Maria João Neves

Understanding the funerary treatment in complex sites such as prehistoric collective graves where the accumulation and juxtaposition of thousands of fragmented bone fragments is usual, depends on adopting a set of
Archaeotanatological concepts and procedures. This paper presents the case of Hypogeum I of Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja), where an archaeotanatological approach, coupled with a geoarchaeological
evaluation of the site, and the spatial distribution analysis of all elements of the tomb, allowed the reconstruction of the funerary chaîne operatoire implemented there between 2900 and 2300 cal. BC. The results will be
discussed here in light of recent works on coeval sites in the southwestern Iberian Peninsula.

Apesar dos hipogeus (ou grutas artificiais) serem explorados desde a década de 1870, é apenas da última década do século XX que um destes monumentos é pela primeira vez alvo de uma intervenção levada a cabo por arqueólogos e antropólogos – o Hipogeu de Monte Canelas I. Aqui, o tipo de registo efectuado permitiu realizar uma análise arqueotanatológica do sítio, vinte anos após a sua escavação, devidamente balizada por um conjunto de datações de radiocarbono. Já nos finais da primeira década do séc. XXI, uma outra intervenção de Arqueologia no Monte dos Carrascal 2, sito nas imediações do grande sítio de Porto Torrão (Ferreira do Alentejo), permitiu recolher dados aturados acerca das práticas funerárias ali levadas a cabo. A escavação arqueotanatológica de dois destes sepulcros veio lançar luz sobre as modalidades de gestão e tratamento dos mortos naqueles sítios, numa perspectiva sincrónica e diacrónica, enquadrada radio-cronometricamente. Apresentam-se aqui os resultados dos estudos...

Partindo-se dos dados recolhidos no Hipogeu 2 do Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja), um dos sepulcros colectivos sito nas imediações do grande sítio do Porto Torrão, procurou-se obter uma leitura biográfica do mesmo, abordando-se especificamente as questões relativas à construção, uso, reconfiguração, reutilização e abandono da estrutura tumular.Através da análise integrada das informações espaciais, estratigráficas e arqueotanatológicas, reunidas numa única base de dados georreferenciada (SIG), foi possível caracterizar os inumados, o modo como foram sendo depositados, as práticas funerárias realizadas ao longo do tempo, os processos de preenchimento do sepulcro e as alterações pós-deposicionais e processos de remodelação que sofreu.Após esta caracterização do sepulcro e dos seus mortos foram entrevistas as novas questões que resultam duma abordagem integrada destes dados com aqueles que decorrem das novas descobertas realizadas recentemente no interior alentejano. E...

An archaeological intervention in Valle da Gafaria (Lagos, Portugal) allowed the excavation of a deposit of waste dating from the 15th to 17th centuries. Among discarded objects, an important amount of human skeletal remains was exhumed (N = 158 individuals). The archaeological and historical context, as well as the morphometric analysis of the skulls, led us to attribute them an African origin. While historical sources document the trade of slaves by the Portuguese since the 15th century, so far no slave cemetery was excavated in Portugal. The study of their lives and deaths has been accomplished by historical documents. Therefore, this sample provides a unique opportunity to learn more about captive individuals who were brought to Portugal in the modern period. The present work focuses in the intentional dental modifications presented by several of these individuals. A total of 113 subjects have teeth that can be evaluated for the presence of intentional modifications. Of these, 5...

An archaeological excavation in Valle da Gafaria (Lagos, Portugal), revealed two contiguous burial places outside the medieval city walls, dating from the 15th–17th centuries AD: one was interpreted as a Leprosarium cemetery and the second as an urban discard deposit, where signs of violent, unceremonious burials suggested that these remains may belong to slaves captured in Africa by the Portuguese. We obtained random short autosomal sequence reads from seven individuals: two from the latter site and five from the Leprosarium and used these to call SNP identities and estimate ancestral affinities with modern reference data. The Leprosarium site samples were less preserved but gave some probability of both African and European ancestry. The two discard deposit burials each gave African affinity signals, which were further refined toward modern West African or Bantu genotyped samples. These data from distressed burials illustrate an African contribution to a low status stratum of Lago...

Résumé/Abstract Il ya 20 000 ans, des groupes de chasseurs ont réalisé une performance technique et intellectuelle jamais égalée depuis: la taille de très longues et très fines lames de silex, témoins d'une habileté poussée à l'extrême. Devenus des symboles de la ...

Resumo O Vale das Buracas corresponde a um pequeno canhão fluviocársico escavado em calcários do Jurássico médio que se estende rigidamente de SSE para NNW, ao longo de cerca de 400 metros, na frente setentrional da Serra do Rabaçal (Maciço de Sicó). Os dados ...

Résumé/Abstract Les grandes feuilles de laurier découvertes en 1874 à Volgu présentent toutes le stade extrême d'amincissement bifacial qu'il est possible d'obtenir par percussion. Trouver un groupe d'objets appartenant au même stade de la production du même outil ...

Geoarchaeological analysis of the Middle and Upper Palaeolithic record preserved in cave, rock-shelter and open-air sites in the northern sector of the Meso-Cenozoic of the Western Iberian Peninsula margin (Portugal) reveals several disconformities (erosive unconformities), hiatuses and surface stabilization phases. A recurrent disconformity, dated to ca. 29,500–32,000 cal yr BP, in the time range of Heinrich event 3, must correspond to a main erosive event related to the impacts of climate change on the landscape, including a reduction in vegetation cover and altered precipitation patterns, with the consequent accelerated down-cutting by stream systems, slope reactivation and endokarstic reorganisation, causing the erosion of sediments and soils accumulated in cave, rock-shelter and open-air sites. These processes create a preservation bias that may explain why Early Upper Palaeolithic finds in primary deposition context remains exceptional in the carbonate areas of central-western Portugal, and possibly elsewhere in the other places of Iberia. The impact of such site formation processes must therefore be duly considered in interpretations of the current patchy and scarce archaeological record of the Middle-Upper Palaeolithic transition in south-western Iberia.

Extensive archaeological work done at the Magra 3 site (Beja) resulted in the excavation of a large lime production unit, with five kilns, dumping and stone extraction areas, which is thought to have been active between the end of the 1st century BC and the middle of the 1st century AD.
The chronology of this industrial plant is contemporary with the establishment and growth of the Pax Iulia (Beja) urbe, hinting at a possible relation with this Roman city as a lime supply source for the big public facilities built in that colony at the time.

A prospecção geofísica constitui um recurso cada vez mais usual em Arqueologia. Apesar deste interesse crescente dos arqueólogos, a utilização de métodos geofísicos permanece acantonada às fases de pré-escavação, enquanto elemento de planeamento da estratégia de intervenção. Pelo contrário, são raros os exemplos da sua utilização integrada durante a própria intervenção Arqueológica, facto que decorre maioritariamente da separação (disciplinar e orgânica/institucional) que persiste entre "equipas de Arqueologia" e "equipas de Geofísica", perpetuando entre ambas barreiras significativas (metodológicas, financeiras, etc.). Ora, o projecto iDryas foi expressamente desenhado para o desenvolvimento de programas de investigação em Arqueologia, com particular destaque para a aplicação transdisciplinar de métodos, técnicas e recursos tecnológicos de diferentes áreas científicas. Neste âmbito, surgiram evidentes as vantagens potenciais de uma melhor integração metodológica das duas áreas, integração que a equipa iDryas, que combina as duas competências disciplinares, está a ensaiar. A intervenção no Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo) ofereceu precisamente uma oportunidade para aplicar diferentes recursos geofísicos na tentativa de dar resposta a questões surgidas durante a própria escavação de um sítio funerário da época pré-histórica que evidencia uma grande complexidade arquitectónica.

