Fermentação à brasileira: Explore o universo dos fermentados com receitas e ingredientes nacionais
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Pré-visualização do livro
Fermentação à brasileira - Fernando Goldenstein Carvalhaes
FERNANDO GOLDENSTEIN CARVALHAES
LEONARDO ALVES DE ANDRADE
INSTITUTO BRASIL A GOSTO apresenta
FERMENTAÇÃO À BRASILEIRA
EXPLORE O UNIVERSO DOS FERMENTADOS COM RECEITAS E INGREDIENTES NACIONAIS
EDIÇÃO BILÍNGUE
PORTUGUÊS – INGLÊS
sumário
Prefácio
Prólogo
Como utilizar este livro
Introdução
Capítulo I – Fundamentos
Diferença entre putrefação e fermentação
Ser humano fermenta?
Ancestralidade no DNA humano
O papel dos microbiomas
Microrganismos majoritariamente atuantes
Saccharomyces
Brettanomyces
Acetobacter
Lactobacillus
Pediococcus
Boas práticas de limpeza e sanitização
Colecionando microrganismos domesticados
e selvagens
Criando uma cultura de microrganismos selvagens
Escolhendo a fonte de microrganismos
Acondicionando os ingredientes
Iniciando o fermento selvagem
Manutenção da cultura selvagem
Fermento de gengibre (ginger bug)
Kefir
Coalhada (iogurte) para o dia a dia
Coalhada seca e soro de leite
Manteiga fermentada com kefir
Leite fermentado com kefir (Yakult® caseiro)
Rejuvelac
Ativando fermentos comerciais
Capítulo II – Bebida
Kombucha
Mãe do kombucha ou SCOBY
Cuidados básicos com a cultura
Hotel de SCOBY
Ingredientes e utensílios necessários
Etapas: do chá ao kombucha
Mãos à obra
Kombucha de chá-verde com gengibre
Aprimorando, controlando e melhorando a produção de kombucha
Controle de acidez, teor alcoólico, dulçor e carbonatação
Teor alcoólico
Acidez
Carbonatação
Dulçor residual no paladar
Produção de extratos de frutas estáveis para a segunda fermentação
Adaptação de cultura para fermentar outros substratos além de chá
Equipamentos para a medição do kombucha
Saborização de kombucha
Kombucha à base de chá-verde fraco
Extrato padrão de frutas
Laranja-baía de verão
Maracujá com pimenta-rosa
Cenoura
Café
Pepino e hortelã
Mate torrado com limão
Hibisco, gengibre e pimenta-rosa
Consumindo o SCOBY
SCOBY em calda
Doce de banana com SCOBY
Charque vegetariano de SCOBY (jerked beef vegano)
Bala de gengibre
Consumindo o SCOBY batido (purê)
Folha de goiaba
Folha de cupuaçu
Folha de banana
Folha de maracujá
Refrigerantes selvagens
Refrigerante de beterraba
Refrigerante de abacaxi com hortelã
Refrigerante de camu-camu
Refrigerante de batata-doce
Refrigerante de pepino, cidreira e limão
Refrigerante de laranja com acerola
Refrigerante de melão com chá-verde
Ginger ale
Refrigerante de gengibre
Vinagre
Vinagre de chá-verde
Vinagre de maçã
Vinagre de beterraba
Vinagre de limão-galego
Vinagre de malte
Bebidas alcoólicas
Materiais e insumos necessários
Projetando a bebida
Escolha e ativação do fermento
Mostura e pasteurização
Fermentação
Maturação – retirando resíduos do mosto por decantação e pela temperatura
Trasfega – transferindo o mosto
Priming – correção do açúcar para gaseificação
Envase
Teor alcoólico
Kombucha alcoólico (hard kombucha)
Kombucha alcoólico de açaí (5% Vol.)
