da mamadeira e da
chupeta na boca podem levar a uma dificuldade de respirar pelo nariz,
fazendo a criança respirar pela boca11.
Existe ainda uma variação do hábito de respirar pela boca em que,
apesar de o paciente não ter nenhuma obstrução, por ter passado anos res-
pirando oralmente, sua musculatura facial passou a ser utilizada de manei-
ra incorreta, causando hipotonia labial e, consequentemente, posição in-
correta dos lábios, o que faz com que ele não consiga respirar pelo nariz16.

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2.2 Alterações faciais

2.2.1 Diminuição ou obstrução das fossas nasais

Fonseca (2017) afirmou que a hipertrofia das adenoides e/ou


amígdalas e rinites são as maiores responsáveis pela obstrução nasal em
crianças, o que as leva a respirar pela boca. Elas podem atuar de forma
independente ou conjuntas.

No centro da face, temos duas cavidades que chamamos de fossas


nasais. Por meio das coanas, elas se comunicam com a nasofaringe e, por
meio de orifícios menores, comunicam-se com as cavidades paranasais
e células etmoidais. A região superior das fossas nasais se relaciona com
a fossa craniana anterior e com as cavidades dos ossos etmoide e esfe-
noide, enquanto a região inferior das cavidades é formada pela cavidade
bucal e o palato duro formado pelo osso maxilar e palatino. Quando te-
mos um palato mais estreito, que pode ter sido ocasionado por diversos
fatores, esse palato ocupa uma parte da fossa nasal, também podendo
causar uma obstrução mecânica à passagem do ar11.

Quando tem-se uma obstrução nasal, pode haver uma redução na


perviedade nasal e a substituição da respiração nasal pela bucal, tendo
como consequência modificações faciais e otorrinolaringológicas28.

Um paciente já tratado pode seguir respirando pela boca, mesmo


sem a obstrução das vias aéreas superiores, pelo fato de permanecer com
o hábito20.

Para fazer a avaliação da perviedade nasal no consultório, pode-se


usar um espelho abaixo das fossas nasais e pedir para o paciente exalar o
ar. É possível ver pela extensão do vapor no espelho se o fluxo é normal,
pouco, unilateral ou ausente. Em caso de suspeita de alguma obstrução
nasal observada no teste, devemos encaminhar o paciente para exames
mais completos com otorrinolaringologista11.

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Quando se tem uma respiração nasal, o ar passa pelas narinas ge-
rando respostas ativadas por terminações nervosas, que vão preparar esse
ar para a chegada nos pulmões, filtrando, umidificando e aquecendo-o.
Quando o ar entra pela boca, na respiração bucal, ele chega direto nos
pulmões sem essa preparação. Esse ar então não filtrado, não umidifica-
do e com temperatura externa, irrita a mucosa do seu trajeto até os pul-
mões, produzindo uma secreção que se acumula nos pulmões e dificulta
cada vez mais a respiração, tornando-a mais inadequadamente bucal11.

2.2.2 Atresia do terço médio da face no sentido anteroposterior

O seio maxilar é uma cavidade pneumática de formato triangular


dentro do osso da maxila. Alterações em sua morfologia estão relaciona-
dos a falhas no centro de crescimento da maxila ou falha na demanda por
produção de medula, o que inibe a pneumatização. A hipoplasia, que é
uma falha abaixo do assoalho nasal adjacente aos dentes permanentes
posteriores, pode ocorrer unilateral ou bilateralmente. Mesmo atrésicos,
os seios maxilares mantêm seu formato triangular, porém inacabado25.

Uma criança, ao nascer, possui apenas seios maxilares e etmoidais.


Para que possam crescer e se desenvolver corretamente, bem como os
seios frontais e esfenoidais, precisam da pressão causada pelo fluxo de ar
das vias aéreas superiores. Essa passagem de ar exerce uma pressão nos al-
véolos, que, por meio de um movimento de fluxo e refluxo, amplia as vias
respiratórias e preenche de ar cavidades pneumáticas paranasais, estimu-
lando o correto e equilibrado crescimento e desenvolvimento do crânio e
da face. Devido a isso, é imprescindível a respiração nasal nas crianças16.

Quando há graves infecções sinusais, o crescimento da maxila e


dos seios da face sofrem significativas alterações — os seios paranasais,
por exemplo, ficam com crescimento diminuído. A respiração nasal é

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um dos principais fatores para prevenção e cura de doenças sinusais,
porque a ventilação do ouvido médio, através da respiração nasal, con-
tribui para a pneumatização do osso temporal e para o correto desenvol-
vimento dos seios paranasais, evitando sinusites e favorecendo a saúde
do ouvido médio durante o crescimento e desenvolvimento da pessoa5.

