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Dissertacao Aliana Simoes

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA


DEPARTAMENTO DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
MESTRADO ACADÊMICO

ALIANA FERREIRA DE SOUZA SIMÕES

JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO


SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

FEIRA DE SANTANA – BA
2013
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ALIANA FERREIRA DE SOUZA SIMÕES

JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO


SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação


em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira
de Santana - PPGSC/UEFS, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marluce Maria Araújo Assis

FEIRA DE SANTANA – BA
2013
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 1
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Ficha Catalográfica – Biblioteca Central Julieta Carteado

Simões, Aliana Ferreira de Souza


S612j Judicialização da saúde para o acesso às tecnologias no Sistema Único
de Saúde da Bahia, Brasil (2005-2010) / Aliana Ferreira de Souza Simões.
– Feira de Santana, 2013.
152 f. : il.

Orientadora: Marluce Maria Araújo Assis.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Feira de Santana,


Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2013.

1. Sistema Único de Saúde (SUS) – Judicialização. 2. Tecnologias


em saúde – Bahia. I. Assis, Marluce Maria Araújo, orient. II.
Universidade Estadual de Feira de Santana. III. Título.

CDU: 614(814.2)
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 2
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

ALIANA FERREIRA DE SOUZA SIMÕES

JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO


SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade


Estadual de Feira de Santana - PPGSC/UEFS, como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Saúde Coletiva.

Feira de Santana-BA, 25 de março de 2013.

BANCA EXAMINADORA:

Profª. Drª. Marluce Maria Araújo Assis


Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
(Orientadora)

Profª. Drº. Washington Luiz Abreu de Jesus


Universidade Federal da Bahia - UFBA
(1ª Examinador)

Profº. Drº. Luis Eugênio Portela Fernandes de Souza


Universidade Federal da Bahia - UFBA
(2ª Examinador)

Profª. Drª. Isabela Cardoso de Matos Pinto


Universidade Federal da Bahia - UFBA
(1º Suplente)

Profª. Drª. Erenilde Marques de Cerqueira


Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS
(2º Suplente)
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ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Ao meu esposo, Ubiratan Júnior (Ju), que me


incentivou para a seleção do Mestrado e
esteve ao meu lado durante todo o percurso
dessa jornada, compreendendo-me nos
momentos difíceis, esclarecendo meus
pensamentos em meio a tantas dúvidas,
compartilhando comigo todos os sentimentos e
desafios dessa caminhada.
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ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, nosso grande Pai, por estar sempre presente em todos os momentos de
minha vida, cobrindo-me de benção e proteção.

Agradeço a meus pais (Ernanes e Antonia), por me apoiarem em todas as minhas decisões,
apesar da queixa constante de minha ausência.

Agradeço aos meus irmãos (Sandro, Adriana e Naldo) pela torcida e por me incentivarem a
buscar sempre mais.

Agradeço as minhas cunhadas (Adriana, Raquel, Sandra e Suzana) pela torcida e pelo grande
apoio, sempre dispostas a me ajudar em qualquer tempo e momento.

Aos meus sobrinhos (Dinny, Breno, Lucas, Henrique, Gabi e Bia). Vocês são luzes para o
meu caminho!

Agradeço aos meus sogros (Seu Bira e D. Zetinha) pela compreensão e apoio em todos os
momentos.

Agradeço ao meu esposo (Ubiratan Júnior – Ju) pelo seu amor, carinho e compreensão. Sua
presença, seu sorriso, deu-me forças para continuar, acalmou-me nos momentos difíceis e
ajudou-me a encontrar soluções para tantas dificuldades. Todos esses momentos fortaleceram
nossa relação e nos mostraram quantas vitórias podemos alcançar juntos na nossa vida.

Agradeço aos meus amigos que, mesmo distantes, me incentivaram a continuar e alcançar os
meus desejos.

Agradeço aos amigos do Mestrado (Anderson, Ana, Bruno, Carol e Márlon) por
compartilharem comigo todos os momentos do curso - alegrias, tristezas, as nossas viagens
(foram maravilhosas!), o aprendizado e o valor da amizade. Percebemos que, juntos, podemos
ser mais fortes!
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ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Aos demais colegas do Mestrado, que de alguma forma, contribuíram para o meu
crescimento.

Agradeço a Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS pela oportunidade. “O bom


filho a casa torna”.

Agradeço o Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - PPGSC pelo apoio logístico e


institucional para a realização do Mestrado.

Agradeço a minha orientadora (Marluce Assis) por ter me apoiado desde o início do curso,
antes mesmo de ser a minha orientadora. Sou muito grata pela paciência que teve comigo, na
condução da pesquisa e por ter acreditado no delineamento do meu objeto, encarando comigo
todas as dificuldades no desenvolvimento deste trabalho. Despertou em mim o prazer pela
pesquisa.

Aos professores, Isabela Pinto e Túlio Franco, pelas sugestões e críticas, que muito
contribuíram para o delineamento da pesquisa.

Agradeço a turma do curso de Enfermagem da UEFS em que fiz o Estágio Docência pelo
desafio em conduzir a docência e superar as dificuldades do ser professor.

Agradeço a família do NUPISC pelo acolhimento e oportunidade de vivenciar a pesquisa.

Agradeço a CAPES pela oportunidade da bolsa de Mestrado para a condução do estudo.

Agradeço a todos aqueles, que de alguma forma, direta ou indiretamente, participaram da


construção deste trabalho e contribuíram para o meu desenvolvimento na arte da pesquisa.
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ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

“O problema fundamental em relação aos


direitos do homem, hoje, não é tanto de
justificá-los, mas o de protegê-los. Trata-se de
um problema não filosófico, mas político. Mas
tampouco é um problema jurídico. É um
problema cuja solução depende de um certo
desenvolvimento da sociedade e, como tal,
desafia até mesmo a Constituição mais
evoluída e põe em crise até mesmo o mais
perfeito mecanismo de garantia jurídica”.

(BOBBIO, 2004, p.45).


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ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

RESUMO

O sistema de saúde assegura na Constituição de 1988, pelos princípios do Sistema Único de


Saúde (SUS), a universalidade, equidade, integralidade no cuidado à saúde dos indivíduos.
Desta forma, o cidadão possui seu direito à vida e à saúde legitimado, constituindo-se como
alicerce para efetivação do direito fundamental à vida, dignidade humana e à cidadania.
Entretanto, o sistema de saúde vem enfrentando lacunas para efetivação de seus princípios. As
demandas judiciais entram nesse cenário como instrumento para efetivação desses direitos. Os
objetivos são: descrever o perfil da judicialização da saúde no Estado da Bahia para o acesso
às tecnologias de saúde no SUS, no período de 2005 a 2010; e discutir o acesso às tecnologias
em relação às demandas de atenção à saúde (medicamentos, alimentos, internamentos,
tratamentos, cirurgias e outras) e as ações judiciais movidas pelos usuários do SUS. O
caminho metodológico é orientado pelas abordagens, quantitativa e qualitativa: a primeira
trata de um estudo descritivo e retrospectivo, utilizando fontes primárias como base de dados
por meio da consulta eletrônica e de livre acesso, no sítio do Tribunal de Justiça do Estado da
Bahia, dos processos judiciais que demandavam por acesso às tecnologias de saúde no SUS.
Estes dados compuseram as Matrizes Gerais de Análise através do software Microsoft Office
Excel 2007 para a tabulação, construção de gráficos e tabelas. A análise descritiva foi baseada
na distribuição de frequências simples e relativas; e a segunda com estudo de natureza
exploratória que utiliza como fonte de dados, documentos dos processos judiciais para a
composição da Análise de Conteúdo Temática. Os resultados obtidos pelo delineamento do
perfil da Judicialização da Saúde no Estado da Bahia apresentam 103 processos judiciais que
demandavam por acesso às tecnologias no SUS, no período de 2005 a 2010. O ano de 2009
apresentou dados significativos, com entrada de 47 ações (45,6%). Foram registradas 75 ações
(72,8%) como Agravo de Instrumento e com relação às cidades de origem, 74 ações (71,8%)
estavam relacionadas ao município de Salvador. O fornecimento de medicamentos foi a
demanda mais pleiteada com 72 (60%). Foram encontrados 63 casos (61,2%) relacionados a
agravos Crônico-degenerativos e, 89, equivalente a 86,4% decisões proferidas concedendo o
acesso do usuário ao SUS. O ano de 2009 apresentou 54 (52,4%) dos processos julgados.
Com a discussão permeada pelo Poder Judiciário desvelando um caminho para o acesso às
tecnologias de saúde no SUS podemos inferir que esse acesso determina a garantia do direito
à vida e à saúde aos usuários, pois as demandas pleiteadas são atendidas em grande parte das
ações. A Sociedade Civil Organizada é caracterizada por um poder significativo na efetivação
dos direitos humanos, atuando como atores fundamentais na mobilização do Poder Judiciário
para a satisfação de seus direitos que foram negados ou insatisfeitos. Para o sistema de saúde,
as demandas, principalmente, por medicamentos pela via judicial provocam grandes prejuízos
ao planejamento e gerenciamento das ações e serviços ofertados pelo sistema, além de
deslocamento das verbas orçamentárias destinadas à saúde para o cumprimento das ações
judiciais individuais, na grande maioria. Ademais, há uma demasiada medicalização do
cuidado à saúde desvalorizando as tecnologias relacionais e o poder ativo do sujeito no
direcionamento do processo saúde-doença. Assim, concluímos que esse caminho alternativo
percorrido pelo usuário além de permitir o acesso ao sistema de saúde, proporciona o
exercício da cidadania determinada pela participação desse indivíduo como cidadão, que
vislumbra o cumprimento de seus direitos sociais estabelecidos na Constituição Federal de
1988, na busca da legitimidade de uma sociedade com justiça social.

DESCRITORES: Judicialização da Saúde; Acesso; Tecnologias de Saúde; Sistema Único de


Saúde – SUS.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 8
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

ABSTRACT

The health system Ensures the 1988 Constitution, the principles of the Unified Health System
(SUS), universality, fairness, integrity cared for in the health of Individuals. Thus, the citizen
has the right to life and health legitimized Becoming foundation for the realization of the
fundamental right to life, human dignity and citizenship. However, the health system is facing
gaps is putting its principles. From this perspective, the lawsuits go into this scenario an
instrument for the realization of these rights. The research is Performed to describe the profile
of the judicialization of health in the state of Bahia for the access to health technologies in the
SUS, in the period from 2005 to 2010, and to discuss access technologies in relation to the
demands of health care (drugs, food, admissions, treatments, surgeries and other) and the
lawsuits filed by users of SUS. The methodology has two approaches: a quantitative
approach, with retrospective descriptive study, from primary sources collected in the database
of electronic consultation and free access to the website of the Court of Justice of the State of
Bahia, the lawsuits. That demand for access to health technologies in the SUS, in the period
from 2005 to 2010. These data comprised the General Headquarters and Analysis Analyzed
were using Microsoft Office Excel 2007 for tabulation, build charts and tables for the
distribution of absolute and relative frequencies, and the qualitative approach with an
exploratory study, descriptive and analytical, using document analysis for the composition
Summary Table of the Analysis of Thematic Content Analysis by Defining the Category
Analysis. The results obtained by the design of the profile of Legalization of Health in the
State of Bahia have 103 lawsuits. That demand for access to technologies in the SUS, in the
period from 2005 to 2010. The year 2009 presented significant data entry with 47 stocks
(45.6%). 75 actions were recorded (72.8%) Interlocutory Appeal and to the towns of origin,
74 shares (71.8%) were related to the city of Salvador. The drug delivery was more demand
pled with 72 (60%). We found 63 cases (61.2%) related to degenerative diseases Chronic and
89, equivalent to 86.4% judgments granting the user access to the SUS. The year 2009
Showed 54 (52.4%) of the cases heard. With the discussion permeated by the Judiciary
unveiling a path for access to health technologies in SUS can infer such access that provides
the guarantee of the right to life and health to users, because the demands are met pled in
almost all the shares. The Civil Society Organizations have great power in the realization of
human rights act the key players in the mobilization of the Judiciary for the satisfaction of
their rights that have been denied or dissatisfied. For the health system, the demands,
especially for drugs by judicial cause great harm to the planning and management of
programs and services offered by SUS, and displacement of budget allocations for health to
meet the individual lawsuits, the vast Majority. Moreover, there is an excessive
medicalization of health care devaluing the relational technologies and the power of the
subject active in directing the disease process. Thus, we conclude that traveled this alternative
path by the user and allows access to the health system provides citizenship determined by the
participation of the individual as a citizen who sections the fulfillment of their social rights
established in the Constitution of 1988. However, we envision the need for a strong body of
technical professionals in the health field to work together with the Judicial Authorities in the
resourcefulness of actions. That require instructions for their acts embrasure decision-making
glimpsing consistent and fair to all Involved in the search for a society with social justice.

KEY WORDS: Legalization of Health, Access, Health Technologies; Unified Health System
- SUS.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 9
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Gráfico 01 Ano de ingresso das ações por Acórdãos e Decisões Monocráticas 56


Gráfico 02 Agravos demandados nos Acórdãos e Decisões Monocráticas no período 63
de 2005 a 2010
Gráfico 03 Ano de julgamento das ações Acórdãos e Decisões Monocráticas 70
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 10
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

LISTA DE TABELA

Tabela 01 Tipo de ação e Cidade de origem dos Acórdãos e Decisões Monocráticas 58


no período de 2005 a 2010
Tabela 02 Demandas pleiteadas e decisões proferidas nos Acórdãos e Decisões 61
Monocráticas no período de 2005 a 2010
Tabela 03 Requerentes e Requeridos por Acórdãos e Decisões Monocráticas no 68
período de 2005 a 2010
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 11
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB Atenção Básica
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APS Atenção Primária à Saúde
Art. Artigo
CACON Centros de Alta Complexidade em Oncologia
CEAF Componente Especializado da Assistência Farmacêutica
CNS Conferência Nacional de Saúde
COAPS Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde
CONITEC Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias
CRM Conselho Regional de Medicina
Doc. Documento
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
ESF Estratégia Saúde da Família
FTN Formulário Terapêutico Nacional
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LME Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos
LOA Lei Orçamentária Anual
LOS Leis Orgânicas da Saúde
NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família
NOAS Normas Operacionais da Assistência à Saúde
NOB Norma Operacional Básica
PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PCDT Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
PDR Plano Diretor de Regionalização
PNAB Política Nacional da Atenção Básica
PPA Plano Plurianual
PPI Programação Pactuada Integrada
PRSB Projeto da Reforma Sanitária Brasileira
RAS Rede de Atenção à Saúde
RENAME Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
RENASES Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde
STF Supremo Tribunal Federal
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 12
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

SUREGS Superintendência de Gestão dos Sistemas de Regulação da Atenção


à Saúde
SUS Sistema Único de Saúde
UNACON Unidade de Alta Complexidade em Oncologia
UTI Unidade de Terapia Intensiva
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 13
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO 24
2.1 História das Políticas Públicas de Saúde para a efetivação do Sistema 24
Único de Saúde (SUS)
2.2 Direito à Saúde como Direito Fundamental: o princípio da dignidade 30
da pessoa humana
2.3 Acesso às tecnologias de saúde do SUS: dispositivo para a construção 34
da integralidade nas ações e serviços de saúde
2.4 Cidadania e participação popular: instrumento dos cidadãos na 39
garantia do direito à saúde
2.5 Judicialização da Saúde: o acesso às tecnologias de saúde do SUS 42
3 METODOLOGIA 48
3.1 Abordagem Quantitativa 48
3.1.1 Tipo de Estudo 48
3.1.2 Delineamento da Pesquisa 48
3.1.2.1 Unidade de Análise e Universo da Pesquisa 48
3.1.2.2 Fonte de Dados 48
3.1.3 Execução da Pesquisa 50
3.1.3.1 Elaboração do Banco de Dados 50
3.1.3.2 Análise de Dados 50
3.2 Abordagem Qualitativa 51
3.2.1 Tipo de Estudo 51
3.2.2 Técnica de Coleta de Dados 51
3.2.3 Método de Análise de Dados 52
3.2.4 Considerações Éticas 53
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 54
4.1 Acesso às Tecnologias de Saúde no Setor Público: Perfil da 54
Judicialização da Saúde no Estado da Bahia
4.2 O Poder Judiciário desvelando um caminho para o Acesso às 71
Tecnologias de Saúde no Sistema Único de Saúde – SUS
4.2.1 Judicialização da Saúde para o Acesso a Medicamentos no SUS 78
4.2.2 Judicialização da Saúde para o Acesso a Internamentos e Tratamentos 90
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 14
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

no SUS
4.2.3 Judicialização da Saúde para o Acesso a Cirurgias 92
4.2.4 Judicialização da Saúde para o acesso a Outras Demandas 94
CONSIDERAÇÕES FINAIS 98
REFERÊNCIAS 102
APÊNDICE A – Lista de Documentos 110
APÊNDICE B – Matriz Geral de Análise por Acórdão 121
APÊNDICE C – Matriz Geral de Análise por Decisão Monocrática 126
APÊNDICE D - Sínteses das Categorias de Análise 132
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 15
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

1 INTRODUÇÃO

Com o delineamento dos direitos humanos na Declaração Universal de 1948, que


reconhece a dignidade como inerente à pessoa humana e que promove a aplicação efetiva
desses direitos de forma universal, os mesmos constituem o principal instrumento de defesa,
garantia e promoção da liberdade e melhoria das condições de vida, em defesa de uma vida
digna.
Os direitos fundamentais estão diretamente implicados com os poderes legítimos do
ser humano e exigem uma atuação positiva dos poderes públicos. Como estes foram se
desenvolvendo ao longo do tempo, podem ser classificados em gerações ou dimensões, a
saber: a primeira dimensão refere-se aos direitos individuais e políticos; segunda dimensão
abarca os sociais, econômicos e culturais; terceira dimensão está relacionada ao direito de
fraternidade; e o de quarta dimensão, atrelado à globalização (CUNHA JUNIOR, 2008).
Como estas dimensões não são indissociáveis aos direitos do homem, e, por definição,
o termo dimensão remete à complementaridade, sem substituição ou supressão temporal dos
direitos anteriormente reconhecidos, utilizaremos no presente estudo este termo no mesmo
sentido dado aos direitos fundamentais, para representar que não há sobreposição de sujeitos,
ressaltando que um não atua em detrimento do outro, e sim, em complementaridade nas ações
judiciais na saúde.
Os direitos sociais, categorizados na segunda dimensão, garantem ao indivíduo o
acesso a condições mínimas para sua sobrevivência com dignidade, como o lazer, trabalho,
educação, moradia, transporte, saneamento básico e saúde. Condições estas que, definem a
saúde não mais como mera ausência de doença, mas derivada do bem estar físico, mental e
social dos indivíduos. Tal assertiva condiciona o envolvimento de fatores condicionantes e
determinantes nas necessidades e demandas dos cidadãos, focando o acesso a esses poderes
legítimos como fundamentais à vida digna do ser humano (CUNHA JUNIOR, 2008).
Nesse ínterim, o direito à saúde se destaca nesse estudo, como um direito fundamental,
que está implicado ao princípio da dignidade da pessoa humana, e que se desdobra na
qualidade de vida dos indivíduos e na participação da sociedade para a garantia do mesmo.
No ordenamento jurídico brasileiro, tanto os direitos sociais e, principalmente, o atrelado à
saúde, estão positivados constitucionalmente, dispondo o Estado como responsável pelo
cumprimento destas garantias a todos os cidadãos.
Em outros países, os direitos sociais, mesmo quando não estabelecidos no
ordenamento jurídico, são recorríveis por via judicial para a garantia destes, mesmo de forma
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ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

individual. Como exemplo, no Canadá, em 1997, o princípio da igualdade foi reconhecido


pela Suprema Corte, por meio da jurisprudência, no acesso aos serviços de saúde por
indivíduos acometidos pela surdez, devido à dificuldade de comunicação estabelecida destes
com os médicos, sem o uso de interpretes. Essa situação foi considerada uma violação ao
direito à igualdade desses indivíduos perante os demais não acometidos pela doença, pois os
mesmos não tinham a mesma oportunidade de acesso e comunicação em decorrência da
surdez (SARMENTO, 2007).
Outro exemplo, em Israel, no ano de 2000, a Corte Suprema reconheceu que o
atendimento à saúde materno infantil não era prestado em uma comunidade árabe e ordenou
ao Estado a construção de seis clínicas de atendimento a esses serviços nas comunidades
desprovidas desta cobertura de saúde, permitindo que todos os cidadãos fossem legitimados
com as mesmas oportunidades. Na Alemanha, em 1972, a defesa ao direito social de acesso à
educação foi concebida pela Corte Constitucional, apesar desta garantia não estar consagrada
constitucionalmente, ordenando a ampliação do número de vagas para o acesso ao ensino
superior a um maior número de indivíduos (SARMENTO, 2007).
Dessa forma, podemos visualizar que a busca pela garantia dos direitos aos cidadãos
se conforma, tanto no âmbito nacional como internacionalmente, há muitas décadas. Todas
essas decisões, mesmo quando essas garantias não constavam no ordenamento jurídico do
país, almejavam a efetivação do princípio da dignidade da pessoa humana, que perpassa pelo
acesso igualitário à saúde e educação. Ao correlacionarmos com o Brasil, o mesmo apresenta
em sua Constituição, o delineamento do direito à saúde, através de um sistema público
pautado na universalização, equidade e integralidade das ações e serviços.
Esse sistema de saúde é conformado por uma rede complexa e multifacetada de ações
e serviços do Estado, consolidados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com princípios e
diretrizes, instituídos na Carta Magna de 1988, e pelas demais portarias e leis que
regulamentam sua organização e funcionamento, configurando sua gestão que está permeada
por limites, avanços e desafios.
Ao longo das duas décadas de sua existência, o SUS passou por várias
regulamentações, a fim de efetivar os poderes legítimos dos cidadãos e na tentativa de
preencher as lacunas existentes desde a sua implementação, no âmbito da prática, da gestão,
do financiamento e da participação popular para a garantia do direito à saúde de forma
universal, equânime e integral. A avaliação constante do sistema está presente em toda a
história do SUS, desde as Leis Orgânicas de Saúde (LOS) 8.080/90 e 8.142/90, na década de
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 17
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

1990, como na atualidade, com a Portaria n. 2.488, de 2011, que revisa e aprova novas
diretrizes para a Política Nacional da Atenção Básica.
Com relação à organização e funcionamento do sistema, estes perpassam pelo
gerenciamento de tecnologias de saúde que irão permitir aos usuários a resolubilidade de suas
necessidades e demandas. Essas tecnologias de saúde são, inicialmente, discutidas, por
Mendes-Gonçalves (1994), que aborda as tecnologias nas dimensões materiais e imateriais.
As tecnologias materiais compreendidas como máquinas e instrumentos e as imateriais como
o saber científico dos profissionais, que destaca, em suas análises, o saber predominantemente
médico.
No entanto, Merhy (2007) aproxima as tecnologias de saúde para o trabalho em saúde
numa visão da micropolítica do processo de trabalho e as categoriza em três dimensões:
tecnologias duras, relativas a tudo que a priori já está construído e programado, como as
máquinas, instrumentos, normas e procedimentos; tecnologias leve-duras, que são
caracterizadas por possuírem uma parte já estruturada e outra que será construída pelo agir do
profissional, como o conhecimento técnico-científico que já está constituído e, que, ao mesmo
tempo, será relativizado no momento de sua aplicação; e tecnologias leves que são
construídas cotidianamente nos processos relacionais entre o trabalhador e o usuário do
serviço, como o vínculo, acolhimento e responsabilização.
Portanto, ao estabelecermos relações entre o pensamento de Mendes-Gonçalves (1994)
e Merhy (2007) sobre as tecnologias de saúde, podemos observar que, na micropolítica do
processo de trabalho são exemplificadas algumas das ações e serviços do SUS, que envolvem
o acesso dos usuários às cirurgias, tratamentos, internações, próteses e medicamentos, e
perpassam pelas dimensões de análise das tecnologias supracitadas.
O acesso às tecnologias está implicado desde o conceito de entrada do usuário no
serviço como do seu andamento dentro do sistema, para que seja alcançada a resolubilidade
de suas demandas permeadas por barreiras, limites e dificuldades vivenciadas pelos usuários,
como o acesso geográfico – distância, tempo e deslocamento -, funcional – horário de
funcionamento, tempo de espera e qualidade das ações - e econômico – custos para aquisição
de procedimentos como o deslocamento -, que podem interferir diretamente no acesso aos
serviços. A reorientação das práticas e da organização dos serviços está imbricada com a
melhoria no acesso a essas tecnologias e, em consequência, proporcionar um atendimento
integral, de qualidade, que promova a resolubilidade das demandas da população.
Diante dessa complexidade e dos constantes desafios enfrentados pela gestão em
consolidar e efetivar os direitos à saúde a todos os cidadãos, como instituído na Constituição
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 18
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

de 1988 (BRASIL, 1988), outras formas de se garantir o acesso universal, igualitário e


equânime do sistema foram se estabelecendo, com ações que vem imprimindo ao Estado o
cumprimento dessas garantias.
Internacionalmente, essas ações compõem o quadro da garantia dos direitos aos
cidadãos desde a década de 1970, com a busca por direitos individuais, pautados no princípio
da igualdade, maior amplitude de acesso aos serviços de saúde a minorias e grupos
específicos, além da ampliação de acesso à educação, como explicitado anteriormente.
No Brasil, essas ações iniciaram-se na década de 1990 com a participação do Poder
Judiciário na gestão do sistema, vislumbrando soluções para os conflitos existentes entre as
necessidades de saúde dos cidadãos e o cumprimento pelo Estado dos direitos instituídos pela
Constituição. A atuação do Poder Judiciário por meio das ações judiciais estava atrelada à
aquisição de medicamentos para o tratamento de portadores de HIV/AIDS, que,
posteriormente, evoluíram para o requerimento de medicamentos para outras patologias
crônicas e de alto custo, como a Hepatite C, Alzheimer, Parkinson e Renais Crônicos,
tratamentos oncológicos e, progressivamente, para solicitação de cirurgias, internamentos e
próteses (BRASIL, 2011b). Essas demandas judiciais que buscam a garantia da integralidade
das ações e serviços do SUS são conhecidas através do Direito Sanitário, como judicialização
da saúde1.
Em 2009, foi convocada a primeira Audiência Pública, após a Emenda Constitucional
29 e pela grande demanda de ações judiciais na saúde, com o objetivo de esclarecer as
questões técnicas, científicas, políticas, sociais e econômicas que envolvem as decisões
judiciais, com participação de vários setores da sociedade e do Estado. Devido a sua
importância teórica e prática, a judicialização do direito à saúde está permeada por diferentes
sujeitos, que estão diretamente implicados nos processos judiciais, como os operadores do
direito, gestores públicos, profissionais de saúde e sociedade civil (BRASIL, 2009b).
Como resultados da Audiência, podemos concluir que as demandas judiciais não
possuem um pensamento hegemônico, mas estão mediadas por múltiplos enfoques
divergentes a respeito do tema. Alguns argumentos foram direcionados para o prejuízo da
universalidade do SUS, decorrente das ações judiciais, com promoção das desigualdades
sociais e reconhecimento dos limites financeiros do Estado. Entretanto, outros argumentos

1
No presente estudo, utilizaremos, de forma indistinta, os termos demandas judiciais, processos judiciais e ações
judiciais na saúde como sinônimos para judicialização da saúde, de maneira a tornar a leitura do texto mais clara
e objetiva.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 19
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

direcionaram para a legitimidade do Poder Judiciário nas decisões que se referem à garantia
do direito à saúde (SCHEFFER, 2009; BRASIL, 2009b).
As ações judiciais na saúde, como um instrumento judicial de ampliação do acesso do
cidadão às instituições públicas, contribui tanto para a incorporação de grupos marginais da
sociedade no acesso ao sistema de saúde como, também, intensifica a assimetria da garantia
dos direitos aos cidadãos (MACHADO, 2008).
No entanto, os processos judiciais norteados pela tomada de decisão do Poder
Judiciário no âmbito do Estado, possibilitam o cumprimento da prestação de ações e serviços
de saúde aos cidadãos, garantindo aos mesmos os direitos sociais, aqui tratados, como à
saúde, fundamentado no princípio da dignidade humana (GANDINI, 2010).
Para Médici (2010), a crescente demanda judicial na saúde pode ser considerada como
um recente aspecto potencializador das iniquidades financeiras que já perduram no sistema,
principalmente, através do rompimento das prioridades, recortando a atenção individual e
curativista a um nível superior ao da Atenção Primária, focada na coletividade, prevenção e
promoção à saúde. Decorrente de sua repercussão para os diversos atores envolvidos no
processo das diferentes esferas de poder, o tema da Judicialização da Saúde revela-se
complexo na sua incorporação à gestão do SUS, da relação estabelecida do Poder Judiciário
com o Executivo, bem como da incontestável dificuldade de acesso dos usuários às ações e
serviços, evidenciando as lacunas do sistema de saúde.
A participação popular mostra-se mais evidente na busca por esses direitos com o
processo da judicialização, sendo um novo caminho possível aos usuários de vislumbrarem a
efetivação de seus direitos a partir do ingresso de suas necessidades pelo Judiciário. No
entanto, discussões complementares e necessárias são levantadas, como o conhecimento
técnico da saúde por parte dos juízes para subsidiar as decisões judiciais, a influência da
indústria farmacêutica, a inversão da lógica do sistema de saúde direcionando o foco para a
medicalização, em detrimento das ações de promoção e prevenção, além de infringir os
princípios da universalidade, equidade e integralidade. Por outro lado, também suscita
discussões quanto à garantia do direito à saúde valorizando o princípio da dignidade da pessoa
humana e o exercício da cidadania.
A participação popular, conformada em diferentes demandas, individuais e coletivas,
busca através das instâncias já definidas de participação, como as conferências e os conselhos
de saúde, ou por meio de movimentos e organizações sociais, a garantia fundamental à vida
humana, o direito social que está implicado com o direito à saúde. Poder legítimo este que
exige do Estado o cumprimento de sua Constituição Cidadã ao instituir um sistema universal,
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 20
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

equânime e integral na atenção à saúde dos indivíduos. O não cumprimento destes direitos
possibilita que os cidadãos, como sujeitos ativos e participativos, busquem de todas as formas
a sua garantia.
Atualmente, o acesso à Justiça está sendo visto como uma possibilidade para
efetivação destes poderes legítimos por possibilitar que os cidadãos requeiram seus direitos
constitucionalmente definidos, sem escusar o Estado do cumprimento efetivo de ações e
serviços que promovam o atendimento às necessidades de saúde da sociedade, que, muitas
vezes, se apresentam com demandas para a apreciação do Judiciário, de forma urgente e
imprescindível à vida dos indivíduos.
Ao situar a temática de estudo em relação ao campo financeiro do setor da saúde, os
gastos com ações judiciais referentes à aquisição de medicamentos em 2008 foram de R$ 48
milhões, em 2007 de R$ 15 milhões, em 2006 de R$ 7 milhões e em 2005 de R$ 2,5 milhões.
O número das ações judiciais para aquisição de medicamentos no Brasil corresponde em 2008
a 783 ações – até julho do referido ano, em 2007 a 2.279 ações e em 2006 a 2.625 ações.
Dessa forma, podemos perceber o crescente número de demandas judiciais na saúde para que
haja o cumprimento dos direitos dos cidadãos. Vale ressaltar, que esses dados referem-se
apenas à demanda de medicamentos (BRASIL, 2011a).
Machado e outros (2011) afirmam que o Governo Federal gastou com aquisição de
medicamentos via judicial, em 2005, em torno de R$ 2,5 milhões, e em 2007 esse gasto
cresceu para R$ 15 milhões, atendendo aproximadamente a três mil ações referentes à
aquisição de medicamentos. Em 2008, essas despesas passaram para R$ 52 milhões. O
referido estudo reafirma o crescente investimento financeiro do Governo Federal para
cumprimento das decisões judiciais apenas com medicamentos.
Em alguns estados esses dados estão presentes de forma bastante emblemática, como
podemos elencar: o Estado de Minas Gerais em 2005 teve 1.744 ações judiciais e pelo
cumprimento das mesmas, houve um gasto de R$ 40 milhões na aquisição de medicamentos;
no Rio de Janeiro há um acordo da Secretaria de Saúde com o Poder Judiciário para que antes
da decisão das ações que pleiteiam por medicamentos, o mesmo faça um contato preliminar
com o setor da saúde no intuito de resolução antes da via judicial. No referido Estado, os
gastos decorrentes das demandas judiciais em 2008 foi de R$ 5 milhões; no Rio Grande do
Sul, que atua de forma similar com o Rio de Janeiro, em 2007 houve 7,9 mil ações judiciais e
gasto de R$ 6,5 milhões por mês no cumprimento das decisões judiciais; em São Paulo os
gastos referentes de 2002 a 2008 com ações judiciais foram de R$ 500 milhões (MÉDICI,
2010).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 21
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Na Bahia, a Superintendência de Gestão dos Sistemas de Regulação da Atenção à