Hidromel
Tipos de hidromel
Hidromel clássico
Metheglin tupiniquim
Melomel de jabuticaba
Cervejas selvagens
Cerveja de jatobá e quinaquina
Root beer tupiniquim
Cerveja de ipê-roxo
Vinhos e sidras
Sidra de caju
Vinho seco de jabuticaba
Vinho de sobremesa de jabuticaba
Vinho de mate
Capítulo III – Comida
Conservas láticas de vegetais
Adição inicial de microrganismos selecionados
Procedimento básico
Salga – salmoura
Meio anaeróbico (sem oxigênio)
Quanto tempo de fermentação?
Posso adicionar outras hortaliças à minha conserva depois de pronta?
Chucrute tradicional
Chucrute de couve-manteiga
Conserva de cenoura
Conserva de cabotiá e erva-doce
Conserva de nabo e cenoura ralados
Limão-galego em conserva
Vinagrete de limão em conserva
Kimchi
Kimchi de verão
Kimchi de frutas
Kimchi tropical
Chutney de manga
Relish de abacaxi e abobrinha
Conserva de jabuticaba
Conserva de bacupari
Conserva de azeitona-do-ceilão
Conserva de manga verde
Cambuboshi, umbuboshi, figoboshi e bilimboshi
Molho de pimenta fermentada
Molho de salada fermentado
Achar (conserva de pimenta típica de Moçambique)
La Jiao Jiang
Mandioca
Mandioca pubada
Tucupi
Polvilho azedo
Massa de mandioca pubada (carimã)
Blinis de puba
Sorvete de tucupi
Bolo de mandioca pubada
Pão de queijo
Cuscuz de uarini com tucupi e camarão
Biscoito de polvilho com óleo de urucum e semente de abóbora
Escondidinho de carne-seca com puba
Rabada no tucupi
Mingau de carimã com cumaru e castanha-do-brasil
Grãos e sementes
Bolinho de feijão-fradinho (acarajé)
Faláfel fermentado (bolinho de grão-de-bico)
Pasta de castanha-de-caju fermentada
Bolo de arroz com kefir de água
Mostarda
Nukadoko e Nukazuke
Epílogo
Glossário
Referências bibliográficas
Índice das receitas
Notas
Sobre os autores
Agradecimentos
Créditos
Aos nossos pais, que sempre nos fizeram acreditar que este projeto seria possível.
Aos mais de 3 mil alunos que passaram pela Escola Fermentare e celebraram conosco a arte da fermentação.
"Só duas coisas
têm valor na vida:
comida e bebida."
ZÉ CELSO MARTINEZ CORREA
ADAPTAÇÃO DA OBRA BACANTES DE EURÍPEDES
PARA A CANÇÃO DE ZÉ CELSO E ZÉ MIGUEL WISNIK
prefácio
Que casa brasileira não tem, em alguma prateleira da cozinha, ao menos um vidro de conserva? Em viagens pelo país, confirmei que essa é uma realidade bastante comum nos lares daqui, sobretudo na região Sul. No Norte e no Nordeste, ingredientes essenciais da cultura alimentar local, como farinha, puba, polvilho e tucupi, só existem graças à fermentação da mandioca.
Em busca de mais conhecimento sobre esse tema, deparei com o Fernando e o Léo. Quem me apresentou a esses dois magos da fermentação foi uma amiga em comum, a grande pesquisadora Neide Rigo.
Fiquei encantada com o conteúdo que eles já tinham construído, em um longo e minucioso trabalho, que torna acessível uma técnica ancestral de uma maneira que faz sentido em nosso cotidiano e na realidade e, ainda melhor, com produtos brasileiros. Desse encontro de ideais e projetos, saiu o convite para unirmos forças e, juntos, lançarmos este livro, cujo desafio é disponibilizar esse conhecimento para um público mais amplo. Da admiração, nasceu uma amizade.
