Capítulo Ebook Desconstrução Fílmica
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Capítulo Ebook Desconstrução Fílmica
ANTÓNIO MOREIRA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E ENSINO A DISTÂNCIA
UNIVERSIDADE ABERTA
JMOREIRA@UAB.PT
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RESUMO
Em tempos de profundas mudanças sociais, económicas e culturais e da vertiginosa
evolução das tecnologias de informação e da comunicação (TIC) deparamo-nos com a
necessidade de (re)pensar e renovar os processos de ensino-aprendizagem no ensino superior
0RUHLUD$QRVVDSUySULDSUiWLFDSUR¿VVLRQDOQXPDLQVWLWXLomRGD(GXFDomRD'LVWkQFLD
8QLYHUVLGDGH$EHUWDWHPFRQWULEXtGRQmRVySDUDXPDUHÀH[mRFRQVWDQWHDFHUFDGRVPRGHORV
PDVWDPEpPHVREUHWXGRDFHUFDGDVSRVVLELOLGDGHVGHGLGDWL]DomRGHREMHWRVGHDSUHQGL]DJHP
2$DXGLRYLVXDLVHPDPELHQWHVRQOLQHFRPRLQWXLWRGHWRUQiORVPDLVH¿FD]HVHUHVSRQVLYRV
$VVLPFRPRREMHWLYRGHUHÀHWLUDFHUFDGHVWDVTXHVW}HVDSUHVHQWDPRVQHVWHWUDEDOKRXPD
proposta de exploração didática de OA audiovisuais, que utilizamos na nossa prática pedagógica
em unidades curriculares (UC) de 2.º Ciclo –e.g. As TIC em Ambientes Educativos, Mestrado
GH*HVWmRGD,QIRUPDomRH%LEOLRWHFDV(VFRODUHV0*,%(FRPRREMHFWLYRGHSURPRYHURXVR
H¿FLHQWHGR¿OPHHGXFDWLYR
Palavras-chave:¿OPHHGXFDWLYRHQVLQRRQOLQHSURFHVVRGHHQVLQRDSUHQGL]DJHP
142
ABSTRACT
In times of profound change and breakneck speed at which technologies of information
and communication (ICTs) are developing, we are faced with the need to re(think) the teaching-
learning processes in higher education (Moreira, 2012). Our own professional practice, in an
institution of Distance Education -Open University-, has contributed not only for a systematic
analysis of the pedagogical models, but also and especially about the possibilities of use
DXGLRYLVXDOOHDUQLQJREMHFWV/2LQYLUWXDOHQYLURQPHQWV6RRXUDLPLQWKLVWH[WLVWRUHÀHFWRQ
these issues, by presenting a methodological proposal that we use in our teaching practice in
curricular units (CU) of Master courses -ICT in Educational Environments, Master of Information
Management and School LibrariesLQRUGHUWRSURPRWHWKHHI¿FLHQWXVHRIHGXFDWLRQDO¿OPV
Keywords:HGXFDWLRQDO¿OPRQOLQHWHDFKLQJWHDFKLQJOHDUQLQJSURFHVV
INTRODUÇÃO
No início deste novo século, a vertiginosa evolução tecnológica colocou as escolas, e o
ensino em geral, perante um cenário repleto de informação digitalizada, de realidades virtuais e
no meio de uma grande explosão de comunicação audiovisual que nos “obriga” a (re)pensar e
apostar na renovação de paradigmas, de modelos e de processos de comunicação educacional.
$OJXQVSURIHVVRUHVUHVSRQGHQGRDHVWHUHSWRWrPUHFRUULGRDPHWRGRORJLDVHDUHFXUVRVREMHFWRV
de aprendizagem (LO-Learning ObjectsDXGLRYLVXDLVUHVSRQVLYRVHH¿FD]HVFRPRLQWXLWRGH
WRUQDUHVWHVSURFHVVRVGHDSUHQGL]DJHPPDLVVR¿VWLFDGRVHFRPGLQkPLFDVFRPXQLFDWLYDVH
interativas próprias.