Saúde (SUREGS), apresenta dados da judicialização relativos à regulação de serviços no
Estado no ano de 2009. Os dados mostram que houve 110 ações judiciais e, que destas, 25%
eram relativas a cirurgias, 23% a procedimentos e exames, 19% para internamentos e
transferências para UTI e 16% para internamentos e transferências para Unidades
Hospitalares do SUS (BAHIA, 2011a).
Com os dados acima referidos, observamos que as ações judiciais se constituem como
um grande desafio para a gestão do SUS, pois envolvem diferentes esferas de poder e sujeitos,
no direito e na sociedade, com participação ativa e efetiva de profissionais e dirigentes de
saúde, autoridades judiciais – juízes, promotores, defensores público – e usuários do sistema –
cidadãos.
A motivação para realização desse estudo conformou-se a partir da atuação na
coordenação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde – PACS em um município do
interior da Bahia, em 2009-2010. Neste período, pudemos observar a dificuldade dos usuários
em terem acesso aos serviços oferecidos pelo município, desde a Atenção Básica à Média e
Alta Complexidade. No entanto, não foi realizada nenhuma ação judicial pelos usuários para o
acesso aos serviços do município.
Ainda nesse momento, um ente familiar teve o diagnóstico para Hepatite C iniciando
seu tratamento com acompanhamento e dispensação de medicamentos pelo SUS. Após o
período estipulado de tratamento, o vírus não foi negativado e houve a necessidade de
retratamento, que foi solicitado, no entanto, o SUS não possuía em sua lista o medicamento
indicado. Medicamento este, já comprovado internacionalmente com relação à eficácia, mas
que a ANVISA não tinha registrado ainda no país. Após dois anos de espera sem um retorno
favorável e com o início das complicações decorrentes do vírus, a via judicial foi a alternativa
para a dispensação do medicamento, com a demanda atendida, apesar da alegação do
município. Atualmente, ainda em andamento no retratamento, já possui resultados com
redução do vírus e melhoras significativas na saúde do indivíduo.
Por ser um ente familiar próximo, pudemos acompanhar de perto todas as dificuldades
enfrentadas para o acesso ao sistema, bem como as alegações oriundas do município para se
escusar do cumprimento das decisões em fornecer o medicamento pleiteado. Por várias vezes,
houve a necessidade da interferência do Judiciário para que a continuidade do tratamento
fosse garantida.
Ademais, associado a essa experiência, difundiu-se através da mídia, a divulgação da
crescente demanda de ações judiciais que pleiteavam ações e serviços do SUS, nos variados
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 22
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

estados do país, para que fosse garantido ao cidadão o direito à vida e à saúde por meio do
Estado; e as consequências e dificuldades enfrentadas pelos entes federados e órgãos
administrativos em promoverem a resolubilidade das ações pleiteadas.
O contexto apresentado nos inquieta em compreendê-lo e, para tanto, recortamos o
acesso às tecnologias do SUS e a judicialização da saúde como objeto de discussão. Assim, o
estudo apresenta sua relevância a partir da compreensão crítica que poderemos obter com os
resultados do estudo, para o entendimento da crescente demanda da judicialização da saúde e
como esse processo tem sido articulado na gestão do SUS. Além disso, poderá contribuir com
possíveis propostas de articulação e negociação do Poder Judiciário com o sistema de saúde,
para que, juntos com os usuários, possam proporcionar melhorias no que tange ao acesso às
ações e serviços inerentes à gestão do SUS, tornando o Estado efetivo e cumpridor de suas
normas e direitos fundamentais ao cidadão, como o direito à saúde, promovendo a vida digna
do ser humano.
Diante do explicitado na discussão, podemos perceber que o tema da judicialização na
saúde engloba diversos enfoques quanto a sua aplicabilidade para o acesso às tecnologias do
SUS. Além disso, é permeado pelo envolvimento de diferentes sujeitos nos processos
judiciais – usuários do sistema de saúde, dirigentes de saúde e autoridades judiciais – que
possuem concepções divergentes com relação à garantia do direito à saúde pela via judicial.
Nesse contexto, salientamos a importância de estudos sobre o tema, que abarquem
além dos documentos oriundos dos processos judiciais, a percepção de todos os sujeitos
envolvidos, para que haja uma maior compreensão da realidade atualmente vivenciada na
gestão de saúde diante da judicialização, e que, a partir disso, novos espaços de articulação
sejam estabelecidos, almejando a efetivação dos direitos dos cidadãos, a resolubilidade das
demandas solicitadas pela sociedade, além da manutenção organizativa e administrativa do
Estado.
Dessa forma, ao considerarmos como objeto de estudo o acesso às tecnologias de
saúde a partir da judicialização da saúde no SUS do Estado da Bahia, Brasil, no período de
2005 a 2010, delineamos as seguintes questões norteadoras:
- Qual o perfil da judicialização da saúde no Estado da Bahia para o acesso às
tecnologias de saúde no SUS, no período de 2005 a 2010?
- Como se processa o acesso às tecnologias relacionadas às demandas por
medicamentos, alimentos, internamentos, tratamentos, cirurgias, entre outras, e as ações
judiciais movidas pelos usuários do SUS no Estado da Bahia no referido período?
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 23
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Na busca por respostas aos questionamentos explicitados, traçamos os seguintes


objetivos:
- Descrever o perfil da judicialização da saúde no Estado da Bahia para o acesso às
tecnologias de saúde no SUS, no período de 2005 a 2010;
- Discutir o acesso às tecnologias em relação às demandas por medicamentos,
alimentos, internamentos, tratamentos, cirurgias, entre outras, e as ações judiciais movidas
pelos usuários do SUS no Estado da Bahia no referido período.
Enfim, percebemos que há lacunas sobre o tema, com necessidade de estudos que
proporcionem responder questionamentos, quanto aos limites e possibilidades da
judicialização, na garantia do direito à saúde e à compreensão do acesso às ações e serviços
do SUS pela via judicial.
Assim, demarcamos a necessidade de abordar o tema com maior profundidade e
promover novos espaços de discussão e articulação acerca desse novo caminho encontrado
pelos usuários do sistema para o acesso ao SUS, e com isso, conceber o cumprimento, de
forma prática, do direito fundamental à saúde, como direito positivo do Estado e de exercício
da cidadania, proporcionando mecanismos de efetivação dos direitos e, consequentemente, de
melhorias na qualidade de vida e saúde para os cidadãos.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 24
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para um maior entendimento a respeito do tema a ser abordado neste estudo, torna-se
relevante à busca por uma fundamentação teórica que subsidie a discussão sobre o acesso às
tecnologias de saúde a partir da judicialização da saúde, no SUS. Para tanto, buscamos
aprofundamento em temas como História das Políticas Públicas de Saúde para a efetivação do
Sistema Único de Saúde (SUS); Direito à Saúde como Direito Fundamental: o princípio da
dignidade da pessoa humana; Acesso às tecnologias de saúde do SUS: dispositivo para a
construção da integralidade nas ações e serviços de saúde; Cidadania e participação popular:
instrumento dos cidadãos na garantia do direito à saúde; e Judicialização da Saúde: o acesso
às tecnologias de saúde do SUS.

2.1 História das Políticas Públicas de Saúde para a efetivação do Sistema Único de
Saúde (SUS)

Iniciaremos a discussão nas décadas de 1970 e 1980, período em que o Brasil passava
por uma conjuntura política baseada na repressão, que anulava quaisquer tipos de
manifestações ou movimentos que buscassem mudanças no sentido político, social,
econômico. Dessa forma, segundo Faleiros (2006), não existia a democracia, muito menos a
democracia participativa, havia um controle do Estado, com ações coercitivas e hegemônicas
perante a sociedade.
O movimento sanitarista, que culminou com o Projeto da Reforma Sanitária Brasileira
(PRSB), foi conduzido por reivindicações dos movimentos voltados para a saúde e possuía
como fundamento a conquista do direito à saúde e a ampliação do conceito de cidadania,
embasado na efetivação dos direitos sociais. Com isso, a Medicina Comunitária e a Atenção
Primária à Saúde (APS) surgem como estratégias de objeção ou alternativa do modelo de
saúde vigente. No período da Nova República foi convocada a VIII Conferência Nacional de
Saúde (CNS) em 1986, que foi a primeira Conferência aberta à sociedade civil, para discussão
de uma nova proposta para a saúde do país (CARVALHO, MARTIN e CORDONI JR., 2001;
RODRIGUEZ NETO, 2003).
No processo de formulação da Constituição, houve a participação direta dos
parlamentares e de vários segmentos sociais e, mesmo diante de impasses da conjuntura
política e econômica da época, a proposta do setor da saúde foi amplamente discutida e
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 25
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

continha o ideário do movimento sanitário, com valoração dos determinantes e condicionantes


que influem, na ordem política, econômica e social, o processo saúde-doença.
Em 1988, foram incorporados ao novo texto Constitucional os princípios do projeto
que eram pautados na participação social, equidade, descentralização, integralidade e
universalização. A saúde passou a ser um direito de todos e que era dever do Estado
proporcionar o acesso a esse direito, com a criação do SUS. A inclusão do direito à saúde na
Constituição foi decorrente de um processo de lutas e conquistas do movimento pela
democratização da Saúde (RODRIGUEZ NETO, 2003).
Os itens acrescidos à Constituição Federal nos Artigos 196 a 200 descrevem o sistema
de saúde oficial do Brasil. Como a instituição dos princípios da Reforma Sanitária na Carta
Magna não foi suficiente para a sua plena implementação, dois anos após a sua promulgação,
foram elaboradas as Leis Orgânicas da Saúde (8.080/90 e 8.142/90), que detalhavam os
princípios e diretrizes para a efetivação do SUS (BRASIL, 1988; 1990a; 1990b).
A Lei n. 8.080/90 dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação
da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Diante da
conjuntura política vigente, essa lei recebeu vários vetos nas questões relativas ao repasse
financeiro e à organização do controle social. Logo, foi complementada pela Lei n. 8.142/90,
que recuperou e aprovou os quesitos vetados na lei anterior e definiu a participação da
comunidade na gestão do SUS através dos Conselhos e Conferências de Saúde e as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros (BRASIL, 1990b).
Dessa forma, compete ao SUS atender a todos, de modo integral, com ações de
promoção, prevenção e tratamento centradas no indivíduo e na comunidade; ser
descentralizado; racional, planejando ações de acordo com as necessidades locais; ser
eficiente e eficaz; ser democrático, assegurando participação de todos os segmentos do
sistema; e ser equânime. O Estado deve garantir o acesso universal igualitário a todos os
cidadãos mediante a formulação de políticas econômicas e sociais que visem à redução do
risco de doenças e agravos à saúde dos indivíduos (BRASIL, 1990b).
Fortalecendo a participação da comunidade, foi regulamentada a criação das
Conferências e os Conselhos de Saúde, em cada esfera de governo, como instâncias
colegiadas onde deve haver a composição paritária de seus membros para consolidar a
participação efetiva da sociedade na gestão do sistema consolidando a gestão participativa, na
tentativa de garantia ao cumprimento de seus direitos sociais perante o Estado (BRASIL,
1990a; 1990b).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 26
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

No intuito de promover o funcionamento e operacionalização do SUS, através da


regulação da transferência de recursos financeiros da União para os estados e municípios, do
planejamento das ações de saúde, bem como dos mecanismos de controle social, foram
editadas as Normas de Operacionais Básicas (NOB). São elas, a NOB-SUS 01/91, NOB-SUS
01/93, NOB-SUS 01/96. No contexto da crise advinda do governo Collor, após o
impeachment e posse de Itamar Franco, a NOB-SUS 01/93 indicou, inicialmente, avanços
significativos com relação à descentralização do sistema, que, posteriormente, em
contrapartida, vinculou o repasse de recursos à execução de programas e ações do Ministério
da Saúde, de forma verticalizada, ferindo os princípios do sistema público de saúde
(RODRIGUEZ NETO, 2003).
Outros instrumentos normativos foram editados para superarem os entraves ainda
existentes no sistema, como as Normas Operacionais da Assistência à Saúde (NOAS). Estas
são a NOAS-SUS 01/2001, que possuía como objetivo a equidade na alocação de recursos e
no acesso da população às ações e serviços de saúde nos níveis de atenção, e a NOAS-SUS
01/2002, que manteve as propostas centrais na norma anterior. As NOAS representaram
avanços para a gestão do sistema, entretanto, fragilizaram a democratização da saúde ao
dirimir seu foco à gestão da oferta das ações e serviços do SUS (POLIGNANO, 2010).
Com a ampliação do conceito da Atenção Básica (AB) e a abrangência nacional da
Estratégia Saúde da Família (ESF) é aprovada a Portaria nº. 648, a respeito da Política
Nacional de Atenção Básica (PNAB), que estabelece a revisão de normas e diretrizes a
respeito da organização da AB para a ESF e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS). Nesta portaria, são elencados os princípios gerais da AB, responsabilidades de cada
esfera de governo, infraestrutura e recursos necessários para a realização das ações de saúde
neste nível de atenção (BRASIL, 2006a).
A fim de efetivar a rede regionalizada e hierarquizada das ações e serviços de saúde,
bem como qualificar a gestão a partir da articulação dos gestores do SUS, em todos os níveis
de complexidade, foi implantado o Pacto de Gestão em 2006, em três dimensões: o Pacto pela
Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. O Pacto pela Vida tem como prioridade ações relativas
à situação de saúde da sociedade; o Pacto em Defesa do SUS tem ações que visam à
qualificação da gestão e, com isso, assegurar o SUS como uma política pública; e o Pacto de
Gestão que estabelece diretrizes para a gestão do sistema permeando, dentre outros, a
descentralização, regionalização, participação e controle social (BRASIL, 2006b).
Um aspecto inovador é o incentivo para implantação e implementação de ouvidorias
nos estados e municípios, no intuito de fortalecer a participação e o controle social dos
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 27
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

usuários visando o fortalecimento da gestão estratégica do sistema. Um passo importante que


posiciona o usuário como sujeito ativo no processo de fortalecimento da gestão do SUS
(BRASIL, 2006b).
Outro ponto importante, diz respeito à criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da
Família (NASF), com o objetivo de ampliar a abrangência, finalidade, resolubilidade das
ações da AB, fortalecendo a ESF e a regionalização dos serviços. Estes núcleos são
compostos por equipes multiprofissionais para exercerem suas atividades em parceria com as
equipes de Saúde da Família. Devemos ressaltar que não possuem a finalidade de exercerem a
referência de entrada no sistema para o usuário, mas, que, atuando de forma integrada, irão
promover a complementaridade do cuidado aos indivíduos (BRASIL, 2008).
Publicada recentemente, a Portaria GM n.º 2048 de 03 de setembro de 2009, aprova o
Regulamento do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de “promover o processo de
conhecimento, identificação e valorização do Sistema Único de Saúde, por meio da
normatização infra-legal pelo Ministério da Saúde.” (BRASIL, 2009a).
A partir deste traçado da consolidação do SUS, podemos elucidar que cada esfera de
governo possui competências e responsabilidades no âmbito da gestão do SUS que não
podem ser delegadas e que necessitam ser cumpridas para sua real efetivação e resolubilidade
perante os cidadãos. No entanto, além do cumprimento de suas obrigações perante o sistema,
os gestores precisam adequar as ações de acordo com as especificidades, problemas e desafios
da rede social de cada Estado e município, além de manter articulação com os demais
gestores, setores da sociedade e cidadãos (BRASIL, 2003).
Para a efetivação do SUS, os gestores utilizam mecanismos para garantir o
funcionamento do sistema de saúde, que são os Instrumentos de Gestão. Estes são específicos
para cada esfera de governo, para que os mesmos alcancem seus objetivos no cumprimento
das ações e serviços e para que mantenham entre si articulações em prol do desenvolvimento
da gestão.
Podemos elencar como Instrumentos de Gestão, no âmbito da saúde, as Agendas de
Saúde, que constam as prioridades da política de saúde; os Planos de Saúde, resultante das
agendas para o cumprimento e efetivação das ações com as previsões físicas e financeiras
para realização dessas ações e serviços, de forma ampliada, baseando-se no Plano Plurianual –
PPA, na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e na Lei Orçamentária Anual – LOA; os
Relatórios de Gestão, que apresentam os resultados alcançados e acompanham e monitoram
as ações e serviços prestados em cada esfera de governo (BRASIL, 2002a, 2009a).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 28
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

O Plano Diretor de Regionalização – PDR põe em prática o princípio da


regionalização do sistema efetivando a descentralização das ações para estados e municípios,
dando suporte à autonomia na gestão de saúde dos mesmos e garantindo o acesso dos usuários
aos serviços em todos os níveis de complexidade; e a Programação Pactuada e Integrada –
PPI, pactuação realizada entre os gestores dos diferentes níveis de complexidade para
efetivação das ações e serviços oferecidos aos cidadãos (BRASIL, 2002a; 2009a).
Na ordem financeira, a Política de Financiamento do SUS define as competências e
responsabilidades de cada esfera de governo e o repasse realizado do Fundo Nacional de
Saúde para estados e municípios. O financiamento será dividido na gestão por blocos de
serviços: Atenção Básica; Atenção de Média e Alta Complexidade; Vigilância em Saúde;
Assistência Farmacêutica e Gestão do SUS. Vale ressaltar que os recursos passados para
estados e municípios devem ser utilizados exclusivamente para ações dos referidos blocos de
financiamento, exceto nos casos previstos em lei (BRASIL, 2003; 2009a).
Com o intuito de promover a integralidade das ações e serviços de forma qualificada,
responsável e humanizada, bem como melhorar o desempenho do SUS no que tange ao
”acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária e eficiência econômica” foram estabelecidas
diretrizes, através da Portaria nº. 4.279, de 30 de dezembro de 2010, que estruturam a
organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS), de forma a atuar como uma estratégia de
superação das lacunas do sistema no que diz respeito à fragmentação da atenção e da gestão
(BRASIL, 2010).
Decorrente do sistema de saúde vigente ainda não contemplar efetivamente os
princípios e diretrizes do SUS, no que tange ao acesso às ações e serviços, buscou-se com o
Decreto n.º 7.508, de 28 de junho de 2011, regulamentar a Lei 8.080/90 de forma a organizar
o sistema perante o planejamento, assistência à saúde e articulação interfederativa,
vislumbrando o tão almejado acesso aos serviços de saúde de forma integral, universal e
equânime (BRASIL, 2011c).
No supracitado decreto, ficou regulamentado as Regiões de Saúde com a finalidade de
“integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde”; o
Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAPS), objetivando “organizar e integrar
as ações e serviços de saúde na rede regionalizada e hierarquizada”; definição das “portas de
entrada” do SUS através das Redes de Atenção à Saúde, por meio dos serviços da Atenção
Primária, como também, da Atenção de Urgência e Emergência, Atenção Psicossocial e
serviços especiais de acesso aberto; definição do Mapa da Saúde, a fim de identificar as
necessidades e demandas da população, além do estabelecimento do Protocolo Clínico e
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 29
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Diretriz Terapêutica, com definição de critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à


saúde em todas as fases do tratamento preconizado, ao acompanhamento e a verificação dos
resultados terapêuticos (BRASIL, 2011c).
Um dos pontos abordados nesse decreto faz menção à crescente judicialização da
saúde e, para tanto, é regulamentado o acompanhamento dos medicamentos através da já
existente Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), sendo que esta é
acompanhada do Formulário Terapêutico Nacional (FTN), que “subsidiará a prescrição, a
dispensação e o uso dos seus medicamentos”; e, como algo novo criado e instituído no
decreto, para também subsidiar as ações e serviços oferecidos pelo SUS, a Relação Nacional
de Ações e Serviços de Saúde (RENASES). A RENASES será elaborada com todas as ações
e serviço do sistema, até o momento da homologação do decreto, e, posteriormente, será
avaliada e complementada, se necessário, a cada dois anos, por uma comissão específica
(BRASIL, 2011c).
Por último, em 21 de outubro de 2011, foi aprovada a Portaria MS/GM n.º 2.488, que
estabelece a revisão das diretrizes e normas da PNAB abrangendo a ESF e o PACS e a
regulamentação para formação de equipes de Atenção Básica para populações específicas,
com o intuito de atender grupos populacionais que não são contemplados atualmente com os
serviços da Atenção Primária. Estes serviços são oferecidos através das equipes de
Consultório de Rua e equipes para o atendimento da População Ribeirinha da Amazônia
Legal e Pantanal Sul Matogrossense (BRASIL, 2011d).
Diante da história da evolução das políticas de saúde no Brasil, concordamos com
Rodriguez Neto (2003, p.139), ao relatar que

O SUS conseguiu constituir-se em um forte instrumento de democratização da


Saúde, ao estabelecer alguns pilares, como a universalização do direito à Saúde, a
equidade, a integralidade e o reconhecimento ao direito democrático da participação
social de todos os seus atores no processo de elaboração e controle da execução das
políticas e práticas de saúde.

Apesar do SUS, hoje, ser reconhecido como um instrumento de democratização da


saúde, constantemente, novas regulamentações, portarias, decretos, resoluções são elaboradas
para regulamentarem pontos gerais ou abstratos presentes na lei. No entanto, podem gerar, ao
mesmo tempo, contradições ou sobreposições dos mesmos que proporcionam lacunas e
diversidades de interpretação que podem fundamentar inclusive a judicialização.
Por outro lado, esse arcabouço legal pode ser interpretado como uma busca incessante
da melhoria na qualidade do sistema. Porém, as legislações quando estabelecidas, por si só,
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 30
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

não conseguem atingir os seus objetivos descritos em leis. É necessário que haja uma
reorientação das práticas dos profissionais, da atuação dos usuários exercendo ativamente sua
cidadania, bem como do redirecionamento do foco dos serviços e das políticas para a tão
almejada integralidade das ações e serviços de saúde.

2.2 Direito à Saúde como Direito Fundamental: o princípio da dignidade da pessoa


humana

Os direitos humanos fundamentais atuam como parâmetros para a democracia e, para


tanto, devem estar positivados nas constituições estatais. Assim, podemos conceituá-los como
posições jurídicas que concebem o ser humano como de existência digna, livre e fraterna, e,
sem eles a pessoa humana está vulnerável à sobrevivência. Estas posições jurídicas essenciais
concretizam o princípio da dignidade da pessoa humana, que pode ser conceituado como um
valor de base e unificador de todos os direitos fundamentais, vislumbrando a proteção do ser
humano, em atenção ao respeito à vida, à liberdade e à igualdade (CUNHA JÚNIOR, 2008).
Pela compreensão histórica, a evolução dos direitos fundamentais acompanha todo o
processo histórico internacional, os movimentos sociais de luta por direitos. Na ordem
política, estão diretamente relacionados com os regimes político, assim como o progresso
científico, tecnológico e econômico dos países. Essa evolução está atrelada, em grande parte,
ao sofrimento físico e moral dos seres humanos, decorrentes, principalmente, de guerras,
como as guerras mundiais.
Posterior à 2ª Guerra Mundial foi elaborada a Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948, que constitui a principal elaboração a respeito do desenvolvimento dos
direitos humanos, marcada pelo pioneirismo de uma previsão expressa do direito à saúde em
seu conteúdo. Decorrente disso é considerada, para muitos autores, como uma síntese do
passado e uma inspiração para o futuro. Constitui um conjunto de direitos multidimensionais
que abarcam os direitos individuais e coletivos, civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais, imprescindíveis para o desenvolvimento completo da dignidade da pessoa humana.
A Declaração é composta por 30 artigos, sendo do art. 1º ao 21 o reconhecimento dos direitos
individuais, do art. 22 ao 28, os direitos sociais, o art. 29 os deveres da pessoa com a
comunidade e no art. 30 institui o princípio da declaração. (CUNHA JÚNIOR, 2008).
Internacionalmente, decorrente da Declaração de 1948, tanto o Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais em 1966, que dispõe sobre o direito à saúde física e
mental, como a Convenção dos Direitos da Criança e a Convenção Americana dos Direitos
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 31
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Humanos em 1989, que dispõem sobre o direito à saúde para crianças e adolescentes, são
considerados exemplos para o Brasil, que reconhece e incorpora, em seu direito interno, a
garantia do direito à saúde, como um direito fundamental, a todos os cidadãos (SARLET;
FIGUEIREDO, 2009).
À questão de exemplo, diversos países, como Argentina, Paraguai, Uruguai, Portugal,
Espanha, Itália, dentre estes o Brasil, já reconhecem o direito à saúde como um direito
fundamental e possuem, expressamente, a garantia deste direito nos textos constitucionais
(SARLET; FIGUEIREDO, 2009).
Os direitos fundamentais são compreendidos pelos direitos civis, tanto no âmbito
individual como coletivo, políticos, sociais, econômicos e culturais. Assim, esses possuem
multidimensionalidade categorizados em direitos de primeira dimensão – liberdade; segunda
dimensão – de igualdade; terceira dimensão – de solidariedade; e de quarta dimensão – de
globalização política. De acordo com Cunha Júnior (2008), o termo dimensão é utilizado para
categorizar os direitos fundamentais porque as dimensões supracitadas não atuam de forma
separada, sendo que, uma não exclui a atuação da outra, e são, no entanto, complementares e
atuam concomitantemente.
Dessa forma, os direitos fundamentais de primeira dimensão correspondem aos civis e
políticos; os de segunda dimensão são associados aos sociais, econômicos e culturais; os de
terceira dimensão estão atrelados aos direitos de solidariedade; e os de quarta dimensão
correspondem ao direito à democracia direita e os relacionados à biotecnologia. No Brasil, os
direitos fundamentais foram instituídos na Constituição de 1988, com efetivação da garantia
do direito à saúde de forma universal, equânime e integral a todos os cidadãos (CUNHA
JÚNIOR, 2008).
Diante do exposto, compreendemos que os direitos sociais presentes na Constituição
de 1988 abrangem direitos e deveres que possibilitam aos indivíduos acesso aos serviços
básicos de sua necessidade humana como direito à saúde, educação, trabalho, lazer,
segurança, moradia, assistência social, dentre outros. Estas condições permitem que o cidadão
possa usufruir da dignidade humana, reduzindo as situações sociais desiguais, em
consequência, melhorando a qualidade de vida do indivíduo. Dessa forma, o direito social
possui como alicerce o princípio da dignidade da pessoa humana (CUNHA JÚNIOR, 2008).
Esse cumprimento dos direitos e deveres do cidadão, em busca de sua dignidade
humana com o acesso a serviços básicos de necessidade existencial, perpassa pela
disponibilidade econômica do Estado em poder cumpri-la, a partir da existência de recursos
financeiros suficientes para realização e efetivação dos serviços de forma igualitária aos
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 32
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

cidadãos. No âmbito jurídico, essa efetivação é compreendida como a “materialização da


norma (...), a realização do direito, o desempenho concreto” das ações e serviços, pelo Estado
(GANDINI, 2010).
Assim, de acordo com Cunha Júnior (2008), a efetivação dos direitos sociais,
considerada um direito fundamental do cidadão, está submetida a reserva do possível, bem
como a concretização do conteúdo normativo presente na Constituição almejando a garantia
do mínimo existencial. De acordo com o autor supracitado, a teoria da reserva do possível
defende que a concretização dos direitos sociais depende da disposição financeira e jurídica
do Estado, bem como de leis que executem o comando incerto na Constituição.
Com relação ao mínimo existencial, este deve ser compreendido como as necessidades
espirituais e materiais indispensáveis a uma existência digna, ou seja, “(...) um mínimo de
segurança social, relativamente à saúde, à educação, à previdência, à assistência social, etc.,
como exigência da própria dignidade da pessoa humana” (CUNHA JÚNIOR, 2008, p. 703).
A teoria da reserva possível desdobra várias interpretações e argumentos sobre a sua
disposição no campo jurídico. Podemos elucidar, como mais uma abordagem interpretativa, a
decisão do Ministro Celso de Mello a respeito do cumprimento da Emenda Constitucional 29:

A cláusula da reserva do possível – ressalvada a ocorrência de justo motivo


objetivamente aferível – não pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de
exonerar-se do cumprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente
quando, dessa conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou, até
mesmo, aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido essencial
de fundamentalidade (BRASIL, 2004).

