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Resenha Exploradores de Cavernas PDF

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GRADUAÇÃO DE INTRODUÇÃO AO DIREITO (FACULDADE IBGEN)

PROF. MESTRE VINÍCIOS GIL BRAGA


ALUNA: CRISTINA DOROTÉA MELO NEPOMUCENO

RESENHA DO LIVRO:

FULLER, Lon L. "O Caso dos Exploradores de Cavernas". Tradução e introdução por
Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Fabris, 1976.

Palavra chaves:
-Cavernas
-Estado de Necessidade

Resumo: A obra “O Caso dos Exploradores de Cavernas” trata de um caso fictício, em


um país hipotético, no qual cinco exploradores ficam presos em uma caverna e, após dias
de espera, decidem em conjunto assassinar um deles para que os outros pudessem se
alimentar da carne e sobreviver. Após o resgate, os quatro restantes são indiciados pelo
assassinato daquele explorador, sendo condenados na Primeira Instância. Na Segunda
Instância, há divergência entre os juristas, uma vez que cada um segue uma linha
argumentativa distinta.

O livro “O Caso dos Exploradores de Cavernas”, foi criado por Lon Fuller, nascido
no estado do Texas em 1902, e registrado com o nome de Jean Luvois Fuller, escolhido
por sua mãe Salomé Moore Fuller, porém, em virtude de constantes inconvenientes que
passava pela tradução de seu nome para o inglês que remetia a um nome de gênero
feminino, alterou seu primeiro nome para Lon. Estudou Economia e Direito na
Universidade de Stanford. Trabalhou em muitas universidades até chegar a Faculdade de
Direito de Harvard, onde participou do corpo docente entre os anos de 1940 e 1972. Teve
variados trabalhos publicados no âmbito do Direito Civil, Filosofia e Teoria do Direito.
Dentre todas suas obras, “O Caso dos Exploradores de Cavernas”, publicado em 1949,
pode ser usado como material didático para introdução de conflitos jurídicos e estimular
a reflexão crítica em julgamento de casos complicados.