&RPHIHLWRHVWHVREMHFWRVGHDSUHQGL]DJHP2$DXGLRYLVXDLVVmRXPHOHPHQWRFHQWUDO
H PXLWR LPSRUWDQWH QHVWD HTXDomR SRUTXH D XWLOL]DomR GH ¿OPHV HGXFDWLYRV H GLGiWLFRV HP
contexto pedagógico, quer em ambiente presencial, quer em ambiente virtual, permite congregar
DVGLIHUHQWHVYHUWHQWHVGDOLWHUDFLDUHYHODQGRVHXPDPHWRGRORJLDEDVWDQWHFRPSOHWDHH¿FD]
&RPHIHLWRREVHUYDGRVGHXPDGHWHUPLQDGDSHUVSHWLYDHFRPREMHWLYRVHWDUHIDVEHP
GH¿QLGDVRV¿OPHVTXHUVHMDPGHFDUL]HGXFDWLYRRXSHGDJyJLFRWRUQDPVHDOJRPDLVGRTXH
um momento de emoção e diversão, podendo converter-se numa experiência viva e interessante,
TXHDMXGDRVHVWXGDQWHVDDODUJDUHPFRQFHLWRVDSHQVDUHPHDFRQIURQWDUHPVHFULWLFDPHQWH
com outras realidades, a interiorizarem valores que se dispersariam numa incerta pesquisa, a
DJDUUDULGHLDVTXHQmRFDEHPGHQWURGHGH¿QLo}HVQHPVHFRPSUHHQGHPWRWDOPHQWHDWUDYpVGD
OHLWXUDGHXPWH[WR(TXDQWRPDLVRSRUWXQRH~WLOIRUR¿OPHTXDQWRPDLVRVHVWXGDQWHVVHQWLUHP
143
que têm nele uma oportunidade de compreender melhor as questões em estudo, de completar
XP³SX]]OH´TXHVHPR¿OPH¿FDULDLQDFDEDGRPHOKRUVHUiDVXDDGHVmRjPHWRGRORJLD
Na realidade estes OA audiovisuais, e como referem vários autores (Moran, 1995;; Ferres,
1996;; Bartolomé, 1999) apresentam um enorme potencial como tecnologia de instrução. Amaral
FKHJDPHVPRDD¿UPDUTXHRYtGHRGLJLWDOYDLVHU³HOPHGLRGHFRPXQLFDFLyQPiVSRWHQWH
de este siglo, porque él abre las puertas, de un modo muy especial, para la alfabetización
audiovisual permanente, posibilita y fomenta en los espectadores la capacidad de producir,
DQDOL]DU\PRGL¿FDUVXVSURSLRVPHQVDMHV´
$QRVVDSUiWLFDSUR¿VVLRQDOQXPDLQVWLWXLomRTXHSURPRYHRXVRGHDPELHQWHVRQOLQH
8QLYHUVLGDGH $EHUWD 3RUWXJDO WHP FRQWULEXtGR SDUD XPD UHÀH[mR FRQVWDQWH DFHUFD GDV
possibilidades de didatização destes OA audiovisuais. Iremos, pois, apresentar, neste texto, uma
SURSRVWDPHWRGROyJLFDGHH[SORUDomRGLGiWLFDGHVWHVREMHWRVTXHXWLOL]DPRVQDQRVVDSUiWLFD
pedagógica em unidades curriculares de 2.º Ciclo – As TIC em Ambientes Educativos, Mestrado
GH*HVWmRGD,QIRUPDomRH%LEOLRWHFDV(VFRODUHV0*,%(FRPRREMHWLYRGHSURPRYHURXVR
H¿FLHQWHGR¿OPH
(VWHPRGHORFHQWUDVHQRSURFHVVRGHGHVFRQVWUXomRHPTXHFDGDREMHWRGHDSUHQGL]DJHP
equivale a um caso. Um OA estruturado de acordo com este modelo integra três componentes:
o caso, as perspetivas e a desconstrução.
144
Figura 1- Estrutura do Modelo Múltiplas Perspectivas (Carvalho, 2009)
Um caso SRGH VHU SRU H[HPSOR D VHTXrQFLD GH XP ¿OPH 6SLUR -HKQJ
podendo por isso assumir formatos como texto, imagem ou sequência áudio. O caso deve estar
acessível, na íntegra, para o estudante o conhecer antes de iniciar o processo de análise. As
perspetivas apresentam o enquadramento concetual da análise da desconstrução. É importante
TXH R HVWXGDQWH FRQKHoD RV UHIHUHQFLDLV TXH R SURIHVVRU WHP VXEMDFHQWH D FDGD SHUVSHWLYD
entendo-se por perspetiva uma teoria, um conceito que o professor considera pertinente
para desconstruir o caso. A desconstrução constitui a essência da aprendizagem. Através do
processo de desconstrução, o caso é decomposto em unidades mais pequenas de análise, os
mini-casos e, em cada mini-caso é apresentado um comentário explicativo de como esta está
presente no mini-caso. Sempre que o professor considere pertinente pode fornecer informação
complementar que auxilie na compreensão do mini-caso, proporcionando ao estudante uma
DSUHQGL]DJHPPDLVDSURIXQGDGD2HVWXGDQWHpGHSRLVLQFHQWLYDGRDID]HUXPDUHÀH[mRSRU
H[HPSORQXPHVSDoRGHFRPXQLFDomRRXDFRQVXOWDUDVUHIHUrQFLDVELEOLRJUi¿FDVUHODFLRQDGDV
com as perspetivas.
145
Assim, a primeira fase é designada de Preparação ou 3ODQL¿FDomRe refere-se à etapa
prévia à visualização do caso. Num primeiro momento, o professor deve selecionar e visualizar
RFDVRHYHUL¿FDUVHpDGHTXDGRDRVREMHWLYRVTXHVHSUHWHQGHPDOFDQoDUHDRVVHXV
destinatários. Depois, num segundo momento, deve preparar as atividades a desenvolver
e conceber os materiais pedagógicos de apoio a utilizar nas fases posteriores. Entre estes
materiais, destacamos a construção de um guião de leitura do caso para uma leitura inicial
global e funcional do caso e uma grelha de observação que deverá ser disponibilizada aos
estudantes antes da visualização do caso no sistema de gestão de aprendizagem.