Outra abordagem a esta teoria é diferida por Sarmento (2007) que compreende a
reserva do possível como um critério importante na constituição de parâmetros para o efetivo
cumprimento dos direitos sociais pelo Estado, porém, ressalta a importância de não haver o
equívoco nesta interpretação, ao relacionar a associação desta teoria com a absoluta exaustão
de recursos públicos.
Redirecionando a discussão para os direitos sociais, o direito à saúde está diretamente
ligado ao direito à vida, garantido pela Constituição de 1988 através dos artigos 196, que
dispõe que a “saúde é um direito de todos e dever do Estado” e que deve ser de “acesso
universal e igualitário às ações e serviços de saúde para sua promoção, proteção e
recuperação”. No artigo 198, institui o SUS com seus princípios e diretrizes para efetivação
desses serviços pelo Estado, no entanto prevê, no artigo 199, a atuação da iniciativa privada
de forma complementar ao sistema de saúde (BRASIL, 1988).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 33
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Diante de sua amplitude e multiplicidade de determinantes, o direto à saúde perpassa


pela atuação da sociedade, Estado e indivíduos, como corresponsáveis por sua garantia
constitucional a todos os cidadãos. Nesse contexto, Aith (2010), define responsabilidades para
a proteção do direito à saúde que englobam todos esses sujeitos. Para os indivíduos, define
deveres que são inerentes a proteção da própria saúde, como hábito de vida saudável; para a
sociedade abarca deveres que são inerentes aos esforços coletivos, como a participação em
campanhas e atividades de proteção à saúde coletiva; e ao Estado perpassa pelo dever de
elaboração e execução de políticas públicas, para a redução de riscos de doenças e agravos à
saúde, além da organização de ações e serviços de acesso universal, equânime e de qualidade.
Além da atuação dessa tríade de sujeitos para a efetivação do direito à saúde, Aith
(2010) afirma que o cumprimento desse poder legítimo perpassa por desafios atrelados a
garantias jurídicas, políticas, processuais e institucionais eficazes disponibilizadas à
sociedade. Destaca que, após a promulgação da Carta Magna, o SUS configurou-se como uma
garantia constitucional ao direito à saúde no Brasil.
Dessa forma, elenca como desafios políticos o financiamento das ações e serviços –
atrelado à definição perene do financiamento do SUS, além de uma adequada organização dos
fundos de saúde e efetivo controle social; a prestação dos serviços públicos – com a redução
das terceirizações; e a dificuldade de articulação entre os três entes federativos, que devem
desenvolver, de forma harmônica e integrada, articulações de ações e serviços com qualidade,
resolutivos e pautados na humanização (AITH, 2010).
Nos desafios de ordem administrativa, aborda a necessária articulação entre a atenção
à saúde e a vigilância à saúde, para solucionar a vigente falta de comunicação e integração
entre os sistemas de informação e prioridades de cada ente federativo, além do
desenvolvimento de políticas intersetoriais entre os diversos órgãos estatais, para a articulação
de ações que abarquem a multiplicidade de fatores condicionantes e determinantes da saúde
(AITH, 2010).
Outros desafios apontados pelo autor são os econômicos que perpassam pela discussão
orçamentária e os mecanismos de destinação de recursos alocados para a saúde, e os desafios
no âmbito jurídico, que estão vinculados ao extenso conjunto normativo para a saúde, que
amplia o leque para variadas interpretações, como também dificulta a aplicação do mesmo,
repercutindo na baixa participação da sociedade na elaboração das políticas públicas.
Diante dessa discussão, elucidamos que o direito à saúde depende da disponibilidade e
existência de políticas públicas e serviços de saúde que atendam a demanda no sentido de
suprir as necessidades da população - no que diz respeito às necessidades primárias de
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 34
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

prevenção, promoção da saúde, e de ações e serviços de maior complexidade - exames,


medicamentos, internações, tratamentos, visando à recuperação e reabilitação dos indivíduos.
Na ausência da prestação desses serviços, de acordo com Cunha Júnior (2008), cabe a
efetivação desses direitos pelas ações judiciais, que se fundamentam no princípio da
dignidade humana para a garantia do mínimo existencial necessário à sobrevivência digna do
indivíduo.
Em consonância, Aith (2010), afirma que, decorrente do direito à saúde ser um direito
positivado, o Estado não pode escusar-se da oferta de uma ação ou serviço tendo como
justificativa a deficiência orçamentária. Assim, o Poder Judiciário deve propiciar a efetivação
desse poder legítimo tendo como embasamento primeiro, o valor da vida e da saúde.

2.3 Acesso às tecnologias de saúde do SUS: dispositivo para a construção da


integralidade das ações e serviços de saúde

O sistema de saúde brasileiro assegura na Constituição Cidadã de 1988 o direito à


saúde, resguardado pelos princípios e diretrizes do SUS, como a universalidade, equidade,
integralidade das ações e serviços, de forma que atenda a todas as demandas da população em
todos os níveis de complexidade que se façam necessários. Desta forma, legalmente, o
cidadão possui seu direito à vida e à saúde, o que não condiz com a realidade experienciada
pelo mesmo.
Para tanto, o sistema deve considerar a influência dos determinantes sociais no
processo saúde-doença dos indivíduos e da coletividade e a formulação de políticas públicas,
planejamento e programação das ações e serviços ofertados pelo SUS, para que se tornem
condizentes com tal realidade, como evidenciam as discussões de Assis, Villa e Nascimento
(2003), ao afirmarem que o acesso aos serviços de saúde deve ser permeado pela incorporação
dos determinantes sociais que interferem no processo saúde-doença, além da efetivação da
saúde como um bem público.
Podemos explicitar que o acesso aos serviços de saúde apresenta-se legitimado com a
garantia do direito à saúde, constituindo-se, assim, como alicerce para a efetivação do direito
fundamental à vida e à dignidade da pessoa humana. Além disso, como direito à cidadania
dos usuários do sistema, através de lutas dos movimentos sociais, que se fizeram presentes na
história da construção das políticas de saúde, com seu ápice no movimento da Reforma
Sanitária, na década de 70, que resultou na Carta Magna de 1988. Nesse sentido, Abreu de
Jesus e Assis (2010) afirmam que o acesso aos serviços de saúde universal é de garantia
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 35
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

constitucional e constitui-se como um direito fundamental de cidadania, por meio do seu uso
como elemento central da luta dos movimentos sociais.
Apesar de sua legitimação no SUS, o acesso às ações e serviços de saúde, na prática
cotidiana vivenciada pelos usuários, apresenta-se de forma contrária ao que está posto em lei.
Nessa perspectiva, Assis, Villa e Nascimento (2003) e Lima e Assis (2010) acordam ao
afirmarem que o acesso ao SUS configura-se de forma seletiva, excludente e focalizada,
tornando os serviços desarticulados e fragmentados. A partir disso, discutem que o acesso
apresenta-se seletivo, por evidenciar as desigualdades de acesso dos usuários ao sistema, com
predomínio da lógica de mercado, direcionando o poder de aquisição, a partir da capacidade
de compra dos usuários e/ou empresas, caracterizando o sistema com evidência para a saúde
suplementar, com planos privados, em detrimento do público; excludente, por submeter o
direito à saúde ao racionamento de gastos em detrimento da qualidade dos serviços; e
focalizado, pela restrição do atendimento universal aos usuários pelos programas e serviços
pré-determinados pelo sistema.
Nesse sentido, compartilhamos com Travassos e Martins (2004) ao abordarem que o
acesso aos serviços de saúde é permeado por complexidade e imprecisão, pois está
diretamente imbricado com os diferentes contextos que permeiam sua conceituação e, que,
perpassa por constantes transformações ao longo do tempo. Para tanto, retomaremos,
inicialmente, o conceito de acesso por meio da definição contida no Dicionário Priberan da
Língua Portuguesa que o revela como “o ato de chegar ou entrar; elevação em posto ou
dignidade; promoção; serventia; acessível”. Com esta definição, podemos conceituar, fazendo
analogia com a saúde, que o acesso denota, primariamente, a entrada, a chegada do usuário ao
serviço de saúde. Lima e outros (2007) evidenciam em seu estudo que a obtenção do acesso
aos serviços é a primeira fase vencida pelos usuários para o atendimento as suas necessidades
de saúde.
Vale ressaltar, que somente a entrada do usuário no serviço não contempla a
resolutividade de suas demandas nem atende aos princípios e diretrizes do SUS, no que diz
respeito à universalidade, equidade e integralidade, desde a promoção à
reabilitação/reinserção social, compreendendo o usuário no âmbito de seu processo saúde-
doença permeado por múltiplos fatores determinantes e condicionantes da saúde. Nesse
ínterim, alguns estudos concretizam a amplitude do conceito de acesso ao apontarem em seus
resultados barreiras, limites e dificuldades dos usuários que transcendem a singela entrada no
sistema como, a barreira econômica, geográfica e funcional.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 36
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Nessa perspectiva, Lima e outros (2007), a partir de seus resultados, classificam


diferentes tipos de acesso que podem facilitar e/ou dificultar o acesso dos usuários aos
serviços. Neste estudo, o acesso funcional esteve mais presente, e refere-se aos tipos e
horários dos serviços oferecidos, bem como o tempo de espera e a qualidade do atendimento
dos profissionais com os usuários. O acesso econômico remete-se aos custos que os usuários
podem apresentar para aquisição de algum serviço do sistema ou do custeio de seu
deslocamento. Já o acesso geográfico é caracterizado pelo tempo, distância e forma com que o
usuário se desloca de sua residência para o serviço de saúde. Scatena e outros (2009) pontuam
esses elementos acima supracitados como barreiras para o acesso e comungam no que tange
aos horários de atendimento, tempo de espera e deslocamentos repetidos para a realização de
algum atendimento.
Souza (2008) evidencia com sua pesquisa limitações dentro do sistema, no âmbito da
gestão e do processo de trabalho, que interferem no acesso dos usuários aos serviços básicos
de saúde como, a baixa capacidade de integração entre as modalidades de unidades de saúde
no que diz respeito ao planejamento e programação das ações; desintegração das unidades de
saúde e os demais níveis de complexidade do sistema; e a baixa capacidade de integração do
sistema de saúde com os demais setores do governo e da sociedade.
Enfim, Lima e Assis (2010), Santos e outros (2007), Souza (2008) e Scatena e outros
(2009) complementam-se ao afirmarem que o acesso aos serviços de saúde configura-se,
atualmente, de forma insuficiente ao atendimento das necessidades da população, de baixa
resolubilidade, com visão da saúde como ausência de doença, em busca de atendimentos
meramente medicalizantes, pautados na queixa-conduta do usuário, permeado por elementos
que regulam o acesso como, demanda espontânea por ordem de chegada, restrição de serviços
por horários e dias da semana. Assim, o acesso aos serviços apresenta-se segmentado e
desarticulado, contrapondo-se ao direito à saúde, instituído na Constituição Federal.
Ao retomarmos a discussão sobre o acesso aos serviços de saúde, é imprescindível
destacarmos que, no presente estudo, optamos por utilizar o termo acesso às tecnologias de
saúde por nos identificarmos com as produções de Mendes Gonçalves (1994) e Merhy (2007).
Reportando-nos aos estudos de Mendes Gonçalves (1994, p.32), este aborda as
tecnologias de saúde como instrumentos que constituem o processo de trabalho e que são
concebidas como um “conjunto de saberes e instrumentos que expressa, no processo de
produção de serviços, a rede de relações sociais em que seus agentes articulam sua prática em
uma totalidade social”, permitindo assim, uma maior apreensão do objeto de trabalho. Nessa
perspectiva, as tecnologias são caracterizadas em duas dimensões: material e imaterial. A
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 37
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

dimensão material relaciona-se as ferramentas de trabalho como os equipamentos, materiais


de consumo, instalações, medicamentos, entre outros. Já a dimensão imaterial refere-se à
articulação entre os sujeitos envolvidos no processo de trabalho e a dimensão material,
elucidado pelo saber intelectual dos profissionais de saúde, que no presente estudo evidencia
o saber médico.
A partir dessas discussões, Merhy (2007) ao aproximar os estudos sobre tecnologias
de saúde iniciados por Mendes Gonçalves (1994) para uma visão micropolítica do processo de
trabalho, dispõe essas tecnologias em três dimensões de análise: tecnologias duras,
tecnologias leve-duras e tecnologias leves. Estas dimensões perpassam pela compreensão do
trabalho morto que se relaciona com a matéria-prima, os instrumentos e ferramentas para o
exercício do trabalho, e o “trabalho vivo em ato”, que se articula com a possibilidade do
trabalhador agir no ato produtivo.
Para maior compreensão, são classificados como tecnologias duras os equipamentos
tecnológicos, como as máquinas, estruturas organizacionais e normas, que, primariamente, já
estão construídos e programados; as tecnologias leve-duras, como os saberes científicos –
epidemiologia, clínica médica, clínica psicanalítica, Taylorismo – e são assim denominadas
por serem constituídas por um lado já estruturado e outro que possibilita ser construído no
agir do profissional como sujeito e com os outros sujeitos do processo de trabalho; e, por fim,
as tecnologias leves caracterizadas pelas relações construídas com todos os sujeitos no
cotidiano do agir profissional, com valoração da criatividade e intersubjetividade e
estabelecimento de dispositivos que norteiam os processos relacionais como o vínculo,
acolhimento, responsabilização e autonomização.
Dessa forma, por considerarmos o acesso às tecnologias de saúde permeado pelo
trabalho morto e o “trabalho vivo em ato”, destacamos que esse acesso proporciona ao usuário
do sistema vislumbrar a possibilidade de resolubilidade de suas demandas a partir da
construção da integralidade das ações e serviços do SUS, que abarquem desde a promoção e
prevenção à reabilitação/reinserção social, bem como o acesso aos níveis de complexidade
que se fizerem necessários.
A integralidade nos serviços pode ser apreendida, inicialmente, como disposto nos
princípios do SUS, instituídos na Constituição Cidadã de 1988, a partir da integração na
relação estabelecida do trabalhador de saúde com o usuário, atendendo o conceito ampliado
de saúde nas suas dimensões sociais, psicológicas e biológicas, de maneira indissociável, e
que, além disso, as ações inseridas no âmbito da organização institucional contemplem todos
os níveis de complexidade do sistema, com prioridade para as ações de promoção e proteção,
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 38
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

sem minorar as ações assistenciais, enfatizando a responsabilidade no atendimento às


necessidades e problemas de saúde demandados pela população.
Analisando a integralidade a partir de Mattos (2006), podemos compreendê-la não
somente como um princípio do SUS, mas também, como um elemento central de luta dos
movimentos sociais, que almejam melhorias nas práticas de saúde, com um redirecionamento
da atenção, centrando seus objetivos no indivíduo e coletividade ao invés da significação
exacerbada dispensada à doença. Este redirecionamento possibilita o despertar de um
pensamento crítico que promova a transformação da realidade, hoje, vivenciada pela
população.
Nessa perspectiva, variadas nuances são apresentadas para os sentidos da integralidade
no sistema de saúde. Podemos elencar a relação estabelecida do profissional com os usuários
que deve estar pautada em uma atenção integral, com visão holística e com valorização dos
determinantes e condicionantes sociais do processo saúde-doença, da singularidade e
coletividade da população, em detrimento de uma atitude fragmentada, reducionista e com
foco na doença. Assim, devem-se repensar as práticas destes profissionais, ressaltando que a
atenção integral é de responsabilidade de todos os trabalhadores da equipe e não apenas do
médico, para que haja a construção de uma relação de vínculo, acolhimento, autonomia e
responsabilização entre os sujeitos (MATTOS, 2006; PINHEIRO, 2006).
Outra nuance que destacamos remete-se a dimensão da organização dos serviços de
saúde, que devem estar pautados na horinzontalização dos programas, de modo a
contemplarem as necessidades ampliadas da população e não apenas ao que está pré-
estabelecido nos serviços do sistema. Essa dimensão está atrelada à reorganização contínua do
processo de trabalho desses profissionais que culminará na reorientação de suas práticas na
Saúde Coletiva. E, por fim, a dimensão que abarca as políticas de saúde, que devem abranger
os diversos grupos populacionais com suas singularidades no atendimento as suas demandas,
garantindo aos mesmos, o direito à saúde em sua totalidade (MATTOS, 2006).
Enfim, consideramos que o redirecionamento da atenção à saúde permite que haja
maior valorização à subjetividade dos sujeitos, bem como relações dialógicas dos
profissionais com os indivíduos para que o acesso às tecnologias de saúde pelos usuários seja
concebido como dispositivo para a construção da integralidade das ações e serviços do
sistema, além de promover o exercício da cidadania vislumbrando uma sociedade pautada na
justiça, solidariedade e no respeito à dignidade humana.
No entanto, o princípio da integralidade pode abarcar outra interpretação, que de
acordo com Weichert (2010), o sistema de saúde deve garantir o atendimento integral para
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 39
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

aqueles que são “usuários efetivos” do SUS, ou seja, para aqueles cidadãos que optaram por
usufruir as ações e serviços ofertados pelo sistema conforme as normas e procedimentos
estabelecidos, em todos os níveis de atenção. O autor ressalta que, este posicionamento não
implica na negação de serviços aos “usuários potenciais” do SUS, porém, enfatiza que os
mesmos, por utilizarem serviços complementares ou suplementares de atenção à saúde, não
são prioritários no atendimento de suas demandas, no sistema público de saúde.
Essa divergência de interpretação amplia o leque de discussões sobre a garantia do
direito à saúde, como direito fundamental, a sua efetivação pelo sistema público de saúde por
meio de ações positivas do Estado, além de ampliar a participação popular na proteção à
saúde, com demandas individuais e coletivas, que impliquem na reorganização dos serviços e
das políticas públicas, tendo como foco central, a multiplicidade de fatores condicionantes e
determinantes da vida e saúde dos indivíduos. Nesse ínterim, o Poder Judiciário concede
decisões que perpassam por essas interpretações, mas que evidenciam, principalmente, a
cláusula pétrea da Constituição, a dignidade da pessoa humana.

2.4 Cidadania e participação popular: instrumento dos cidadãos na garantia do direito à


saúde

O conceito de cidadania perpassa pela definição de cidadão, com origem na expressão


latina civis – cidadão, no período da Antiguidade Greco-Romana, com as cidades-estados.
Nesse período, de acordo com Cesar (2002), eram considerados cidadãos todos aqueles que
participavam, através do exercício de direitos políticos, da gestão da cidade. Vale ressaltar,
que essa participação referente aos direitos políticos estava restrita a determinados membros
da sociedade, sendo excluídos e privados destes direitos os escravos, mulheres, estrangeiros,
artesãos e comerciantes.
Posteriormente, com o advento do Feudalismo e a extinção da civilização Greco-
Romana, prevaleceram as relações do feudalismo que suprimiam a cidadania a mero elemento
de liberdade entre iguais. A cidadania só foi novamente exercida no século XI, com o
ressurgimento das cidades-estados na Península Itálica, e, consecutivamente, com o
pensamento iluminista do século XVIII, a cidadania distinguiu os direitos sociais, que
estavam atrelados ao homem, dos direitos políticos, que eram exercidos pelos cidadãos
(CESAR, 2002).
Decorrente do processo histórico e de modificações das relações sociais e políticas das
sociedades, o conceito de cidadania passou por diversas transformações. Durante o período do
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 40
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Welfare State inglês esse conceito passa por ampliação e incorpora outros direitos aos
cidadãos como o direito econômico, civil e social, como demonstra Cesar (2007 p.20-1):

A cidadania não abrange somente os direitos e deveres políticos, mas também os


direitos civis e, principalmente, direitos sociais e econômicos, normatizados não
exclusivamente por concessão estatal, mas igualmente oriundos de conquistas
populares e efetivados através de um dinâmico processo social.

A partir dessa evolução do conceito de cidadania, os cidadãos passaram a ser


considerados sujeitos ativos no processo social como parte integrante dessas transformações
por meio de práticas de mobilização e organização social, individuais e coletivas, que
determinam todo o processo de desenvolvimento e exercício da cidadania.
Nesse sentido, Pinsky (2003), aborda que ser cidadão transcende o direito político e
abarca os direitos civis, à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade e aos direitos sociais
conquistados por um longo processo histórico de movimentos e lutas sociais para a ampliação
teórica e prática da cidadania, com a expressão do exercício da democracia. Concordamos
com Dallari (1998, p.14) quando este afirma que,

A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de


participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania
está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando
numa posição de inferioridade dentro do grupo social.

Diante da contextualização histórica exposta, ao realizarmos um contraponto com o


campo da saúde, o exercício da cidadania está instituído na Constituição Federal de 1988 e
regulamentado pela Lei Orgânica de Saúde nº 8.142/90, que dispõe sobre a formação e
atuação dos conselhos e conferências de saúde, como instrumentos de participação popular
pelos cidadãos na formulação e implementação das ações e serviços de saúde pelo SUS.
Essa participação popular pode ser compreendida como resultado de um processo
político concreto produzido pelo dinamismo da sociedade, por meio da intervenção individual
e/ou coletiva dos cidadãos, organizados em grupos ou associações, com o intuito de participar
cotidianamente da elaboração, implementação e fiscalização das atividades do poder público,
no caso em destaque, no setor da saúde (DIAS, 2007).
Acordamos com Craco e Almeida (2004), quando afirmam que a participação popular
pode ser considerada como uma estratégia para a melhoria da qualidade de vida dos
indivíduos e atenção à saúde pelo sistema público de saúde. Essa possibilidade é vislumbrada
pelo desenvolvimento de autonomia dos usuários, tornando-os atores sociais na construção de
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 41
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

políticas de saúde que atendam as suas reais demandas. Essa articulação dos usuários pode
promover melhorias que abarcam a compreensão do processo saúde-doença e melhorias
infraestruturais, de ações e serviços ofertados pelo SUS.
Essa participação popular apresenta-se ainda de forma lenta e incipiente no sistema de
saúde brasileiro, apesar dos instrumentos formais regulamentados para o seu exercício. No
entanto, alguns caminhos vêm se desdobrando, no que tange à efetivação dos direitos
individuais e coletivos e à garantia dos direitos fundamentais, que preservem a dignidade da
pessoa humana. Um destes caminhos traçados, que está tomando corpo, é o acesso a esses
direitos pela via judicial, que também se configura como um exercício para o alcance de uma
cidadania plena. Evidenciando essa discussão, abordamos Cesar (2002, p. 14-5) que afirma
que o acesso pela via judicial é considerado,

(...) uma questão de cidadania, pois a participação na gestão do bem comum através
dos instrumentos processuais institui uma cidadania responsável, onde o cidadão se
torna responsável não somente por sua história, como também pela de seu país e de
toda coletividade.

Nesse contexto, Silva (2007) afirma que a realização dos direitos sociais e econômicos
está implicada com o governo e com a mobilização da sociedade civil organizada, pois
depende da implementação de políticas públicas para que haja sua efetivação. Dessa forma,
esses direitos podem ser assegurados, no sistema processual brasileiro, por meio de ações que
possuam demandas individuais e/ou coletivas. No entanto, Sarmento (2007) enfatiza que, no
âmbito jurídico, a garantia dos direitos sociais, por meio de ações coletivas, promove, mais
facilmente, à visualização de modificações na elaboração e execução de políticas públicas,
por terem maior notoriedade e repercussão jurídica.
Assim, destacamos que a participação popular deve ser estimulada na sociedade, pois
a mesma tem potencialidade para transformações na atenção à saúde, na formulação e
implementação de ações e serviços do SUS, na efetivação dos direitos fundamentais
imprescindíveis para a qualidade de vida e de saúde dos indivíduos. Atualmente, a via judicial
está se configurando como mais um espaço para a efetivação do exercício de cidadania, e que,
a partir disso, demanda dos gestores e trabalhadores de saúde uma atuação crítica para
incorporação deste dispositivo como aliado para (re) organização do sistema de forma a
contemplar os princípios e diretrizes do SUS.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 42
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

2.5 Judicialização da Saúde: o acesso às tecnologias de saúde do SUS

Como já explicitado anteriormente, o sistema de saúde brasileiro urge por melhorias e


adequações de suas ações e serviços para que os princípios e diretrizes do SUS sejam
alcançados e praticados de forma integral, universal e equânime aos cidadãos. Estes possuem
o direito à saúde como um direito fundamental à vida, que permite à dignidade da pessoa
humana em todas as suas amplitudes, que envolvem não somente o acesso às ações e serviços
de saúde, mas também, à educação, lazer, trabalho, saneamento básico, transporte. Estes
direitos, em particular, o direito à saúde, apresenta-se com a Constituição Cidadã como dever
do Estado em seu cumprimento.
Nesse sentido, para suprir às demandas, que não são atendidas pelo Estado, a
sociedade busca através do acesso ao Poder Judiciário o cumprimento desses serviços, que
pode se apresentar de forma individual e/ou coletiva, garantindo o direito à saúde aos
cidadãos. Esse movimento é denominado de Judicialização da Saúde, que, de acordo com
Gandini (2010), é o uso do Judiciário para o cumprimento das ações e serviços pelo Estado
que não foram atendidas e/ou não contemplaram as necessidades e problemas dos cidadãos de
forma universal, equânime e integral.
O tema da Judicialização da Saúde revela-se complexo na sua incorporação à gestão
do SUS, da relação estabelecida do Poder Judiciário com o Executivo, da necessidade de
conhecimento técnico na área de saúde pelas autoridades judiciais para deliberarem suas
decisões, bem como da influência da lógica de mercado exercido pela indústria farmacêutica e
da dificuldade de acesso dos usuários às ações e serviços do SUS, evidenciando as lacunas
deficitárias do sistema. Como retrata Borges e Ugá (2009), trata-se de um tema permeado de
complexidade, pois envolve diferentes atores e de variadas esferas; decisões sobre políticas de
saúde; incorporação de novas tecnologias ao sistema; além da interferência do Judiciário na
política de saúde sem um conhecimento técnico adequado.
Com as demandas judiciais, a participação popular mostra-se mais evidente na busca
por esses direitos, passa a ser um novo caminho possível aos usuários de vislumbrarem a
efetivação de seus direitos a partir do ingresso de suas necessidades pelo Judiciário. Como
evidenciam os estudos de Borges e Ugá (2009) e Ventura e outros (2010), a judicialização
começou a tomar corpo a partir da década de 90, com a demanda pelos medicamentos para
tratamento de HIV/AIDS. Posteriormente, essa demanda decaiu e, com o avanço da transição
epidemiológica permeado pelo envelhecimento da população, outras necessidades fizeram
parte deste cenário, como as doenças crônicas, tais como Hepatite C, Hipertensão, Artrite
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 43
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Reumatóide e Diabetes, que atingem em sua maioria, os idosos, e as doenças raras, frequentes
em crianças e adolescentes.
Nessa perspectiva, a judicialização alavanca o número de ações judiciais no setor da
saúde, pleiteando ações e serviços de saúde que não foram atendidos pelo SUS, tais como,
medicamentos, cirurgias, próteses, internamentos. Destes, o que mais causa impacto
financeiro ao sistema e que possui grande demanda das ações é o acesso por medicamentos,
que englobam desde os de Atenção Básica aos excepcionais e de alto custo para o sistema
(ANDRADE; MACHADO; FALEIROS et al. 2008; BORGES; UGÁ, 2009; CHIEFFI;
BARATA, 2009).
Os estudos de Andrade e outros (2008) evidenciam que essas ações judiciais podem
ser analisadas por meio da compreensão de duas vertentes. A primeira considera que as
demandas judiciais na saúde permitem o exercício da cidadania e do acesso de forma integral,
universal e equânime aos serviços de saúde garantindo o direito à saúde; e a segunda, que
estas ações contradizem o princípio da equidade ao colocar em prática a ação judicial, por
atender a um pequeno grupo da população ou um indivíduo em detrimento da coletividade.
Ao analisarmos sob essa perspectiva, podemos elencar que o fenômeno da
judicialização pode apresentar lados positivos e negativos tanto para o Judiciário, como para a
gestão do SUS e usuários. Dessa forma, visualizando o lado positivo da judicialização
podemos atribuir o acesso de modo integral e universal aos medicamentos para tratamento
para HIV/AIDS pelos usuários devido a sua amplitude decorrente das intensas ações judiciais
na década de 1990.
Atualmente, essas ações correspondem a menos de 5% do total de ações por
medicamentos dentro do SUS. A partir dessa ferramenta de exercício de cidadania, pode-se
garantir ao cidadão seu direito de acesso à saúde, de forma integral, colocando o Estado como
real e prático responsável por tal direito e, o direito à saúde como direito fundamental do
cidadão (MARQUES; DALLARI, 2007).
Contrapondo essa perspectiva, autores como Andrade e outros (2008), Borges e Ugá
(2009; 2010), Pepe e outros (2010a), Ventura e outros (2010), Vieira (2008) e Vieira e Zucchi
(2007), realizam estudos que abordam o lado negativo da crescente busca através da demanda
judicial para resolução das necessidades de saúde pelos usuários.
Estes afirmam que os gestores de saúde enfrentam grandes conflitos com a
judicialização que abarca desde a transparência dos conflitos relacionados à alocação de
recursos, como o envolvimento destes com processos criminais decorrentes desta situação.
Este conflito impõe aos gestores grande constrangimento diante das ações judiciais. Assim,
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 44
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

encaram como um problema devido à elevação dos gastos relacionados à compra dos
medicamentos que interferem no planejamento de saúde realizado, tornando a via judicial um
novo caminho para a dispensação de medicamentos. Complementam que, este efeito negativo,
pode estar atrelado a atuação acrítica dos gestores de saúde com a demanda judicial, apenas
cumprindo o que é determinado sem avaliação das necessidades reais da população.
Pontuam que, os recursos destinados para a saúde, quando demandados por via
judicial podem interferir no princípio da equidade do SUS, por destinar recurso a apenas um
determinado indivíduo ou pequeno grupo de pessoas em detrimento da população, o que
possibilita o aprofundamento das iniquidades sociais, bem como a ausência de garantia de
segurança do usuário com o uso de medicamentos que não constam na RENAME estabelecida
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e que não possuem declarada
segurança terapêutica no país.
Aspecto questionado por Machado e outros (2011) e Gontijo (2010) diz respeito à
inversão da lógica do conceito de saúde pela judicialização. A partir da mesma, as ações
judiciais atendem apenas a oferta de medicamentos em detrimento de outros serviços do
sistema como promoção, prevenção e reabilitação. Com o impacto orçamentário que advém
do cumprimento das ações judiciais, estas ações passam a ficar em segundo plano no sistema
de saúde interferindo na lógica do sistema, além de servir como um fator de estímulo à
medicalização e ao uso irracional de medicamentos.
Nesse sentido, Pepe e outros (2010a; 2010b), Borges e Ugá (2010) e Vieira e Zucchi
(2007) coadunam ao afirmar que o Judiciário sempre se manifesta a favor da ação no que
tange à demanda de medicamentos, independentemente, se o mesmo consta na lista técnica do
Ministério da Saúde. Nesses estudos, os medicamentos pleiteados, por sua vez, estavam com
nomes comerciais ao invés do nome do fármaco ou genérico.
Com isso, levantam-se questionamentos sobre até que ponto a influência da indústria
farmacêutica exerce sobre essas ações, sobre os médicos - responsáveis pela prescrição dos
medicamentos - e pela escolha de medicamentos que não fazem parte da RENAME, de
medicamentos que não são aprovados pela ANVISA e, até mesmo, de medicamentos que não
estão presentes e não são adquiridos no Brasil. Fica o alerta para o cuidado com a influência
da indústria farmacêutica, interferindo na lógica de mercado e atuando como propulsora da
judicialização em benefício próprio, colocando em risco a garantia da segurança e efetividade
necessária do medicamento.
Os autores supracitados acordam que o fornecimento de medicamentos de forma
indiscriminada acaba privilegiando segmentos de doentes que têm mais recursos financeiros
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 45
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