2.2.3 Atresia transversa de maxila

Quando uma criança respira pela boca, a maxila costuma ser


atrésica, em formato de V, com dentes protruídos e um crescimento
vertical da face evidenciado16.

A língua é um órgão de grande influência no desenvolvimento das


conformações bucais. Em situação normal, posiciona-se no palato e,
com a erupção dos dentes decíduos, exerce uma pressão no sentido de
expandir a maxila para seu correto desenvolvimento18.

Quando o paciente é respirador bucal, fica com a boca frequente-


mente aberta para respirar. No processo de deglutição, se a língua estiver em
posição baixa, anteriorizada e pressionando os dentes anteriores, a mesma
não faz essa pressão no palato e os músculos bucais envolvidos na deglutição
comprimem excessivamente as estruturas ósseas, causando essa atresia da
maxila que adquire um formato em V, ogival, podendo causar uma mor-
dida cruzada posterior. Essa postura da língua pode ocasionar também a
protrusão dos dentes anteriores e uma mordida aberta anterior18.

2.2.4 Atresia da mandíbula

Uma criança, quando apresenta respiração bucal, tem na mandí-


bula uma probabilidade maior de rotação no sentido horário no cresci-
mento, diminuindo a altura da facial posterior e aumento da altura ante-

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rior da face. Mandíbula retrognática e mordida aberta geralmente estão
relacionadas a esse aumento da altura anterior da face14.

No estudo de Lessa et al. ( 2005), 60 crianças de 6 a 10 anos foram


avaliadas por um otorrinolaringologista e divididas em dois grupos — um
com crianças com alto grau de obstrução nasal e o outro com crianças
com respiração nasal. Elas foram avaliadas através de radiografias cefalo-
métricas em norma lateral para avaliar suas proporções faciais. O estudo
concluiu que crianças respiradoras bucais tinham tendência a apresentar
modificações nas proporções faciais normais, com maior altura facial
anterior e inferior e menor altura posterior da face, além de uma maior
inclinação mandibular e um padrão de crescimento vertical.

Fernandes et al. (2010) afirmam que a língua em posição baixa


pressionando a região geniana pode causar um prognatismo mandibular,
uma classe III de Angle. Estudiosos confirmam que, em alguns casos
de deglutição atípica, a língua pressiona os dentes anteriores inferiores,
mantendo-se afastada do palato e causando um grande desequilíbrio dos
ossos que envolvem a região oral, o que pode ocasionar mordida cruza-
da posterior, anterior e apinhamento na região anterior e superior. De
modo geral, concluiu o autor, deglutições atípicas podem dar origem a
vários tipos de más oclusões

3. PREVENÇÃO

3.1 Amamentação

A amamentação natural traz ao recém-nascido uma série de bene-


fícios nutricionais, imunológicos e emocionais, além de contribuir po-
sitivamente para o correto crescimento e desenvolvimento do sistema
estomatognático do bebê7. Para uma boa oclusão, é necessário equilíbrio
entre as forças musculares externas, pelas quais são responsáveis o mús-

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culo bucinador e orbicular dos lábios, e as forças musculares internas,
pela qual é responsável a musculatura da língua. A harmonia das rela-
ções maxilares depende dessas forças contrárias11. A criança que, desde
o nascimento, recebe aleitamento natural, coordena essas forças mus-
culares favorecendo o desenvolvimento e crescimento harmonioso do
sistema estomatognático. Esse crescimento e desenvolvimento harmo-
niosos dependem também da respiração nasal e da mastigação correta
dos alimentos19.
Durante a amamentação materna, o bebê faz um movimento de
ordenha, realizando uma movimentação harmoniosa entre as arcadas,
bochechas e língua. Então a função neuromuscular da boca se desenvol-
ve em equilíbrio. A língua se posiciona de maneira correta, estimulando
o palato e evitando interferências dos bucinadores. A porção anterior
do sistema estomatognático cresce e se desenvolve guiada pelo orbicular
dos lábios. O exercício do aleitamento materno dá início à maturação e
vai direcionando o posicionamento dos músculos mastigatórios, como o
temporal, o pterigóideo lateral e o milo-hióideo. Com esse movimento
muscular, a mandíbula faz movimentos de vai e vem, para frente e para
trás, junto com o processo de deglutição. A respiração nesse processo
de sucção é realizada somente pelo nariz. A amamentação natural en-
tão estimula o crescimento da mandíbula, evitando que o retrognatismo
mandibular apresentado pelo bebê ao nascer se perpetue durante o seu
crescimento. Isso permite que o problema seja corrigido até a erupção
dos primeiros dentes decíduos, evitando oclusão de classe II de Angle
e permitindo que a oclusão possa se dar de forma correta7. A amamen-
tação, além de estimular o correto crescimento e desenvolvimento ante-
roposterior da mandíbula, excita terminações neurais das fossas nasais,
proporcionando uma boa relação com os rodetes gengivais, permitindo
o desenvolvimento da respiração nasal e a deglutição correta e desenvol-
vendo o equilíbrio muscular e as articulações temporomandibulares19.