Apesar dos hipogeus (ou grutas artificiais) serem explorados desde a década de 1870, é apenas da última década do século XX que um destes monumentos é pela primeira vez alvo de uma intervenção levada a cabo por arqueólogos e antropólogos-o Hipogeu de Monte Canelas I. Aqui, o tipo de registo efectuado permitiu realizar uma análise arqueotanatológi-ca do sítio, vinte anos após a sua escavação, devidamente balizada por um conjunto de datações de radiocarbono. Já nos finais da primeira década do séc. XXI, uma outra intervenção de Arqueologia no Monte dos Carrascal 2, sito nas imediações do grande sítio de Porto Torrão (Ferreira do Alentejo), permitiu recolher dados aturados acerca das práticas funerárias ali levadas a cabo. A esca-vação arqueotanatológica de dois destes sepulcros veio lançar luz sobre as modalidades de gestão e tratamento dos mortos naqueles sítios, numa perspectiva sincrónica e diacrónica, enquadrada radio-cronometricamente. Apresentam-se aqui os resultados dos estudos realizados nestes três sepulcros colectivos, procurando-se caracterizar e identificar os traços comuns e aqueles que individualizam cada um dos monumentos, no que respeita ao tratamento dos mortos nos 4º e 3º milénio a.C. PALAVRA-CHAVE: Sepulcros colectivos; 4/3º milénio a.C.; Hipogeus; Monte Canelas I; Monte do Carrascal 2? Uciti quias quos comniminctae labor aut ut abore sequiditiore ea volupta tusame deliquam, eossuntur, comnit, intion platur recuptatqui dolore dolor sequam sandigendus unt ulpa volecte mporibea quasper ferspitem quist, quidesequam volum repere dunt aut la nis excerum faceatem ad qui cuptae. Et quam est volo con exerferibus alit et qui dolores re voluptia vit porem ut quassunt

Partindo-se dos dados recolhidos no Hipogeu 2 do Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja), um dos sepulcros colectivos sito nas imediações do grande sítio do Porto Torrão, procurou-se obter uma leitura biográfica do mesmo, abordando-se especificamente as questões relativas à construção, uso, reconfiguração, reutilização e abandono da estrutura tumular.
Através da análise integrada das informações espaciais, estratigráficas e arqueotanatológicas, reunidas numa única base de dados georreferenciada (SIG), foi possível caracterizar os inumados, o modo como foram sendo depositados, as práticas funerárias realizadas ao longo do tempo, os processos de preenchimento do sepulcro e as alterações pós- deposicionais e processos de remodelação que sofreu.
Após esta caracterização do sepulcro e dos seus mortos foram entrevistas as novas questões que resultam duma abordagem integrada destes dados com aqueles que decorrem das novas descobertas realizadas recentemente no interior alentejano. Este conjunto de informações afigura-se essencial à compreensão da relação entre o mundo dos vivos e dos mortos nos 4o e 3o milénios a.C., tema fundamental na investigação arqueológica e antropológica europeias.

O Vale das Buracas corresponde a um pequeno canhão fluviocársico escavado em calcários do Jurássico médio que se estende rigidamente de SSE para NNW, ao longo de cerca de 400 metros, na frente setentrional da Serra do Rabaçal (Maciço de Sicó). Os dados resultantes de uma intervenção arqueológica de emergência numa das vertentes do vale contribuíram para a reconstituição da evolução recente das formas e depósitos do vale, demonstrando a idade holocénica do depósito heterométrico negro que contém, em posição secundária, vestígios arqueológicos de diferentes cronologias, inclusive materiais neo-calcolíticos. Estes dados permitiram também balizar cronologicamente a fase fria responsável pela constituição do depósito não consolidado de gelifractos exposto na vertente norte. O conhecimento pluridisciplinar do vale, que, para além da Geomorfologia e da Arqueologia, envolve já participações da Geologia e da Biologia, aponta para o carácter especial deste sítio e para a enorme importância científica que detém no quadro da compreensão integrada do carso e sua utilização pelas sociedades humanas. Estes resultados justificam a curiosidade crescente que o Vale das Buracas suscita e o número de visitantes que o procuram, facto que, paradoxalmente, constitui um factor de rápida degradação do património científico, cultural e ambiental que o sítio representa, desde logo por força das recentes intervenções autárquicas no sentido de facilitar o acesso ao vale. Abstract Contribution about the cultural sequence by pleistocene/holocene to understanding the genesis and evolution of the fluviokarstic canyon of the Bburacas Valley The Buracas Valley corresponds to a small fluviokarst canyon in carbonate rocks of the middle Jurassic that extends by SSE to NNW rigid direction, throughout about 400 meters, in the northern front of Rabaçal (Sicó Mountain). The resulting data of an archaeological intervention in one of the slope of the valley had contributed for the reconstitution of the recent evolution of the landforms and deposits of the valley. This study has demonstrated the Holocene age of black deposit that contains, in secondary position, archaeological vestiges of different chronologies, also material neo-calcolitic.These data had also allowed to change the chronology of could phase responsible for the constitution of the not consolidated slope deposit displayed in the north part of the valley.The multidisciplinary knowledge of the valley, that, for beyond the Geomorphology and Archaeology, involves already participation of Geology and the Biology, points it to be special of these small landforms and for they enormous scientific importance for the understanding karst and its use for the human societies in the time.These results justify the increasing curiosity that the Buracas Valley excites and the number of visitors that looks it, fact that, paradoxically, constitutes a factor of fast degradation of the scientific heritage, cultural heritage and the environmental, since soon for force of the recent autarchic interventions in the direction facilitating the access to the valley.

In 2009, an archaeological intervention in the Valle da Gafaria (Lagos, Portugal) allowed the excavation of part of a leprosarium and an associated necropolis (15the17th centuries). The individuals recovered were buried directly in the soil, in positions and orientations discordant to the prevailing Christian rules. The sample is made up of eleven adult individuals of both sexes.
This paper discusses the differential diagnosis of unusual and distinct pathological changes in five of the individuals recovered. The differential diagnosis of the lesions gave rise to several possible patho- logical conditions, namely, leprosy, treponematosis, brucellosis, slipped femoral capital epiphysis, and Legg-Calvé-Perthes disease. Various macroscopic and radiological aspects led us to consider leprosy as the most probable diagnosis in two individuals. Treponematosis and brucellosis were the probable diagnosis in other two individuals, respectively. One individual presented lesions in the right femur compatible with Legg-Calvé-Perthes disease.
Historical documents suggest that the poor, mentally disabled, and people suffering from syphilis, tuberculosis, among others, were also housed in leprosaria. Therefore, it is possible that evidence of other conditions is found in human remains uncovered at a leprosarium.
The cases under study enrich the scanty osteoarchaeological documentation of palaeopathology in Portugal in the Modern Age, namely of leprosy, brucellosis, treponematosis, and Legg-Calvé-Perthes disease, and they can contribute to reduce the discrepancy between historical and biological evidences of disease.