para pagar advogados, ou mais acesso à informação, em detrimento daqueles que têm mais
necessidade. Seus estudos demonstram que a maioria dos usuários que utilizam a via judicial
para aquisição de ações e serviços do SUS é de classe com menor vulnerabilidade, que
utilizam o serviço de advocacia privado em detrimento do serviço público - a Defensoria
Pública, e os medicamentos são, em sua maioria, prescritos por profissionais de serviços
privados. Estas situações suscitam questionamentos referentes à observância do princípio do
SUS, a integralidade e universalidade das ações do SUS a todos os cidadãos.
Sarmento (2007) destaca que o acesso à justiça configura-se por não ser igualitário,
uma vez que, os segmentos sociais mais excluídos pouco recorrem ao Judiciário para a
proteção dos seus direitos, contribuindo, assim, para a concentração da riqueza e canalização
de recursos públicos para segmentos da população com maior poder aquisitivo.
Podemos ainda elencar limites na legislação sobre a atuação do Estado no que tange à
saúde. Estes limites pretendem ser superados a partir da regulamentação da lei 8.080/90 por
meio do Decreto n.º 7.508, que entrou em vigor a partir de 28 de junho de 2011. Neste decreto
ficaram estabelecidas as ações e serviços ofertados pelo SUS através, do já existente
RENAME e, a partir da elaboração do RENASES.
Assim, destacamos que a falta de competência da Assistência Farmacêutica em suprir
as demandas da população, é considerada um fator que alavanca as demandas judiciais; a
excessiva judicialização por medicamentos ferindo os princípios da equidade, integralidade e
universalidade, a partir do momento que, uma decisão de ação judicial da saúde beneficia
apenas ao indivíduo e pode, com isso, afetar toda uma coletividade; e, finalmente que o Poder
Judiciário atuando em posição que caberia ao Legislativo, provoca excessiva interferência nas
políticas de saúde, com incorporação de novas tecnologias que não são avaliadas de forma
técnica sobre sua efetiva resolubilidade, além da falta de conhecimento técnico na área de
saúde pelos juízes para embasarem suas decisões (BORGES; UGÁ, 2009; CHIEFFI;
BARATA, 2009; DELDUQUE et al. 2009; SANT’ANA et al. 2011).
Assim, alguns autores elencam fatores que são possíveis de reduzir à crescente
judicialização como, a valorização da regulamentação administrativa vigente, a sugestão de,
além de determinar o fornecimento do medicamento, o acompanhamento do usuário no
sistema; a estruturação do sistema de saúde; garantia de acesso aos serviços de saúde,
atualização dos protocolos e programas que norteiam a atenção à saúde, incluídos as listas
oficiais de medicamentos, protocolos clínicos e terapêuticos (MACHADO et al. 2011; PEPE
et al. 2010a; SANT’ANA et al. 2011).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 46
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Após o levantamento destas perspectivas, tanto positivas como negativas, da


judicialização da saúde, autores como Borges e Ugá (2009), Pepe e outros (2010b), Sant’Ana
e outros (2011) e Vieira e Zucchi (2007), apontam como possibilidades para que a
judicialização promova pontos positivos para todos os atores envolvidos – trabalhadores de
saúde, autoridades judiciais e usuários – a aproximação do Judiciário com o Executivo em
suas respectivas esferas: municipais, estaduais e da União, para resolver os conflitos sociais e
buscar o reequilíbrio da harmonia social; articulação do Judiciário com o setor da saúde para
embasamento com conhecimento técnico da área de saúde para suas decisões; verificação se o
prescritor pertence ao SUS, para não interferir na lógica do sistema; estar atento à influência
da indústria farmacêutica através das ações judiciais; conscientização dos prescritores quanto
à padronização dos medicamentos pelo Ministério da Saúde e verificação permanente da
padronização de medicamentos expedidos pelo Ministério e ANVISA.
Diante dessas discussões, podemos destacar que o Estado, mas especificamente, a
gestão do SUS, sofre implicações decorrentes da demanda crescente da judicialização da
saúde para o cumprimento das ações e serviços por parte do Estado, que por ordem
orçamentária ou pelo não cumprimento normativo, não garantiu ao cidadão o direito à saúde,
fundamental a sua dignidade humana.
Como já explicitado, estas ações promovem na gestão do SUS elevados custos com
essas demandas, que comprometem o orçamento e o planejamento realizado pelos gestores, e
causam constrangimentos dos mesmos pela escassez de recursos. Estes, geralmente são
desviados de outros serviços para atendimento das ações judiciais, corroborando com a
promoção de iniquidades sociais.
Nessa perspectiva, Lenir Santos asserta na obra de Rodriguez Neto (2003, p. 142) que

A integralidade da assistência vem sendo rompida pelo Poder Judiciário quando


concede medidas liminares em ações que visam à garantia do direito à saúde de
forma transversa. O direito à saúde deve ser garantido ao indivíduo que respeita a
organização jurídico-administrativa do sistema, desde que ela, é lógico, não seja
organizada de modo a cercear o direito à saúde. Mas se essa organização leva em
conta os princípios constitucionais e legais, como regionalização, rede de serviços,
referência e contrarreferência, integralidade da assistência, resolutividade, igualdade
etc., ela deve ser respeitada pelo cidadão usuário do SUS. Não é possível o cidadão
violar princípios e diretrizes do sistema, via Poder Judiciário, desrespeitando, muitas
vezes, o princípio da igualdade.

Nesse sentido, explicitamos que cabe à gestão do sistema perceber que a judicialização
é um fenômeno crescente e, após análise crítica do levantamento dessas necessidades pelas
ações judiciais, promover atualizações e incorporação de novas tecnologias ao sistema de
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 47
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

forma a propiciar um atendimento qualificado e real com as necessidades da população. O


Judiciário deve estar articulado com o Executivo, aliando conhecimentos técnicos das áreas,
para que as decisões das ações judiciais sejam condizentes com a realidade da gestão do
sistema e contemplar as necessidades do requerente destas – os usuários.
Enfim, a judicialização da saúde deve ser analisada com cautela, para que não haja o
descumprimento normativo da Constituição e não desestruturar o funcionamento
administrativo do Estado. Nessa discussão, devemos estar cientes que existem limites e
possibilidades para a judicialização, e que, é imprescindível que gestores públicos tanto da
saúde como do sistema de justiça busquem soluções para um objetivo comum – acesso
universal, equânime e integral às ações e serviços do SUS, de modo a atenderem as demandas
da população, garantindo o direito à vida e à saúde a todos os cidadãos.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 48
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

3 METODOLOGIA

Para a realização do estudo em questão, utilizamos duas abordagens metodológicas


para atender aos objetivos traçados. A abordagem quantitativa foi delineada e compõe os
resultados presentes em Acesso às Tecnologias de Saúde no Setor Público: Perfil da
Judicialização da Saúde no Estado da Bahia. Já a abordagem qualitativa foi responsável pela
elaboração dos resultados discutidos em O Poder Judiciário desvelando um caminho para o
Acesso às Tecnologias de Saúde no Sistema Único de Saúde – SUS.

3.1 Abordagem Quantitativa

3.1.1 Tipo de Estudo

Trata-se de estudo descritivo retrospectivo realizado a partir das ações judiciais que
foram ajuizadas no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, no período de 2005 a 2010, com a
finalidade de descrever o perfil da judicialização no Estado da Bahia, através da descrição das
variáveis em estudo.
De acordo com GIL (1999, p.46), “as pesquisas descritivas têm como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis".

3.1.2 Delineamento da Pesquisa

3.1.2.1 Unidade de Análise e Universo da Pesquisa

Definimos como Unidade de Análise o acesso às tecnologias de saúde no Sistema


Único de Saúde – SUS para a composição do banco de dados. O universo da pesquisa foi
delimitado pela busca de processos judiciais relacionados à saúde, no Estado da Bahia, que
foram ingressados no período de 2005 a 2010.

3.1.2.2 Fonte de Dados


JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 49
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Os dados coletados são provenientes de fontes primárias caracterizadas pelas ações


judiciais disponíveis no sítio do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, pela consulta
eletrônica no endereço http://www5.tjba.jus.br/index.php, constituindo-se com uma consulta
pública e de livre acesso à sociedade.
As palavras-chave utilizadas para a busca foram: direito e saúde, tanto para o campo
específico dos Acórdãos2 como das Decisões Monocráticas3.

Critérios de Inclusão

Os processos analisados foram incluídos no banco de dados para composição da


pesquisa a partir dos seguintes critérios:
 Processos com o Acórdão e Decisão Monocrática disponíveis no sítio eletrônico do
Tribunal de Justiça do Estado da Bahia;
 Processos que demandavam por acesso às tecnologias de saúde;
 Demandas relacionadas ao acesso ao SUS;
 Processos com ingresso no período de 2005 a 2010.

Critérios de Exclusão

Foram retirados do universo da pesquisa os processos que se enquadraram nos


critérios abaixo:
 Processos que não possuíam o Acórdão e a Decisão Monocrática disponíveis no sítio
eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia;
 Demandas que pleiteavam acesso por meio de planos de saúde;
 Processos que não possuíam ano de ingresso no período de 2005 a 2010.
Com a busca na base de dados foram encontrados 261 Acórdãos e 454 Decisões
Monocráticas. Após o estabelecimento dos critérios indicados, foram encontrados 112
processos, sendo após leitura 09 processos foram excluídos do universo da pesquisa por
estarem repetidos. Dessa forma, a pesquisa foi construída com a análise de 103 processos
configurados como 42 Acórdãos e 61 Decisões Monocráticas.

2
O Acórdão é uma decisão colegiada de Desembargadores que delineiam cada um, seu voto acerca de um tema
e que possui o poder de produzir jurisprudência, definindo o entendimento institucional do Tribunal.
3
A Decisão Monocrática é uma decisão formulada por um único Desembargador que expressa o seu
entendimento a respeito de um tema e não possui o poder de instituir jurisprudência.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 50
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

A coleta na base de dados foi realizada no período de 05 a 21 de agosto de 2012. Após


um mês de coleta, foi realizada nova busca que apresentou a mesma quantidade de ações
judiciais, não apresentando nenhuma entrada de processo relacionada à unidade de análise da
pesquisa.

Variáveis da Pesquisa

Foram utilizadas, como variáveis, na elaboração do banco de dados:


 Ano de ingresso: ano de ingresso da ação estabelecido entre 2005 a 2010;
 Tipo de Ação: Agravo de Instrumento4, Mandado de Segurança5 e Apelação Cível6;
 Cidade de Origem: cidade que originou o processo;
 Requerentes: quem requer na ação a demanda;
 Requeridos: a quem é litigada a ação;
 Tipo de Demanda: o que foi pleiteado no processo (medicamentos, alimentos,
internamentos, tratamentos, cirurgias e outras);
 Agravos: quais os agravos acometidos pelos usuários que demandavam as ações;
 Decisão: qual a decisão proferida nos Acórdãos e Decisões Monocráticas;
 Ano do Julgamento: ano que foi realizado o julgamento das ações.

3.1.3 Execução da Pesquisa

3.1.3.1 Elaboração do Banco de Dados

O banco de dados foi elaborado a partir das variáveis definidas na pesquisa e após a
digitação e correção dos dados foi construída a Matriz Geral de Análise dos Acórdãos e das
Decisões Monocráticas (Apêndice B e C) para realização da análise.

3.1.3.2 Análise de Dados

4
O Agravo de Instrumento é realizado para impugnação da decisão interposto pela parte que foi prejudicada em
ação anterior.
5
O Mandado de Segurança é realizado para a garantia de um direito líquido e certo que não foi efetivado, não
demanda de instrução, pois atua com prova pré-constituída nos autos.
6
A Apelação Cível é um recurso contra a sentença proferida por juiz de primeiro grau.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 51
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Após a construção das Matrizes de Análises, os dados coletados foram analisados por
meio da distribuição de frequências simples e relativas para a caracterização do perfil da
judicialização da saúde no Estado da Bahia para o acesso às tecnologias de saúde no SUS, no
período de 2005 a 2010.
O software Microsoft Office Excel 2007 foi utilizado para a construção do banco de
dados e das Matrizes de Análises e para a realização da análise pela distribuição de
frequências simples e relativas. Estas são sintetizadas na tabulação e elaboração dos gráficos e
tabelas apresentados na análise e discussão dos resultados.

3.2 Abordagem Qualitativa

3.2.1 Tipo de Estudo

Optamos pela abordagem qualitativa, pois permite uma aproximação entre o


pesquisador, o objeto de estudo e a realidade na qual este objeto está inserido (MINAYO,
1994). Por conseguinte, “a realidade social é o próprio dinamismo da vida individual e
coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante” (MINAYO, 1995, p.15).
Podemos ainda complementar, a partir de Minayo (2010, p.57), quando a autora infere
que a abordagem qualitativa,

(...) além de permitir desvelar processos sociais ainda pouco conhecidos referentes a
grupos particulares, propicia a construção de novas abordagens, revisão e criação de
novos conceitos e categorias durante a investigação. Caracteriza-se pela empiria e
pela sistematização progressiva de conhecimento até a compreensão da lógica
interna do grupo ou do processo em estudo.

Ainda mais, trata-se de um estudo de natureza exploratória por abordar conceitos,


visões e percepções no intuito de buscar ampliar conhecimentos sobre determinados assuntos,
reportando a essa pesquisa, sobre o objeto de estudo abordado (DUARTE, 2005).

3.2.2 Técnica de Coleta de Dados

Os dados da pesquisa são provenientes da pesquisa documental, de fonte primária,


retrospectiva, com a análise de documentos jurídicos. A análise de documentos é a busca de
dados e informações em documentos que podem ser escritos ou não, mas que devem atender
ao objeto e às questões do tema em estudo (LAKATOS; MARCONI, 1991).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 52
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

No referido estudo, utilizamos como documentos os processos judiciais que


demandavam por acesso às tecnologias de saúde no SUS, no Estado da Bahia, no período de
2005 a 2010.

3.2.3 Método de Análise de Dados

Para o tratamento dos dados obtidos, optamos pela técnica da Análise de Conteúdo
Temática. De acordo com Bardin (1979, p. 42), a análise de conteúdo pode ser conceituada
como

(...) um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por


procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção destas mensagens.

De acordo com essa definição podemos apreender que a análise de conteúdo possui
como finalidade primordial a inferência de conhecimentos sobre determinados assuntos em
pesquisa que permitirão a compreensão de uma realidade ou de um processo social.
Diante do exposto, segundo Minayo (1995, p. 74), a análise de conteúdo possui duas
funções a partir de sua utilização nas pesquisas, a saber:

[...] uma se refere à verificação de hipóteses e/ou questões. Ou seja, (...), podemos
encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou
não as afirmações estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipóteses). A
outra função diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos
manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado.

Na Análise de Conteúdo Temática o conteúdo central é o tema, que de acordo com


Bardin (1979, p.105), “é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto
analisado segundo critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura”. Assim, realizar uma
análise de conteúdo temática significa “descobrir os núcleos de sentido” das mensagens, bem
como os significados, valores, crenças e percepções dos conteúdos manifestos (MINAYO,
2010, p. 316).
Para tanto, realizamos a pré-análise dos dados com a retomada dos objetivos traçados
no estudo, organização do material coletado para a realização da leitura flutuante e a
construção das unidades de registros, de contexto, trechos significativos e a forma de
categorização, baseado nas questões de estudo.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 53
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Com a exploração do material elaboramos como Unidade Temática de Análise o


acesso às tecnologias de saúde no SUS e as Categorias de Análise foram configuradas como
acesso à medicamentos e alimentos, acesso à internamentos e tratamentos, acesso às cirurgias
e acesso a outras demandas que não se enquadraram nas anteriores citadas.
Após a construção do Quadro com Sínteses das Categorias de Análise (Apêndice D)
realizamos a inferência e interpretação das informações obtidas embasadas na fundamentação
teórica, buscando as convergências dos achados.
A inferência na Análise de Conteúdo Temática direciona todas as ações para o
desvendamento dos conteúdos analisados, pois tem como foco central a compreensão das
informações obtidas pelas técnicas de coleta de dados e que irão direcionar a fase de análise
da pesquisa, imprescindível em todos os momentos de condução do estudo, para a
possibilidade de transcendência do que já está posto nas pesquisas científicas.

3.2.4 Considerações Éticas

A pesquisa cumpre com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que


aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, para
assegurar os direitos e deveres dos pesquisadores, sujeitos envolvidos na pesquisa e Estado
(BRASIL, 2001).
Em obediência à Resolução, o projeto de pesquisa, foi apreciado e aprovado no
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana – CEP/UEFS, sob
protocolo 165.448/2012, com a pretensão de realizar apenas a abordagem qualitativa por meio
da entrevista. No entanto, com as sugestões da banca de Qualificação, descartamos a
entrevista, devido ao curto período de tempo para conclusão do trabalho, e adotamos a análise
de documentos para compor os dados da pesquisa.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 54
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, apresentamos a análise e discussão dos resultados provenientes da


coleta de dados realizada, pautada nos objetivos da pesquisa fundamentados pelo referencial
teórico construído, a partir de autores que abordam o objeto em estudo.
Desse modo, delineamos o capítulo em subseções que abordam, primeiramente, o
Perfil da Judicialização da Saúde no Estado da Bahia, na 2ª Instância, no período de 2005 a
2010, e, posteriormente, a análise do Poder Judiciário como um caminho alternativo para o
Acesso às Tecnologias de Saúde no Sistema Único de Saúde – SUS, que são permeadas pelo
acesso a medicamentos, cirurgias, internamentos e tratamentos.

4.1 Acesso às Tecnologias de Saúde no Setor Público: Perfil da Judicialização da Saúde


no Estado da Bahia

Com a coleta de dados, foram analisados 103 processos que pleiteavam acesso às
tecnologias de saúde oferecidas pelo sistema público de saúde brasileiro, o SUS, no período
de 2005 a 2010, disponíveis no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia e que foram analisados
na Segunda Instância. A totalidade dos processos é conformada com ações que possuem
decisões proferidas no Tribunal de Justiça de duas formas, por Acórdãos – quando há um
grupo de Desembargadores que avaliam, discutem e acordam sobre o voto da decisão, e, por
Decisões Monocráticas – quando apenas um Desembargador profere sua decisão a respeito da
ação.
Ao analisarmos de tal maneira as ações ajuizadas sobre a judicialização da saúde na
Bahia, pode-se entender como as decisões a respeito desses processos se configuram no
Estado, bem como qual jurisprudência se apresenta dominante e regente das decisões
proferidas no Tribunal. Ademais, podemos elencar o posicionamento adotado pelas
autoridades judiciais na Primeira Instância.
Ao traçarmos a análise, a maioria, 61 processos (59,2%) configuram-se como
Decisões Monocráticas e 42 (40,8%) apresentam-se como Acórdãos. Nesse ínterim, apenas 03
ações possuíam decisões concomitantes em Acórdãos e Decisões Monocráticas,
representando 2,9% da totalidade de processos analisados que foram conclusos na 2ª
Instância. Esse resultado pode ser analisado por duas vertentes: uma que indica a morosidade
do Poder Judiciário em julgar e por o processo em concluso nas ações judiciais para a saúde
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 55
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

definindo as jurisprudências adotadas no Estado; e, outra interpretação que podemos inferir,


diz respeito à deficiente atualização do sistema para registro dos processos.
Ao delimitarmos o período de ingresso das ações, visualiza-se aumento crescente de
processos que demandam por acesso ao SUS, principalmente, no ano de 2009, com entrada de
47 ações (45,6%), sendo 19 (45,3%) como Acórdão e 28 (45,9%) como Decisão Monocrática.
Seguido, está o ano de 2010, com ingresso de 33 processos (32%). No entanto, estes, foram
exclusivos de Decisões Monocráticas, correspondente a 54,1% desse perfil. Por outro lado, no
período de 2005 a 2008, só possui registro de Acórdãos, totalizando 23 processos (22,3%),
com o ano de 2008 apresentando 16 ações, correspondente a 15,5% do total de ações
ajuizadas no período. (Gráfico 01).

Gráfico 01 - Ano de ingresso das ações por Acórdãos e Decisões Monocráticas

40

35
33
Número absoluto de ações

30
28
25 Acórdãos
19
20
16
15 Decisões
Monocráticas
10

5 2 3 2
0
0 0 0 0 0
2005 2006 2007 2008 2009 2010
Ano de Ingresso das ações

Fonte: Elaborado pelo próprio autor com as ações disponíveis no sítio do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.

Essa crescente judicialização no Estado da Bahia no período conforma-se de forma


similar ao que se apresenta no país que teve uma elevação de ações ajuizadas, pleiteando
demandas relativas à saúde, no setor público, nos anos de 2005 a 2008 (MACHADO,
ACÚRCIO, BRANDÃO et al, 2011). Com relação aos estados, o panorama foi semelhante,
com Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul apresentando taxas
crescentes de processos pleiteando tecnologias de saúde no SUS (MÉDICI, 2010).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 56
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

As ações ajuizadas no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia apresentaram-se com


diferentes tipologias. Em sua maioria, foram registradas 75 ações (72,8%) como Agravo de
Instrumento, seguida do Mandado de Segurança com 25 ações (24,3%) e, em menor número,
a Apelação Cível, com apenas três ações, correspondente a 2,9% do total. Ademais, das ações
caracterizadas como Agravo de Instrumento, 23 (54,7%) eram oriundas de Acórdãos e, em
sua maioria, 52 (85,3%) eram provenientes de Decisões Monocráticas. Em contrapartida,
foram 16 (64%) ações de Mandado de Segurança presente nos Acórdãos, contra 09 ações nas
Decisões Monocráticas, com percentual de 36% da totalidade analisada. Com relação à
Apelação Cível só houve registro, no período, para Acórdãos. (Tabela 01).
Com esses dados pode-se inferir que a maioria das ações presentes no Tribunal é
proveniente de recursos para uma nova apreciação da decisão já proferida pelos juízes de
primeiro grau e, em menor quantidade, os Mandados de Segurança, que são oriundos de
requerentes usuários que pleiteiam um direito líquido e certo relativo à demanda litigada. Pela
valoração dada a estas ações, mais da metade tiveram suas decisões proferidas em Acórdãos.
No tocante à cidade de origem dos processos judiciais, pode-se observar que, a
maioria, 74 (71,8%) estava relacionada ao município de Salvador e 29 (28,2%) aos
municípios do interior do Estado. Destes, a maioria das ações estão vinculadas ao município
de Feira de Santana, com 12 processos (11,7%), seguido de Itabuna com quatro (3,9%) e
Alagoinhas, dois (1,9%). Os demais municípios do interior contam com apenas um processo
cada e são originários de Caetité, Governador Mangabeira, Irecê, Acajutiba, Brumado,
Ibicaraí, Itaberaba, Itambé, Juazeiro, Nova Fátima e Porto Seguro. (Tabela 01).
A partir desses dados, pode-se elucidar que o município de Salvador, por ser a capital
do Estado, com 2.675.656 habitantes, é uma metrópole, de acordo com a classificação por
porte populacional do IBGE (IBGE, 2010), sede da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia e
referência em saúde para o Estado como polo da Macro e Microrregião do estado e sede da 1ª
Diretoria regional de Saúde – DIRES possui um maior número de processos voltados para a
judicialização da saúde, demandando acesso dos usuários ao SUS (BAHIA, 2012a).
Relacionando ao ano de ingresso das ações, o acréscimo de processos no município de
Salvador coaduna com os dados do Estado da Bahia e demais regiões, apontando o ano de
2009 com valores significativos de demandas voltadas para a saúde.
Ademais, o serviço do Poder Judiciário em Salvador diferencia-se dos demais
municípios, pois apresenta dez Varas de Fazenda Pública instaladas - que são responsáveis
pelo processamento das ações relativas à saúde – ao contrário de Alagoinhas, Feira de Santana
e Itabuna que possuem, cada uma, apenas uma Vara de Fazenda Pública instalada na comarca.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 57
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Assim, o município de Salvador oferece à população de sua comarca maior disponibilidade e


acesso à justiça que os demais municípios. No entanto, apesar dessa diferença de varas
atuantes, a comarca de Salvador dispõe, ainda, de quinze varas não instaladas (BAHIA,
2012b).
Por outro lado, Feira de Santana, com 556.642 habitantes – classificada como
município de grande porte – e, Itabuna e Alagoinhas, com, respectivamente, 204.667 e
141.949 habitantes, configuram-se, de acordo à classificação do IBGE por porte populacional,
como municípios de médio porte, assumem os polos de Micro e Macrorregião e são sedes de
suas respectivas DIRES, 2ª, 7ª e 3ª. Apesar de não fazerem parte da região metropolitana,
apresentarem déficits no setor Judiciário relativo a varas instaladas, mas por assumirem
referências em saúde em suas regiões, estes municípios estão aumentando as demandas
judiciais em saúde (BAHIA, 2012a; IBGE, 2010).

Tabela 01 - Tipo de ação e Cidade de origem dos Acórdãos e Decisões Monocráticas no


período de 2005 a 2010.

Acórdãos e Decisões Monocráticas N = 103


Ano
Tipo de
2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Ação

Agravo de 02 (2,7%) 02 (2,7%) 01 (1,3%) 08 (10,7%) 33 (44%) 29 (38,6%) 75(72,8%)


Instrumento

Mandado de -- -- 01(4%) 07(28%) 13(52%) 04(16%) 25(24,3%)


Segurança

Apelação -- 01(33,3%) -- 01(33,3%) 01(33,3%) -- 03(2,9%)


Cível

Cidade de
Origem

Salvador 02(2,7%) 03(4,1%) 02(2,7%) 10(13,5%) 32(43,2%) 25(33,8%) 74(71,8%)


Feira de -- -- -- 05(41,7%) 06(50%) 01(8,3%) 12(11,7%)
Santana

Itabuna -- -- -- 01(25%) 03(75%) -- 04(3,9%)


Alagoinhas -- -- -- -- 01(50%) 01(50%) 02(1,9%)
Interior -- -- -- -- 05(45,5%) 06(54,5%) 11(10,7%)

Fonte: Elaborado pelo próprio autor com as ações disponíveis no sítio do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 58
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Outro ponto apreciado denota que apenas um (4%) Mandado de Segurança foi
expedido por Feira de Santana e, os demais, 24 (96%) pelo município de Salvador. De forma
similar, a Apelação Cível, teve sua totalidade expedida em Salvador. Esses dados ratificam o
maior acesso que a população da comarca de Salvador possui à Justiça, que pode ser inferido
pela maior quantidade de varas atuantes, por maior acesso às informações no que tange à
judicialização, bem como maior acesso aos demais profissionais envolvidos – profissionais de
saúde, Defensores Públicos e Promotores.
Com a análise das demandas pleiteadas nas ações, alguns processos litigavam por mais
de uma tecnologia de saúde em uma mesma ação, totalizando 120 demandas analisadas.
Destas, em sua maioria, eram para o fornecimento de medicamentos, com representativo de
72 (60%), seguido de internamentos e tratamentos, 16 (13,3%), cirurgias, com seis ações,
juntamente com a solicitação de alimentos - leite, que representaram cada 5% das demandas.
Em menor quantidade, estavam as tecnologias de saúde relacionadas ao acesso a exames,
próteses, aparelho respiratório, sonda, materiais cirúrgicos, transferências hospitalares,
transferências para UTI e transporte para realização de tratamento, em que juntas, totalizaram
20 demandas (16,7%). (Tabela 02).
Do total de tecnologias pleiteadas, grande número, 71 (59,2%), foi proveniente de
Decisões Monocráticas, contra 49 (40,8%) de Acórdãos. Condizente com os dados acima
citados, que ratificam o ano de 2009 como expressivo para as ações judiciais na saúde, a lide
por medicamentos foi mais acentuada nesse ano, com 31 (43,1%) de todas as demandas por
fornecimento de medicamentos pelo SUS. Além disso, 20 (80%) Mandados de Segurança, 49
Agravos de Instrumento (68,1%) e a totalidade das Apelações Cíveis estavam relacionados à
solicitação de medicamentos. Ademais, o município de Salvador apresentou o maior número
de ações 51 (70,8%) e o município de Alagoinhas apresentou sua totalidade de demandas
voltadas para o fornecimento de medicamentos.
Com esses dados, verifica-se que a busca por medicamentos direciona a grande
maioria das ações que requerem tecnologias dos SUS. Pode-se observar, em outros estudos
como, Borges e Ugá (2009) e Chieffi e Barata (2009) que a demanda por medicamentos é
elevada pela via judicial, com solicitação de medicamentos que perpassam os da Atenção
Primária aos excepcionais e de alto custo para o sistema. Assim, infere-se que há uma grande
medicalização da sociedade, contrariando a proposta política do sistema de saúde vigente, que
preza a promoção da saúde e a prevenção de agravos como eixos norteadores, além do
excessivo uso de tecnologias duras em detrimento das relacionais no cuidado à saúde.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 59
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Com relação às decisões proferidas nesse período, da totalidade de 103 ações, a maior
parte, 89, equivalente a 86,4%, foram atendidas concedendo o acesso do usuário ao SUS.
Algumas ações, oito (7,8%) tiveram suas demandas parcialmente atendidas e apenas seis
(5,8%) foram proferidas negativamente. No entanto, vale ressaltar que, das demandas que
foram parcialmente atendidas, todas as solicitações foram concedidas, porém com ressalvas,
relativas a aumento de prazo para cumprimento da demanda pleiteada, possibilidade de
substituição do medicamento, redução do valor da multa caso não houvesse o cumprimento da
decisão, alteração do local para atendimento à demanda e tempo de adesão do medicamento
pelo SUS para fornecimento a todos os cidadãos que o requisitarem. Assim, infere-se que
94,2% das demandas litigadas permitiram o acesso dos usuários ao SUS. (Tabela 02).
As ações que não tiveram suas solicitações atendidas estavam atreladas a falta de
provas, em sua maioria, cinco (83,3%) e, apenas uma (16,7%), a falta de interesse do usuário
no andamento e julgamento do processo, caracterizado como abandono. De acordo com
Theodoro Júnior (2009), ao requerente não basta apenas alegar a veracidade dos fatos, é
imprescindível que, para a decisão seja proferida, os fatos precisam ser apreciados quanto à
veracidade, para, posteriormente ser garantida a concessão do direito. Essas provas podem ser
apresentadas por meio de depoimentos, documentos e perícias que assegurem a veracidade
dos fatos alegados.
Das demandas atendidas, grande número foi referente às Decisões Monocráticas, 56
(62,9%) contra 33 (37,1%) relativos aos Acórdãos. A partir da análise dos processos, por
2009 ser o ano que apresenta mais ações, possui, consequentemente, o maior número de
demandas atendidas, 47 (92,2%), bem como, 2005, 2006, 2007 e 2008 que tiveram todas as
solicitações pleiteadas concedidas. Por outro lado, em 2009 e 2010, alguns processos
apresentaram negativa no atendimento à demanda, por causas já abordadas, indicando maior
apreciação das ações judiciais diante da crescente judicialização e dos recursos advindos do
Estado e municípios.
Dentre as ações tipificadas como Agravo de Instrumento, a maioria, 72 (96%) obteve
o atendimento das demandas, bem como, o Mandado de Segurança e a Apelação Cível, com
respectivamente, 22 (88%) e dois (66,7%). No rol das demandas atendidas, os municípios de
Alagoinhas e Itabuna asseguraram o que foi requerido em sua totalidade e, Salvador, conferiu
o atendimento a 70 ações (94,6%). Contudo, este também apresentou a maior quantidade de
demandas não atendidas, quatro (66,7%). Ao relacionar com as demandas pleiteadas, da
totalidade por medicamentos, 68 (94,5%) obtiveram suas solicitações atendidas, 11 processos
para internamento e tratamento foram concedidos, perfazendo um percentual de 68,8% das
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 60
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

ações, assim como, 83,4% dos pleitos por cirurgias foram concedidos. Apenas as demandas
referentes ao fornecimento de alimentos retratados pelo leite foram concedidas integralmente.
Resultados de pesquisas de autores como Pepe e outros (2010a; 2010b) e Vieira
Zucchi (2007) evidenciam que a maioria das decisões que são pleiteadas tecnologias de saúde
pelo SUS são concedidas integralmente pelas autoridades judiciais, mesmo aquelas que
apresentam pontos críticos que versam sobre medicamentos que não são registrados na
ANVISA ou que ainda não são autorizados no país.
A partir de 2009, com os resultados da Audiência Pública convocada pelo Supremo
Tribunal Federal – STF, que discutiu sobre as nuances da judicialização, a jurisprudência que
prevalece no Judiciário, com os votos dos Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello, em
ações paradigmas que referiam-se ao acesso de saúde no SUS, está pautada na efetivação dos
direitos fundamentais sociais a partir do princípio da dignidade da pessoa humana com
valoração suprema do direito à vida (SCHEFFER, 2009; BRASIL, 2009b).
Nesse ínterim, a partir do momento que houve essa consolidação da jurisprudência no
país, concedendo as demandas em favor dos usuários, houve, em contrapartida, a maior
divulgação da possibilidade concreta de acesso ao SUS pela via judicial. Em consequência, a
difusão de informações corroborou para o aumento de ações ingressadas relativas à saúde no
Poder Judiciário, assim como maior número de decisões proferidas seguindo a jurisprudência
firmada após a Audiência Pública. Com isso, justifica-se o significativo número de ações
ajuizadas em 2009 no estado da Bahia.