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4.TIPOS DE RESPIRADORES BUCAIS

Respiradores bucais puramente funcionais são respiradores bucais


por hábito. Muitas vezes, realizaram tonsilectomia e também amigdalec-
tomia, mas continuam mantendo a boca aberta e respirando por ela, ou
seja, foi removido o fator etiológico e todos os obstáculos mecânicos,
funcionais e/ou patológicos, mas o paciente ainda mantém o hábito de
manter a boca aberta e respirar por meio dela. Esses pacientes, muitas
vezes, mantiveram esse padrão respiratório por muitos anos e a manu-
tenção da boca aberta pode se dar pelo não desenvolvimento de estrutu-
ras que permitem a vedação labial. Outro motivo é que alguns padrões
faciais podem dificultar ainda mais essa vedação11.
Já o respirador bucal orgânico ou genuíno possui obstruções me-
cânicas que podem ser nasais, retronasais e bucais que inviabilizam ou
dificultam a respiração pela via nasal. Temos como exemplo: a estenose
nasal, a atresia maxilar, o retrognatismo, a alteração de tonicidade, a pos-
tura e o tamanho da língua, a hipertrofia de tonsilas, entre outros. Em
crianças, costuma ter bom prognóstico em casos de atresia de maxila,
retrognatismo, hipertrofia de tonsilas, entre outros. Já em adultos, consi-
dera-se em que momento começou a respirar pela boca — se desde a in-
fância ou após adulto. Quando é desde a infância, devemos explicar-lhes
sobre a finalização do crescimento facial e que, se a musculatura está
aderida às bases ósseas, o resultado do tratamento pode ser parcial. Já
em casos que se tornaram respiradores bucais após adultos, as complica-
ções tendem a ser musculares, sem envolvimento ósseo, e o tratamento
miofuncional apresenta resultados mais rápidos e favoráveis11.
Por fim, respiradores bucais impotentes funcionais apresentam
disfunção neurológica como principal causa. Podem ser acompanhados
de alterações psiquiátricas em muitos dos casos e possuem: esfíncter
glossoestaffilíneo competente, via aérea permeável, mucosas nasal e ri-

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nofaríngea normais nos aspectos morfológico e funcional. O tratamento
requer cuidados extras por serem pacientes absolutamente especiais11.

4.1 Diagnóstico

Sendo a face uma unidade complexa, essa região do corpo deve


ser examinada e tratada integralmente, considerando sua estrutura e fun-
cionalidade. Ela deve ser analisada de maneira multidisciplinar, relacio-
nando forma, postura e função com o crescimento e desenvolvimento
craniofacial e com o propósito de um diagnóstico, tratamento e preven-
ção mais precisos11.

O médico pediatra é o primeiro profissional a ter contato com


os pacientes no parto, podendo diagnosticá-los logo após o nascimento.
No procedimento de aspiração, a sonda nasogástrica, ao encontrar um
ponto de resistência, pode indicar atresia parcial ou total das coanas16.

Já os ortodontistas podem ser os primeiros a acompanhar o cresci-


mento e desenvolvimento craniofacial de uma criança. Ao serem identi-
ficados sinais ou sintomas de respiração bucal em pacientes jovens, esse
profissional deve encaminhá-los a um otorrinolaringologista para preve-
nir qualquer alteração dentária e facial e melhorar a qualidade de vida
dos mesmos4.

No consultório odontológico, o cirurgião-dentista deve, mesmo


que superficialmente, fazer uma avaliação do fluxo nasal, colocando um
espelho frio abaixo das narinas do paciente e avaliando e extensão do va-
por no espelho quando ele exalar o ar. Através desse exame, pode-se fa-
zer um primeiro diagnóstico de suficiência de respiração nasal. Quando
o fluxo for pouco, unilateral ou verificar-se ausência total de passagem de
ar, deve-se encaminhar o paciente para um otorrinolaringologista. Esse

