Resenha
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Resenha...................................................................................................3
Reportagem.............................................................................................4
Bibliografia.............................................................................................7
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Resenha:
Gestão Responsável na Cadeia Produtiva
Muitas empresas começaram a se conscientizar de que não basta ela própria adotar
medidas que diminuam seu impacto na natureza, mas também fazer com seus funcionários,
fornecedores, clientes e todos envolvidos em suas atividades contribuam para esse fim.
Essa medida é muito importante pois a empresa, mesmo sendo conhecida por suas atitudes
em relação à preservação do meio ambiente, pode não ser bem vista caso receba recursos
ou os conceda para alguma empresa que possua atitudes condenadas pela sociedade em
geral.
Com base nesse fato muitas empresas começam a exigir que seus fornecedores, e
parceiros em geral, adotem medidas que estejam de acordo com as que ela própria adota.
Um exemplo de empresa é a rede americana de cafeteria Starbucks, que avalia seus
fornecedores de acordo com sua preocupação com a preservação do solo e condições de sua
mão de obra. Outras empresas exigem que seus parceiros possuam ISO 14 000, que são
normas que dizem respeito à preservação ambiental, e que possuam condições humanas de
trabalho para seus funcionários, o que inclui programas de prevenção de acidentes, local de
trabalho saudável e proibição de trabalho infantil e escravo.
Existem ainda empresas que ministram palestras e aplicam questionários para outras
empresas parceiras com o intuito de demonstrar como essas medidas podem contribuir para
a preservação do ambiente, a imagem da empresa e a lucratividade.
Uma grande preocupação para os gestores que os faz não aderir a essas medidas é
uma previsão de custos altos, o que na prática, na maioria das vezes, não acontece, por
exemplo a empresa B&C, uma fornecedora da Petrobrás, que obteve um retorno três vezes
maior que o investimento em redução de uso de matéria prima e emissão de recursos.
Com vista nessas novas medidas que estão sendo tomadas por cada vez mais
empresas, as empresas tendem a mudar seu comportamento em relação ao meio ambiente e
aos valores da empresa, principalmente devido a clientes cada vez mais exigentes e
conscientizados que, devido a grande quantidade de opções, pode escolher a empresa que
mais se adequar a seus valores e idéias.
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Reportagem:
Por que cada vez mais empresas estão exigindo que seus fornecedores e clientes
adotem a administração responsável
Loja da Starbucks (na foto, unidade do Shopping Pátio Higienópolis, em SP): fornecedores éticos têm preferência
Ao longo dos últimos anos, o discurso da gestão responsável foi amplamente incorporado
pelas empresas brasileiras. Muitas avançaram em suas práticas — aprimorando o
relacionamento com os funcionários, adotando estratégias de redução do impacto no meio
ambiente ou investindo no desenvolvimento das regiões onde atuam, por exemplo. O
avanço ajudou a colocar o Brasil no centro das discussões internacionais sobre
responsabilidade social empresarial. O que muitas companhias no país estão descobrindo
agora é que cuidar apenas dos processos internos não é suficiente — é preciso garantir que
as práticas responsáveis sejam adotadas em toda a cadeia produtiva.
Em primeiro lugar, por uma questão de coerência. Uma companhia que conquista
uma boa reputação por tratar bem seus funcionários, por exemplo, pode ter seu esforço
anulado se eles souberem que ela compra serviços de empresas que não respeitam direitos
humanos básicos. Em segundo lugar, pela necessidade de administrar riscos. "Num
ambiente em que a cooperação é cada vez mais parte do negócio, uma empresa com ações
condenáveis pode comprometer a imagem de outras na mesma cadeia", afirma Ricardo
Young, presidente do Instituto Ethos. Uma terceira razão é a escala. Uma companhia
atuando sozinha tem uma influência limitada em seu ambiente de negócios. Várias em
conjunto podem conseguir mudanças importantes.
Diversas empresas no mundo já estão exigindo que seus fornecedores adotem um
comportamento responsável na maneira de conduzir os negócios. Um exemplo é a rede
americana de cafeterias Starbucks. Antes de comprar os grãos, a Starbucks avalia as ações
ambientais e sociais de seus fornecedores. Analisa, por exemplo, se eles fazem o manejo
correto do solo, se possuem projetos de redução do uso da água ou se oferecem salários e
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benefícios adequados aos agricultores. Os fornecedores que somam mais pontos nesses
critérios têm preferência na venda de café para a rede.
DivulgaçãO
Fachada da Starbucks no Shopping Morumbi, em SP
No Brasil, uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte,
com 70 grandes companhias mostrou que muitas já adotam uma postura semelhante.
A pesquisa apontou, por exemplo, que 54% das empresas exigem que seus
fornecedores possuam a certificação ISO 14 000, que trata da qualidade na gestão
ambiental. E 77% exigem o mesmo de seus distribuidores (veja quadro). "Muitas
companhias pesquisadas declararam já ter obtido algum tipo de diferencial competitivo no
mercado por agir dessa maneira", afirma Cláudio Boechat, professor do Núcleo de
Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa da Fundação Dom Cabral e um dos
autores do estudo. "Algumas citaram, por exemplo, o aumento do lucro líquido." Na
pesquisa do Guia EXAME de Boa Cidadania Corporativa, 51% das empresas afirmaram
incluir critérios específicos de responsabilidade social na seleção e na avaliação de
fornecedores.