his paper reviews and updates the anthropological knowledge about Middle-Late Neolithic populations in Portugal. This territory is rich in prehistoric burial sites, particularly those of the designated Middle and Late Neolithic/Chalcolithic periods (4th–3rd millennia BCE). In the past 150 years, more than 3000 tombs, namely natural caves used as tombs, dolmens, rock cut tombs and tholoi (vaulted chamber tombs) were identified and hundreds of them explored. Within these funerary structures, generally used as collective burials, the bones were frequently found and registered as disturbed and in a very fragmentary condition with total or almost total absence of anatomic connections. The systematic study of these human remains started in the 1990's and are mainly based on data obtained from tombs located in Estremadura and Algarve, two regions with limestone bedrocks that contributed to a better bone preservation. Those studies led to the assessment of anthropological profiles of several tombs. Among the more relevant data is the frequent sex ratio in favor of females, a greater mobility than that expected for agricultural communities and a low rate of main types of pathologies. Meanwhile, mainly due to an increase of Management Archaeology in South Portugal hinterland (Alentejo) new sites and types of tombs were located in the last 15 years: rock cut tombs were unknown in Alentejo, as well as pit graves; also pockets of cremated human bones have been found, as well as human bones lying inside ditches. Besides suggesting a more diversified funerary practice by those prehistoric populations, this new data raises many more questions: Were all contemporaneous? Was there different treatment according to belonging within the groups? Are there regional patterning for those differences?

An archaeological excavation in Valle da Gafaria (Lagos, Portugal), revealed two contiguous burial places outside the medieval city walls, dating from the 15th–17th centuries AD: one was interpreted as a Leprosarium cemetery and the second as an urban discard deposit, where signs of violent, unceremonious burials suggested that these remains may belong to slaves captured in Africa by the Portuguese. We obtained random short autosomal sequence reads from seven individuals: two from the latter site and five from the Leprosarium and used these to call SNP identities and estimate ancestral affinities with modern reference data. The Leprosarium site samples were less preserved but gave some probability of both African and European ancestry. The two discard deposit burials each gave African affinity signals, which were further refined toward modern West African or Bantu genotyped samples. These data from distressed burials illustrate an African contribution to a low status stratum of Lagos society at a time when this port became a hub of the European trade in African slaves which formed a precursor to the transatlantic transfer of millions.

AHistória Moderna de Portugal encontra-se fortemente marcada pelos Descobrimentos, movimento pautado por um pulsar eminentemente económico, traduzido na implementação de redes comerciais motivadas pela procura de especiarias, açúcar, ouro e escravos.
Em Portugal continental, um dos centros económicos que mais se destacou neste comércio foi a cidade de Lagos. Daqui parte em 1444 a primeira expedição de captura de escravos rumo às costas da Mauritânia, empresa saldada no aprisionamento de 235 peças, segundo os relatos de Gomes Eanes de Zurara.
Ora, sendo a presença escrava bastante significativa tanto nesta cidade, como noutras do Reino, não deixa de parecer estranha a quase completa ausência em contextos arqueo-lógicos de vestígios materiais deste grupo social, situação que a nível mundial encontra também correlato.
Em 2009, a construção de um parque de estacionamento subterrâneo no Valle da Gafaria, junto a uma das portas da cidade, proporcionou uma oportunidade inestimável de documentação objectiva dos escravos em Portugal, através dos seus testemunhos mais directos: o seu esqueleto.
Com efeito, a intervenção de Arqueologia preventiva viria a permitir a identificação de uma vasta lixeira urbana, acumulada em Época moderna no interior e em torno de um “boqueirão”. Facto inesperado, a prossecução da escavação revelaria aqui a presença de um número muito significativo de esqueletos humanos (N=155).

This paper presents a geoarchaeological study of Middle and Upper Palaeolithic (Châtelperronian, Aurignacian and Solutrean) occupations preserved at the Bordes-Fitte rockshelter in Central France. The lithostratigraphic sequence is composed of near-surface sedimentary facies with vertical and lateral variations, in a context dominated by run-off and gravitational sedimentary processes. Field description and micromorphological analysis permit us to reconstruct several episodes of sediment slope-wash and endokarst dynamics, with hiatuses and erosional phases. The archaeostratigraphic succession includes Châtelperronian artefacts, inter-stratified between Middle Palaeolithic and Aurignacian occupations. Systematic refitting and spatial analysis reveal that the Châtelperronian point production and flake blanks retouched into denticulates, all recovered in the same stratigraphic unit, result from distinct and successive occupations and are not a ‘transitional’ Middle to Upper Palaeolithic assemblage. The ages obtained by 14C place the Châtelperronian occupation in the 41–48 ka cal BP (calibrated thousands of years before present) interval and are consistent with the quartz optically stimulated luminescence age of 39 ± 2 ka and feldspar infra-red stimulated luminescence age of 45 ± 2 ka of the sediments. The Bordes-Fitte rockshelter sequence represents an important contribution to the debate about the characterization and timing of the Châtelperronian, as well as its affinities to earlier and later industries.

Levada a cabo no âmbito de uma acção de minimização de impacte arqueológico de um projecto de arquitectura, a intervenção arqueológica na zona do Largo do Castelo de Soure resultaria, para além da identificação e caracterização de um conjunto de estruturas defensivas de Soure medieval, na escavação de parte da necrópole da Igreja de Nossa Sra. de Finisterra de Soure.
A submissão dos trabalhos de campo a um conjunto rigoroso de procedimentos e técnicas desenvolvidos a partir dos princípios metodológicos básicos enunciados pelos percursores da Anthropologie de terrain, permitiu não apenas proceder à escavação e recuperação integral dos vestígios osteológicos humanos preservados e da informação arqueológica, estratigráfica e tafonómica associada, como também produzir um conjunto de observações imprescindíveis para a validação dos resultados dos trabalhos ulteriores de análise laboratorial.
Nestes termos, a caracterização paleobiológica da população representada na fracção da necrópole intervencionada — de que foram exumados 101 indivíduos e 37 ossários —, fortemente tributária daquela metodologia de campo, pôde contribuir decisivamente para o conhecimento das práticas funerárias e relação com a morte, mas também do quotidiano, das populações medievais e modernas do Baixo Mondego.

The archaeological excavation of an area projected for the construction of an underground parking provided an excellent opportunity to document modern history of Portugal and of Lagos, a southern city that played an important role in the modern transatlantic slave trade.
Here, no less than 155 African individuals were buried in a dump mound accumulated just outside the city walls during 15-16th centuries.
Information gathered in the field allowed the characterisation of the mortuary practises, as well as social and mental attitudes toward slaves’ death.
Through the analysis of excavation data and historical fonts, this paper aims to expose some particular aspects of the burial activity occurred at this site, in order to clarify the social-historical frame in which these burials were preformed, thus contributing to a better comprehension of slavery and the slaves’ role in modern Portuguese society.

... Author: Laurent Klaric. Author: Maria João Neves. CONFERENCE NAME: Aurignacian Symposium. CONF. LOCATION: Lisboa (Portugal). CONFERENCE YEAR: 2002. PUB TYPE: Conference Presentation. SUBJECT(S): None. DISCIPLINE: Anthropology/Archaeology. HTTP: ...