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profissional possui conhecimento e instrumental necessários para uma
completa avaliação das estruturas nasais11.
Em relação aos exames de imagens que podem ajudar no diagnós-
tico da SRB, a telerradiografia cefalométrica lateral pode ajudar no diag-
nóstico de hipertrofia dos cornetos inferior e médio e da cauda do corneto
inferior, apesar de apresentar alta sensibilidade, mas baixa especificidade.
O diagnóstico endoscópico nasofaríngeo, por sua vez, consegue uma me-
lhor especificidade. Mas, apesar disso, o exame radiográfico, associado ao
exame clínico, à anamnese e à experiência do profissional, é uma opção
acessível que pode ajudar o ortodontista a sugerir um diagnóstico inicial de
rinite hipertrófica crônica com envolvimento de hipertrofia dos cornetos
nasais, e encaminhar o paciente para que otorrinolaringologista faça a con-
firmação. A telerradiografia também se mostra útil para a avaliação inicial
dos seios paranasais — podendo sugerir um quadro de sinusite quando se
pode ver uma opacificação do seio maxilar —, bem como para avaliar o
grau de hipertrofia de adenoides e o espaço aéreo livre da nasofaringe e de
outras lesões no centro dos seios maxilares16.
O raio-X do cavum usado pelo otorrinolaringologista já é menos
confiável porque não padroniza a posição da cabeça do paciente na hora
da tomada radiográfica. Logo, qualquer modificação na posição do pa-
ciente, como uma leve rotação de cabeça, pode alterar a imagem radio-
gráfica e gerar um erro no diagnóstico16.
O raio-X panorâmico, já disponível na documentação ortodôntica
do ortodontista, pode auxiliar nos diagnósticos iniciais. Apesar das suas li-
mitações, através dele, podemos diagnosticar um desvio de septo anterior,
avaliando a porção anterior da cavidade nasal. Também se pode avaliar
o grau de hipertrofia da cabeça dos cornetos nasais inferiores e médios,
o que ajuda nos diagnósticos iniciais de hipertrofia dos cornetos nasais16.

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 234 | JOÃO B. BURZLAFF


4.2 Tratamento

Assim como no diagnóstico, o tratamento da respiração bucal ne-


cessita de uma equipe multidisciplinar, com profissionais atuando inte-
grados com o objetivo comum de restabelecer o padrão de respiração
nasal: pediatra, otorrinolaringologista, alergista, fonoaudiólogo, odonto-
pediatra, psicólogo, fisioterapeuta e/ou ortodontista. O tratamento deve
priorizar a correção da obstrução, seguida da correção da respiração bu-
cal como hábito durante a correção oclusal, para que possa haver estabi-
lidade nas correções11.

O médico pediatra presta importante colaboração, orientando os


pais quanto aos fatores que podem agravar a respiração bucal da criança,
como sucção de dedo, uso de chupeta não ortodôntica e bico de mama-
deira. Contribui também orientando aos pais quanto à importância da
amamentação com leite materno para um melhor desenvolvimento dos
músculos orofaciais, diminuindo os hábitos deletérios da sucção16.

O otorrinolaringologista vai atuar no tratamento de forma a re-


mover a obstrução nasal16. Esse tratamento pode ser clínico, medica-
mentoso e/ou cirúrgico, dependendo do fator etiológico, no caso, o que
estaria causando a obstrução nasal27.

Após removido o fator etiológico, o fonoaudiólogo atuará reconsti-


tuindo as posturas dos lábios, da língua e da mandíbula. Também irá desen-
volver a tonicidade dos músculos orofaciais e as funções estomatognáticas
de deglutição, mastigação e articulação da fala, além de ensinar o paciente a
respirar pelo nariz novamente, restabelecendo a função respiratória16.

Psicólogos atuam quando o paciente demonstra dificuldade de


concentração e de aprendizado, assim como alterações de humor e in-
quietude — que são quadros frequentes em pacientes com a síndrome da
respiração bucal11.

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A intervenção do fisioterapeuta, de uma maneira geral, vai resta-
belecer o padrão respiratório fisiológico, buscando estimular a respira-
ção nasal e aumentar a capacidade respiratória, reeducando o diafragma
para uma melhora da função pulmonar e prevenindo e corrigindo de-
formidades torácicas. Atua também no sentido de reequilibrar o sistema
musculoesquelético, reeducando a postura para corrigir as alterações de
equilíbrio causadas pela síndrome8.
O ortodontista atuará monitorando o crescimento craniofacial
e corrigindo alterações dentárias por meio da recuperação das funções
orais em prol do equilíbrio e da segurança dos resultados16.

4.3 Expansão rápida de maxila


Um dos tratamentos mais utilizados pelos ortodontistas em respi-
radores bucais é a expansão rápida de maxila com os disjuntores banda-
dos e ou colados, visto que os pacientes respiradores bucais apresentam
como uma das alterações faciais a atresia de maxila. A expansão rápida
aumenta as dimensões da arcada superior com ganho de massa óssea e
perímetro da arcada, além de expandir transversalmente a região profun-
da do palato, aumentando a base nasal (CARVALHO, 2003). No estudo
de Cappellette Jr. et al. (2017), concluiu-se que a expansão rápida da ma-
xila induz a uma expansão nasomaxilar, alterando o tamanho de todas as
estruturas da cavidade nasal, orofaringe e seios maxilares.