Por isso, é com muito orgulho que o Instituto Brasil a Gosto apresenta Fermentação à Brasileira, obra descomplicada e de leitura fácil, que traz um raio X do tema e ajuda a entender a teoria e a prática da produção de kombucha, refrigerantes naturais, conservas, vinagres, cervejas... E vai além: de modo pioneiro, compartilha preparos que mostram quão surpreendente pode ser esse encontro entre técnicas antigas e a nossa riqueza de ingredientes. Do kombucha de chá-mate ao vinho de jabuticaba e ao chucrute de couve-manteiga, o livro traz um total de 89 receitas e um convite para que todos se aventurem nesse caminho por uma alimentação mais natural e saudável.
Como muitos sabem, a missão do Instituto Brasil a Gosto é desvendar, preservar e divulgar a cozinha brasileira. Um dos pilares fundamentais desse trabalho é a pesquisa, vertente que nos estimula a nos debruçar não só nos estudos das tradições, como também nas tendências que rondam a alimentação.
Por todos esses motivos, este é o primeiro livro que o Instituto Brasil a Gosto, do qual sou fundadora e presidente, assina como curador, em uma série que se abre agora com trabalhos de especialistas dispostos a investigar e registrar o patrimônio alimentar brasileiro. Convido todos vocês a entrarem conosco neste movimento #PelaCozinhaBrasileira. Vamos juntos?
Ana Luiza Trajano
Presidente do Instituto Brasil a Gosto
Prólogo
"Isso de querer ser exatamente aquilo
que a gente é ainda vai nos levar além"
Paulo Leminsky
Uma pesquisa pessoal que se iniciou há alguns anos e possibilitou a criação da Companhia dos Fermentados — uma pequena indústria paulistana que teima em produzir alimentos de forma tradicional no mundo contemporâneo — agora vira livro.
Cansados da rotina sufocante no mundo corporativo, Leonardo e eu decidimos montar um negócio próprio que abarcasse as atividades que gostávamos de fazer nas horas de lazer: ler, escrever, cozinhar, lecionar, fotografar e experimentar.
É difícil lembrar exatamente como a ideia foi se delineando e materializando, mas hoje temos certeza de que foi muito boa. Tampouco podíamos imaginar a quantidade de restaurantes, botecos, sítios, fazendas, canais de rádio e televisão, cozinheiros, bartenders, donos de escolas de culinária, editoras, cientistas, nutricionistas, pesquisadores e chefs que rapidamente demonstraram interesse na produção de alimentos com base na mescla de técnicas de fermentação tradicionais e modernas.
Tudo começou num minúsculo espaço de 12 metros quadrados, improvisado na edícula da nossa casa, reformado para abrigar uma mistura de laboratório com cozinha industrial, área de recebimento de insumos, expedição, estoque, entre outras coisas.
Diversas questões sobre a bioquímica das fermentações surgiram nesse momento inicial. Especialmente das fermentações rudimentares, processos que ocorrem de forma espontânea, com auxílio de microrganismos naturalmente presentes nos alimentos (ou seja, processos que não foram desenvolvidos em laboratório) que vêm sendo praticados desde o início da civilização.
Infelizmente, contamos com pouca literatura sobre o assunto, embora a humanidade o tenha desenvolvido, lapidado e dominado ao longo de milênios, em um período em que fermentar era uma forma de conservar os alimentos sem a qual teríamos morrido de fome. Encorpar essa bibliografia é um dos propósitos deste livro.
Meu pai, engenheiro-elétrico que se aventura também como mestre-cachaceiro, apresentou-me à professora Rosane Schwan, chefe de um grupo de pesquisa em fermentações rudimentares na Universidade de Lavras, em Minas Gerais. É um alento saber que existem profissionais e instituições de pesquisa que trabalham e se interessam pelo diálogo entre ensino, pesquisa e sociedade, intercâmbio tão importante, porém insuficiente em nosso país.
Nosso contato, além de extremamente gratificante, foi bastante proveitoso. O grupo fez a análise microbiológica de alguns de nossos produtos, e participamos do Simpósio de Microbiologia Agrícola de 2018 como palestrantes. Para encerrar saborosamente nossa primeira parceria de pesquisa com uma instituição pública de ensino superior, ministramos uma oficina de conservas de vegetais.