A especificidade imposta pela presença de vestígios osteoarqueológicos no registo arqueográfico justifica actualmente o destaque de uma sub-disciplina da Arqueologia: a Bioarqueologia. Neste âmbito, o conjunto dos procedimentos metodológicos especificamente orientados para a recuperação eficaz daqueles vestígios e da informação estratigráfica e tafonómica associada integra a Arqueotanatologia: corpo metodológico alicerçado nos conceitos fundamentais da “Anthropologie de terrain”, desenvolvidos em França a partir de princípios dos anos 80 e já perfeitamente sedimentados quando, em meados de 90, surge um aumento exponencial das intervenções de Arqueologia preventiva e de emergência em Portugal. Não obstante, a aplicação destes princípios metodológicos ainda hoje não está generalizada no nosso país, onde os trabalhos nesta área específica continuam a constituir um conjunto metodologicamente muito heterogéneo, revelando procedimentos de recuperação de eficácia muito díspar. Tal disparidade processual — com evidente impacto imediato sobre a qualidade da informação resultante dos trabalhos de campo — tem sido particularmente manifesta no quadro de trabalhos de Arqueologia de salvamento, nos quais a urgência imposta pelo enquadramento da Arqueologia em contexto de obra agrava ainda a situação. E nem a progressiva inclusão de antropólogos nas equipas de terreno tem permitido resolver este problema, desde logo por falta: de capacidade de decisão daqueles; de assimilação dos procedimentos metodológicos por todos; e de verdadeira integração pluridisciplinar das equipas.
A solução deste déficit metodológico reside na implementação de procedimentos de campo baseados: na pluridisciplinaridade (a tempo inteiro) e qualificação específica das equipas de campo; na concepção global do sítio como uma unidade merecedora de atenção multidisciplinar; e na recuperação integral dos vestígios (tanto arqueológicos, como osteoarqueológicos) e informação (contextual, estratigráfica, tafonómica) associada.
Para tanto, a Dryas desenvolveu um protocolo de Bioarqueologia expressamente adaptado a contextos de salvamento que compreende a normalização de toda a documentação e procedimentos técnicos de recuperação dos vestígios e informação associada, destacando-se:
- o controlo arqueostratigráfico e tafonómico rigoroso da dinâmica de evolução post-deposicional tanto dos cadáveres, como dos depósitos estratigráficos que integram a estratificação;
- a descrição dos caracteres bioantropológicos dos esqueletos ainda antes do levantamento das suas peças esqueléticas; e
- a referenciação tridimensional individualizada de todas as peças esqueléticas de todos os indivíduos inumados.
A aplicação destes procedimentos é condição sine qua non de eficácia do subsequente estudo antropológico laboratorial, por sua vez elemento determinante da compreensão dos sítios arqueológicos, na medida em que a Antropologia biológica regista hoje progressos significativos na sua capacidade de colaborar na solução de problemas específicos da Arqueologia.

Dans le territoire actuellement portugais, Monte Canelas I  (Alcalar, Portimão, Portugal) — gisement fouillé au milieu des années 90 selon une méthodologie de terrain alors absolument prospective au Portugal — est un des rares cas fouillés de gisements permettant une analyse fine des gestes funéraires et de la gestion de l’espace sépulcral.
En effet, la caractérisation paléobiologique de la population inhumée dans l’hypogée de Monte Canelas I a contribué de façon décisive pour la connaissance actuelle des communautés du Néolithique finale du Sud-Ouest péninsulaire.
Monte Canelas I a livrée 7.749 fragments osseux qui correspondent à un nombre minimum de 147 individus. Cinq squelettes en connexion et 30 connexions anatomiques labiles de premier ordre ont été identifiés, ce qui dénonce la présence de dépositions primaires. Cependant, la présence de portions squelettiques connectées uniquement par des articulations persistantes témoigne aussi l’existence probable de manipulations et réexpositions partielles de corps déjà en cours de décomposition.
L’abondance et qualité des données empiriques recueillis pendant la fouille et l’intégration de cet hypogée dans une nécropole plus vaste — comprenant au moins deux autres structures funéraires similaires, ce qui permettra de renforcer la validité des donnés obtenues par l’analyse comparative des comportements funéraires dans différents hypogées — justifient un nouvel effort analytique.
L’exploitation de cet abondant corpus documentaire vise comprendre le fonctionnement de l’hypogée à travers de la reconstitution nano-historique des gestes funéraires réalisés dans ce sépulcre du Néolithique Final, à partir de :
- la description paléobiologique et paléopathologique de chaque ossement ; et
- l’analyse spatial des vestiges osseux et archéologiques, basée sur la numérisation de l’information graphique des fouilles, à intégrer dans un projet SIG global du gisement.
La compréhension de la gestion funéraire de cet hypogée, confronté par les données d’autres hypogées de la nécropole et du registre archéologique régional, supportera par la suite une réflexion sur les pratiques funéraires et les comportements de ces communautés envers la mort.

A prospecção geofísica constitui um recurso cada vez mais usual em Arqueologia. Apesar deste interesse crescente dos arqueólogos, a utilização de métodos geofísicos permanece acantonada às fases de pré-escavação, enquanto elemento de planeamento da estratégia de intervenção. Pelo contrário, são raros os exemplos da sua utilização integrada durante a própria intervenção Arqueológica, facto que decorre maioritariamente da separação (disciplinar e orgânica/institucional) que persiste entre “equipas de Arqueologia” e “equipas de Geofísica”, perpetuando entre ambas barreiras significativas (metodológicas, financeiras, etc.).
Ora, o projecto iDryas foi expressamente desenhado para o desenvolvimento de programas de investigação em Arqueologia, com particular destaque para a aplicação transdisciplinar de métodos, técnicas e recursos tecnológicos de diferentes áreas científicas. Neste âmbito, surgiram evidentes as vantagens potenciais de uma melhor integração metodológica das duas áreas, integração que a equipa iDryas, que combina as duas competências disciplinares, está a ensaiar.
A intervenção no Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo) ofereceu precisamente uma oportunidade para aplicar diferentes recursos geofísicos na tentativa de dar resposta a questões surgidas durante a própria escavação de um sítio funerário da época pré-histórica que evidencia uma grande complexidade arquitectónica.
Nesse sentido, realizaram-se perfis de Georadar (sistema ProEx da MALA GeoScience, com antenas blindadas de 500 MHz e de 800 MHz) que foram complementados com um mapeamento por gradiometria de elevada resolução (GSMP 35 Potassium gradiometer da GEM Systems). O posicionamento espacial dos dados geofísicos foi feito com recurso a tecnologia GPS – Global Positioning System (sistema Viva GNSS CS 15 da Leica GeoSystems) e posteriormente integrados em ambiente SIG – Sistemas de Informação Geográfica (programa ArcGIS 9.3 da ESRI – Environmental Systems Research Institute) a par da informação arqueológica.
Com este estudo foi possível extrapolar informação arqueológica para lá da fronteira das áreas de escavação, revelando informação relevante para a interpretação global do registo arqueológico e demonstrando assim o potencial de utilização combinada de métodos arqueológicos e geofísicos em fase de obra.

Occuring at the same time as other funerary monument types, like dolmens or tholoi, the presence of hypogea is well documented in the Portuguese regions of Estremadura, Alentejo and Algarve.
Explored since the XIXth century, this kind of collective grave, encompasses a certain diversity regarding architectural characteristics, number of individuals buried or associated material culture. To understand the roots of this diversity rigorous excavations and site analysis are needed.
In Portugal, the development of rescue archaeology since the 1990s has given the opportunity to recognize and excavate a considerable number of hypogea in the Alentejo and Algarve regions.
In this work we present the results of the archaeothanatological and GIS analysis of three hypogea: Monte Canelas I (Portimão, Faro) and Hypogeum I and II of Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja).
Containing large amounts of skeletal remains, the results of the study shows a careful management of the funerary areas, including the human remains. The documentation of the remains allowed to infer the original dispositions of the bodies, and therefore to better characterize the burial practices. This approach was supported by radiocarbon dates and stratigraphic analysis, that permitted to record the biography, periods of construction, use and abandonment of these tombs.
The comparison of the data of these monuments allowed a more accurate knowledge of Neo-Chalcolithic funerary practices in hypogea of southern Portugal. Yet, these have to be complemented with further radiocarbon dates, DNA, mobility and paleodiets (among other archaeological and anthropological) analysis in order to better understand these collective graves and their importance to the Neo-Chalcolithic living community.