Tabela 02 - Demandas pleiteadas e decisões proferidas nos Acórdãos e Decisões


Monocráticas no período de 2005 a 2010.

Acórdãos e Decisões Monocráticas N = 103


Ano
Demanda 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Medicamentos 02(2,8%) 03(4,2%) 02(2,8%) 11(15,3%) 31(43%) 23(31,9%) 72(60%)
Alimentos -- -- -- 03(50%) 03(50%) -- 06(5%)
Internamentos/ -- -- -- 01(6,3%) 08(50%) 07(43,7%) 16(13,3%)
Tratamentos

Cirurgias -- -- -- 02(33,3%) 03(50%) 01(16,7%) 06(5%)


Outras* -- 01(5%) -- 03(15%) 08(40%) 08(40%) 20(16,7%)

Decisão
Demanda 02(2,2%) 03(3,4%) 02(2,2%) 14(15,7%) 37(41,6%) 31(34,9%) 89(86,4%)
Atendida
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 61
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Demanda -- -- -- 02(25%) 06(75%) -- 08(7,8%)


Parcialmente
Atendida

Demanda Não -- -- -- -- 04(66,7%) 02(33,3%) 06(5,8%)


Atendida

Fonte: Elaborado pelo próprio autor com as ações disponíveis no sítio do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.
* Nessa categoria estão incluídas demandas pleiteadas por exames, próteses, aparelho respiratório, sonda,
materiais cirúrgicos, transferências hospitalares, transferências para UTI e transporte.

Outro ponto analisado nos processos judiciais foram os agravos referidos nas ações
que justificavam a necessidade de saúde requisitada nos processos. Estes agravos foram
categorizados de acordo com a característica de cada condição clínica. Assim, foram
destacados 63 casos (61,2%) de agravos Crônico-degenerativos, perfazendo a maioria das
ações, seguido de Autoimunes e Raros, com dez processos (9,7%), Gastrointestinais, sete
casos (6,8%), quatro ações (3,9%) relacionadas a Infectocontagiosos Agudos e dois (1,9%)
por Causas Externas. Foram inseridos na categoria, outros agravos, condições que não se
enquadraram em nenhuma das outras citadas e estavam de forma isolada com apenas uma
ação cada, a exemplo a Anemia e a Puberdade Precoce, perfazendo um percentual de 2,9% da
totalidade. Ademais, alguns processos, 14 (13,6%) não informaram o agravo relacionado à
demanda pleiteada. (Gráfico 02).
Com esses dados, conclui-se que os agravos crônico-degenerativos estavam
relacionados à maior parte das ações pleiteadas para o acesso ao SUS. Essa condição clínica
está de acordo com a transição demográfica que o país enfrenta, a partir do elevado número de
adultos e idosos na população e a crescente expectativa de vida. Dessa forma, os agravos que
mais estão presentes nesse perfil da sociedade são Hipertensão Arterial, Diabetes, Neoplasias,
Cardiopatias, Doenças Respiratórias, Renais e Vasculares, Hepatite C, bem como as sequelas
dessas condições (BRASIL, 2011b).
Em consonância com essas informações, com a análise dos processos evidenciam-se
muitas ações com demandas provenientes de agravos crônico-degenerativos, dentre estes, o
que mais se destacou foram as Neoplasias com 23 (36,5%), seguido de Diabetes, Hipertensão
e sequelas com 15 (23,8%) e Obesidade com cinco (7,9%). Este agravo desperta para o
elevado número de casos na sociedade que necessitam de tratamento, condição esta, que antes
considerada como fator de risco para outras patologias, mas que atualmente necessita ser vista
como um agravo.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 62
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Ao se destacar os agravos crônico-degenerativos, mais da metade, 40 (63,5%) foram


provenientes de Decisões Monocráticas, enquanto que os autoimunes e raros, tiveram sua
maioria, nove (90%) advindos de Acórdãos. Os agravos de causas externas tiveram, em sua
integralidade, as decisões proferidas por Decisões Monocráticas e a maior parte dos processos
que não continham informação sobre a condição clínica do usuário foi proveniente de
Decisões Monocráticas, 11, com um percentual de 78,6%.
O ano de 2009 apresentou o maior número de ações relativas aos agravos crônico-
degenerativos, com 29 processos (61,7%), enquanto que, das dez ações para autoimunes e
raras, oito (80%) foram ingressadas no período compreendido de 2005 a 2008. Esse dado
reflete a atual situação de saúde vivenciada no país, em que o SUS não consegue contemplar
de forma universal e integral todos os cidadãos nas condições que poderiam ser abordadas em
níveis de baixa e média complexidade, como as crônico-degenerativas, que elencamos acima.

Gráfico 02: Agravos demandados nos Acórdãos e Decisões Monocráticas no período de 2005
a 2010
29
30

23
Número Absoluto de Agravos

25

20

15
2005

10 8 8 2006

5 2007
4 4
5 3 3 3 3 2008
2 2 2
1 1 11
2009
0
2010

Agravos

Fonte: Elaborado pelo próprio autor com as ações disponíveis no sítio do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.

O município de Salvador apresentou grande parte das ações com agravos crônico-
degenerativos, 47 (74,6%), do mesmo modo com os autoimunes e raros, sete (70%) e com a
totalidade para causas externas. Entretanto, nesse município foi evidenciado o maior número
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 63
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

de processos sem agravos informados, 10 (71,4%). Alagoinhas apresentou agravos como


crônico-degenerativos demandados em sua totalidade e Feira de Santana, apresentou
comportamento similar à Salvador, com a maioria das ações, sete (58,4%) com demandas
para os agravos crônico-degenerativos. Os demais municípios do interior apresentaram
conformação similar aos já citados, com sete (63,6%), evidenciando que transição
demográfica se faz presente em todo o Estado.
De acordo com a elevada demanda por medicamentos já apresentados, os agravos
crônico-degenerativos pleiteiam, principalmente, 51 (70,8%), por acesso dos usuários aos
medicamentos para o cuidado de suas condições clínicas. Do mesmo modo, as condições
agrupadas nessa categoria como, Diabetes, Hipertensão, Distúrbios Respiratórios, Transtornos
Mentais, entre outros, os usuários deveriam ter acesso aos medicamentos essenciais
disponibilizados pela Farmácia Básica, que compõe o nível de Atenção Básica à saúde da
Assistência Farmacêutica, responsável pela dispensação de medicamentos, na rede
ambulatorial do sistema, referentes às condições clínicas mais comuns perante o perfil
epidemiológico da população de cada localidade que a rede da Assistência Farmacêutica está
instalada.
Entretanto, os autoimunes e raros, que apresentam sua totalidade demandando por
medicamentos excepcionais e de alto custo, não possuem os serviços disponíveis no elenco
das Farmácias Básicas, mas, a partir dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas -
PCDT, formulados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2010, 2011 e 2012), os cidadãos que
se enquadrarem nos critérios estabelecidos nestes teriam seu acesso garantido ao sistema,
através da gestão estadual, desde o diagnóstico da doença ao monitoramento do tratamento e
supervisão de efeitos adversos visando a prescrição segura e eficaz com uso racional dos
medicamentos. A título de exemplo, pode-se elencar constante no PCDT o acompanhamento
para Puberdade Precoce, Diabetes, Hepatite C, dentre outros.
No que tange às decisões proferidas, todas as demandas relacionadas aos agravos
Infectocontagiosos Agudos, Autoimunes e raros, Gastrointestinais e por Causas Externas,
ofereceram decisões favoráveis aos usuários, concedendo o acesso às tecnologias litigadas.
Para os Crônico-degenerativos, a grande quantidade, 61 (96,8%) obteve sua demanda
atendida. Entretanto, um ponto a ser analisado refere-se às demandas que não tinham o agravo
descrito nos processos, mas que mesmo assim, obtiveram oito (57,1%), mais da metade das
demandas atendidas.
Autores como, Delduque, Marcos e Romero (2009) Sant’Anna, Pepe, Osório-de-
Castro e Ventura (2011), relataram em suas pesquisas que, da mesma forma, as decisões em
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 64
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

sua grande maioria, são proferidas a favor dos usuários, com concessão das demandas
pleiteadas, em destaque para as que solicitam medicamentos. Entretanto, esses autores
abordam a necessidade que as autoridades judiciais possam adquirir conhecimentos técnicos
na área de saúde para embasarem suas decisões e atuarem com justiça nos pleitos ajuizados.
Essa aproximação com a área poderia ser estabelecida por meio da articulação do Poder
Judiciário com as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, criação de núcleos de apoio
jurídicos, fóruns de discussão, que envolvessem também a sociedade para o exercício
cotidiano da cidadania.
A partir da organização processual, delinea-se todos aqueles que pleiteavam as ações
como requerentes e aqueles a quem era direcionada a ação como requeridos. Vale ressaltar
que as ações analisadas estavam na 2ª Instância e que, em sua maioria, foram procedentes de
recursos de uma decisão inicial proferida por juízes de 1ª Instância. Assim, com a análise dos
processos, 62 (60,2%) tiveram como requerentes das ações o Estado da Bahia e municípios,
posteriormente, os usuários com 28 (27,2%) e, por último, o Ministério Público, com quatro
(3,9%) ações em que se apresentou como requerente. Em contrapartida, os usuários foram os
que mais se apresentaram nas ações como requeridos das demandas, com 50 (48,6%), seguido
do Estado e municípios com 33 (32%) e, por fim, o Ministério Público com 20 (19,4%). Neste
item descrito, as Instituições Filantrópicas configuraram apenas como requerentes em nove
processos (8,7%). (Tabela 03).
Ao descrever por Acórdãos e Decisões Monocráticas, o Estado e municípios estavam,
em sua maior parte, como requerentes do processo, com valores de, respectivamente, 21
(50%) e 41 (67,2%). De forma diferenciada, com relação aos requeridos, o Estado e
municípios foi maioria para os Acórdãos com 22 (52,4%) e o Ministério Público, o menos
requisitado, em apenas nove (21,4%). No entanto, para as Decisões Monocráticas,
prevaleceram como requeridos os usuários, com 39 (64%) e o Estado e municípios, bem como
o Ministério Público foram requeridos de forma similar, com 11 (18%) cada um. As
Instituições Filantrópicas foram apenas requerentes nas Decisões Monocráticas, em sua
totalidade e não foram requeridos em nenhuma ação.
Em 2009, tanto o Estado e municípios como o Ministério Público e os usuários
estavam presentes nas ações como requerentes do processo, em sua grande maioria, como
elencados nos dados, respectivamente, 27 (43,5%), três (75%) e 14 (50%). Já as Instituições
Filantrópicas estavam, em grande parte, como requerentes, seis (66,7%), no ano de 2010. Da
mesma forma, o Estado e municípios e o Ministério Público, foram requeridos, em sua maior
parte, com ações no ano de 2009, com valores de 17 (51,5%) e 15 (75%). Ao contrário, os
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 65
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

usuários tiveram ações em que atuaram como requeridos mais no ano de 2010 com 26 (52%)
processos.
Por 2009 ter sido o ano que possuiu maior ingresso de processos sobre a
judicialização, corroborou para um grande número de ações em que o Estado e os municípios
pleitearam pela apreciação dos recursos decorrentes da busca pelo acesso ao SUS. Além
disso, observa-se que a participação do usuário foi crescente de 2009 a 2010, com a busca de
acesso às tecnologias do SUS, pela via judicial, evidenciando a difusão de informações sobre
esse caminho para o exercício da cidadania no país com a busca da efetivação dos direitos
sociais para manutenção da dignidade humana.
A partir da análise dos processos judiciais, o Estado e os municípios foram requerentes
em 60 (80%) das ações do tipo Agravo de Instrumento, visando o efeito suspensivo de
liminares que concediam o acesso dos usuários às demandas pleiteadas nos processos. De
forma similar, as Instituições Filantrópicas foram, integralmente, requerentes nos Agravos de
Instrumento, com o mesmo intuito acima elucidado. Por outro lado, o Ministério Público
atuou como requerente, em grande parte dos Mandados de Segurança, 24 (96%), em favor da
concessão de liminares favoráveis aos usuários.
Consequentemente, os usuários foram requeridos em 50 (66,7%) ações de Agravos de
Instrumento e o Ministério Público com 19 (25,4%) decorrente das ações recorridas pelo
Estado e municípios, que foram, em sua totalidade, os requeridos nos processos de Mandados
de Segurança. Esses dados evidenciam que tanto o Estado e os municípios recorrem das ações
ajuizadas para o acesso ao sistema, desde as tecnologias contempladas na Atenção Básica de
atenção à saúde e Média Complexidade, como aquelas referentes a agravos de condições
clínicas raras.
Outro ponto evidencia que o Estado e municípios estavam presentes nas ações, como
requerentes, em 36 (58,1%) processos no município de Salvador e, integralmente, para
Alagoinhas, Itabuna e os demais do interior do estado. Da mesma maneira, os usuários e as
Instituições Filantrópicas estavam, em sua totalidade, como requerentes nas ações no
município de Salvador. De outro modo, o Ministério Público foi requerente, em grande parte,
três (75%), nas ações com origem em Feira de Santana. De forma similar, o Estado e
municípios foram requeridos, em sua maioria, 29 (87,9%), nas ações de Salvador, bem como
os usuários com 40 (80%) dos processos.
Ao relacionar os requerentes com os tipos de demandas pleiteadas, infere-se que o
Estado e municípios foram requerentes em 43 (69,4%) ações em que os usuários litigavam o
fornecimento de medicamentos pelo SUS, seguidos pelos usuários com 24 (85,7%) dos
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 66
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

processos e, o Ministério Público, que atuou integralmente nas ações em que foi requerente
para o fornecimento de medicamentos. Das ações relacionadas ao fornecimento de alimentos
– leite, o Estado e municípios foram requerentes em quatro (66,7%) e, igualmente para as
cirurgias. Já as Instituições Filantrópicas atuaram como requerentes em oito (88,9%) das
ações para o acesso a internamento e tratamento.
No tocante aos requeridos, o Estado e municípios estiveram presentes em 28 (84,8%)
dos processos que pleiteavam medicamentos, o Ministério Público com 16 (80%) e, por
último, os usuários com 28 (56%). Ademais, para o fornecimento de alimentos – leite, metade
das ações, três (50%), teve como requerido o Estado e municípios e, para as cirurgias, grande
quantidade dos processos, cinco (83,4%), apontou como requeridos os usuários. Com esses
dados, conclui-se que o elevado número de processos que indicam o Ministério Público e os
usuários como requeridos estão atrelados à negativa do Estado e dos municípios em
concederem as demandas que foram pleiteadas para o acesso ao sistema de saúde.
Para os agravos que indicam as demandas pleiteadas, o Estado e municípios estiveram
presentes como requerentes em 39 (62,9%) e os usuários em 17 (60,7%) dos processos com
agravos Crônico-degenerativos. De maneira semelhante, o Estado e municípios foram
requerentes de ações para agravos Gastrointestinais em quatro (57,1%) processos e, para os
agravos Autoimunes e raros, com cinco (50%) bem como os usuários. Dado importante a ser
analisado, diz respeito aos processos que não possuem informação sobre o agravo que o
usuário está acometido para pleitear o acesso ao SUS, em que metade das ações (50%) o
Estado e municípios foram requerentes e 35,7% (cinco) os requerentes foram as Instituições
Filantrópicas. A informação sobre a condição clínica do usuário que litiga a ação é necessária
para a apreciação pela autoridade judicial quanto à urgência e/ou emergência da concessão da
liminar.
Paralelamente, o Ministério Público, usuários, Estados e municípios foram requeridos
na maioria das ações relacionados aos agravos Crônico-degenerativos, com valores de,
respectivamente, 11 (55%), 31 (62%) e 21 (63,6%) processos. Em consonância com o que foi
explanado anteriormente, os usuários foram requeridos, em grande parte, para as ações que
não continham informação sobre o tipo de agravo acometido 11 (78,6%), no intuito de
maiores esclarecimentos vislumbrando o andamento dos processos de forma célere, clara e
justa.
Na análise das decisões proferidas, já foi descrito que na maioria das ações as
demandas pleiteadas para o acesso ao sistema de saúde são atendidas. Dessa forma, dos
processos analisados, apenas dois (3,2%) em que o Estado e municípios foram requerentes
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 67
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

não houve a demanda atendida, três (10,7%) e um (11,1%) quando os usuários e as


Instituições Filantrópicas, respectivamente, foram os requerentes das ações. Nas demais
ações, para todos os grupos de requerentes analisados, as demandas foram atendidas em favor
dos usuários.
Ainda concernente às decisões, a mesma conformação se apresenta nas ações em que
os usuários e Estado e municípios, respectivamente, possuem valores de, três (6%) e três
(9,1%) quando são requeridos nos processos e as demandas não são atendidas para os
usuários. De igual forma, as demais foram todas favoráveis ao acesso dos cidadãos às
tecnologias de saúde do SUS que foram litigadas.
Esses dados evidenciam o elevado percentual de liminares que são concedidos
favoráveis aos usuários quando há judicialização da saúde no SUS. O perfil que a Bahia
configura com relação ao objeto em questão também está elucidado nas demais localidades
que apresentaram essas demandas, como já foram descritos acima.

Tabela 03 - Requerentes e Requeridos por Acórdãos e Decisões Monocráticas no período de


2005 a 2010.

Acórdãos e Decisões Monocráticas N = 103


Ano
Requerente 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Estado/ 01(1,6%) 03(4,8%) 01(1,6%) 08(13%) 27(43,5%) 22(35,5%) 62(60,2%)
Município

Ministério -- -- -- 01(25%) 03(75%) -- 04(3,9%)


Público

Usuários 01(3,6%) -- 01(3,6%) 07(25%) 14(50%) 05(17,8%) 28(27,2%)


Instituição -- -- -- -- 03 06 09(8,7%)
Filantrópica

Requerido
Estado/ 01(3%) -- 01(3%) 09(27,3%) 17(51,5%) 05(15,2%) 33(32%)
Município

Ministério -- 01(5%) -- 02(10%) 15(75%) 02(10%) 20(19,4%)


Público

Usuários 01(2%) 02(4%) 01(2%) 05(10%) 15(30%) 26(52%) 50(48,6%)

Fonte: Elaborado pelo próprio autor com as ações disponíveis no sítio do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.

O último ponto analisado das ações judiciais do Tribunal de Justiça do Estado da


Bahia, no período de 2005 a 2010, refere-se ao ano que ocorreu o julgamento dos processos.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 68
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Ao analisar o gráfico 03, nota-se que houve um acréscimo de decisões julgadas,


principalmente, no ano de 2009, que apresentou 54 (52,4%) processos julgados, sendo a
mesma quantidade tanto para os Acórdãos como para Decisões Monocráticas. Após 2009, as
Decisões continuaram em elevação, com 33 (54,1%) de seus processos julgados, ao contrário
dos Acórdãos, que atingiram apenas seis (14,3%) dos seus julgamentos.
Entretanto, a partir de 2010, houve um decréscimo acentuado no julgamento de todas
as ações judiciais, com apenas um (1,6%) processo julgado. Estima-se que esse valor não
condiz com a realidade do ordenamento jurídico do Estado com relação à celeridade dos
processos e atrelam-se esses valores a não alimentação do sistema com os processos julgados
no período discutido. Essa limitação esta presente em todo o estudo, pois esses valores ainda
são aquém perante a realidade que o Estado vivencia no que diz respeito ao acesso ao sistema
de saúde.
Em 2009, a maioria das ações julgadas, 34 (63%) foi proveniente de Agravos de
Instrumento e 19 (35,2%) de Mandados de Segurança. Seguindo o mesmo padrão, em 2010,
33 (84,6%) das ações foram de Agravos de Instrumento e apenas seis (15,4%) de Mandados
de Segurança.
Ao correlacionar com a cidade de origem dos processos, 38 (70,4%) julgamentos
realizados em 2009 tiveram Salvador como cidade originária da ação judicial e, em 2010, 28
(71,8%). As demandas advindas do município de Feira de Santana foram julgadas, em sua
maioria, nove (75%) no ano de 2009, juntamente com os provenientes de Itabuna, três (75%).
Para os demais municípios do interior do Estado, a maior quantidade de julgamentos, oito
(72,7%) ocorreu no ano de 2010. Esse dado evidencia a maior participação dos municípios do
interior do Estado, a partir de 2010, na judicialização para o acesso ao SUS.
Com o tipo de demanda litigada, o fornecimento de medicamentos obteve julgamento
em 2009 de 35 (64,8%) processos e, em 2010, 28 (71,8%). Todas as ações que demandam por
fornecimento de alimento – leite – foram julgadas em 2009, bem como as de cirurgia, quatro
(66,7%). No que concerne aos agravos, os crônico-degenerativos tiveram julgamento da
totalidade em 2007 e 2008, com julgamento de 31 (57,4%) em 2009 e de 27 (69,2%) em
2010. No entanto para os agravos Gastrointestinais todos foram julgados em 2010, igualmente
ao de Causas Externas. As ações que não possuíam informações a respeito dos agravos
acometidos pelos usuários, foram julgadas, em sua maioria, oito (57,1%) em 2010.
As decisões proferidas que concederam liminares favoráveis ao acesso ao SUS foram
contempladas integralmente em 2007 e 2008 e no ano de 2009, a maioria teve decisão
favorável, com 50 (92,6%) demandas atendidas, e, em 2010, com 37 (94,9%) decisões
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 69
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

favoráveis. Esse dado contempla as decisões com demandas atendidas e as parcialmente


atendidas. Estas que foram proferidas parcialmente concederam o acesso aos cidadãos com
ressalvas que não comprometiam o usuário, como por exemplo, redução do valor da multa,
extensão do prazo para adequação e atendimento dos serviços. As decisões não favoráveis aos
usuários foram proferidas, em grande parte, quatro (66,7%), no ano de 2009. Estas estão
atreladas a falta de informações necessárias à apreciação das autoridades judiciais na
elaboração das decisões.

Gráfico 03: Ano de julgamento das ações por Acórdão e Decisões Monocráticas

35 33
Número absoluto de processos

30 27

25

20

15 Acórdãos
Decisões Monocráticas
10
5 6
4
5
0 0
0
2007 2008 2009 2010
Ano de julgamento das ações

Fonte: Elaborado pelo próprio autor com as ações disponíveis no sítio do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.