Tive a sensação de que estávamos no caminho certo com essa aproximação do nosso trabalho com a universidade. Ou pelo menos que ele fazia sentido, de alguma forma, para as pessoas que considero mais valiosas: os pesquisadores. Estar de volta à academia com um convite tão acolhedor e generoso foi como um sonho realizado, e vou guardar para sempre a receptividade e o entusiasmo da professora e dos alunos que pesquisam melhorias em produtos agrícolas brasileiros por meio de processos fermentativos.
Então, decidimos deixar de fazer apenas a pequena produção caseira para investir em uma frente inovadora: ensinar nossas técnicas para quem quisesse aprender e praticar de forma artesanal ou industrial. Inicialmente as aulas aconteciam só em São Paulo, onde estamos baseados, depois em outros estados e cidades. A receptividade calorosa confirmou mais uma vez que trilhávamos um bom caminho e aumentou nossa vontade de ir além.
Existe hoje, no mundo todo, menos de meia dúzia de iniciativas iguais à nossa: produção de comidas e de bebidas fermentadas aliada à divulgação e ao ensino de todas as técnicas utilizadas, incluindo até mesmo a oferta de assessoria para novos produtores industriais.
Este livro é, portanto, uma expansão de todo esse conjunto de práticas e reflexões. É fruto da vontade de levá-lo ao conhecimento de todos que se interessam pelo resgate e pela prática dessas formas clássicas e modernas de transformação da comida. É, de certa maneira, ativismo político ao oferecer e divulgar informação e conhecimento em resposta ao marketing sistemático, muitas vezes grosseiro, da indústria alimentar. Marketing que cria desejos e necessidades de produtos que não alimentam com qualidade e até usurpa denominações originais para essas versões empobrecidas.
Existem diversas publicações sobre técnicas de fermentação, entre elas, A arte da fermentação, de Sandor Katz, o maior e melhor compêndio voltado para o grande público[1]. Tratamos aqui, todavia, das experimentações de nossa trajetória particular, e nela a principal característica é a escolha, sempre que possível, de insumos brasileiros.
Autores de livros de receitas são pessoas ousadas que estudam e praticam muito suas formulações, por isso precisam aprender a lidar com frustrações. Nossos amigos que têm obras publicadas nos relatam os protestos dos leitores quando a receita não funciona
. Aqui, o número de variáveis (ambiente, temperatura etc.) e possibilidades de erro é ainda maior porque trabalhamos com seres vivos, e não ingredientes inertes.
Tendo isso em conta, alertamos e pedimos, de antemão, paciência: se algo não sair como esperado, tenha ânimo para refazer os experimentos, mais de uma vez se for necessário. Uma hora, funciona. Se as receitas estão aqui, é porque foram testadas e aprovadas não apenas por nós, mas também por familiares, amigos, clientes e outras pessoas destemidas e praticantes que conseguimos reunir em nossa longa e mágica caminhada.
Por último, temos a esperança de que os leitores possam encontrar diversas formas de explorar este conteúdo. Sugerimos algumas: folheadas rapidamente para curtir as imagens; como guia para experimentos científicos nas escolas e universidades; como guia de receitas caseiras e industriais, seguindo-as ipsis litteris; ou como inspiração para criações autorais que respeitem as técnicas, porém com outras formulações. Esperamos que seja um livro a ser usufruído por cientistas e bruxas.
Fernando Goldenstein Carvalhaes
Como utilizar este livro
Este livro é composto de três capítulos, que podem ser explorados de forma independente.
O primeiro discorre sobre aspectos microbiológicos da fermentação e a sua importância no processo civilizatório. Embora seja desejado entender como ocorrem os processos biológicos em cada uma das técnicas (ainda que de maneira superficial), esse não é um conhecimento imprescindível para reproduzi-las. Basta lembrar que a compreensão do papel dos processos biológicos na transformação dos alimentos se inicia no século XIX com Pasteur, e algumas das técnicas têm milênios de existência. Ter o conhecimento dos microrganismos presentes e da dinâmica dos processos biotecnológicos nos leva a um passo além, permitindo controlar com mais rigor os resultados esperados, trazendo mais segurança alimentar e possibilidades de variar receitas e compor novas criações.