Au Portugal, les hypogées du néolithique final/ chalcolithique ont été jusqu'à l’an de 2006 seulement connues sur la façade Atlantique. C’est à la suite de grandes opérations d’Archéologie préventive à l’intérieur du Alentejo, qui un nombre très significatif de ces sites est identifiée. Parmi eux, les hypogées du Monte do Carrascal 2 (Beja) méritent d’être présentés face aux résultats obtenus:
1) L’hypogée I a livré 4679 pièces squelettiques, réparties sur quatre niveaux funéraires. 2409 appartenaient à des ensembles en continuité anatomique, correspondant à 71 individus : 49 adultes et 22 des non adultes; et;
2) L’hypogée 2, où sur trois niveaux funéraires ont été récupérées 2966 pièces squelettiques, dont 414 appartenaient à des individus en connexion anatomique: 48 (36 adultes, deux jeunes adultes et sept non adultes).
Pendant la fouille les observations archéothanatologique ont été notées ainsi que les relations stratigraphiques entre les différents éléments osseux et les individus afin de discuter du rythme des dépôts et des événements post-dépositionnel. Ces données ont ensuite été intégrées dans une base de données SIG.
Après ça on a obtenu un ensemble de datations de radiocarbone permettant une caractérisation rigoureuse de la chronologie des deux sépulcres, étant une complète (celle de l’hypogée I) et une autre en cours.
Les observations sur le terrain ont été examinées en tenant compte de différentes méthodes chronologiques de haute résolution. Nous présentons une reconstitution détaillée des épisodes de déposition de restes humains contribuant non seulement à une meilleure connaissance de la biographie de cet espace funéraire, mais surtout pour la discussion sur l’importance de l'application de ce type de méthodes pour la reconstitution des pratiques funéraires du néolithique et chalcolithique.
Finalement on discute l’importance des données obtenues et on envisage face à ces donnés ce qu’on attend que les futures dates de l'hypogée 2.

Apesar dos hipogeus (ou grutas artificiais) serem explorados desde a
década de 1870, é apenas da última década do século XX que um destes
monumentos é pela primeira vez alvo de uma intervenção levada a cabo
por arqueólogos e antropólogos – o Hipogeu de Monte Canelas I. Aqui, o
tipo de registo efectuado permitiu realizar uma análise arqueotanatológica
do sítio, vinte anos após a sua escavação, devidamente balizada por
um conjunto de datações de radiocarbono.
Já nos finais da primeira década do séc. XXI, uma outra intervenção de
Arqueologia no Monte dos Carrascal 2, sito nas imediações do grande
sítio de Porto Torrão (Ferreira do Alentejo), permitiu recolher dados
aturados acerca das práticas funerárias ali levadas a cabo. A escavação
arqueotanatológica de dois destes sepulcros veio lançar luz sobre
as modalidades de gestão e tratamento dos mortos naqueles sítios, numa
perspectiva sincrónica e diacrónica, enquadrada radio-cronometricamente.
Apresentam-se aqui os resultados dos estudos realizados nestes três
sepulcros colectivos, procurando-se caracterizar e identificar os traços
comuns e aqueles que individualizam cada um dos monumentos, no que
respeita ao tratamento dos mortos nos 4º e 3º milénio a.C.

O interesse pelos monumentos funerários colectivos, consubstanciado numa longa tradição de investigação arqueológica e antropológica, produziu um vasto volume de informação relativo a estes contextos. Contudo, e apesar desta profícua produção científica, até finais do séc. XX, eram raros os sítios que em Portugal que forneciam uma imagem detalhada dos gestos e das práticas funerárias neo-calcolíticas.
A multiplicação recente de intervenções arqueológicas, veio alterar este panorama, aumentando o volume de dados arqueológicos para o Sul de Portugal. No entanto, a não aplicação de uma leitura arqueotanatológica sistemática dos remanescentes esqueléticos constituiu um óbice à compreensão detalhada das práticas funerárias, comprometendo a interpretação sincrónica e diacrónica destes sítios arqueológicos.
De forma a obviar este problema foi desenvolvido por nós um protocolo de terreno fundado nos princípios da Arqueotanatologia e assente em quatro pilares fundamentais:
• na interdisciplinaridade efectiva das equipas de terreno necessariamente compostas por antropólogos físicos e arqueólogos;
• na recuperação integral dos vestígios e da informação espacial e contextual associada;
• na crítica tafonómica da informação recuperada; e
• na concepção global do sítio como documento digno de atenção multidisciplinar.
Neste trabalho apresentam-se os resultados da leitura arqueotanatológica do Hipogeu 1 do Monte do Carrascal (Ferreira do Alentejo, Beja, Portugal). Para este sítio desenhou-se um projecto orientado para a reconstituição detalhada do funcionamento do sepulcro mediante a análise integrada das informações gráficas, espaciais, estratigráficas, arqueológicas e antropológicas, reunidas numa única base de dados georeferenciada.
Os resultados desta análise serão aqui apresentados, discutindo-se o seu contributo para uma capacidade acrescida de compreensão dos processos de preenchimento do sepulcro, modo de deposição dos cadáveres, manuseamento e remobilização de partes cadavéricas e elementos esqueléticos, dados essenciais à compreensão da relação entre o mundo dos vivos e dos mortos.

Estando a presença de escravos africanos abundantemente documentada no registo historiográfico português, a sua representação no registo arqueológico era até 2009 muito pouco significativa. Nesse ano, a construção de um parque de estacionamento no "Valle da Gafaria” em Lagos, constituiu uma oportunidade inestimável de documentação objectiva da presença de escravos africanos em Portugal.
Com efeito, a identificação de 158 indivíduos (adultos de ambos os sexos e não-adultos) depositados no seio duma lixeira urbana, utilizada entre o séc. XV e o séc. XVII, permitiu não só caracterizar o tratamento mortuário dado a estes indivíduos, como também o ambiente socio-económico e as condições e modos de vida a que os cativos estavam sujeitos, favorecendo a compreensão do papel dos escravos no seio da sociedade moderna portuguesa.
Nesta comunicação serão apresentados os resultados obtidos desde a fase de terreno demonstrativos do potencial científico deste sítio.