4.4 Pistas planas


Em crianças menores de 2 ou 3 anos, nas quais a colaboração
para uso de aparelhos não é viável, podemos usar as pistas planas como
uma fase intermediária para adequar a mastigação. Isso até que ela tenha
entre 6 ou 7 anos, idade em que já poderá colaborar com o uso de apare-

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lhos ortodônticos e ortopédicos e na qual o tratamento possa passar por
complemento, caso necessário (CARVALHO, 2003). As pistas planas
são indicadas para a correção de mordida cruzada funcional posterior ou
anterior. São usualmente confeccionadas em resina composta nas faces
oclusais e/ou incisais dos dentes no lado cruzado. Cria-se uma barreira
que impossibilita o retorno da mandíbula para a posição de má oclusão,
mudando a postura da mandíbula e, consequentemente, da mordida,
permitindo o desenvolvimento facial e dentário dentro do normal12.
A terapia com pistas diretas planas está indicada para a correção de
mordida cruzada posterior ou anterior, desde que funcional. Através da
confecção das pistas nas faces oclusais e/ou incisais dos dentes no lado
cruzado, o cirurgião-dentista constrói uma barreira capaz de impedir o
retorno da mandíbula à posição habitual de má oclusão. Portanto, este
procedimento gera uma mudança de postura mandibular e modifica a
dinâmica equivocada que a mordida cruzada funcional impunha ao sis-
tema musculoesquelético, proporcionando, desta forma, o desenvolvi-
mento da face e da dentição dentro dos padrões de normalidade12.

4.5 Tratamento miofuncional


O tratamento miofuncional usa aparelhos do sistema Trainer™ e
o Myobrace™. Esses aparelhos exercitam os músculos do sistema cra-
niomandibular para estimular o crescimento e desenvolvimento das es-
truturas do sistema. Ele promove o desenvolvimento da maxila, da man-
díbula e dos arcos dentais, além de posicionar a língua no local correto.
Como consequência, os dentes tendem a se alinhar35.

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4.5.1 Aparelhos miofuncionais
Os aparelhos do sistema Trainer™ são pré-fabricados para a corre-
ção miofuncional e de posicionamento dentário. São de tamanho único,
não havendo necessidade de impressões, moldagens ou ajustes de fixação.
Os aparelhos são compostos por duas fases. Os da fase 1 são mais flexíveis,
mais confortáveis e adaptam-se a diferentes más oclusões. Já os aparelhos
da fase 2 são mais rígidos, para um melhor alinhamento dentário, e devem
ser utilizados depois de cinco a oito meses de uso da fase 1.
O sistema Myobrace™ possui muitas características de treinamen-
to miofuncional do sistema Trainer™, mas foi confeccionado em dois
materiais da MRC para melhorar o desenvolvimento do arco e o alinha-
mento dentário. A parte interna desenvolve o arco, enquanto a externa
fortalece as propriedades do Sistema Trainer™.
Myobraces são aparelhos ortodônticos funcionais muito usados
em tratamento ortodôntico interceptativo. Eles funcionam unindo um
dispositivo funcional e posicionador a uma terapia miofuncional. O sis-
tema Myobrace™ trata más oclusões de níveis leves a moderadas, tanto
em crianças em desenvolvimento quanto em pacientes adultos. Esses
aparelhos agem desenvolvendo o equilíbrio facial, equilibrando os mús-
culos mastigatórios para funcionar corretamente, treinando a postura da
língua na maxila e exercendo forças leves a moderadas para expandir os
maxilares e alinhar os dentes. O objetivo é ter um efeito miofuncional,
com melhora no desenvolvimento dos maxilares, alinhamento dos den-
tes e uma correta respiração nasal3.
Como funciona o tratamento: o paciente deve usar o aparelho
de uma a duas horas acordado, durante o dia, e à noite, durante todo
o sono. Deve ser usado todos os dias para que funcione efetivamente.
Também são obrigatórios exercícios miofuncionais diários — pelo me-
nos um. O paciente vai aprender a deglutir de maneira correta e a posi-

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 238 | JOÃO B. BURZLAFF


cionar a língua no palato, que é o lugar correto. Paciente também deve
manter os lábios selados o tempo todo, enquanto não estiverem falando
ou comendo2.

4.5.2 Classificação dos aparelhos Myobrace™


Myobrace for Juniors™ é um sistema de três estágios de aparelhos
para tratamento de maus hábitos orais durante o desenvolvimento das arca-
das superiores e inferiores na dentição decídua, a partir dos 3 anos de idade.
Myobrace for Kids™ é um sistema de três estágios de aparelhos
para tratamento de maus hábitos orais durante o desenvolvimento das
arcadas superiores e inferiores na dentição mista.
Já o Myobrace for Teens™ é um sistema de quatro estágios de apare-
lho para correção de hábitos, desenvolvimento de arco e alinhamento dos
dentes. É indicado para guiar a correta erupção dos dentes permanentes.
O Myobrace™ para adultos, por sua vez, é um sistema de três es-
tágios de aparelhos indicados para a dentição permanente. Corrige maus
hábitos orais e alinha os dentes com forças leves.
O Myobrace Interceptive Class III™ é voltado para casos de má
oclusão de classe III, enquanto o Myobrace for Arch Development™
atua no aumento do arco em desenvolvimento em combinação com os
aparelhos MRC2.
Para melhores resultados, recomenda-se que o uso dos aparelhos
miofuncionais seja associado à terapia miofuncional2.