Após o detalhamento desses dados oriundos da análise dos 103 processos com
demandas que versam sobre a judicialização da saúde, no Estado da Bahia, no período de
2005 a 2010, pode-se concluir que há uma crescente demanda por ações que pleiteiam o
acesso às tecnologias de saúde do SUS, que possui uma tendência de crescimento para os
anos posteriores, decorrente da jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal Federal em
2009 e da difusão de informação sobre o tema para a sociedade, principalmente por meio da
mídia.
Ademais, a busca por medicamentos detalha a característica emblemática da sociedade
com a supervaloração dos medicamentos e, consequente, seu uso irracional, além da
valorização dada às tecnologias duras em detrimento das relacionais vislumbradas pelo
sistema de saúde que luta pela promoção e prevenção em sua Constituição, Leis, Decretos e
Portarias, que constantemente fazem parte do arcabouço jurídico do nosso sistema de saúde.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 70
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Outro ponto intrigante da análise refere-se ao grande litígio por medicamentos essenciais, que
são contemplados pela Assistência Farmacêutica, no nível ambulatorial do sistema, para
tratamento de Diabetes, Hipertensão e Cardiopatias, associados aos medicamentos de maior
custo à Administração Pública para o tratamento de Hepatite C, Cânceres e Doenças Raras.
Posterior à análise desses dados percebe-se o quanto nosso sistema de saúde, apesar
dos 24 anos de existência, ainda caminha em passos curtos para o atendimento da
universalidade, integralidade e equidade de suas ações. Passos esses, que são permeados por
momentos de retrocessos, superação e avanços. A judicialização da saúde faz parte dessa
construção, desse delineamento de passos, corroborando com o desenvolvimento crítico e
participativo de todos que compõem o sistema - usuários, profissionais de saúde, gestores,
acadêmicos e, também, as autoridades judiciais, para estabelecimento de um SUS justo e
pertencente a todos os cidadãos.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 71
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

4.2 O Poder Judiciário desvelando um caminho para o Acesso às Tecnologias de Saúde


no Sistema Único de Saúde – SUS

O acesso às tecnologias de saúde no SUS através do Poder Judiciário determina a


garantia do direito à vida e à saúde aos usuários que apresentam as demandas pleiteadas
atendidas em quase a totalidade das ações. Esse caminho alternativo percorrido pelo usuário
além de permitir o acesso ao sistema de saúde proporciona o exercício da cidadania
determinada pela participação desse indivíduo como um cidadão, que vislumbra o
cumprimento de seus direitos sociais estabelecidos na Constituição Federal de 1988 e almeja
por uma justiça social.
Os direitos sociais protegidos no ordenamento jurídico brasileiro derivam dos direitos
humanos fundamentais, que são direitos históricos por terem se desenvolvido a partir de
processos de lutas em defesa dos direitos e de liberdade, de forma gradual e evolutiva,
gerando as quatro dimensões, consideradas atualmente, dos direitos fundamentais. Essas
dimensões que direcionam e inspiram o posicionamento adotado nas decisões prolatadas pelos
juízes, como também no comportamento administrativo do Executivo e da cidadania exercida
pelos indivíduos na tentativa constante de resolução de um único entrave, a garantia dos
direitos que são próprios e conquistados pelo homem (BOBBIO, 2004).
O poder do cidadão na busca por esses direitos desvela um leque de possibilidades do
indivíduo como um sujeito ativo que busca o acesso à justiça como uma garantia efetiva do
cumprimento dos direitos instituídos na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948,
que elucida a democracia e a paz como fundamentos para o entendimento do direito à vida
como qualidade de vida e fundamental para a dignidade da pessoa humana.
A Sociedade Civil Organizada possui grande poder na efetivação dos direitos humanos
atuando como atores fundamentais na mobilização do Poder Judiciário para a satisfação de
seus direitos que foram negados ou insatisfeitos. Essa faculdade de mobilização social possui
forças que movimentam o ordenamento jurídico em favor dos indivíduos com o acesso à
justiça e são propulsoras de mudanças na atuação prática dos direitos. Destarte, a atuação da
Sociedade Civil Organizada se faz presente tanto no âmbito internacional, com o acesso a
tratamento para HIV/AIDS no Chile, a não segregação escolar nos Estados Unidos, o acesso à
saúde na Alemanha, o acesso a serviços de saúde pelos acometidos por surdez no Canadá,
entre outros exemplos de participação social na busca pelos seus direitos (CONTESSE,
PARMO, 2008).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 72
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

No Brasil, a mobilização social apresenta resultados semelhantes, com resultados


favoráveis aos cidadãos quando há o acesso à justiça. No caso brasileiro, em particular, a
maior demanda do Poder Judiciário está atrelada às ações que pleiteiam acesso ao sistema de
saúde, sendo o fornecimento de medicamentos o mais litigado. Estes medicamentos foram,
primeiramente, solicitados para o tratamento dos usuários com HIV/AIDS e, com a evolução
da sociedade, a partir do aumento da expectativa de vida da população, os que mais são
requisitados se enquadram no tratamento de doenças crônicas, associado às doenças raras,
decorrente do avanço tecnológico.
Para o sistema de saúde, as demandas por medicamentos pela via judicial provocam
grandes prejuízos ao planejamento e gerenciamento das ações e serviços ofertados pelo SUS,
além de deslocamento das verbas orçamentárias destinadas à saúde para o cumprimento das
ações judiciais individuais, na grande maioria, ou coletivas. Estados como São Paulo e Rio
Grande do Sul gastaram, respectivamente, mais de 40 e 30% do orçamento estadual da
Secretaria de Saúde no ano de 2007, com cumprimento de ações judiciais para medicamentos
(CYRILLO, CAMPINO, 2010).
Essa busca significativa por tecnologias de saúde que abordamos no estudo como,
medicamentos, alimentos, internamentos, tratamentos, exames, transferências, próteses,
aparelhos, dentre outros, elucidam a expressiva notoriedade do uso das “tecnologias duras”
discutidas por Merhy (2007) e da demasiada medicalização do cuidado à saúde, que está
presente no cotidiano da sociedade a partir da globalização, na organização dos serviços e
fortalecida pelo acesso à justiça com o Poder Judiciário, desvalorizando as tecnologias
relacionais e o poder ativo do sujeito no direcionamento do processo saúde-doença.
Com a análise realizada no Estado da Bahia, as demandas judiciais na saúde
convergem com os dados estatísticos do país, com o acesso a medicamentos sendo o mais
litigado no Poder Judiciário. A análise dessas ações permite inferir que independente do
estado ou região, a judicialização avança significativamente, promovendo alterações tanto no
Executivo, através do planejamento e gerenciamento das ações e serviços e orçamentos com o
cumprimento dos processos, como no Judiciário, forçando as autoridades judiciais a
aprofundarem seus conhecimentos para decisões mais justas e coerentes, tanto com os
usuários como para os serviços, além da sociedade, através da incorporação de mais um
dispositivo para o exercício do efetivo controle social e cidadania.
A partir da judicialização, os direitos preconizados na Carta Magna passam a ser
visualizados como possíveis a serem cumpridos e garantidos àqueles cidadãos que tiveram
seu acesso ao SUS negado ou dificultado, independente da barreira institucional, geográfica,
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 73
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

política, social ou até mesmo econômica enfrentada que inviabilizou ao cidadão a efetivação
dos seus direitos e, em alguns casos, de forma significativa, na manutenção da qualidade de
vida e dignidade da pessoa humana.
Os resultados obtidos advindos da análise dos processos judiciais que litigavam o
acesso às tecnologias de saúde no SUS no Estado da Bahia demonstram que a maioria das
demandas pleiteada no Poder Judiciário foi atendida com determinação de cumprimento pelo
Estado ou município do que foi solicitado, independente das alegações que os mesmos
apresentavam nos recursos como justificativa para se escusarem das decisões. Essa postura
apresentada pelo Tribunal de Justiça da Bahia é consonante com a jurisprudência adotada pelo
Supremo Tribunal Federal após Audiência Pública realizada em 2009 no que diz respeito à
judicialização da saúde no país, com a consolidação do entendimento de que a garantia do
direito à vida e a saúde está pautada no princípio da dignidade da pessoa humana na resolução
de processos judiciais que demandam cuidado à saúde pelo SUS.
Nesse sentido, na realização da Audiência Pública, casos foram destacados na
solidificação do posicionamento adotado no STF, a título de exemplo, o Estado de
Pernambuco, que foi determinado a custear as despesas na realização de cirurgia para
implante de marcapasso diafragmático muscular em vítima de assalto que foi de elevado custo
e realizado ainda como procedimento experimental, no Estado do Ceará e município de
Sobral, que foram determinados a transferirem todos os pacientes que necessitassem de UTI
para esta unidade, a determinação do fornecimento de medicamentos para um usuário com
doença genética rara e degenerativa no Estado do Paraná e no município de Igrejinha com
fornecimento de medicamento para Leucemia, que constava na lista do SUS, porém em falta
na Farmácia Popular (BRASIL, 2009).
As ações que não tiveram as demandas dos usuários atendidas estavam atreladas a
falta de comprovação da demanda com documentação legal e a falta de interesse da parte no
processamento da ação. Assim, em todos os outros casos analisados, a demanda foi atendida,
com, apenas alguns, apresentando ajustes, em relação à dilação do prazo para cumprimento da
decisão ou redução no valor da multa caso não houvesse a efetivação do que foi pleiteado.
As provas pré-constituídas são imprescindíveis para o fundamento da demanda
detalhando o estado de saúde dos usuários e a necessidade da tecnologia pleiteada e devem ser
apresentadas, por meio de receitas e relatórios médicos, devidamente assinados, carimbados e
com apresentação do registro profissional pelo Conselho Regional de Medicina – CRM, para
que sirvam de base no processamento e julgamento das ações e sustentem as decisões
proferidas pelos juízes.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 74
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Outro ponto analisado evidencia que os processos, em sua maioria, são em favor de
apenas um indivíduo. A jurisprudência adotada pelo Judiciário delineia que o Estado é
responsável pelo cumprimento do direito à saúde, que é um direito social, logo coletivo, mas,
principalmente, individual e que as necessidades de cada cidadão devem ser atendidas.

Em relação aos direitos sociais, é preciso levar em consideração que a prestação


devida pelo Estado varia de acordo com a necessidade específica de cada cidadão.
Assim, enquanto que o Estado tem que dispor de um determinado valor para arcar
com o aparato capaz de garantir a liberdade dos cidadãos universalmente, no caso de
um direito social como a saúde, por outro lado, deve dispor de valores variáveis em
função das necessidades individuais de cada cidadão. Gastar mais recursos com uns
do que com outros envolve, portanto, a adoção de critérios distributivos para esses
recursos (BRASIL, 2009b, p.11).

Para o Judiciário, o fato de ser garantido o direito apenas a um indivíduo não


desmerece a decisão favorável, pois o mesmo possui direitos iguais ao da coletividade para a
efetivação dos direitos e preservação da dignidade na manutenção da saúde. No entanto, este
foi o maior ponto de alegação tanto do Estado como do município, para que não houvesse o
cumprimento das decisões, alegando que não poderia ser em favor apenas de um indivíduo em
detrimento da coletividade, deslocando planejamento e orçamentos de programas coletivos
para o atendimento de uma demanda individualizada.
Em alguns casos houve a determinação da ampliação do fornecimento da tecnologia
pleiteada a todos os cidadãos que se enquadrarem nos critérios para seu uso. Nesse sentido, o
individual proporcionou a ampliação do serviço para os demais usuários, para que pudessem,
também, usufruir e ter garantido seu acesso ao SUS, como nos casos de acesso a
medicamentos para pacientes em retratamento da Hepatite C, tratamento para Transtorno
Bipolar e Câncer.
Ademais, os requeridos nos processos alegavam que as tecnologias litigadas, em sua
maioria, eram de elevado custo para o sistema, ainda mais quando associados ao atendimento
individualizado, bem como algumas não faziam parte do rol de serviços oferecidos pelo SUS
e que, atualmente, são delineados pelo RENASES, ou até mesmo, que não possuíam registro
junto à ANVISA, sem autorização e/ou comprovação para sua utilização no país.
De acordo com o voto do Ministro Gilmar Mendes, em ação paradigma para a
judicialização da saúde (BRASIL, 2009b, p.26),

(...) deverá ser privilegiado o tratamento fornecido pelo SUS em detrimento de


opção diversa escolhida pelo paciente, sempre que não for comprovada a ineficácia
ou a impropriedade da política de saúde existente.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 75
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Essa conclusão não afasta, contudo, a possibilidade de o Poder Judiciário, ou de a


própria Administração, decidir que medida diferente da custeada pelo SUS deve ser
fornecida a determinada pessoa que, por razões específicas do seu organismo,
comprove que o tratamento fornecido não é eficaz no seu caso.
Ressalte-se, ainda, que o alto custo do medicamento não é, por si só, motivo para o
seu não fornecimento, visto que a Política de Dispensação de Medicamentos
excepcionais visa a contemplar justamente o acesso da população acometida por
enfermidades raras aos tratamentos disponíveis.

Esse entendimento com relação à dispensação de medicamentos pelo SUS, através do


Judiciário, não escusa o Estado da responsabilidade da garantia de acesso ao direito à vida do
cidadão, entretanto, permite que haja uma ponderação na decisão, favorecendo,
primeiramente, o tratamento fornecido pelo SUS caso não se comprove a ineficácia ou
impropriedade do sistema. Posteriormente, se a demanda não estiver sendo contemplada pelas
políticas do sistema de saúde, para o Ministro Gilmar Mendes, em seu voto, (BRASIL, 2009b,
p.24), “é imprescindível distinguir se a não prestação decorre de uma omissão legislativa ou
administrativa, de uma decisão administrativa de não fornecê-la ou de uma vedação legal a
sua dispensação”.
Ademais, vale ressaltar que a atuação do Poder Judiciário na judicialização da saúde
não vislumbra a interferência na atuação dos demais poderes com criação de políticas
públicas, como é alegado em diversos recursos oriundos da escusa dos entes federados e, sim,
na efetiva concretização das políticas já existentes que não estão sendo cumpridas pelos
órgãos competentes do Executivo. Esse posicionamento foi consolidado após a Audiência
Pública em 2009, em que o Ministro Gilmar Mendes, em seu voto discorre que,

Após ouvir os depoimentos prestados pelos representantes dos diversos setores


envolvidos, ficou constatada a necessidade de se redimensionar a questão da
judicialização do direito à saúde no Brasil. Isso porque, na maioria dos casos, a
intervenção judicial não ocorre em razão de uma omissão absoluta em matéria de
políticas públicas voltadas à proteção do direito à saúde, mas tendo em vista uma
necessária determinação judicial para o cumprimento de políticas já estabelecidas.
Portanto, não se cogita do problema da interferência judicial em âmbitos de livre
apreciação ou de ampla discricionariedade de outros Poderes quanto à formulação de
políticas públicas (BRASIL, 2009b, p.22-3).

No tocante aos custos causados à administração pelo acesso às tecnologias, o


posicionamento elucidado pelo STF está atrelado à garantia de, pelo menos, o mínimo
existencial necessário para que o indivíduo e/ou coletividade vislumbre a dignidade da pessoa
humana, como discorre o Ministro Celso de Mello em seu voto no (BRASIL, 2009b, p. 44-5):

Não se mostrará lícito, contudo, ao Poder Público, em tal hipótese, criar obstáculo
artificial que revele – a partir de indevida manipulação de sua atividade financeira
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 76
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

e/ou política-administrativa – o ilegítimo, arbitrário e censurável propósito de


fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento e a preservação, em favor da
pessoa e dos cidadãos, de condições materiais mínimas de existência (ADPF
45/DF, Rel. Min. Celso de Mello, Informativo/STF nº 345/2004).
Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da “reserva do possível” –
ressalvada a ocorrência de justo motivo objetivamente aferível – não pode ser
invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se, dolosamente, do
cumprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente quando, dessa
conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou, até mesmo,
aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial
fundamentalidade (grifos do autor).

Além da alegação dos altos custos para o sistema que comprometem o planejamento
das ações e serviços do SUS, outra causa para a escusa do Executivo em cumprir a decisão faz
referência à determinação da competência de cada ente federado. Não obstante, o Judiciário
entende que independente da esfera que foi litigado a demanda, todas são responsáveis pelo
cumprimento do direito à vida e à saúde dos cidadãos, a partir do estabelecimento da
responsabilidade solidária inerente às esferas do Executivo.

A competência comum dos entes da Federação para cuidar da saúde consta do art.
23, II, da Constituição. União, Estados, Distrito Federal e Municípios são
responsáveis solidários pela saúde, tanto do indivíduo quanto da coletividade e,
dessa forma, são legitimados passivos nas demandas cuja causa de pedir é a
negativa, pelo SUS (seja pelo gestor municipal, estadual ou federal), de prestações
na área da saúde.
O fato de o Sistema Único de Saúde ter descentralizados os serviços e conjugado os
recursos financeiros dos entes da Federação, com o objetivo de aumentar a qualidade
e o acesso aos serviços de saúde, apenas reforça a obrigação solidária e subsidiária
entre eles (BRASIL, 2009b, p. 17-8).

Esta justificativa esteve presente em todas as ações em que o Estado e o município


negavam a responsabilidade, colocando-a em outra esfera, da efetivação das decisões. No
entanto, as decisões determinaram o cumprimento das decisões independente do ente federado
responsável.
Algumas ações apresentaram a informação do usuário que realizou o pedido
administrativo junto ao órgão de saúde como também o Estado e o município alegando que
não tinha sido efetivada nenhuma solicitação administrativa para a demanda pleiteada. Esse
dado pode significar um ponto de partida para o estabelecimento da comunicação entre o
usuário – serviços de saúde – Judiciário. Com o entendimento do pedido administrativo como
uma tentativa do usuário em ter acesso ao SUS, caso este seja negado pelo órgão competente
no campo da saúde, determina a abertura do caminho do usuário para a via judicial. No
entanto, se estes pedidos fossem analisados, a priori, pelos entes federados competentes,
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 77
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

poderiam procurar soluções cabíveis às demandas e, com isso, serem considerados pontos
chaves para a redução da judicialização.
Além disso, o Poder Judiciário destaca ser imprescindível o estabelecimento de
critérios para embasarem as decisões das ações judiciais como, por exemplo, a análise de
existência de políticas públicas de saúde sobre determinada demanda em questão, bem como a
revisão periódica dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, periodicamente, e a
elaboração de novos protocolos, por órgãos competentes, no intuito de acompanhar a
evolução tecnológica e, a partir disso, possibilitarem a incorporação de novas tecnologias ao
sistema de saúde.
Dessa forma, a existência desses protocolos permite que haja uma maior segurança ao
usuário com relação ao uso de medicamentos e/ou, bem como permite uma melhor
distribuição dos recursos públicos. Todavia, em casos que as indicações terapêuticas não
estejam contempladas pelos protocolos, o Estado não pode exonerar-se da obrigação de
cumprimento das decisões, mas, estas, devem ser categoricamente analisadas e
fundamentadas, para que não traga efeitos negativos aos usuários e uso indevido e/ou
inadequado dos recursos.

Parece certo que a inexistência de Protocolo Clínico o SUS não pode significar
violação ao princípio da integralidade do sistema, nem justificar a diferença
entre as opções acessíveis aos usuários da rede pública e as disponíveis aos
usuários da rede privada. Nesses casos, a omissão administrativa no tratamento
de determinada patologia poderá ser objeto de impugnação judicial, tanto por
ações individuais como coletivas. No entanto, é imprescindível que haja
instrução processual, com ampla produção de provas, o que poderá configurar-
se um obstáculo à concessão de medida cautelar.
Portanto, independentemente da hipótese levada à consideração do Poder
Judiciário, as premissas analisadas deixam clara a necessidade de instrução das
demandas de saúde para que não ocorra a produção padronizada de iniciais,
contestações e sentenças, peças processuais que, muitas vezes, não contemplam
as especificidades do caso concreto examinado, impedindo que o julgador
concilie a dimensão subjetiva (individual e coletiva) com a dimensão objetiva do
direito à saúde. Esse é mais um dado incontestável, colhido na Audiência
Pública – Saúde (BRASIL, 2009b, voto do Min. Gilmar Mendes, p. 28) (grifo do
autor).

Assim, inferimos a relevância dada pelo Judiciário no fundamento da necessidade de


saúde pleiteada para que haja uma decisão justa e coerente, tanto com o indivíduo como para
a administração. Nesse ínterim, visualizamos a veemente necessidade de um corpo de
profissionais técnicos da área de saúde para atuarem juntamente com as autoridades judiciais
na desenvoltura de ações que demandem de instruções para embasarem seus atos decisórios.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 78
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Diante da análise dos processos, as solicitações de acesso às tecnologias de saúde no


SUS encontradas foram categorizadas em grupos de demandas, tais como acesso a
medicamentos, a internamentos e tratamentos, a cirurgias e as demais solicitações como,
acesso a exames, próteses, aparelhos, materiais, transporte, transferências foram reunidas em
um único grupo de análise, por representarem a minoria das ações.

4.2.1 Judicialização da Saúde para o Acesso a Medicamentos no SUS

O acesso a medicamentos no SUS pela via judicial tem notoriedade significativa por
apresentar o maior número de processos judiciais que foram ajuizados no Estado da Bahia.
Estas ações são, em sua maioria, decididas em favor do usuário para que o mesmo tenha seus
direitos constitucionais garantidos, independente se as medicações pleiteadas estão
disponíveis no SUS, se integram a lista do RENAME e, até mesmo, se possuem registro,
autorização e com eficácia comprovada pela ANVISA.
Alguns estudos como de Chieffi e Barata (2010), Leite e Mafra (2010) e Lopes e
colaboradores (2010) evidenciam a cautela quanto à dispensação de medicamentos pela via
judicial, por grande parte destes, estarem relacionados a inovações terapêuticas, sem registro
sanitário, com indicações diferentes das que foram registrados, caracterizando o uso off label.
Com o uso de medicamentos novos que não possuem a eficácia garantida pelo órgão
regulador do país, os tratamentos não asseguram resultados positivos aos usuários, além de
onerar o SUS ao financiar tratamentos que seriam de responsabilidade dos laboratórios
vinculados aos medicamentos.
Nesse ínterim, esses autores compreendem que a indústria farmacêutica possui grande
influência nas prescrições médicas, para que haja o aumento das vendas de determinados
produtos, estimulando a sociedade para um uso intenso de medicamentos, muitas vezes, não
acessíveis financeiramente pelos usuários e, determinando, por via judicial, que o Estado se
responsabilize pela sua aquisição, privilegiando laboratórios e indústrias farmacêuticas na
divulgação de seus produtos, tidos como inovações tecnológicas imprescindíveis para a
recuperação dos indivíduos.
Ademais, a utilização de medicamentos de forma indiscriminada poderá causar
grandes prejuízos à saúde dos indivíduos, proporcionando o advento de eventos adversos
imprevistos, caracterizado pelo uso irracional de medicamentos. Esse fator desloca a
promoção da saúde e a prevenção de doenças e agravos para um segundo plano no
direcionamento das políticas públicas de saúde, através do foco substancial dado aos
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 79
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

medicamentos, principalmente os excepcionais e de alto custo. Como já explicitado, esse fator


condiciona a demasiada relevância dada às tecnologias duras e à medicalização da sociedade
no cuidado à saúde.
Essa medicalização da sociedade e, por consequência, a medicalização do próprio
Poder Judiciário decorre de uma mudança cultural e social de forma histórica e gradual, desde
a introdução dos conhecimentos médicos na sociedade e sua difusão alavancada pela
globalização. Essa situação faz com que a sociedade evolua no sentido de se tornar mais
dependente dos profissionais de saúde, em particular, da categoria médica, em detrimento da
valorização potencial de sua singularidade e liberdade na condução do processo saúde-doença
de cada cidadão de forma individual e/ou coletiva (TESSER, 2010).
As dificuldades enfrentadas pelo cuidado à saúde e pelo sistema de saúde do país estão
diretamente atreladas a essa medicalização, pois promove a fragmentação das ações,
inviabilizando a integralidade, a qualidade do cuidado, o estabelecimento de vínculo e
responsabilização entre os usuários e os profissionais, de forma dialógica, com a supremacia
de tecnologias duras em detrimento das leves, pautadas por rigidez e inovações tecnológicas,
que intensifica a concepção biologicista das doenças.
Somado à medicalização está a escusa dos requeridos em cumprirem às ações com
alegação de não ser possível o privilégio de um indivíduo em detrimento da coletividade,
pautado na integralidade, universalidade e equidade preconizados pelo SUS. Além de que, o
direcionamento de verbas orçamentárias de forma individualizada irá acarretar redução de
serviços para a coletividade. A título de exemplo, uma alegação do Estado justificando a
dispensa no cumprimento da decisão em fornecer o medicamento a um usuário (Doc. 70, p.
01):

Aduz, em sua retórica, que o provimento liminar antecipatório acarreta lesão à saúde
pública, sobretudo no que concerne à gestão dos recursos exíguos que deverão ser
destinados a um número indeterminado de pacientes e não a um único beneficiário,
o que configuraria malversação de verba pública, devendo ser disponibilizada para o
tratamento de outras doenças, mais usuais e de menor custo para o erário.

Nesse caso em específico, além das alegações acima discorridas, o Estado apresenta
uma justificativa no seu recurso que contraria todos os princípios e diretrizes do SUS e à
Constituição, ao afirmar que os recursos financeiros do sistema devem ser alocados
preferencialmente em doenças mais comuns na sociedade e que sejam de menor custo aos
cofres administrativos. Com isso, está condenando aquele indivíduo que possui uma doença
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 80
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

rara e que demanda por tratamentos de elevados custos a padecerem com suas patologias e de
não estar cumprindo aos seus deveres constitucionais, focando apenas as finanças públicas em
detrimento da dignidade da pessoa humana.
O Judiciário consolida seu entendimento que o Estado não deve exonerar-se de suas
obrigações e do cumprimento de cláusulas estabelecidas na Carta Magna evocando a
responsabilidade de assegurar aos cidadãos o direito à saúde em sua amplitude determinando
a integralidade do cuidado do indivíduo independente da patologia que o acomete. Assim,
determina que “é obrigação do Estado (...) assegurar às pessoas desprovidas de recursos
financeiros o acesso à medicação ou congênere necessário à cura, controle ou abrandamento
de suas enfermidades, sobretudo as mais graves” (Doc. 70, p.2).
Assim, os direitos sociais são garantidos a cada indivíduo e/ou coletividade com a
efetivação do direito à saúde e da preservação da dignidade da pessoa humana ratificando que
o acesso ao sistema de saúde é um direito de todos e que deve ser cumprido pelo Estado para
a universalidade e equidade do sistema e o cuidado de saúde prestado de forma integral, digna
e responsável.
Nesse sentido, a jurisprudência consubstanciada pelo Tribunal de Justiça do Estado da
Bahia direciona o Estado como responsável pelo cumprimento de suas obrigações no tocante
ao direito à saúde a todos os cidadãos.

não procede a argumentação da Procuradoria do Estado no sentido de que o


acolhimento da demanda ira beneficiar o Impetrante em detrimento de toda a
coletividade, pois ao Estado compete promover políticas publicas que garantam
atendimento de saúde a todos os que dele necessitarem. As expensas públicas
devem ser direcionadas prioritariamente ao atendimento dos direitos fundamentais,
como e o caso do direito a saúde. Não e licito, pois, ao gestor do dinheiro publico,
sem qualquer demonstração objetiva, utilizar-se de argumentos orçamentários para
eximir-se de suas obrigações constitucionais, especialmente no que diz respeito ao
direito a saúde, corolário do direito a vida, cuja proteção e a razão fundamental de
existir do Estado (Doc. 20, p.5).

Entretanto, o Poder Judiciário, em alguns casos, estendeu a demanda individualizada


para a coletividade, em situações como retratamento para Hepatite C, Transtorno Bipolar e
Câncer, devido ao significativo número de ações similares e pela relevância do agravo em
causar riscos à vida do cidadão.

Trata-se de recurso de Apelação interposto pelo Estado da Bahia, (...) condenando


este a fornecer o medicamento Interferon, na forma Peguilada, a todos os pacientes
portadores do vírus da Hepatite C que dele necessite por prescrição médica.
(...)
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 81
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Convém ressaltar, que não pretendeu o Parquet (Ministério Público) o fornecimento


do medicamento de forma generalizada a todos os portadores do vírus da Hepatite C,
mas tão somente aos pacientes que por prescrição médica dele necessitem.
(...)
Como bem destacou o magistrado sentencialmente, “o médico que faz o
acompanhamento do tratamento do portador da Hepatite C, determina que para
combatê-la o mesmo deve se submeter ao retratamento com o Interferon Peguilado,
este deve ser medicado na forma prescrita, não cabendo à Secretaria de Saúde do
Estado da Bahia excluir o paciente do programa somente porque ele já foi tratado
anteriormente com o já citado remédio, sob pena de o seu fornecimento configurar
lesão ao direito à vida”.
(...)
Existindo medicamento capaz de propiciar um melhor tratamento dos pacientes
portadores do vírus da Hepatite C, mormente quando resta evidenciada a
necessidade da ingestão do medicamento sugerido por autoridade médica
competente, mostra-se lícito exigir sua realização pelo Poder Público, que desta
obrigação não pode se eximir (Doc. 01, pp. 2, 7 e 10).

O Ministério Público ajuizou Ação Civil Pública (...), objetivando garantir a


extensão da padronização do medicamento TRILEPTAL aos portadores de
Transtorno Bipolar, bem como o fornecimento do medicamento à cidadã.
(...)
Segundo consta dos autos, o anticonvulsionante TRILEPTAL solicitado não está
incluído no Programa de Medicamentos Excepcionais em Saúde Mental da
SESAB/MS para o transtorno psíquico que acomete a paciente (...) e os demais
portadores de Transtorno Bipolar (Doc. 31, pp.6 e 7).

O tratamento para portadores de Hepatite C é regulamentado no país pela ANVISA


através da Portaria SAS/MS nº 863, de 04 de novembro de 2002, através da publicação do
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral Crônica C que regulamenta o
fornecimento dos medicamentos Ribavirina, Interferon Alfa e o Interferon Alfa Peguilado a
todos os pacientes com diagnóstico da patologia referida. No entanto, no referido protocolo
destaca-se como critérios de exclusão do tratamento pacientes que realizaram tratamentos
prévios com as medicações já indicadas (BRASIL, 2002b).
Apenas em 2012, com a publicação da Portaria nº 20, de 25 de julho de 2012, o
Sistema Único de Saúde incorpora os medicamentos Telaprevir e Boceprevir no retratamento
da Hepatite Crônica C em associação com os demais medicamentos já estabelecidos
(BRASIL, 2012). Durante esta lacuna temporal, os indivíduos acometidos pela patologia que
não obtiveram êxitos nos tratamentos, permaneceram sem uma indicação terapêutica para a
resolubilidade de sua demanda. Apesar da incorporação dos medicamentos pelo SUS em julho
de 2012, somente em fevereiro de 2013 (BRASIL, 2013a), é lançada uma nota técnica
estabelecendo o fluxograma para a dispensação dos medicamentos pelo SUS.
Com relação ao Transtorno Bipolar, o medicamento pleiteado não consta no
RENAME (BRASIL, 2012), bem como o Ministério da Saúde não possui nenhum PDCT para
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 82
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

o tratamento e acompanhamento dos usuários que são acometidos pela enfermidade. Nesse
sentido, que o Poder Judiciário determina a padronização do uso da medicação para todos os
portadores do Transtorno Bipolar. O Estado alega que realizou em 2007 o pedido de avaliação
à Comissão Estadual de Farmácia Terapêutica da incorporação da tecnologia, mas no período
de julgamento do processo, em 2009, e até os dias atuais, não houve nenhuma incorporação
do SUS para a dispensação de tal tecnologia (Doc. 31, p. 4).
Outro ponto, refere-se à utilização da via judicial como caminho para a dispensação de
medicamentos devido às dificuldades encontradas pelos usuários, evidenciando barreiras ao
acesso dos mesmos dentro do ordenamento administrativo do sistema de saúde. Em algumas
ações, os próprios usuários, anteriormente à via judicial, tinham recorrido à instituição de
saúde para realizar a solicitação da demanda de forma administrativa. Somente a partir da
ausência de posicionamento ou, até mesmo da negativa no atendimento à tecnologia pleiteada,
foi recorrido ao Judiciário.

Tratam os autos de Mandado de Segurança (...) contra ato do Secretário de Saúde do


Estado da Bahia, ora apontado como Autoridade Coatora, que não teria manifestado-
se acerca do seu pedido administrativo para fornecimento da medicação
Palivizumabe, da qual necessita urgentemente.
(...)
No mérito, (...) também, foi satisfatoriamente demonstrado que a autoridade coatora
omitiu-se na entrega da prestação pleiteada administrativamente pelo genitor da
menor. Tal omissão materializou-se em concreto ato ilegal por parte do Estado, na
medida em que lhe cabe garantir a todos o direito à saúde, promovendo a prevenção
de doenças, proteção e recuperação dos enfermos, conforme obriga o art. 196 da
Constituição Federal (Doc. 13, pp. 3, 8).

Alega que solicitou junto ao Sistema Único de Saúde – SUS, o fornecimento de


quatro doses de vacina antipneumocócica e duas doses de antimeningocócica,
entretanto, o Estado da Bahia, através do Secretário de Saúde, informou que “as
respectivas vacinas não se incluem no calendário regular de vacinação imposto pelo
SUS, sendo de responsabilidade dos responsáveis buscar sua satisfação através de
adimplemento nas farmácias e clínicas particulares da cidade” (Doc. 41, p.3)

Em outras ações, o próprio requerido alega a necessidade de realização do pedido


administrativo junto às esferas competentes para que não houvesse a necessidade de acesso
por via judicial, com a resolução da demanda de forma administrativa, além de que a via
judicial eleva os custos para o sistema, decorrente do cumprimento da decisão em pouco
tempo, atendendo a necessidade do usuário.

Em sede das informações, alegou o impetrado que os impetrantes não formularam


qualquer solicitação administrativa dos medicamentos e curativos pleiteados (Doc.
05, p.4).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 83
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

No mérito, ressaltou que em nenhum momento o Estado da Bahia teria negado


tratamento à doença de câncer de mama, CID-50 (carcinoma ductal invasivo) e EC
IV (MT hepática, pulmonar) ou especificadamente à cidadã citada, até porque a
referida senhora (...), ou mesmo o Ministério Público, jamais teriam procurado o
Estado para que prestasse atendimento à enferma, mas apenas para que fornecesse,
sem qualquer avaliação prévia, os medicamentos vindicados (Acórdão 11086-1,
p.4).