A Petrobras, maior companhia brasileira, decidiu inserir esses critérios na avaliação
de seus 4 500 prestadores de serviços — 15% dos quais são empresas de pequeno porte. O
processo teve início em 2003 como parte do programa de gestão de fornecedores da área de
engenharia e foi ampliado em 2005 para outras áreas. São analisadas principalmente
questões ligadas à saúde e à segurança dos funcionários e à proteção do meio ambiente. A
existência de ações preventivas contra acidentes e de uma política ambiental é obrigatória
para as empresas interessadas em prestar serviços para a Petrobras. Os contratos também
possuem cláusulas específicas contra a exploração de mão-de-obra infantil e a utilização de
trabalho forçado.
"Algumas empresas, principalmente as pequenas, ainda não têm consciência da
importância de tudo isso para os negócios", afirma Ernani Turazzi, gerente responsável
pelo cadastro de fornecedores de bens e serviços da Petrobras. "Mas, à medida que fazem
as adequações, percebem que é possível melhorar o relacionamento com a estatal e
aprimorar a própria gestão." Foi assim com a fornecedora B&C, empresa de desparafinação
e limpeza de equipamentos utilizados na extração do petróleo situada em São Mateus, no
Espírito Santo.
Para continuar como fornecedora da Petrobras, a B&C passou a perseguir, a partir
de 2003, a diminuição no consumo de matéria-prima e na geração de resíduos. O resultado
foi uma redução de 50% no consumo de óleo diesel — altamente poluente — e de 31% na
geração de resíduos tóxicos.
Uma preocupação freqüente das companhias que exigem mudanças na gestão de
seus fornecedores — especialmente os pequenos — é o custo que isso pode representar
para eles. Mas experiências mostram que essas empresas podem gerar economia — e não o
contrário. Na B&C, por exemplo, a economia gerada pela mudança de processos foi três
vezes superior ao investimento feito.
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Para dar escala às suas ações, algumas empresas procuram influenciar não somente
fornecedores, mas também outros parceiros de negócios. É o caso da Belgo Mineira. A
siderúrgica criou, em 2004, um programa batizado de Compartilhamento de Práticas de
Sustentabilidade e Responsabilidade Empresarial na Cadeia Produtiva, voltado para
distribuidores, fornecedores e clientes. Na primeira etapa do programa, representantes das
companhias parceiras participam de uma palestra na qual são apresentados conceitos e
indicadores de responsabilidade social e ambiental. Depois, respondem a um questionário
com 32 perguntas sobre ética, relações de trabalho e relacionamento com o governo e a
comunidade, entre outros temas.
As respostas são analisadas pela Belgo e as empresas mal pontuadas são
incentivadas a implementar planos de melhoria com o apoio de uma consultoria
especializada. "Tentamos mostrar a nossos parceiros que a conduta responsável contribui
para a diminuição dos riscos e para a perpetuação do negócio", afirma Leonardo Gloor,
gerente da Fundação Belgo. Embora não seja obrigatório, até agora 182 fornecedores,
clientes e distribuidores já participaram do programa. Um deles é a Engemet Metalurgia, de
São Paulo. Depois de participar do projeto, a empresa criou canais de comunicação com os
funcionários e decidiu elaborar um balanço social.
"A produtividade aumentou, e isso deve contribuir para um incremento de 10% em nosso
resultado em 2005", diz Aguinaldo Cajaíba, presidente da Engemet.
Com a disseminação da gestão responsável na cadeia produtiva, a tendência é que
fornecedores de grandes companhias que não se adequarem às novas exigências corram o
risco de perder seus contratos. A CPFL Energia, por exemplo, cancelou recentemente o
contrato de um fornecedor de serviços que atrasava o salário dos funcionários. "Se as
pessoas que prestam serviços para nós estão insatisfeitas com o trabalho, nosso negócio
pode ser prejudicado", diz Augusto Rodrigues, diretor de comunicação empresarial e
relações institucionais da CPFL. Para evitar situações extremas como essa, a empresa
promove reuniões sobre responsabilidade social com fornecedores e monitora suas práticas
por meio de visitas regulares.
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Distribuidores
Iso 9000 - 92,3%
Iso 14000 - 76,9%
Indicadores Ethos - 7,7%
FNQ¹ - 7,7%
SA 8000² - 0%
Clientes
Iso 9000 - 92,3%
Iso 14000 - 57,7%
Indicadores Ethos - 15,4%
FNQ¹ - 0%
SA 8000² - 11,5%
²Norma internacional que trata da conduta ética nas relações de trabalho e do respeito aos
direitos humanos
Bibliografia:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/conteudo_225821.shtml