5. TERAPIA MIOFUNCIONAL

A terapia miofuncional orofacial é um recurso de tratamento que


visa aumentar a força muscular para devolver a estabilidade morfofuncio-

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 239 | JOÃO B. BURZLAFF


nal às estruturas orofaciais. A terapia possibilita uma correção na postura
das estruturas em repouso e no decorrer da execução das funcionalidades
do sistema estomatognático, prevenindo, assim, alterações no crescimento
e desenvolvimento craniofacial (GALLO; CAMPIOTTO, 2009).

No estudo de Gallo e Campiotto (2009), seis crianças de 5 a 11


anos de idade, com respiração nasal ou mista, foram submetidas a dez
sessões de terapia miofuncional com os seguintes objetivos: melhora da
vedação labial; aumento da força nos músculos orofaciais; e melhora da
respiração nasal. Ao final das dez sessões, todas as crianças obtiveram
melhora nesses quadros.

No estudo de Marson et al. (2012), foram realizados exercícios mio-


funcionais em crianças de 5 a 12 anos de idade, com diagnóstico otorri-
nolaringológico de respiração bucal, após terem passado por intervenção
cirúrgica e/ou medicamentosa e com diagnóstico fonoaudiológico de al-
terações na motricidade orofacial. O objetivo era de melhorar o controle
de força e mobilidade da musculatura orofacial. Para o músculo orbicular
da boca, foram realizados exercícios de protrusão dos lábios, protrusão
dos lábios com abertura, morder os lábios superior e inferior, vibração
de lábios, lateralização de lábios ocluídos, alongamento labial superior e
inferior, resistência a oclusão labial e pressão dos lábios com estalo. Para a
o músculo da língua, exercícios de ‘varrer’ o palato com a ponta da língua,
pressão da ponta da língua contra o palato, estalo da ponta da língua e
estalo completo, elevação da ponta da língua até o lábio superior, abaixa-
mento da língua até o lábio inferior, empurrão da língua contra a espátula,
treino com movimento de vibração e toque com a ponta da língua no
último dente da arcada superior dos lados direito e esquerdo. E, para as
bochechas, exercícios de inflar simultaneamente e unilateralmente, inflar
simultaneamente e pressionar uma bochecha e encher bexiga. Os exercí-
cios que seriam feitos e a quantidade de repetições foram determinados

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 240 | JOÃO B. BURZLAFF


para cada paciente de acordo com suas necessidades individuais. Como
resultado, obtiveram, em 12 semanas, melhora no modo respiratório, na
postura, na força muscular e nas praxias das estruturas orofaciais analisa-
das, comprovando a efetividade da terapia miofuncional.
Contrariando todas as teorias de crescimento e desenvolvimento
craniofaciais da época, que acreditavam que a base do crescimento cra-
niofacial era determinada desde a vida intrauterina até o fim do cresci-
mento, unicamente pelo fator genético, Moss et al. (1960) apresentaram
um conceito completamente novo. Eles afirmaram que o crescimento
ósseo era praticamente funcional, sem quase nenhuma interferência ge-
nética. Os autores fizeram experimentos que indicaram que o osso não
cresceria sem um estímulo externo, isto é, o tecido ósseo seria um tecido
secundário guiado por tecidos moles, como músculos, ligamentos, pres-
sões hemodinâmicas e crescimento de órgãos moles. Moss (1981) acre-
ditava que fatores epigenéticos de influências biomecânicas e biofísicas
determinavam o crescimento craniofacial.

Os estudos que consideram os fatores genéticos e os de Moss


podem se complementar, pois ainda faltam mais conclusões acerca do
crescimento e desenvolvimento craniofacial (CARVALHO, 2003). Essa
revisão de literatura vem ao encontro dos estudos de Moss, mostrando
como o simples desvio natural da via respiratória para via bucal, ao invés
da via nasal, pode influenciar no desenvolvimento e crescimento da face.