Alude que os medicamentos Oxibutina e Bacofleno vem sendo dispensados ao


paciente em questão, conforme atestam os termos de recebimento ora anexados ao
processo e com relação ao medicamento Xilocaína Geléia, conforme informação do
autor, pode ser adquirido mediante solicitação em processo administrativo ao setor
de Apoio Diagnóstico, junto à SMS, todavia o recorrido não faz prova de que tenha
providenciado recebê-lo (Doc. 63, p.1).

Para tanto, o Ministério da Saúde organizou um fluxo para que haja a solicitação de
medicamentos por via administrativa junto aos órgãos competentes, que podem ser realizados
pelo próprio usuário ou responsável. Esses pedidos são analisados por um profissional técnico
na área de saúde e, se adequado, será autorizada a dispensação do que foi demandado. No
entanto, os medicamentos solicitados devem já estar contemplados e devem ser dispensados
de acordo com as recomendações listadas nos PDCT. A responsabilidade pela logística
operacional é dos gestores estaduais, enquanto que a CEAF responsabiliza-se pela avaliação,
autorização e dispensação. Os documentos necessários para que haja a efetivação do pedido
administrativo são (BRASIL, 2013b):
 Cópia do Cartão Nacional de Saúde;
 Cópia de documento de identidade;
 Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do Componente
Especializado da Assistência Farmacêutica (LME), adequadamente preenchido;
 Prescrição Médica devidamente preenchida;
 Documentos exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados
na versão final pelo Ministério da Saúde, conforme a doença e o medicamento
solicitado;
 Cópia do comprovante de residência.
A limitação orçamentária é destacada como um dos principais fatores para a escusa do
cumprimento das decisões. Principalmente, com a alegação da reserva do possível e de que o
financiamento do sistema é finito. Ademais, a alocação das verbas orçamentárias para o
cumprimento das decisões proferidas com determinação do fornecimento dos medicamentos
esta diretamente atrelada ao planejamento e programação das ações e serviços do sistema de
saúde.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 84
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Argumenta quanto a existência da clausula da "reserva do possível", e assevera que


ao ser determinado o fornecimento individual do medicamento ao Impetrante, não se
leva em consideração que no sistema político e democrático o atendimento aos fins
do Poder Publico, mediante a realização de gastos, e feito com arrimo em cálculos
antecipatórios, legais e rígidos da destinação dos recursos arrecadados, cuja sede
própria para discussão e a Assembleia Legislativa do Estado, jamais o Judiciário
(Doc. 20, p.3).

Ab initio, salienta o Recorrente que a liminar vergastada interfere na função


administrativa, na gestão de recursos orçamentários, e imputa ao agravante, sob pena
de multa, a responsabilidade por fatos futuros e eventuais, fora da competência do
Estado, gerando riscos à Administração Pública.
(...)
Argumentou que com a ordem judicial pretende-se que o Poder Público seja
obrigado a atender determinada demanda social, nos moldes requeridos e
além das suas capacidades materiais, tratando-se de compelir o ente federado a
realizar o impossível, uma vez que não possui recursos ilimitados (Doc. 55, p.1).

No entanto, o entendimento do Judiciário não acorda com o Executivo, colocando-o


como responsável pelo cumprimento de atendimento às necessidades demandadas pelos
cidadãos, independentemente dos recursos que será destinado dos cofres públicos para a
efetivação dos direitos, bem como dos prejuízos causados à administração e planejamento das
políticas públicas.

Ora, sendo dever do Estado (lato sensu) garantir a saúde dos cidadãos, e não
ignorando as limitações orçamentárias ditadas pela necessidade de atender a toda a
coletividade, na ponderação entre esses valores impõe-se ao magistrado eleger
aquele que, no caso concreto, revela-se merecedor da tutela jurisdicional. Com
efeito, no ensejo não cabe aprofundar o confronto entre a “reserva do possível” e o
“mínimo existencial” para saber se, neste caso, cabe ou não privilegiar o interesse
individual a despeito de serem limitados os recursos destinados à saúde (Doc. 51,
p.2).

Desse modo, a existência de limitação de valores ou de serviços, não afasta a


obrigação constitucionalmente imposta aos entes políticos, solidariamente, de
alcance dos medicamentos, de forma gratuita, mediante a devida comprovação (Doc.
76, p. 2).

Dos processos analisados, grande parte dos medicamentos solicitados integra o grupo
de medicamentos excepcionais, de alto custo e que não eram produzidos no país, que são
direcionados para tratamento de doenças raras como, Síndrome de Hunter, Síndrome de
Sjogren, Miopatia Mitocondrial, Epidermólise Bolhosa Distrófica, Doença de Paget, Púrpura
Trombocitopênica e Cistinose ou de inovação tecnológica com medicamentos que ainda não
foram registrados na ANVISA.
Uma das convergências das ações analisadas esta atrelada a organização das esferas
administrativas no que diz respeito à competência de cada uma. Os requeridos alegam não
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 85
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

serem responsáveis por ações que são de competência de outros entes federados. No entanto,
a jurisprudência do Judiciário consolida que todas as esferas são responsáveis pela garantia do
direito à saúde e à vida do cidadão, independentemente de ser requerido pela rede municipal,
estadual ou da União, por meio da responsabilidade solidária.

Argumentou, também, que o Município de Itabuna não tem competência para


dispensar esse tipo de medicamento considerado excepcional e de alto custo, visto
que tal competência é atribuída ao Estado da Bahia e à União, conforme normas e
diretrizes que norteiam o Sistema Único de Saúde.
(...)
Atente-se à ênfase atribuída ao fato de que a responsabilidade pela prestação dos
serviços de saúde é compartilhada por todos os entes políticos (Doc. 07, pp. 2 e 4).

Esclarece que o Município de Itaberaba é habilitado na Gestão Plena do Sistema


Municipal de Saúde sendo, assim, responsável pelo atendimento integral à
saúde dos seus munícipes, ainda que o Poder Judiciário entenda que a prescrição
do médico assistente deva prevalecer sobre as normas legais e
regulamentares.
(...)
Ademais, a Constituição Federal traz à luz um regime de responsabilidade solidária
entre as pessoas políticas para o desempenho de atividades voltadas a assegurar o
direito fundamental à saúde, uma vez que se referiu ao Estado de forma ampla,
alcançando todos os entes da federação.
Ou seja, quando o constituinte originário estatuiu, no artigo 196 da Constituição
Federal de 1998, a solidariedade na promoção da saúde da população, em cada nível
da Federação, deixou claro que qualquer um deles é responsável pelo alcance das
políticas sociais e econômicas que visem ao acesso universal e igualitário das ações
e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde.
Portanto, é obrigação do Estado (União, Estados-membros, Distrito Federal e
Municípios) assegurar às pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso à
medicação ou congênere necessário à cura, controle ou abrandamento de suas
enfermidades, sobretudo as mais graves (Doc. 79, pp. 2 e 3).

Outras razões emitidas pelos requeridos dizem respeito à existência de medicamentos


que possuem composições similares aos litigados e que estão disponíveis na rede da
Assistência Farmacêutica no SUS e que poderiam ser dispensados para realização do
tratamento, reduzindo custos para aquisição de outros. E, para comprovação da necessidade
de uso do que foi pleiteada, a requisição de Perícias Médicas que atestem a utilização da
demanda solicitada.
Tratam os autos do Agravo de Instrumento nº 35021-8/2009 movidos pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA contra a decisão (fls. 23/27),
que, nos autos da Ação Civil Pública nº 2379564-2/2008 indeferiu o pleito
liminar do Autor, ora Agravante, entendendo que não se pode impor ao Estado o
fornecimento do medicamento denominado “Aclasta” para (...), vez que o SUS
possui a disposição da população medicamentos similares para tratar da enfermidade
sofrida pela insurgente.
Asseverou o Ministério Público que o profissional de medicina que prescreveu o
medicamento à enferma, deixou claro no relatório médico (fls. 17) que o
medicamento “Aclasta” não possui medicamento genérico ou similar que o
substitua.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 86
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Aduziu ainda que o médico responsável, devidamente habilitado e especialista em


ortopedia, traumatologia, cirurgia da coluna e do quadril, é quem deve escolher qual
o medicamento adequado ao caso, não cabendo ao juiz a quo determinar uma
medicação substitutiva, pois está fora da sua alçada (Doc. 09, p. 4).

Afirma ainda a necessidade de realização de exame pericial, a fim de que se possa


averiguar efetivamente, de forma imparcial, a eficácia do procedimento sugerido na
hipótese sub judice (Doc. 59, p.1).

Em um único processo, o Estado, ao entrar com recurso da decisão, não nega o direito
ao usuário do tratamento solicitado, mas atribui que há tratamento alternativo no sistema para
a referida patologia. O Judiciário rebate ao afirmar que não consta nenhuma portaria
ministerial que faça a inclusão da patologia em questão e, por isso, defere em favor do usuário
para o fornecimento do medicamento.

Aduz, ainda, que o CYSTAGON (Bitartarato de Cisteamine) não possui registro na


ANVISA, não integra o RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais),
nem o PROMEX (regulamentado pela Portaria do Ministério da Saúde nº 2.577/06),
e que há tratamento alternativo para a Cistinose disponível através do SUS, o que
implica a inexistência da obrigação de fornecimento gratuito do medicamento
supramencionado, tornando a dispensação deste fármaco um ato discricionário da
Administração Pública, baseado no leque de possibilidades técnicas existentes e nos
critérios eleitos pela SESAB, tema inserido, pois, no âmbito do estrito mérito
administrativo.
(...)
Atente-se, por outro lado, embora qualquer afirmação prévia esteja condicionada
pela instrução do feito em andamento (decerto mandando prova pericial), que a
informação técnica firmada por profissional farmacêutico integrante de instituição
pública – DASF (Diretoria de Assistência Farmacêutica do Governo do Estado da
Bahia) é categórica ao asseverar que o medicamento CISTEAMINA não possui
equivalentes genéricos ou similares no mercado nacional (Doc. 37, pp. 2 e 3).

Com relação à incorporação de novas tecnologias, atualmente, o Ministério da Saúde,


possui uma Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias – CONITEC criada pela lei
Federal nº 12.401/11. Esta lei traz inovações com relação à incorporação de tecnologias como
(BRASIL, 2011e):
 Análise das solicitações de incorporação de tecnologias com base em
evidências de eficácia, efetividade, segurança, e em estudos de impacto no
sistema;
 Oferta de tecnologias segundo Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
(PCDT);
 Na ausência de PCDT, o fornecimento será realizado com base em relações de
medicamentos do SUS;
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 87
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

 Incorporação, exclusão, alteração de medicamentos e tecnologias no SUS e


PCDT definidos como atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias;
 Participação da sociedade por meio de representantes do Conselho Nacional de
Saúde e do Conselho Federal de Medicina;
 Prazo para análise: 180 dias corridos, prorrogáveis por mais 90, contados a
partir da data de protocolo da solicitação, para que seja concluído o processo
administrativo de incorporação, exclusão ou alteração de tecnologia;
 Consulta pública obrigatória e audiência pública se a relevância da matéria
justificar, antes da tomada de decisão.
Após a sua regulamentação a CONITEC assume junto ao Ministério da Saúde a
incorporação de tecnologias de saúde no SUS, dentre elas, os medicamentos, principalmente
aqueles associados a doenças raras, de alto custo e os que estão no mercado como alternativas
para doenças que não possuíam medicamentos registrados no país.
A discussão realizada em outros processos foi dirigida ao acesso de medicamentos
para o tratamento de Câncer fora da rede especializada no SUS por meio das Unidades de
Alta Complexidade em Oncologia - UNACON e Centros de Alta Complexidade em
Oncologia – CACON definida pela Portaria GM/MS nº 2.439, de 8 de dezembro de 2005,
com delineamento das responsabilidades dos entes federados na Política Nacional de Atenção
Oncológica (BRASIL, 2005).
Essa rede capta o indivíduo acometido pela patologia fornecendo ao mesmo a
integralidade no cuidado à saúde envolvendo de forma integrada e multiprofissional ações de
diagnóstico, cirurgia oncológica, radioterapia, quimioterapia (oncologia clínica, hematologia e
oncologia pediátrica), medidas de suporte, reabilitação e cuidados paliativos. Dessa forma, os
medicamentos são dispensados aos usuários dentro das redes especializadas na garantia de
continuidade do tratamento, bem como da segurança da administração da medicação.
Destarte, em algumas ações, o medicamento que está sendo litigado já está disponível
na rede especializada para aqueles indivíduos cadastrados nas unidades de tratamento.
Consequentemente, os medicamentos quando dispensados pela via judicial, não garantem à
incorporação dos usuários à rede, o que pode comprometer o acompanhamento do tratamento,
bem como da durabilidade do medicamento devido ao seu acondicionamento e aplicação pelo
usuário. A jurisprudência adotada pelo Tribunal de Justiça da Bahia refere-se a determinação
do medicamento pelo Estado.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 88
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

No mérito, informa que, ao contrario do que alegou a impetrante, não houve omissão
ou descaso do Estado da Bahia quanto ao fornecimento do medicamento requerido.
Relata que o Estado, reconhecendo a relevância da droga para o tratamento de
leucemia mieloide crônica, já vem utilizando tal medicação em 135 pacientes em
tratamento mediante acompanhamento pela Rede Estadual de Oncologia, na qual
integram alguns Hospitais credenciados, condicionando-se a inclusão nos protocolos
de tratamento institucional. Assim, sustenta que, há uma dispensação criteriosa e
controlada do medicamento e não uma omissão como alegou a impetrante.
(...)
Ademais, entendo que as alegações do Estado esposadas na sua peça de defesa não
são motivo suficiente para servir de escusa ao cumprimento do dever
constitucional imposto ao Poder Publico, isso porque para que se façam presentes os
pressupostos de liquidez e certeza do direito pretendido pela impetrante, basta que
haja prova da real necessidade de tratamento medico, com comprovação da
existência da moléstia. sob pena de violação ao direito a saúde garantido
constitucionalmente (Doc. 19, pp. 3 e 7).

Nesse ínterim, a alegação do Estado é cabível, não no sentido de exonerar-se da


obrigação de fornecimento do medicamento litigado, mas, no sentido de não ser possível
garantir a segurança do indivíduo quando ocorre a dispensação dos medicamentos fora da
rede especializada, por não haver uma garantia de continuidade do tratamento, da
administração segura e correta e, consequentemente, do cuidado integral e digno ao cidadão.
Alguns casos apresentaram-se de maneira divergente nos processos judiciais, a
exemplo de um caso, em que, mesmo com alegação da falta de provas para a utilização de
determinado medicamento, a demanda foi atendida com deliberação do cumprimento da
decisão proferida pelo juiz sustentada em relatório médico por especialista na área em
questão.
Em seguida, passando à análise do atributo da prova inequívoca, entendo que o
relatório médico, trazido aos autos é suficiente - neste momento - para demonstrar
a estrita necessidade do fármaco no combate a doença da Agravante, apontando,
inclusive, o insucesso de outras medicações no tratamento da paciente. Até
porque, trata-se de relatório emitido pelo médico que acompanha o estado
clínico da paciente, profissional titulado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia
(Doc. 29, p. 4).

Para o sistema de saúde, que é direcionado pela medicina baseada em Evidências, a


ausência de estudos científicos específicos para a utilização da medicação na referida
patologia, não garante e eficácia do medicamento para o tratamento pleiteado, como põe em
risco a segurança da saúde do indivíduo.
A falta de interesse do requerente esteve presente em apenas uma ação, que não
apresentou a justificativa para tal ausência, se foi decorrente da aquisição do pleito de forma
administrativa junto ao órgão de saúde, falecimento ou aquisição por fonte própria. A
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 89
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

negativa em outra da demanda esteve atrelada a falta de documentação legal, como exemplo a
receita médica sem carimbo, número de registro do médico no Conselho Regional de
Medicina – CRM e, até mesmo, sem a assinatura do profissional responsável.
A comprovação pelo requerente para a demanda solicitada é fundamental para a
interpretação e decisão do juiz. Em um processo foi pleiteado a dispensação de vacinas que
não contempladas pelo calendário vacinal disponibilizado pelo SUS. Após escusa do Estado
no cumprimento do pedido administrativo realizado pelo usuário, o mesmo apresentou
critérios para o uso das vacinas solicitadas, que fundamentadas no manual elaborado por
corpo técnico da área de saúde, o usuário não se enquadrava nos critérios estabelecidos pelo
Ministério da Saúde para dispor de seu uso.
De forma particular, algumas ações judiciais litigavam por acesso a alimentos em
casos de Intolerância Alimentar, com usuários constituídos por crianças, que necessitavam de
um alimento especial para a nutrição. As demandas estavam relacionadas à solicitação de
leites especiais, que no mercado possuem elevados custos, mas que na situação abordada são
imprescindíveis para o crescimento, desenvolvimento e sobrevida das crianças. Todas as
demandas foram favoráveis aos requerentes, independente do valor e a quem era a
competência (ente federado estadual ou municipal), pela jurisprudência firmada pautada no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com garantia de atendimento prioritário às
crianças e adolescentes sob a responsabilidade do Estado.

Em se tratando de criança e adolescente, a Lei 8.069/90 - Estatuto da Criança e do


Adolescente dispôs no artigo 7º:
"A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência."
Por sua vez, o art. 11, 'caput' e §2º do mesmo diploma legal também dispõe:
"É assegurado atendimento médico à criança e ao adolescente, através do Sistema
Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para
promoção, proteção e recuperação da saúde” (Doc. 24, p. 5).

Diante das explanações discorridas, inferimos que o Poder Judiciário atua de forma
emblemática na dispensação de medicamentos para aqueles usuários que litigaram por acesso
ao SUS pela via judicial. Entendemos que o processo de judicialização além de permitir o
acesso ao sistema, possibilita que haja a incorporação de melhorias na estrutura
administrativa, consequentemente na organização dos serviços de saúde, ampliando as ações e
serviços do SUS com a participação ativa do cidadão no processo de incorporação de
tecnologias de saúde.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 90
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

4.2.2 Judicialização da Saúde para o Acesso a Internamentos e Tratamentos no SUS

Além dos medicamentos, outra tecnologia de saúde demandada nos processos judiciais
analisados relaciona-se ao acesso a internamentos e tratamentos custeados pelo SUS. Nessa
categoria, além das instituições públicas, outras fizeram parte do cenário das ações como, as
Instituições Filantrópicas e as Privadas, que foram litigadas a fornecerem os serviços aos
usuários.
Quando houve demanda para estas instituições, as mesmas alegaram a necessidade de
o usuário deixar caução, ou seja, uma fiança como garantia para que os serviços fossem
cobertos durante o período de internamento e tratamento. Essa escusa quando a fiança não era
realizada foi justificado pelo baixo repasse financeiro que recebiam do Estado para realização
das tecnologias pleiteadas, em geral, de elevado custo.

Aduz a Agravante, em síntese, que a agravada deveria ao menos ter prestado caução
(Doc. 90, p.1).

Dentre os serviços de internamento, o tratamento para a Obesidade teve destaque, com


ações que demandavam uma atenção especializada aos usuários para não somente o controle
de peso, como também controle da compulsão alimentar a partir da reeducação alimentar e do
acompanhamento das comorbidades decorrentes do sobrepeso. Esses usuários necessitavam
de atendimento de equipe multiprofissional tamanha a complexidade do caso. Destarte, a
solicitação era o internamento em clínica que pudesse realizar esse tratamento
multiprofissional.

Aduziu que é portadora de transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP),


não sendo indicado para o seu caso a cirurgia bariátrica, posto que ineficaz.
Disse, ainda, que não é recomendável a sua internação em hospitais da rede pública
de saúde por um longo período com outros pacientes devido ao risco de infecções,
sendo recomendável a sua internação na Clínica de Emagrecimento, pois, só
assim, ser-lhe-á assegurado acompanhamento médico e de psicólogo, nutricionista e
profissional de educação física.
Seguiu afirmando que o atual tratamento ambulatorial se afigura ineficaz impedir a
sua compulsão por comida (Doc. 21, p. 7).

Na realidade do sistema de saúde não visualizamos instituições públicas que possuam


a característica desse tipo de atendimento e cuidado ao usuário. Entretanto, com o avançar das
doenças crônicas e a obesidade deixando de ser um fator risco para ser reconhecida como uma
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 91
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

patologia do século XXI o SUS precisa se adequar para o atendimento das necessidades de
saúde de sua população, incorporando acesso aos cidadãos que nele se enquadram.
Nesse ínterim, outro ponto destacado esta relacionado com a busca por tratamentos
para emagrecimento com fins estéticos ou por solicitação de internamento em instituições que
não são registradas como médicas. Com a finalidade de restringir e evitar que haja uso
inadequado dos recursos públicos há a constante alegação da realização dos pedidos
administrativos fundamentado com documentação legal e que possuam o detalhamento da
solicitação e da sua eficácia para a patologia apresentada pelo usuário.
Além da Obesidade, outro ponto que merece destaque está atrelado ao tratamento
Home Care. Muitos usuários demandaram por esta modalidade de tratamento para resolução
de suas necessidades de saúde, por serem usuários de doenças crônicas, como a Esclerose
Lateral Amiotrófica. Todas as decisões foram favoráveis para o Estado fornecer o serviço aos
usuários, impedindo que os mesmo fossem hospitalizados para que pudessem ter garantido o
direito à vida com dignidade.

A decisão Agravada considerou que o bem jurídico em litígio é o direito à saúde,


amparo constitucionalmente, afirmando desalienada a verossimilhança do direito
invocado, vez que conforme documentos adunados as autos, principalmente
os relatórios médicos de fls. 28 à 36, com base em constatou a necessidade de a
Autora ser submetida ao tratamento domiciliar, adequado para o quadro clínico em
que se encontra, e sua negativa constitui uma afronta ao direito fundamental de
saúde, assegurado pela Carta Magna (Doc. 94, p. 1).

Relata que a Agravada ajuizou a ação suso apontada alegando ser portadora de
Esclerose Lateral Amiotrófica, em estágio avançado, com uma série de
complicações, e que seu atendimento está sendo realizado pelo SUS, junto ao
Hospital Roberto Santos, em condições de alta hospitalar, desde que haja
acompanhamento domiciliar multidisciplinar Home Care.
Aduz que o programa estadual de internação hospitalar criado de acordo com
a Portaria GM nº 2.529/06 e Portaria nº 1.669/08, estabelece parâmetros e
limitações de atuação para tal internação, não havendo previsão de
fornecimento de Home Care com ventilação artificial, como determinado pela
decisão agravada (Doc. 62, p.1).

De acordo com Portaria nº 2.529 de 19 de outubro de 2006, que institui a Internação


Domiciliar no âmbito do SUS, define o atendimento domiciliar àqueles usuários que estejam
clinicamente estáveis e que exijam cuidados superiores aos disponibilizados no nível
ambulatorial e realizados por equipe multiprofissional. Entretanto, há critérios de exclusão,
decorrente da complexidade do modelo proposto, como por exemplo, indivíduos que
necessitem de ventilação mecânica, como no processo acima citado (BRASIL, 2006c).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 92
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Apesar da alegação do Estado em seguir o estabelecido da portaria para o


cumprimento da internação domiciliar, o Judiciário determina que o tratamento Home Care
seja cumprido, no intuito de garantir a manutenção de forma digna e o direito à saúde do
indivíduo. Assim, inferimos que a jurisprudência firmada pelo Tribunal de Justiça da Bahia
reafirma a efetivação dos direitos fundamentos sociais, com obrigação do Estado em cumpri-
los.

4.2.3 Judicialização da Saúde para o Acesso a Cirurgias

No rol das demandas judiciais analisadas, poucas estavam relacionadas ao acesso a


cirurgias. No entanto, todas tiveram decisão favorável ao usuário, com determinação do
Estado ou município na realização da mesma, independente da competência alegada pelas
partes e do alto custo dos procedimentos pleiteados, onerando o sistema.
Decorrente disso, mais uma vez, discorreu-se no recurso que não houve nenhum
pedido administrativo do requerente para que o órgão de saúde pudesse analisar a
possibilidade de realização do procedimento sem que fosse recorrido ao Judiciário. No
momento da solicitação ao órgão competente pode-se realizar a comprovação da necessidade
de realização do procedimento bem como analisar uma alternativa que fosse menos onerosa
aos cofres públicos, desde que atendesse a demanda de forma eficaz para o usuário.
Da mesma forma que, para o internamento e tratamento as instituições vinculadas ao
SUS solicitaram caução, as demandas por cirurgias também foram permeadas por essa
situação que viola o direito do ser humano de ser atendido de forma integral em qualquer
serviço que possa oferecer condições adequadas para seu tratamento.
Um caso que merece atenção no processo foi relativo ao usuário, no seu pedido de
demanda judicial, determinar o local e cidade que queria realizar o procedimento cirúrgico.
Essa demanda não foi favorável ao requerente, pois o Judiciário juntamente como o
Executivo, entendem que a determinação do local e cidade de realização do procedimento
deve ser realizada pelo órgão administrativo competente e deve estar pautado na eficácia do
serviço, na disponibilidade de vaga e, com relação ao orçamento, que seja o menos oneroso
para a administração e não apenas atendendo um desejo do requerente.

Analisando atentamente a questão em comento, percebo que a decisão combatida


deve ser reformada, em face da desproporcionalidade entre a medida liminarmente
concedida e o fim por ela perseguido. Isto porque o procedimento pleiteado e
passível de ser realizado de modo outro, que não o solicitado pela parte, menos
oneroso a administração pública.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 93
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

(...)
Desta feita, o argumento encetado pela agravada de que lhe causaria sérios
transtornos deslocar-se para a cidade de Salvador para o tratamento e as revisões, e
de que nao teria parentes disponíveis para seu acompanhamento - nao e causa
suficiente para que o poder judiciário intervenha, de forma a promover a ruptura do
modelo administrativo adotado pelo SUS, determinando o custeio, por parte do
Estado, de procedimento a ser realizado em hospital nao credenciado. Nao ha
proporcionalidade entre os benefícios que a medida solicitada trariam a paciente e a
intervenção que o judiciário promoveria na esfera administrativa.
(...)
Ante o exposto, se restaram preenchidos os requisitos elencados pelo artigo pelo
artigo 273, CPC, para a antecipação da tutela em favor da agravada no tocante a
realização da cirurgia bariátrica as expensas do SUS, nao restaram preenchidos os
mesmos requisitos em relação ao deferimento liminar da realização do procedimento
no município de Feira de Santana, tendo em vista que o procedimento e passível de
ser realizado de outro modo que nao o solicitado pela porte, menos oneroso a
administração, porem alcançando a eficácia pretendida (Doc. 22, pp. 3-6).

Ademais, a ausência de um apoio técnico na área de saúde para as autoridades


judiciais podem corroborar para decisões que devem ser reanalisadas, como por exemplo,
uma situação de obesidade mórbida com comorbidades associadas, foi pleiteada a realização
do procedimento em caráter de urgência, no entanto, por questões de segurança para o
indivíduo, a cirurgia bariátrica não poderia ser realizada de imediato.
De acordo com avaliação realizada por equipe médica especializada, deve haver,
primeiramente, a perda de peso do usuário e o controle das comorbidades, com
acompanhamento por equipe multiprofissional, para, somente após, realizar o procedimento
cirúrgico. Caso esse protocolo não seja seguido pode causar prejuízos à vida e à saúde do
indivíduo.
Cuida-se de Agravo de Instrumento, com pedido de atribuição de efeito suspensivo,
interposto de decisão interlocutória que, (...) concedeu a liminar pleiteada, para
determinar que o Requerido forneça, gratuitamente, à Requerente os meios
necessários ao seu internamento e tratamento, devendo abranger os exames
pré-operatórios, intervenção cirúrgica e acompanhamento pós-operatório,
providenciando e colocando a disposição da autora, no prazo de 5 (cinco)
dias, toda estrutura necessária a realização do procedimento bariátrico (...).
Em breve sumário, insurge-se o Estado da Bahia contra a decisão agravada,
aduzindo que, nunca foi procurado pela Agravada, para que prestasse o
serviço médico vindicado, e, para tanto, assevera que a sua situação é
bastante peculiar, pois é super obesa, que apresenta várias comorbidades,
sendo desaconselhado, por especialistas do Hospital Espanhol, única unidade
credenciada, a realização do procedimento da forma açodada preconizada pela
decisão judicial, consoante a documentação inclusa, ainda mais que, para a
realização da predita cirurgia bariátrica, a Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica (SBCB) estabeleceu rígidos critérios clínicos para sua indicação,
não se tratando de procedimento cirúrgico simples, podendo ocorrer o
periculum in mora inverso, correndo risco ao erário e a própria agravada.
(...)
Dessumo, pois, que de uma leitura atenta dos autos, a Superintendência de
Gestão e Regulação da Atenção à Saúde, órgão da estrutura da Secretaria
da Saúde do Estado da Bahia, não se opõe em autorizar o internamento e
procedimento cirúrgico pleiteado, todavia, entende a Agravante como
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 94
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

exíguo, o prazo de 5 (cinco) dias, para a realização do procedimento


indicado, porquanto, antes do procedimento, é necessário que a agravada
submeta-se a tratamento para emagrecimento, como sugere a SUREGS
(fls. 08/10) e o Hospital Espanhol (fls. 13/14) (Doc. 23, pp. 2-3).

Nessa situação, o Estado não negou o acesso do usuário ao serviço, pelo contrário,
comprova a real necessidade da cirurgia, porém, antes da mesma, deva ser realizado o
emagrecimento e acompanhamento das comorbidades. Assim, apenas entrou com recurso
para que o prazo de cumprimento da decisão fosse dilatado de cinco para 60 dias para que
houvesse o acompanhamento necessário do usuário.
Podemos observar a partir dessa ação, a veemente necessidade de se ter um apoio
técnico na área de saúde para o acompanhamento das decisões emitidas pelos juízes, evitando
o prolongamento desnecessário dos processos, os recursos com alegações pelas partes e os
possíveis transtornos causados aos usuários pela espera do atendimento a sua demanda.