O segundo capítulo trata de bebidas. Se você está interessado em produzir seu próprio kombucha, pode pular direto para ele. Ali, ensinamos também a fazer refrigerantes naturais e bebidas alcoólicas.
Já o terceiro é o das comidas. Quem está ansioso para produzir seu primeiro chucrute pode ir direto para a receita. Basta segui-la, para ter uma conserva com as mesmas características de um genuíno fermentado: saboroso, milenar e cheio de vida.
Algumas receitas dependerão de outras, previamente apresentadas. Nesse caso, haverá indicações.
introdução
Bactérias num meio é cultura.
Arnaldo Antunes
Há aproximadamente 10 mil anos, a humanidade deu um grande passo qualitativo na maneira de se relacionar com o ambiente, realizando a transição de caçadores-coletores para sedentários. Deixamos de viver como nômades, paramos de nos deslocar incessantemente em busca de comida e nos fixamos em locais estratégicos, em terras férteis, onde passamos a produzir alimentos, praticando a agricultura e a domesticação de animais de forma mais intensiva.
Recentemente, historiadores[2] têm compreendido esse período de transição e início de vida sedentária como sendo de aspectos contraproducentes e mesmo prejudiciais para a humanidade, que passou então a enfrentar uma série de novas adversidades.
Primeiramente, passamos de uma dieta diversificada de frutos, raízes e fontes de proteínas (animais) para uma dieta mais restrita, pobre em diversidade de nutrientes. Os primeiros grãos que cultivamos eram selvagens e não supriam a variedade de nutrientes que necessitamos no dia a dia. Além disso, nesse início de agricultura desajeitada e sem as técnicas que temos hoje em dia, a produção era limitada. Estávamos sujeitos às intempéries, e invariavelmente perdíamos uma parcela considerável da produção nas ocorrências de secas, inundações, pragas e outros desacertos.
Uma estação produtiva que terminasse com excedentes era considerada uma vitória para as tribos, que prontamente faziam seus rituais de agradecimento aos deuses – algo que ainda fazem. Porém, quando tinham sorte de chegar à colheita com saldo positivo, era preciso enfrentar um segundo desafio: conservar os alimentos até a próxima safra.
Para povos que moram em terras férteis na zona tropical, faz menos sentido falar em conservação de alimentos. A incidência de energia solar é alta e relativamente constante ao longo do ano, portanto estações e sazonalidade agrícola são menos percebidas (em se plantando, tudo [e sempre] dá
). Porém, em direção aos polos, nas zonas temperadas, a sazonalidade é muito bem definida e existem épocas do ano em que faz muito frio, a ponto de cessar a produção agrícola.
Nessas regiões, onde gela em um período do ano, a necessidade de conservar alimentos é premente, uma questão de sobrevivência. Sem refrigeração, irradiação ou auxílio dos produtos químicos disponíveis atualmente, iniciamos desde os primórdios da vida sedentária um trabalho sistemático de aperfeiçoamento de técnicas de conservação de alimentos, o que nos permitia a sobrevivência durante os longos e improdutivos invernos, ou seja: sem as técnicas modernas de que dispomos hoje, tivemos que desenvolver modos naturais de preservar os alimentos para não morrer de fome. E vimos fazendo isso nos últimos 10 mil anos.
Mesmo nas regiões tropicais e subtropicais, à medida que fomos nos tornando sedentários ou praticando formas itinerantes de agricultura, diferentes povos desenvolveram, ao longo da história, processos de fermentação como parte de suas estratégias de sobrevivência, que resultaram em diversas técnicas rudimentares de conservação de alimentos, como: salga, secagem, defumação, adição de açúcar, congelamento (pense nos esquimós) e fermentação.
As cinco primeiras se baseiam na diminuição da atividade de água,