Quando uma pessoa não consegue usar a via respiratória nasal e


a substitui pela via bucal, os músculos elevadores da mandíbula ficam
em hipofunção, fazendo com que a pessoa fique com o lábio superior
hipotônico e a boca aberta. Há também uma diminuição no tônus das
bochechas, lábios e língua, causando uma hipotonia dos órgãos fonoar-
ticulatórios, o que ocasiona face alongada. Todas essas alterações geram
vários problemas, como de deglutição, troca de fonemas na fala, palato

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 241 | JOÃO B. BURZLAFF


ogival, estreitamento da maxila com modificações na oclusão, entre ou-
tras. Frequentemente, o respirador bucal chega à idade adulta com uma
má oclusão de classe II, 1° divisão, de Angle22.
Angle (1907), aliás, observou que é na face onde os efeitos da res-
piração bucal são sempre manifestados. Nesse estudo, foi dado desta-
que às principais alterações fenotípicas faciais causadas pela respiração
bucal: diminuição ou obstrução das fossas nasais, atresia transversa de
maxila, atresia do terço médio da face no sentido anteroposterior e atre-
sia da mandíbula. Ao longo destes capítulos, pôde-se perceber que a
obstrução ou diminuição nasal está relacionada tanto em causa quanto
consequência à respiração bucal.

Milanesi et al. (2017) disse que, quando o nariz se encontra obs-


truído ou diminuído, pode haver uma redução na passagem de ar na
cavidade nasal, acarretando a alteração da respiração nasal pela respira-
ção bucal e, em decorrência disso, ocorrem modificações faciais e otor-
rinolaringológicas. Essa obstrução nasal pode ocorrer devido a diversos
fatores etiológicos, entre eles, hipertrofia das tonsilas, faríngea e/ou pala-
tina, desvio de septo, corpo estranho, tumores, pólipos, fratura, atresias,
conchas nasais hipertróficas, rinites crônicas, entre outros (HENNIG et
al., 2009). Devido a essas obstruções, há falta ou diminuição significativa
da passagem de ar pelo nariz e alterações significativas no crescimento
da maxila e dos seios da face. Behar e Todd (2000) afirmam que a respi-
ração nasal ventila o ouvido médio, contribuindo para a pneumatização
do osso temporal e para o correto desenvolvimento dos seios paranasais
que compõem o terço médio da face.

A língua tem papel muito importante no desenvolvimento das estru-


turas bucais16. Na respiração bucal, o paciente fica com a língua em posi-
ção baixa por manter a boca frequentemente aberta — o que impede que
a língua faça pressão no palato e os músculos bucais que compõem o pro-

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 242 | JOÃO B. BURZLAFF


cesso de deglutição exerçam uma força excessiva no sentido de comprimir
as conformações ósseas, dando à maxila uma atresia trasversa18. Quando
temos um palato mais estreito, o mesmo ocupa uma parte da fossa nasal,
também podendo causar obstrução mecânica à passagem do ar1.
Essa mesma posição de língua baixa, associada à deglutição atípica
e à constante posição aberta da boca, favorece uma maior possibilidade
de rotação no sentido horário de crescimento em uma criança, o que
ocasiona uma face com diminuição na altura facial posterior e o aumen-
to da altura facial anterior, fator gerador de mandíbula retrognática14.
Isso ainda pode causar mordida cruzada posterior e anterior, protrusão
dos dentes anteriores, mordida aberta anterior e apinhamento na região
anterior e superior18. Além disso, no estudo de Fernandes et al. (2010),
constatou-se que a língua ficando em posição baixa pressiona a região
geniana e poderia causar um prognatismo mandibular, uma classe III de
Angle. Pode -se observar que todas as atresias estão relacionadas, entre
si, de alguma forma.

O aleitamento materno previne a Síndrome do Respirador Bucal


(SRB) e a deglutição atípica. No aleitamento natural, a respiração é reali-
zada somente pelo nariz e a língua do bebê fica em uma posição correta,
no palato, estimulando-o e evitando interferências dos músculos bucina-
dores, além de fazer com que a porção anterior do sistema estomatog-
nático cresça e se desenvolva de maneira correta guiada pela orbicular
dos lábios. O aleitamento natural também estimula o crescimento da
mandíbula evitando a má oclusão de classe II de Angle7.
O diagnóstico e o tratamento da síndrome do respirador bucal
devem ser feitos de maneira multidisciplinar e da forma mais precoce
possível, para que maiores sejam os benefícios para seu desenvolvimento
correto e menores sejam os prejuízos em seu crescimento33. Sempre
que percebidos sinais e sintomas da síndrome em um paciente, o or-