Em Portugal, em particular no Alentejo, remonta já ao séc. XIX um investimento consequente no estudo das necrópoles colectivas do 4º e 3º milénios a.C. Apesar desta profícua produção arqueológica, até finais do séc. XX eram raros os sítios que  forneciam uma imagem detalhada dos gestos e práticas funerárias.
A multiplicação recente de intervenções arqueológicas de salvamento, veio alterar este panorama, aumentando o volume de
dados arqueológicos acerca das práticas funerárias Neo-calcolíticas no Alentejo. Porém, a persistência da utilização de métodos pouco rigorosos de escavação, tem constituído em muitos casos um óbice à compreensão detalhada das práticas funerárias: a interpretação sincrónica e diacrónica destes sítios arqueológicos depende directamente das ferramentas conceptuais/ metodológicas utilizadas durante a fase de aquisição de dados no terreno, que condicionam decisivamente os resultados ulteriores do estudo laboratorial.
Para obviar este problema, desenvolvemos um protocolo de terreno fundado nos princípios da Arqueotanatologia e da Estratigrafia, assente em quatro pilares fundamentais:
- na interdisciplinaridade efectiva das equipas de terreno, necessariamente integradas por (pelo menos) antropólogos físicos e arqueólogos;
- na recuperação integral dos vestígios e da informação contextual associada;
- na crítica tafonómica da informação recuperada; (e)
- na concepção global do sítio como documento digno de atenção multidisciplinar.
A partir de 2010, um projecto de I&DT liderado pela iDryas permitiu complementar aquele protocolo com a integração de um
conjunto de recursos tecnológicos avançados que introduziram melhorias significativas quer ao nível do planeamento das intervenções (através de prospecção geofísica), quer ao nível da documentação dos vestígios (através da utilização combinada
de Modelização digital e TIG).
Dois exemplos – Monte do Carrascal 2 e Horta do João da Moura 1 (Ferreira do Alentejo, Beja) – demonstram o potencial informativo de um método sólido de exumação de séries osteológicas e das informações contextuais associadas, essenciais à leitura dos sepulcros colectivos.

The paradox of Archaeology (understanding the site requires its excavation/destruction) is particularly imposing in the case of threatened sites, when excavation becomes the only option to preserve and perpetuate the fruition of the historical information.
Because of the fragility of the remains and volume of data, the salvation of funerary/mortuary sites is extremely dependant on excavation and documentation procedures. Consequently, we developed a thorough Geoarchaeology/Arqueothanatology terrain protocol for the recovery of human remains and contextual information, which was first applied in 2009 to the excavation of Valle da Gafaria (Lagos, Portugal), the oldest known mortuary site of African slaves in the world (XV/XVIIth century), to assure a detailed perception of this unique site by contemporaneous and future generations.
We have ever since improved the protocol introducing state-of-the-art technology: combining middle-range terrestrial laser-scanning, digital photogrammetry and geophysical surveying with the archaeothanatological information and GIS produces a detailed 4D database of the synchronic and diachronic evolution of the sites.
Results show that, if a consistent field protocol is mandatory to understand past funerary behaviours, the use of advanced Geomatics, Geophysics and Spatial technologies considerably enhances our ability to produce significant historical information, relevant to society: scientists, stakeholders, communities and general public.

Constituindo as sepulturas colectivas contruídas e usadas durante o Neo-Calcolítico um registo arqueológico muito complexo — comportando frequentemente milhares de fragmentos ósseos, resultantes da decomposição cadavérica de um número elevado de indivíduos — a sua interpretação exige a aplicação dum protocolo analítico íntegro, cuja aplicação durante a fase de aquisição de dados no campo condiciona decisivamente os resultados ulteriores do estudo laboratorial antropológico.
Em Portugal, Monte Canelas I (Alcalar, Portimão) é um dos raros sepulcros colectivos escavados que reúne as condições para uma análise detalhada das práticas funerárias e gestão do espaço sepulcral, ao nível da nano-história do sítio, entendida como a sequência de acções (culturais) aqui realizadas.
A metodologia de campo utilizada nos anos 90 pelo arqueólogo Rui Parreira, foi verdadeiramente prospectiva, incluindo-se a documentação rigorosa das práticas funerárias complexas ali ocorridas: todos os elementos ósseos e arqueológicos foram individualizados, georeferenciados e desenhados à escala 1/1 no terreno, onde se realizou uma análise antropológica preliminar dos fragmentos ósseos exumados. Este trabalho de campo, foi depois alicerçado numa forte análise laboratorial do material recuperado, constituindo um significativo contributo para a compreensão da Paleobiologia, Arqueologia funerária e enquadramento sócio-histórico das comunidades pré-históricas que utilizaram este sepulcro colectivo entre finais do IV e o III milénio a.C.
Ora, os recentes progressos teóricos e metodológicos que se têm vindo a registar quer nos domínios da Arqueotanatologia, quer no âmbito da análise espacial, justificam um novo esforço analítico deste vasto manancial de informação. Neste sentido, tem-se vindo a implementar um novo projecto orientado para a reconstituição detalhada do funcionamento do sepulcro mediante a análise integrada das informações gráficas, espaciais, estratigráficas, arqueológias e antropológicas, reunidas numa única base de dados georeferenciada.
Nesta comunicação apresentam-se os resultados desta análise, discutindo-se o seu contributo para uma capacidade acrescida de compreensão dos processos de preenchimento do sepulcro, modo de deposição dos cadáveres, manuseamento e remobilização de partes cadavéricas e elementos esqueléticos, dados essenciais à compreensão da relação entre o mundo dos vivos e dos mortos.

A adopção de procedimentos metodológicos rigorosos e eficazes na exumação de vestígios osteológicos humanos e na documentação da informação contextual associada constitui uma condição indispensável da preservação física desses vestígios, mas também da sua correcta interpretação e subsequente reconstituição de eventos passados.
A fase de trabalho no terreno surge como um momento decisivo do processo de recuperação dos vestígios osteológicos, devendo ultrapassar dois problemas críticos que condicionam o seu potencial informativo:
(1) a fragilidade do próprio material ósseo; e
(2) a complexidade e delicadeza da informação contextual associada a este material.
Mais, o protocolo de terreno deve ainda garantir uma ligação estreita com a fase laboratorial ulterior, exigindo-se mesmo a realização in loco de todas as observações necessárias para evitar quaisquer perdas de informação que possam decorrer daquela fragilidade inerente dos vestígios.
A nossa proposta metodológica, fundada nos princípios da Arqueotanatologia e da Estratigrafia, consiste num protocolo assente em quatro pilares fundamentais:
(1) a interdisciplinaridade efectiva das equipas de terreno, necessariamente integradas por (pelo menos) bioantropólogos e arqueólogos;
(2) a recuperação integral dos vestígios e da informação contextual associada;
(3) a crítica tafonómica da informação recuperada; e
(4) a concepção global do sítio como documento digno de atenção multidisciplinar.
Desenvolvido desde 2003 no quadro de intervenções arqueológicas de salvamento em sítios sepulcrais complexos, este protocolo tem produzido resultados assinaláveis, proporcionando, desde a fase de terreno: o despiste de factores tafonómicos; a caracterização do estado de preservação e representatividade óssea das séries; a identificação de lesões ósseas; a estimativa dos indicadores relativos ao perfil biológico; a caracterização de modos de deposição e práticas funerárias; e a identificação de gestos funerários (espólio, manipulações de partes de cadáveres e/ou esqueléticas, arranjos, limpezas, ablacções, etc.).
A partir de 2010, um projecto de I&DT liderado pela iDryas permitiu complementar aquele protocolo com a integração de um conjunto de recursos tecnológicos avançados que introduziram ainda melhorias significativas quer ao nível do planeamento das intervenções (através de prospecção geofísica), quer ao nível da documentação dos vestígios (através da utilização combinada de Estações totais, laserscan e tecnologia SIG).
Alguns exemplos (desde sepulturas colectivas neolíticas a enterramentos em vala comum segunda metade do séc. XIX) demonstram o potencial informativo de um método sólido de exumação de séries osteológicas e das informações contextuais associadas. Arqueotanatologia, Micro-estratigrafia e Contexto deposicional deveriam por isso constituir os princípios fundamentais de qualquer recuperação de vestígios osteológicos, seja em contexto arqueológico, seja já em contexto forense.