"O Caso dos Exploradores de Cavernas" é um livro escrito por Lon Lucois Fuller,
um jurista norte-americano que quis em sua obra focar as formas eficazes de aplicação
dos sistemas jurídicos.
A obra ficcional, no ano de 4300, retrata uma sessão de julgamento na Suprema
Corte de Newgarth, na qual quatro exploradores recorrem da decisão do Tribunal de
primeira instância para condená-los a morte pelo assassinato de Roger Whetmore. Este,
juntamente com os quatro réus, fazia parte de uma organização amadorística de
exploração de cavernas, a Sociedade Espeleológica. O grupo estava em uma incursão a
uma caverna quando um desmoronamento de terra os deixou presos.
Na caverna permaneceram por muito tempo devido à dificuldade do resgate e em
razão de outros desmoronamentos que resultou na morte de dez operários que
trabalhavam na operação de salvar aquelas pessoas. Mantendo contato com a equipe de
resgate através de um rádio, os exploradores receberam a notícia que, devido os
empecilhos do resgate, seria preciso mais dez dias para concluir tal missão. Com
suprimentos escassos, a chance de sobrevivência deles era mínima, então Roger
Whetmore, um dos exploradores, perguntou ao médico responsável qual chance de
sobrevivência se comessem carne humana. A resposta foi que provavelmente sim, então
se voltaram às autoridades religiosas, políticas e médicas, mas ninguém aceitou tomar
uma decisão. Whetmore propôs que jogassem os dados, e a pessoa que perdesse seria
morta e comida pelos outros, mas pediu que esperassem mais uma semana para fazerem
o sorteio, porém seus colegas não aceitaram, então jogaram os dados e Whetmore como
o selecionado para ser morto e servir de alimento aos demais. Este não teve objeções e
então, prosseguiu-se o ato.
Durante o resgate, dez trabalhadores perderam a vida após um novo
deslizamento de terra. Após serem resgatados e levados ao hospital para tratarem de
desnutrição e recuperarem psicologicamente do trauma eles foram indiciados por crime
de homicídio pela morte de Roger Whetmore e condenados em primeira instância, o júri
decidiu que eles deveriam ser condenados com pena de morte pela forca. Após o
encerramento do julgamento, o júri enviou uma petição ao Poder Executivo pedindo que
modificasse a pena para seis meses de reclusão. O livro abrange diversos conceitos
fundamentais no ramo jurídico, como Direito positivo e Direito natural, bem como a
aplicação destes ao caso.
O juiz Foster foi o primeiro a votar e não hesitou em dizer que eles eram
inocentes, já que quando os réus mataram Whetmore eles estavam num “estado de
natureza” e a lei que deveria ser aplicada não seria a lei positivada, mas sim a que
adequasse à situação do caso. Em contrapartida, o juiz Tatting se mostra numa
controvérsia, por um lado os acusa e por outro demostra empatia pelos réus, questionando
Foster sobre essas “leis da natureza”: quando elas começaram a valer e se foi antes ou
depois de Whetmore foi morto. O juiz Keen diz que os exploradores já haviam sofrido
muito e que deveriam ser absolvidos, porém, vota a favor da condenação dos réus, pois
deveriam ser julgados de acordo com o que era descrito pela lei. Hand votou a favor da
inocência dos réus baseando-se numa pesquisa feita pela população onde noventa por
cento votava a favor da absolvição, e a opinião pública deveria ser levada em
consideração, já que o caso repercutiu no país e no exterior. Na conclusão da votação
houve um empate e foi mantida a decisão de primeira instância: os réus seriam enforcados
(FULLER, 1976, p.10 e 11).
Percebe-se que ‘O caso dos Exploradores de Cavernas” é um livro complexo e
uma excelente introdução para o Direito sobre as vertentes de um julgamento e como é
difícil tomar uma decisão, principalmente sobre a vida de outras pessoas. Um caso cheio
de lacunas e devido às condições que os exploradores estavam, o estado psicológico e
fisiológico abalado, suas questões pessoais sobre religião e a dúvida sobre se todos
sairiam vivos dali era sobre-humano. A forma como Fuller descreve a realidade jurídica
e a relação entre a moral e as leis, mostra um conectivo com a realidade que dá uma
abrangência enorme sobre a experiência do Direito, a criação do pensamento jurídico e
sobre quantos lados é possível observar e analisar sobre um caso como este.
Cada juiz demostrou diferentes perspectivas jurisprudencial, para o juiz
Truepenny, foi correta a decisão do júri, já que a lei escrita apenas possibilitava a
condenação, considerando a corrente positivista, sendo os réus culpados. O juiz Foster,
seguiu a corrente jus naturalista, afirmou ser inadequados e fantasiosos os argumentos de
Truepenny, aborda algumas problemáticas em considerar os réus sob estado de natureza,
os absolvendo. Para o juiz Tatting, há uma lacuna legal tanto no direito positivo quanto
no direito natural, se abstendo. O juiz Keen (FULLER, 1976, p.45-46), aderiu a corrente
positivista, compreende que o problema não é apenas o fato de ser impossível prever o
propósito da lei referente ao homicídio, mas também prever o seu alcance, encerra a favor
da condenação. Por fim, o juiz Handy (FULLER, 1976, p.54-72), com uma visão do
realismo jurídico, abordou a importância da utilização do senso comum em situações
como esta em que há evidentes conflitos quanto à aplicação da lei, considerando o caso
dos exploradores, a favor da absolvição dos réus.
Há uma relação pertinente da obra com a disciplina Introdução ao Direito, por
proporcionar o desenvolvimento do pensamento crítico sobre as diferentes formas de
produção do direito para a compreensão e avaliação do seu funcionamento em sociedade,
como também, uma análise das ideias de conflitos jurídicos e a reflexão em julgamentos
de casos complicados.

A disciplina Introdução do Direito visa fornecer uma visão global do Direito,


aspectos relacionados ao fato jurídico, relação jurídica, lei, justiça, segurança jurídica, por
serem aplicáveis a todos os ramos do Direito. Do ponto de vista prático, o interesse maior
está no estudo do sistema de normas jurídicas vigentes, ou seja, conhecer as normas
jurídicas, perquirindo sobre a sua interpretação, integração ao sistema e aplicação ao caso
concreto. Sendo este, o nosso objeto de estudo do caso dos exploradores das cavernas,
essa relação representa as nuances das diferentes formas do raciocínio jurídico.

Referências Bibliográficas

FULLER, Lon L. "O Caso dos Exploradores de Cavernas". Tradução e


introdução por Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Fabris, 1976.

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