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 243 | JOÃO B. BURZLAFF


todontista ou qualquer outro profissional de saúde deve encaminhá-lo
para um otorrinolaringologista, a fim de que sejam feitos exames mais
precisos para confirmar o diagnóstico11.
Para o tratamento, a participação de uma equipe multidisciplinar
é fundamental, tendo em vista a relação e a associação entre as várias
alterações na SRB15. O principal papel do ortodontista no tratamento
da síndrome, além de monitorar o crescimento craniofacial, é corrigir
as modificações dentárias e recuperar as funções orais, de modo que
os resultados dos tratamentos sejam estáveis15. Para isso, há a expansão
rápida de maxila, que tem o objetivo de expandir o diâmetro tranverso
da maxila atrésica e descruzar a mordida cruzada11. Esse aumento nas
dimensões do palato gera uma ampliação da cavidade, proporcionando
ao paciente melhora da capacidade respiratória6.
Para crianças que ainda não têm idade para colaborar com o uso
de aparelhos ortodônticos, as pistas planas são indicadas para a correção
de mordida cruzada posterior ou anterior, desde que funcional12.
A ortodontia miofuncional vem ganhando seu espaço nos trata-
mentos ortodônticos. Os aparelhos da ortodontia miofuncional estimu-
lam os músculos facial e mastigatório, além de reposicionar a língua tra-
zendo um equilíbrio fisiológico da força exercida nos maxilares e nos
dentes. Por meio dessa musculatura facial, estimulam a modelagem e
remodelagem da maxila e da mandíbula para um melhor alinhamento
dos dentes. Diferentemente da ortodontia tradicional, em que apenas os
dentes se movem, e considerando que o sistema craniomandibular irá
se adaptar à nova posição desses dentes, a Odontologia Miofuncional
primeiramente equilibra os músculos do sistema craniomandibular e,
como consequência, os dentes tendem a se posicionarem melhor. Am-
bas as ramificações da Ortodontia possuem mesmo fim, mas os meios
são absolutamente diferentes35.

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 244 | JOÃO B. BURZLAFF


O estudo de Faria (2014), por exemplo, apresenta um paciente de
14 anos e 11 meses, respirador bucal, classe II de Angle e perfil levemen-
te convexo, com ausência de vedação labial e presença de olheiras pro-
fundas, deglutição atípica, músculo mentoniano hipertrófico e respiração
bucal após o tratamento com a linha Myobrace™, modelo A2, seguido
pelo A3. Ao final do tratamento, o paciente apresentou mudança de per-
fil com avanço mandibular e intercuspidação natural, conquistada atra-
vés do equilíbrio muscular e regularização da respiração — apresentando
então relação de classe I —, destacando que a idade do paciente não foi
um obstáculo para estimular o crescimento ósseo.

No estudo de Usumez et al. (2004), o caso de um paciente de 13


anos, respirador bucal, classe II, divisão 1 de Angle, após tratamento
com aparelhos Trainer T4 A, seguido de T4 B, obteve ativação das zo-
nas de crescimento mandibular e maxilar, oclusão em classe I de Angle
e, consequentemente, restabelecimento da respiração nasal.

No estudo de Yãnez e Faria (2008), um paciente com 10 anos de


idade, caso de má oclusão de classe II, divisão 2, foi tratado com sucesso
em uma idade precoce usando o Trainer for Kids (T4K). Foi planejado
um tratamento em duas fases: na primeira, tratamento com aparelho
miofuncional Trainer for Kids (T4K) e, na segunda, ortodontia fixa. Na
primeira fase, com o uso do aparelho Trainer for Kids (T4K), o paciente
apresentou melhora na relação intermaxilar, correção da mordida pro-
funda, correção da relação de molar e canino para classe I de Angle,
diminuição da hiperatividade dos músculos faciais e alinhamento dos
dentes. Diante desses resultados, o plano de tratamento foi modificado e
o paciente seguiu utilizando, por mais um período, o aparelho T4K, em
vez da ortodontia fixa. Após um ano de acompanhamento, o resultado
estava estável, sem nenhum sinal de recidiva.

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 245 | JOÃO B. BURZLAFF


Dessa forma, a terapia miofuncional vem como aliada ao tratamento
ortodôntico miofuncional2. Os exercícios miofuncionais têm o objetivo de
devolver a estabilidade morfofuncional às estruturas orofaciais com estimu-
lação dos músculos envolvidos, possibilitando uma correção na postura das
estruturas e alterações no crescimento e desenvolvimento craniofacial 21.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pacientes respiradores bucais têm propensão a apresentarem modifi-


cações nas proporções craniofaciais, como: padrão de crescimento vertical,
maior inclinação mandibular, maior altura facial anterior e inferior e menor
altura posterior — alterações indicativas de que a respiração bucal influencia
no desenvolvimento facial.
A ortodontia miofuncional, associando exercícios miofuncionais ao
uso de aparelhos como o Trainer for Kids™ e o Sistema Myobreace™,
mostra-se efetiva em casos que apresentem necessidade de melhora no de-
senvolvimento do arco maxilar e mandibular e correção do equilíbrio da
musculatura do sistema estomatognático.

ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 246 | JOÃO B. BURZLAFF


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ODONTOLOGIA MIOFUNCIONAL | 250 | JOÃO B. BURZLAFF

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