O hipogeu de Monte Canelas I foi intervencionado nos anos 90 por Rui Parreira, que utilizou uma metodologia de campo verdadeiramente prospectiva, documentando rigorosamente as complexas práticas funerárias ali ocorridas: todos os elementos ósseos e arqueológicos foram individualizados, georeferenciados e desenhados à escala 1/1 no terreno, onde se realizou uma análise antropológica preliminar dos 7.749 fragmentos ósseos exumados. Este trabalho de campo, depois alicerçado numa forte análise laboratorial do material recuperado, constituiu um significativo contributo para a compreensão da Paleobiologia, Arqueologia funerária e enquadramento sócio-histórico das comunidades pré-históricas que utilizaram este sepulcro colectivo no IV milénio a.n.e.
Os desenvolvimentos teóricos e metodológicos subsequentes justificam agora uma reanálise daquele manancial de informação. Desenhou-se um novo projecto orientado para a reconstituição detalhada do funcionamento do sepulcro mediante a análise integrada das informações gráficas, espaciais, estratigráficas, arqueológias e antropológicas, reunidas numa única base de dados georeferenciada.
Os resultados desta análise serão aqui apresentados, discutindo-se o seu contributo para uma capacidade acrescida de compreensão dos processos de preenchimento do sepulcro, modo de deposição dos cadáveres, manuseamento e remobilização de partes cadavéricas e elementos esqueléticos, dados essenciais à com preensão da relação entre o mundo dos vivos e dos mortos.

A construção de um estacionamento no "Valle da Gafaria” constituía uma oportunidade inestimável de documentação objectiva da História moderna de Lagos e de Portugal.
Concretizar esta oportunidade, porém, impunha uma intervenção multidisciplinar (de Arqueologia, Geomorfologia e Arqueotanatologia), a fim de garantir a recuperação integrada da informação histórica conservada no sítio.
Desta intervenção, resulta particularmente importante o conjunto de informações recolhidas a respeito de uma vasta lixeira existente no local. Se o protocolo de terreno, orientado para a compreensão dos processos de formação e evolução tafonómica dos níveis arqueológicos, permitiu, antes de mais, compreender a constituição e o impacto sobre a paisagem do crescimento progressivo desta lixeira urbana, a escavação revelaria entretanto a presença de um conjunto importante inumações no seio da lixeira.
A análise bioantropológica preliminar dos esqueletos permitiu definir — ainda durante a fase de terreno da intervenção — a origem africana dos indivíduos aqui inumados. Para mais, as posições de inumação observadas e o contexto de inumação — uma zona de lixeira — indiciavam condições muito peculiares para os eventos registados na estratificação do sítio.
A combinação dos resultados do estudo bioantropológico e paleoantropológico desta população de escravos africanos com o estudo arqueotanatológico da informação espacial e estratigráfica associada — enquadrada por uma abordagem geoarqueológica global do sítio — permite tentar uma reconstituição detalhada do ambiente sócio-económico e condições (micro-)históricas da utilização funerária deste local.
Assim, os dados recolhidos comportam um potencial científico decisivo a evolução urbana e peri-urbana da cidade de Lagos, quer para compreensão da estruturação da sociedade moderna portuguesa e seu tecido social, quer ainda para a história da escravatura e da expansão portuguesa.

Em 2009, a equipa da Dryas efectuou uma escavação no Vale da Gafaria, um local situado no exterior das paredes medievais da cidade de Lagos, Portugal. O sítio revelou diversas ocupações, nomeadamente uma leprosaria medieval/moderna que, até então, era apenas conhecida através de documentos históricos. Durante a escavação, foram identificados quatro edifícios, tendo a área de enterramento sido encontrada à parte. Naquela altura, os indivíduos que sofressem de lepra tinham que permanecer fora das muralhas da cidade quer durante a vida quer após a morte. De facto, a sua inumação entre os indivíduos saudáveis era proibida desde o décimo primeiro concílio ecuménico (Latrão III), em 1179.
No total, foram exumados 12 indivíduos adultos. A análise arqueotanatológica efectuada em campo recolheu informações acerca do estado de preservação, práticas mortuárias, perfil biológico e condição patológica destes indivíduos. Considerando que os sofredores de lepra tendem a apresentar inflamação das superfícies palatais e perda dos dentes superiores anteriores, o objectivo deste estudo é investigar a sua saúde oral através da análise da cárie dentária, inflamação periapical e perda dentária ante mortem. De destacar a elevada frequência de cáries observada, particularmente na região anterior, sugerindo um impacto negativo da lepra na saúde oral destes indivíduos.

An archaeological excavation at Valle da Gafaria, just outside of Lagos' medieval walls, revealed an enormous urban discard deposit dating from the 15th-16th centuries. 155 individuals (99 adults and 56 sub-adults) were exhumed from this anthropic deposit. Several criteria led to the characterization of these individuals as African slaves recently arrived to Portugal, during the early decades of the Portuguese maritime expansion:
(1) the morphometrical analysis of the skulls and intentionally modified teeth;
(2) the association with African items;
(3) the reconstitution of the burial conditions, showing little care and indirect evidences of interpersonal violence;
(4) the geoarchaeological/stratigraphic context of the findings; and
(5) information recovered from historical documents.

The field recovery protocol included tridimensional coordination and individual recovery of every bone; geoarcheological contextualization; taphonomic analysis; mortuary practices description; and preliminary osteological field description (including age, sex and ancestry diagnosis and lesion description).

As a result, we were able to identify a diversity of atypical positions of the skeletons, denouncing uncaring inhumation of the cadavers: at least three cases of hand and/or feet bounding in adults were identified despite the absence of any archaeological evidence of the bounding systems. The identification of such past violent interactions in the absence of any material remains was only possible because of the thorough Archeothanatological recovery methodology implemented.

Os trabalhos arqueológicos desenvolvidos no Largo do Castelo Soure decorreram no âmbito de uma acção de minimização do impacto arqueológico e patrimonial da obra de construção da Piscina coberta de Soure.
No decurso desses trabalhos arqueológicos foram identificados e caracterizados um conjunto de estruturas arqueológicas que permaneciam até então soterradas, mas cuja existência se encontrava já documentada em fontes historiográficas e arqueográficas, tendo-se colocado em evidência a existência de um troço da muralha medieval de Soure, de um edifício que lhe estava anexo e de um conjunto de sepulturas de época medieval e pós-medieval, de inegável valor histórico e antropológico.
Este conjunto de estruturas documentam a história da ocupação do local desde a Idade Média até aos nossos dias, fornecendo importantes elementos para o conhecimento e compreensão das estratégias de ocupação do espaço, modos de vida e mentalidade das populações medievais e modernas da região.