(VWDJUHOKDSRGHUiVHUFRQVWUXtGDHPIXQomRGHXP2$HVSHFt¿FRXPDHQWUHYLVWDXP
GRFXPHQWiULRXP¿OPHGH¿FomR«FRPRQRH[HPSORTXHSRGHPRVYHUDEDL[R
146
Figura 3- Grelha de Observação- Filme Uma vida de insecto (elaborada por Ângela Relvão-
MGIBE-2012)
ou poderá ser uma grelha adaptável à generalidade dos casos, com uma área destinada a uma
leitura mais globalizante (aspectos positivos, aspectos negativos, ideias principais,…), outra
área para uma leitura mais concentrada (descrição do contexto e das situações;; reconstrução
da temática, da história) e uma área de leitura funcional (palavras-chave).
$LQGD DQWHV GH LQLFLDU D VHJXQGD IDVH p QHFHVViULR TXH R SURIHVVRU FODUL¿TXH FRPR p
que o estudante terá acesso ao OA, sendo que o estudante poderá ter de o adquirir ou poderá
visualizá-lo na plataforma de aprendizagem.
147
SDUFHODUHVFRPSDXVDVSDUDXPDDQiOLVHPDLVFRQFHQWUDGDH¿QD
Para esta segunda etapa, consideramos que uma semana é um período adequado para
a sua realização.
Figura 4- Exemplo de uma grelha de observação de OA (elaborada por Cristina Amaro- MGI-
BE-2012)
148
A terceira etapa intitulada de GHVFRQVWUXomRGRFDVRGHEDWHHUHÀH[mRé a fase em que
o professor disponibiliza o espaço da sala de aula virtual (o fórum) onde apresenta as pers-
pectivas, entendidas como os referenciais teóricos, consideradas pertinentes para desconstruir
o caso, sendo os estudantes convidados a debater estas perspectivas apresentando as suas
UHÀH[}HVDFHUFDGR¿OPHYLVXDOL]DGR(VWDGHVFRQVWUXomRHRGHEDWHFRQVHTXHQWHFRQVWLWXHP
a essência da aprendizagem, porque é através desta desconstrução e discussão que o caso- o
OA- é decomposto em unidades mais pequenas de análise, os mini-casosH[FHUWRVGR¿OPH
que são discutidos em função dos conhecimentos de cada estudante e da informação prove-
QLHQWHGDVVXDVJUHOKDVGHREVHUYDomRHGDELEOLRJUD¿DFRQVXOWDGD6HPSUHTXHRSURIHVVRU
considere pertinente pode e deve ir fornecendo informação complementar, proporcionando, as-
sim, ao estudante conhecimentos mais aprofundados acerca do tema. O OA é desta forma de-
composto em unidades mais pequenas de análise, dando origem às diferentes perspetivas que
vão emergindo e que vão constituindo a essência da aprendizagem.
Figura 5- Exemplo de desconstrução de um caso (post de Joaquim Pinheiro-MGIBE-2012)
Também, nesta etapa, consideramos que uma semana é um período adequado para o
seu desenvolvimento, no entanto podemos considerar ciclos semanais, porque esta descons-
trução SRGHGDURULJHPDQRYDVVHTXrQFLDVGHYLVLRQDPHQWRFDGDYH]PDLV¿QDVHHVWUXWXUDGDV
GHDFRUGRFRPRVREMHFWLYRVGH¿QLGRVSRGHQGRSRLVSURORQJDUVHGHXPDIRUPDFtFOLFD
149
REFLEXÃO FINAL
22$DXGLRYLVXDOFRPRYHUL¿FiPRVHQTXDQWRPHLRGHFRPXQLFDomRSRVVXLXPHQRU-
me potencial educativo, mas a sua utilização didática em ambientes online exige um esforço
permanente por parte do professor na procura das soluções mais adequadas a cada situação.
No entanto, na qualidade de formador de professores, temos constatado que esta utilização di-
dática destes OA, nem sempre tem sido realizada de forma adequada. Parece-nos que, muitas
vezes, cai-se em situações de facilitismo didático, quer delegando nos OA audiovisuais toda a
capacidade de transmissão de informação numa aula, quer reduzindo o seu papel a questões
meramente relacionadas com motivação. Na nossa opinião, este tipo de procedimentos deve-
VHSRUXPODGRjIDOWDRXjGH¿FLHQWHIRUPDomRGRVSURIHVVRUHVQDGLPHQVmRGLGiWLFDHSRU
RXWURjDXVrQFLDGHXPDSODQL¿FDomRFRQVLVWHQWH&RPIUHTXrQFLDDLQFRUSRUDomRGHVWHV2$
DXGLRYLVXDLV ID]VHLPSURYLVDQGR VHPHVWDEHOHFHU XPSODQR HXPDHVWUDWpJLDSUpGH¿QLGDR
TXHQHFHVVDULDPHQWHDFDEDSRUOKHVUHWLUDUH¿FiFLDSHGDJyJLFD
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