Although the development of Archaeotanatological approaches in Portugal began in the mid-1990, it’s application to collective funerary graves remained largely to be achieved.
The large amounts of bones, the lack of field anthropologists before 1999, and the perception by archaeologists that bones weren’t particularly informative led to a vast accumulation of poorly contextualized and truncated osteological series.
In 1990 a prospective excavation altered this situation. Excavated by a team composed by archaeologists and anthropologists (before its legal enforcement), the hypogeum of Monte Canelas I (Portimão, Portugal) allowed a retrospective Arqueotanatological and GIS analysis of the processes that led to a vast accumulation of skeletal and archaeological materials.
Later the possibility of excavating two other hypogea located in inner Alentejo region, Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Portugal), turned possible the development and testing of a field protocol for the recovery of osteological remains, being all data compiled in a GIS project.
The results show that these hypogea were used successively, being the corpses of nonadults and adults of both sexes laid directly on top of one another in a crouched position, oriented
to different cardinal directions. The radiocarbon dates, the complex stratifications, the architectural reformulations, and the amount of individuals evoke long chronologies with persistent memory of burial places for several generations from the 4th millennium until almost the beginning of the 2nd-millennium cal. B.C.
Despite the good results obtained, a significant number of collective necropolis are still excavated without this kind of approach, being the financial and time consuming operations the
most common criticisms for its application.
In this communication, we intend to discuss our results as well those critics, aiming to develop better ways to disseminate archaeothanatological and GIS approaches, indispensable to achieve an accurate interpretation of past mortuary practices.

Although the development of Archaeotanatological approaches in Portugal began in the mid-1990, it’s application to collective funerary graves remained largely to be achieved.
The large amounts of bones, the lack of field anthropologists before 1999, and the perception by archaeologists that bones weren’t particularly informative led to a vast accumulation of
poorly contextualized and truncated osteological series.
In 1990 a prospective excavation altered this situation. Excavated by a team composed by archaeologists and anthropologists (before its legal enforcement), the hypogeum of Monte Canelas I (Portimão, Portugal) allowed a retrospective Arqueotanatological and GIS analysis of the processes that led to a vast accumulation of skeletal and archaeological
materials.
Later the possibility of excavating two other hypogea located in inner Alentejo region, Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Portugal), turned possible the development and testing of a field protocol for the recovery of osteological remains, being all data compiled in a GIS project.
The results show that these hypogea were used successively, being the corpses of nonadults and adults of both sexes laid directly on top of one another in a crouched position, oriented to different cardinal directions. The radiocarbon dates, the complex stratifications, the
architectural reformulations and the number of individuals evoke long chronologies with persistent memory of burial places for several generations from the 4th millennium until almost the beginning of the 2nd-millennium cal. B.C.
Despite the good results obtained, a significant number of collective necropolis are still excavated without this kind of approach, being the financial and time consuming operations the
most common criticisms for its application. In this communication, we intend to discuss our results as well those critics, aiming to develop better ways to disseminate archaeothanatological and GIS approaches, indispensable to achieve an accurate interpretation of past mortuary practices.

The correct interpretation of highly fragmented, commingled and abundant bone assemblages implies normally a thorough and detailed excavation. Archaeothanatology has provided the theoretical and methodological tools to reconstruct past mortuary and funerary gestures and practices.
Part of this conceptual knowledge has been acquired during the excavation of Late Neolithic and Chalcolithic collective graves in Europe, being that corpus of observations later largely transferred to the analysis of other mortuary and funerary contexts,either archaeological or forensic.
In this poster we will present a case study from a collective Chalcolithic hypogeum that illustrates how Archaeothanatology coupled with a geoarchaeological and GIS analysis can show in detail how a small space was used to deposit at least 71 individuals. The obtained results, namely the careful observation of: 1) the labile and persistent anatomical connections, 2) the state of preservation of the individuals and, 3) their stratigraphic relation, inlight in particular the aspects related  to the rhythm/ time lapse between the cadavers depositions (inspired in the scheme of Marçais et al. [2016]). In order to ascertain the accuracy of the method these results were lately coupled with the ones from C14 dating.
In conclusion, we can state that this approach is highly feasible, with low costs and can be broadly applied to complex forensic contexts, like the one related to crimes against humanity (mass graves and multiple graves) in order to understand the time lapse between depositions.

Late Neolithic/ Chalcolithic graves have fascinated researchers since the beginning of scientific enquires. In Portugal, as in other European countries, its systematic exploration began in the 19th century, often resulting in the accumulation of poorly contextualized and
frequently truncated osteological series.
As a consequence, the complex gestures and funeral practices carried out in the megalithic
tombs urgently required further research, through stratigraphic and anthropologically informed excavations.
Regarding specifically hypogea (or rock-cut tombs), the vast majority of the excavations had been carried out until the 1960s. Only one site, Monte Canelas I (Portimão, Faro), allowed a detailed analysis of the processes that led to a vast accumulation of skeletal (7749 osteological pieces, 171 individuals) and archaeological materials.
From that point on, the main goal of this work was to characterize the practices and funerary gestures of the groups between the 4th and 3rd-millennium cal. B.C. built and used these structures, a twofold approach was launched in order to make:
1) A retrospective Arqueotanatological analysis of Monte Canelas I based on the field and laboratory data, gathered in a GIS database; and,
2) The excavation of another hypogeum (Monte Canelas III) located in the same sepulchral cluster, aiming to develop and test a field recovery protocol of human remains, and, to obtain new data on Late Neolithic/ Chalcolithic funerary practices.
Even though the first goal was achieved, several financial difficulties prevented the completion of the excavation of Monte Canelas III. However, the discovery of two other hypogea in Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja) allowed the excavation of these sites. Therefore the number of analyzed sites increased as well as the geographic area under study.
The research conducted at Monte do Carrascal 2 enabled:
1) The development and testing of a field protocol for the recovery of osteological remains;
2) The excavation of Hypogeum I (4679 osteological pieces; 71 individuals) and 2 (2966 osteological pieces; 48 individuals); and,
3) The acquisition of a global reading of the results, compiled in a GIS database, in order to promote its intra-site micro-stratigraphic and spatial analysis, aimed at the detailed reconstruction of the funerary gestures performed there, synchronously and diachronically.
The results of the study of the Hypogea of Monte Canelas I and Monte do Carrascal 2 (I and 2) show that:
1) The radiocarbon dates, the complex stratifications, the architectural reformulations, or the amount of individual evoke long uses (meaning long chronologies) with persistent memory of burial places for several generations;
2) These burial practices rooted at the end of the 4th millennium, survive until almost the end of the 3rd / beginning of the 2nd-millennium cal. B.C.;
3) Funerary spaces are quite diverse even at the same sepulchral cluster;
4) The existence of structures built with perishable materials is clearly recognizable
through the analysis of the position of bones, namely through the identification of
“wall effects”;
5) The careful and successive excavation of the sepulchral levels testifies to the rhythm of depositions, their synchrony, and diachrony;
6) The type of bones identified and the recognition of skeletons in anatomical connection proves the core characteristic of funeral depositions;
7) Hypogea are used successively, as the corpses of non-adults and adults of both sexes are laid directly on top of one another, specific funerary deposits, such as ceramics or lithic materials can’t be attributed to a single individual due to a large amount of unclearly positioned cadavers;
8) Regarding the position of the bodies, the dominant pattern seems to be the fetal/crouched position of the corpse on the right or the left side; the cardinal direction towards which the bodies are pointed varies; bodies aren’t covered by sediment, which facilitates the action of several taphonomic factors;
9) The tomb was revisited with the intention of depositing new deceased individuals, and also of maintaining and reformulating the spaces, packing and storing the skeletal remnants; the overlapping of new corpses seems to indicate the resumption
of a new funeral cycle; the episodes of collapse of the funerary structures caused interruptions of use, but usually didn’t dictate the abandonment of the grave.
Whereas the full use and exhaustion of the space available to carry out new burials dictated the abandonment of the structures, in some cases hundreds of years after their inaugural use.