4.2.4 Judicialização da Saúde para o acesso a Outras Demandas

Nessa categoria estão inseridas todas as demandas relacionadas à solicitação de


exames, aparelhos, materiais, transporte e transferências hospitalares e para a UTI e foram
agrupadas por apresentarem o menor número de ações ajuizadas no Tribunal de Justiça da
Bahia. Além disso, apresentaram comportamentos similares no processamento e julgamento
dos processos, com todas as demandas com decisão favorável ao usuário.
Em consonância com as demais demandas, o acesso a essas tecnologias de saúde
possuem custo elevado para o sistema, por estarem em um grupo que acompanha o avanço
tecnológico dos materiais. Cada vez mais, novos equipamentos são lançados pela indústria
com características mais avançadas e com menores incômodos para os usuários, em
compensação, com custos mais elevados. Essas novas tecnologias, geralmente, não são
incorporadas de imediato pelo SUS, pelo custo como já foi explanado, mas também para que
haja uma garantia da eficácia destes produtos que compense o gasto com seu custeio, pois, na
maioria das vezes, são produtos de fabricação internacional e precisam ser importados.
Para o SUS, a aquisição de um produto com essas características provoca um grande
deslocamento de verbas orçamentárias com alteração no planejamento das políticas públicas,
e, devido a isso, a maior alegação que o requerido refere nos recursos está atrelada ao gasto
dispendioso dado a um atendimento individualizado em detrimento da coletividade.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 95
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Em algumas ações, os produtos solicitados não possuíam a comprovação da eficácia


no tratamento e não eram previstos para serem disponibilizados pelo SUS decorrente do custo
elevado, como por exemplo, a solicitação de aparelho respiratório para usuário com Esclerose
Lateral Amiotrófica.
Narra a exordial que a impetrante é portadora de Esclerose Lateral amiotrófica; que
o seu tratamento é realizado através do SUS e que há recomendação médica para uso
(...) do aparelho de auxílio respiratório Bipap Syncrony Respironnics, sendo
esperado o benefício do aumento do tempo médio de sobrevida.
(...)
No mérito, afirmou que (...), quanto ao aparelho respiratório solicitado, não
existiria, na comunidade científica, comprovação da eficácia, e não haveria
previsão de disponibilização do mesmo pelo SUS.
(...)
Ademais, não há necessidade de perícia técnica para a demonstração da eficácia do
aparelho pleiteado no tratamento da esclerose lateral amiotrófica, pois, conforme se
sabe, a insuficiência respiratória constitui uma das principais causas de morte dos
pacientes que sofrem desta enfermidade. E, como bem ponderou o Ministério
Público, a ventilação não invasiva tem se mostrado tratamento eficiente para o
prolongamento da sobrevida dos portadores da esclerose lateral amiotrófica (Doc.
10, pp. 3 e 7).

Assim, além da comprovação, outro ponto alegado pelos requeridos está associado à
dilação do prazo para cumprimento das decisões, pois como já abordado, por serem produtos
importados, o prazo estabelecido torna-se inviável para que haja o planejamento do órgão
administrativo competente para a aquisição e, posterior, dispensação para o usuário. Na
finalização desse trâmite, caso o tempo estabelecido na decisão já tenha ultrapassado pode ser
cobrado do requerido o pagamento de multa estabelecido no processo.
Diante dessas questões, o pedido administrativo, se realizado pelo usuário, pode ser
avaliado e direcionado para setores competentes que referenciem as ações e serviços
necessários para a garantia do direito à saúde do indivíduo. Em uma ação específica, foi
requisitada do Estado, a realização de um exame em determinado hospital, entretanto a
alegação do requerido foi que o hospital citado não realiza mais o procedimento por não estar
com estrutura adequada, mas que o usuário iria ser encaminhado para realização em outro
local que atendesse aos critérios do exame.

Analisando os documentos colacionados aos autos, constata-se que o Hospital São


Rafael não mais realiza o procedimento de Cintilografia Corporal Total Com Gálio,
eis que a capacidade do serviço de Medicina Nuclear desse nosocômio não comporta
estrutura operacional para tal exame, solicitando, inclusive a Secretaria Estadual de
Saúde a exclusão desse procedimento da Programação Físico Orçamentária,
conforme às fls. 46/47.
Motivo pelo qual a decisão de primeiro grau deve ser reformada, eis que não pode
obrigar o Estado da Bahia custear tratamento em hospital que não mais dispõe de tal
serviço (Doc. 40, p. 5).
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 96
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Nessa situação particular, se houvesse o pedido administrativo, não haveria a


necessidade da entrada do processo judicial, caso o Estado encaminhasse o usuário para o
atendimento da demanda no serviço adequado, otimizando tempo no andamento do cuidado
ao indivíduo, ao serviço do Poder Executivo e Judiciário, além de onerar os Poderes, com
dispêndio de recursos humanos por meio de ações que poderiam ser solucionadas
administrativamente.
Com os resultados das ações, podemos inferir que muitos processos judiciais poderiam
ser resolvidos com a análise e encaminhamento dos pedidos administrativos realizados pelos
usuários aos órgãos do sistema de saúde, na esfera administrativa. Aqueles casos, em que
mesmo com as solicitações realizadas e que tivessem a negativa do requerido, caracterizariam
a necessidade do acesso à justiça por meio do Judiciário no intuito de reivindicarem para a
real efetivação de seus direitos.
Sobre outro ponto de vista, podemos elucidar que os pedidos administrativos também
não são realizados por falta de acesso dos usuários aos serviços, pela burocracia do órgão
administrativo, ou, até mesmo, por não possuir uma organização de funcionamento interno
resolutiva para receber e encaminhar esses pedidos. Essa via de resolução de demandas pode
aproximar mais o usuário do sistema, como também, o sistema passará a traçar um perfil das
demandas que mais são pleiteadas, que possuem maior relevância pela gravidade das
necessidades, para que, posteriormente, com avaliação desses dados haja uma incorporação
gradual de tecnologias e inovações no SUS.
Destarte, a judicialização da saúde no SUS possui um leque de interpretações, desde
positivas quanto negativas, que são permeadas por vislumbrar possibilidades de mudanças no
arcabouço administrativo do sistema de saúde, de maior participação social dos indivíduos
com o exercício da cidadania e a busca por justiça social, como pelo uso de orçamento
destinado a outros serviços sendo deslocados para cumprimento de imediato das decisões,
com alteração de planejamentos e políticas públicas para o atendimento ao indivíduo e
coletividades e a incorporação constante de inovações tecnológicas no SUS.
Assim, todos os setores envolvidos nesse processo, precisam estar articulados –
usuários, gestores, profissionais de saúde e autoridades judiciais – para que haja o crescimento
de um sistema de saúde vislumbrado e instituído na Constituição Federal em 1988, mas que,
até os dias atuais, necessita da participação de todos os cidadãos para efetivação de seus
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 97
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

direitos e deveres, em particular, no tocante aos direitos fundamentais sociais, como o direito
à vida e à saúde, por uma vida digna e de qualidade.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 98
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a análise dos processos judiciais para o acesso às tecnologias de saúde no SUS
disponíveis no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, na 2ª Instância, no período de 2005 a
2010, podemos inferir que a judicialização se comportou de forma evolutiva no período
analisado, com números significativos para o Estado no ano de 2009. O ano apresentando é
consonante com a consolidação da jurisprudência no Brasil pelo Supremo Tribunal Federal
após a realização da Audiência Pública convocada pelo Ministro Gilmar Mendes e com as
demandas por saúde no SUS apresentados nos demais estados do país.
As ações judiciais analisadas, em sua maioria, foram Decisões Monocráticas (59,2%),
seguidos dos Acórdãos (40,8%), estes que representam a consolidação da jurisprudência
adotada pelas autoridades judiciais na Bahia e que são adotados como referências para as
demais decisões proferidas, principalmente, nos tribunais de primeira instância que compõem
o arcabouço Judiciário do Estado.
Com relação às tipologias dos processos, o Agravo de Instrumento, se conformou
como o mais utilizado (72,8%), pois, em grande parte, as ações foram advindas de recursos
sobre as decisões já prolatadas pelos juízes de primeiro grau dos municípios do Estado. O
município de Salvador apresentou maior número de origem dos processos prolatados para o
acesso aos SUS (71,8%), coincidente com a maior demanda de usuários para o acesso à
justiça. No entanto, devemos destacar o crescimento de demandas provenientes dos demais
municípios do Estado, em destaque para, Feira de Santana (11,7%), Itabuna (3,9%) e
Alagoinhas (1,9%).
No rol das ações pleiteadas, o acesso aos medicamentos teve o maior destaque (60%),
com a maioria dos processos litigando por medicamentos, tanto para o tratamento de Doenças
Crônico-degenerativas, com medicamentos disponíveis pela Assistência Farmacêutica por
meio das Farmácias Básicas, como para o tratamento de doenças raras, com fármacos
caracterizados como excepcionais, de elevado custo e/ou que não possuíam registro na
ANVISA e incorporação ao RENAME. Além dos medicamentos, uma categoria que teve
valores significativos, foi para o acesso alimentos em casos de Intolerância Alimentar (5%),
colocando o Estado a repensar no perfil epidemiológico da população do Estado.
Nesse ínterim, a elevado procura por medicamentos nos remete à discussão sobre a
evidente medicalização da sociedade, decorrente da globalização e mercantilização das
tecnologias de saúde, principalmente pelos laboratórios e indústrias farmacêuticas,
privilegiando tecnologias consideradas “duras”, formando sujeitos passivos na sociedade, em
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 99
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

detrimento das “tecnologias leves”, que promovem um cuidado dialógico e relacional,


corroborando para que o indivíduo seja um sujeito ativo no seu processo saúde-doença para
uma vida digna e com qualidade.
A jurisprudência adotada pelo Poder Judiciário do Estado da Bahia determina a grande
quantidade de demandas que foram atendidas (86,4%) em favor dos usuários, para que os
mesmos pudessem ter acesso às tecnologias de saúde no SUS, independente das alegações
interpostas pelos requeridos, colocando o Estado como o responsável pelo cumprimento das
decisões, efetivando os direitos fundamentais sociais estabelecidos na Carta Magna, além de
estar pautado no princípio da dignidade da pessoa humana.
Várias foram as alegações do Estado e/ou municípios para a escusa do cumprimento
das decisões. Dentre elas, podemos destacar o privilégio do indivíduo em detrimento da
coletividade, os altos custos dispensados para o cumprimento das decisões alterando
planejamentos e políticas públicas, a não competência do ente federado na efetivação do
direito demandando, a interferência do Poder Judiciário nas políticas de saúde e a falta de
provas pré-constituídas.
Essas alegações não foram levadas em consideração pelo Poder Judiciário, na
justificativa de que o Estado não pode exonera-se de suas obrigações com os cidadãos. A
garantia dos direitos fundamentais sociais não é constituída apenas para a coletividade, e sim,
para cada indivíduo. Ademais, o planejamento e as políticas públicas formuladas devem
garantir o indivíduo o acesso ao direito à saúde e o perfil epidemiológico da sociedade deve
ser considerado. Associado à isso, todos os entes federados (municipal, estadual e federal) são
responsáveis pela efetivação dos direitos dos cidadãos, a partir da premissa da
responsabilidade solidária.
Além disso, o Judiciário não defere suas decisões pautadas na criação de novas
políticas públicas, e sim, obrigando o Estado a cumprir as ações provenientes de políticas já
existentes, mas que são, dolosamente, negadas pelo Executivo, no cumprimento de acesso dos
usuários ao sistema de saúde. Para o entendimento do Judiciário, com relação às provas pré-
constituídas, estas podem apresentar a veracidade dos fatos por meio de receitas e relatórios
médicos, assinadas, carimbadas e com registro dos profissionais no CRM, e não apenas
através das perícias médicas realizadas pelo Estado e municípios. Devem ser utilizados,
também, os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, elaborados por comissão técnica do
Ministério da Saúde, como fundamentos paras as decisões. Desse modo, o Judiciário
apresenta-se, de forma veemente, com a necessidade de um apoio técnico na área de saúde,
para consubstanciar suas decisões.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 100
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Outro ponto em destaque, relaciona-se aos pedidos administrativos nos órgãos


competentes para o fornecimento de tecnologias do sistema de saúde. Estes pedidos, quando
realizados, podem promover a articulação dos usuários com o Executivo para a efetivação de
suas demandas. No entanto, a negativa ou omissão das solicitações, abrem caminhos para o
ingresso do acesso à justiça pelo Poder Judiciário.
Esse ponto deve ser analisado pelo Executivo, pois pode ser uma alternativa para a
redução da judicialização da saúde, desde que haja a valoração desses pedidos, com análise e
resposta coerente e justa à demanda pleiteada. A organização no arcabouço administrativo
para o atendimento às necessidades dos usuários promove uma maior aproximação do sistema
de saúde, além de corroborar para o desenvolvimento de um sujeito ativo e participativo no
planejamento das políticas de saúde, com o exercício da cidadania.
Caso a via judicial seja pleiteada, o usuário utiliza um caminho alternativo para o
exercício de sua cidadania e participação nas ações e serviços ofertados pelo SUS. Caminho
este, que não é menos importante para o acesso às tecnologias, no entanto, que promove
maior deslocamento orçamentário do Executivo e que, em consequência, poderá promover
desorganização no planejamento das ações e redução da oferta de alguns serviços que já eram
estabelecidos.
Contudo, durante a pesquisa foram evidenciadas limitações, como a subalimentação
do sistema que disponibiliza o acesso aos processos no sitio do Tribunal de Justiça do Estado
da Bahia, que se apresenta aquém, em quantidade, quando comparados, pelo mesmo período,
em outros estados. No curso da pesquisa, o sistema do Tribunal estava em transição, do
SAIPRO (Sistema de Acompanhamento Integrado de Processos Judiciais) para o SAJ
(Sistema de Automação da Justiça), com a implantação dos processos digitais em substituição
dos processos físicos, que permitem um número mais fidedigno de ações, pois já são
movimentados no próprio sistema. Os processos físicos precisavam ser escaneados para,
posteriormente, serem disponibilizados no SAIPRO. Além disso, no sítio do Tribunal tivemos
apenas acesso as ações que já estavam ajuizadas na Segunda Instância e não às ações
ajuizadas inicialmente no pleito das demandas na Primeira Instância.
Dessa forma, mesmo com as limitações apresentadas pelo estudo, entendemos que a
via judicial se configura como um caminho alternativo para o acesso às tecnologias de saúde
no SUS, efetivando a participação dos usuários nas políticas públicas com o exercício da
cidadania por uma justiça social, com a possibilidade de avanços na incorporação de novos
tratamentos e procedimentos que valorizem o cidadão de forma digna e humana e possibilitem
o crescimento do SUS, mas que, ao mesmo tempo, demanda por atenção e cautela na
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 101
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

crescente quantidade de ações que são ajuizadas, para não haver uma desorganização
administrativa no Executivo que promova, ao invés de maior acesso da sociedade ao sistema
de saúde, restrições aos usuários, principalmente, por aqueles que não adotaram a via judicial
para o acesso ao sistema, corroborando para a estagnação e retrocesso do SUS.
Concluímos, que para que não haja esse retrocesso, os entes federados devem reavaliar
as ações e serviços de saúde garantidos pelo sistema e planejar as políticas públicas em
consonância com o perfil epidemiológico da sociedade, de cada localidade que o ente
federado é responsável. A partir do momento que houver uma maior efetivação dos direitos
dos cidadãos no acesso à saúde, haverá consubstancialmente, a redução da judicialização.
Desse modo, devemos compreender o fenômeno da judicialização como um fundamento para
a reestruturação das políticas públicas de saúde e reconhecimento do dever do Estado no
cumprimento de suas obrigações perante os indivíduos, no intuito de garantir a efetivação dos
direitos fundamentais sociais, como o direito à vida e à saúde, preservando a dignidade da
pessoa humana.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 102
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

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ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

APÊNDICES
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 110
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

APÊNDICE A – Lista de Documentos

ACÓRDÃOS

Documento 01 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Remessa Necessária e


Apelação Cível nº 4740-7/2006. Relator(a): Des(a). Vera Lúcia Freire de Carvalho. Órgão
Julgador: Quinta Câmara Cível. Julgamento: 25/11/2008. Disponível em:
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Documento 02 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Apelação Cível nº 27774-


5/2008. Relator(a): Juíza Convocada Ilza Maria da Anunciação. Órgão Julgador: Primeira
Câmara Cível. Julgamento: 30/-7/2008. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.

Documento 03 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 512-9/2008. Relator(a): Juíza Convocada Gardênia Pereira Duarte. Órgão Julgador:
Primeira Câmara Cível. Julgamento: 23/07/2008. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.

Documento 04 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 39635-9/2008. Relator(a): Des(a). Clésio Rômulo Carrilho Rosa. Órgão Julgador: Segunda
Câmara Cível. Julgamento: 05/05/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.

Documento 05 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 64699-0/2006. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Órgão Julgador: Seção
Cível de Direito Público. Julgamento: 2008. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.

Documento 06 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 2384-9/2009. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Órgão Julgador: Seção
Cível de Direito Público. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.

Documento 07 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0010940-97;2009;805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível. Julgamento: 16/03/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.

Documento 08 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0005856-18.2009.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível. Julgamento: 16/03/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.

Documento 09 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 35021-8/2009. Relator(a): Des(a). Antônio Roberto Gonçalves. Órgão Julgador: Quinta
Câmara Cível. Julgamento: 29/09/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 111
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Documento 10 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 39053-1/2009. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Órgão Julgador: Seção
Cível de Direito Público. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 05/08/2012.

Documento 11 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 54984-5/2008. Relator(a): Des(a). Maria da Purificação da Silva. Órgão Julgador: Primeira
Câmara Cível. Julgamento: 25/03/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 12 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 78270-7/2008. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago. Órgão Julgador:
Segunda Câmara Cível. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 13 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 3904-8/2009. Relator(a): Des(a). Daisy Lago Ribeiro Coelho. Órgão Julgador: Seção Cível
de Direito Público. Julgamento: 26/03/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 14 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0005830-20.2009.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago.
Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível. Julgamento: 2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 15 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 30638-4/2009. Relator(a): Juiz Convocado Josevando Souza Andrade. Órgão Julgador:
Terceira Câmara Cível. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 16 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 11086-1/2009. Relator(a): Juiz Convocado Josevando Souza Andrade. Órgão Julgador:
Terceira Câmara Cível. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 17 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 55887-0/2008. Relator(a): Des(a). José Olegário Monção Caldas. Órgão Julgador: Quinta
Câmara Cível. Julgamento: 23/04/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 18 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 42338-5/2006. Relator(a): Des(a). Lícia de Castro L. Carvalho. Órgão Julgador: Quinta
Câmara Cível. Julgamento: 05/06/2007. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 19 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 13021-5/2009. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Órgão Julgador: Seção
Cível de Direito Público. Julgamento: 03/12/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 112
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Documento 20 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 57844-7/2009. Relator(a): Des(a). Daisy Lago Ribeiro Coelho. Órgão Julgador: Seção
Cível de Direito Público. Julgamento: 26/11/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 06/08/2012.

Documento 21 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 19843-8/2009. Relator(a): Des(a). Antônio Roberto Gonçalves. Órgão Julgador: Seção
Cível de Direito Público. Julgamento: 26/11/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 22 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 46285-7/2008. Relator(a): Juiz Convocado Josevando Souza Andrade. Órgão Julgador:
Terceira Câmara Cível. Julgamento: 20/01/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 23 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 31456-2/2008. Relator(a): Juiz Convocado José Marques Pedreira. Órgão Julgador: Quarta
Câmara Cível. Julgamento: 12/11/2008. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 24 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 52411-2/2008. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Órgão Julgador: Seção
Cível de Direito Público. Julgamento: 17/06/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 25 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 52397-0/2008. Relator(a): Des(a). Daisy lago Ribeiro Coelho. Órgão Julgador: Câmaras
Cíveis Reunidas. Julgamento: 2008. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 26 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Remessa Necessária nº


34465-5/2008. Relator(a): Juíza Convocada Márcia Borges Faria. Órgão Julgador: Primeira
Câmara Cível. Julgamento: 29/01/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 27 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 59065-7/2007. Relator(a): Des(a). Maria da Purificação da Silva. Órgão Julgador: Primeira
Câmara Cível. Julgamento: 13/02/2008. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 28 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 58863-3/2007. Relator(a): Des(a). José Olegário Monção Caldas. Órgão Julgador: Câmaras
Cíveis Reunidas. Julgamento: 05/03/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 29 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 40252-2/2005. Relator(a): Juiz Convocado Waldemar Ferreira Martinez. Órgão Julgador:
Quinta Câmara Cível. Julgamento: 09/10/2007. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 113
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Documento 30 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 31902-5/2005. Relator(a): Des(a). Lícia de Castro L. Carvalho. Órgão Julgador: Quinta
Câmara Cível. Julgamento: 15/05/2007. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 07/08/2012.

Documento 31 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Apelação Cível nº 33709-


2/2009. Relator(a): Des(a). Sara Silva de Brito. Órgão Julgador: Primeira Câmara Cível.
Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 32 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 73223-6/2008. Relator(a): Des(a). Gesivaldo Britto. Órgão Julgador: Segunda Câmara
Cível. Julgamento: 02/06/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 33 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 0008193-77.2009.805.0000-0. Relator(a): Des(a). José Cícero Landin Neto. Órgão
Julgador: Seção Cível de Direito Público. Julgamento: 2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 34 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 74478-6/2008. Relator(a): Des(a). Sinésio Cabral Filho. Órgão Julgador: Seção Cível de
Direito Público. Julgamento: 23/07/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 35 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 15975-9/2006. Relator(a): Des(a). Lícia de Castro L. Carvalho. Órgão Julgador: Quinta
Câmara Cível. Julgamento: 15/05/2007. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 36 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 49985-4/2008. Relator(a): Des(a). Clésio Rômulo Carrilho Rosa. Órgão Julgador: Segunda
Câmara Cível. Julgamento: 20/01/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 37 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento nº


17589-0/2009. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago. Órgão Julgador:
Segunda Câmara Cível. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 38 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 70558-7/2008. Relator(a): Juíza Convocada Ilza Maria da Anunciação. Órgão Julgador:
Seção Cível de Direito Público. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 39 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0011628-59.2009.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barretto Santiago.
Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível. Julgamento: 2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 114
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Documento 40 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 38642-1/2009. Relator(a): Juíza Convocada Ilza Maria da Anunciação. Órgão Julgador:
Quinta Câmara Cível. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 08/08/2012.

Documento 41 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 5152-2/2009. Relator(a): Des(a). Daisy Lago Ribeiro Coelho. Órgão Julgador: Seção Cível
de Direito Público. Julgamento: 28/05/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

Documento 42 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 17018-1/2009. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago. Órgão Julgador:
Segunda Câmara Cível. Julgamento: 2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

DECISÕES MONOCRÁTICAS

Documento 43 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 18071-3/2009. Relator(a): Des(a). Lícia de Castro L. Carvalho. Decisão Monocrática de
2009. Disponível em: <http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>.
Acesso em: 09/08/2012.

Documento 44 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0013594-23.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Decisão
Monocrática de 03/11/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

Documento 45 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 43919-7/2009. Relator(a): Des(a). Sara Silva de Brito. Decisão Monocrática de
28/07/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

Documento 46 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 49825-7/2009. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Decisão Monocrática
de 26/08/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

Documento 47 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0001016-28.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Antônio Roberto Gonçalves. Decisão
Monocrática de 04/01/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

Documento 48 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0001405-13.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Decisão
Monocrática de 09/03/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

Documento 49 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0004646-92.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). José Cícero Landin Neto. Decisão
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 115
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Monocrática de 28/04/2010. Disponível em:


<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

Documento 50 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0012734-22.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 19/10/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 09/08/2012.

Documento 51 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0012770-64.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 28/09/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 52 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0013184-62.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago.
Decisão Monocrática de 19/10/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 53 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0013651-41.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 28/10/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 54 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0014990-35.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). José Cícero Landin Neto. Decisão
Monocrática de 22/11/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 55 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0003129-52.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 08/04/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 56 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0003454-61.2009.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 19/01/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 57 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0012153-07.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago.
Decisão Monocrática de 06/10/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 58 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 11086-1/2009. Relator(a): Juiz Convocado Josevando Souza Andrade. Decisão
Monocrática de 19/03/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 59 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0010884-30.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Decisão
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 116
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Monocrática de 13/09/2010. Disponível em:


<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 60 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 33599-5/2009. Relator(a): Des(a). Antônio Pessoa Cardoso. Decisão Monocrática de
17/06/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 10/08/2012.

Documento 61 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 2384-9/2009. Relator(a): Juiz Convocado Josevando Souza Andrade. Decisão Monocrática
de 14/04/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 62 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 52787-7/2009. Relator(a): Des(a). Maria Geraldina Sá de S. Galvão. Decisão Monocrática
de 08/09/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 63 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 52968-8/2009. Relator(a): Des(a). Maria Geraldina Sá de S. Galvão. Decisão Monocrática
de 11/09/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 64 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 40826-6/2009. Relator(a): Des(a). Antônio Pessoa Cardoso. Decisão Monocrática de
21/08/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 65 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0015458-96.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Decisão
Monocrática de 02/12/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 66 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0016083-33.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Emílio Salomão Pinto Resedá. Decisão
Monocrática de 27/01/2011. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 67 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 20315-5/2009. Relator(a): Juiz Convocado Josevando Souza Andrade. Decisão
Monocrática de 23/04/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 68 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 35021-8/2009. Relator(a): Des(a). Antônio Roberto Gonçalves. Decisão Monocrática de
09/07/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 69 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0009376-49.2010.805.0000-0. Relator(a): Juiz Convocado Jatahy Fonseca Júnior. Decisão
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 117
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Monocrática de 30/07/2010. Disponível em:


<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 70 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 72109-6/2009. Relator(a): Des(a). Antônio Roberto Gonçalves. Decisão Monocrática de
11/11/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 11/08/2012.

Documento 71 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 0006688-10.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 28/01/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 72 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0011983-35.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 23/09/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 73 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 56045-6/2009. Relator(a): Juiz Convocado Josevando Souza Andrade. Decisão
Monocrática de 16/09/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 74 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0010938-93.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 16/09/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 75 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0013366-48.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal.
Decisão Monocrática de 26/10/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 76 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 60173-2/2009. Relator(a): Des(a). Maria da Graça Osório Pimentel Leal. Decisão
Monocrática de 30/09/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 77 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0002846-29.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). José Cícero Landin Neto. Decisão
Monocrática de 14/04/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 78 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0011759-97.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). José Cícero Landin Neto. Decisão
Monocrática de 28/09/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 79 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0013604-67.2010.805.0000-0. Relator(a): Juíza Convocada Dinalva Gomes Laranjeira
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 118
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Pimentel. Decisão Monocrática de 05/11/2010. Disponível em:


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Documento 80 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 31512-4/2008. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago. Decisão
Monocrática de 02/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 12/08/2012.

Documento 81 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 54530-3/2009. Relator(a): Des(a). José Cícero Landin Neto. Decisão Monocrática de
17/09/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 82 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 38839-4/2009. Relator(a): Des(a). Maria Geraldina Sá de Souza Galvão. Decisão
Monocrática de 16/07/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 83 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 22475-7/2009. Relator(a): Des(a). Lícia de Castro L. Carvalho. Decisão Monocrática de
2009. Disponível em: <http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>.
Acesso em: 13/08/2012.

Documento 84 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 6951-3/2009. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Decisão Monocrática de
02/03/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 85 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0001187-82.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago.
Decisão Monocrática de 02/03/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 86 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 38656-4/2009. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Decisão Monocrática
de 16/09/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 87 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Mandado de Segurança


nº 39053-1/2009. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Decisão Monocrática de
03/07/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 88 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 62758-1/2009. Relator(a): Juiz Convocado Josevando Souza Andrade. Decisão
Monocrática de 19/11/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 89 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 30638-4/2009. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Decisão Monocrática de
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 119
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

30/06/2009. Disponível em:


<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 90 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 76511-9/2009. Relator(a): Des(a). Antônio Roberto Gonçalves. Decisão Monocrática de
12/11/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 13/08/2012.

Documento 91 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 428-1/2009. Relator(a): Des(a). Vera Lúcia Freire de Carvalho. Decisão Monocrática de
01/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 16/08/2012.

Documento 92 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0011669-89.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago.
Decisão Monocrática de 05/10/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 16/08/2012.

Documento 93 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 53867-8/2009. Relator(a): Des(a). José Cícero Landin Neto. Decisão Monocrática de
13/08/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 16/08/2012.

Documento 94 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 60435-6/2009. Relator(a): Des(a). Antônio Roberto Gonçalves. Decisão Monocrática de
2009. Disponível em: <http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>.
Acesso em: 16/08/2012.

Documento 95 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 24422-7/2009. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Decisão Monocrática
de 27/05/2009. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 18/08/2012.

Documento 96 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0014384-07.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Decisão
Monocrática de 19/11/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 18/08/2012.

Documento 97 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0013037-36.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Decisão
Monocrática de 14/10/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 20/08/2012.

Documento 98 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0012850-28.2010.805.0000-0. Relator(a): Juíza Convocada Dinalva Gomes Laranjeira
Pimentel. Decisão Monocrática de 08/11/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 21/08/2012.

Documento 99 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0011077-45.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Sara Silva de Brito. Decisão
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 120
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Monocrática de 2010. Disponível em:


<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 21/08/2012.

Documento 100 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0000452-49.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Antônio Roberto Gonçalves. Decisão
Monocrática de 28/01/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 21/08/2012.

Documento 101 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0002233-09.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Carlos Alberto Dultra Cintra. Decisão
Monocrática de 16/03/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 21/08/2012.

Documento 102 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0001916-11.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Maria do Socorro Barreto Santiago.
Decisão Monocrática de 09/03/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 21/08/2012.

Documento 103 - BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Agravo de Instrumento


nº 0002140-46.2010.805.0000-0. Relator(a): Des(a). Rosita Falcão de Almeida Maia. Decisão
Monocrática de 01/07/2010. Disponível em:
<http://www7.tjba.jus.br/template/popup_servicos.wsp?tmpid=155>. Acesso em: 21/08/2012.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 121
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

APÊNDICE B – Matriz Geral de Análise dos Acórdãos

Nº Processo Ano Tipo de Cidade de Requerente Requerido Tipo de Agravo Decisão Ano do
ação origem demanda julgamento
01 58863-3 2007 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Artrite Reumatoide Demanda 2009
Segurança Saúde do atendida
Estado da
Bahia
02 55887-0 2008 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Câncer Demanda 2009
Segurança Saúde do atendida
Estado da
Bahia
03 4740-7 2006 Apelação Salvador Estado da Ministério Medicamentos Hepatite C Demanda 2008
Cível Bahia Público atendida
04 40252-2 2005 Agravo de Salvador Usuário Estado da Medicamentos Artrite Reumatoide Demanda 2007
Instrumento Bahia atendida
05 27774-5 2008 Apelação Salvador Usuário Salvador Medicamentos Mucopolissa- Demanda 2008
Cível caridoridose tipo II atendida
06 52411-2 2008 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Alimento Intolerância Demanda 2009
Segurança administração Alimentar atendida
do Estado da
Bahia
07 39053-1 2009 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Esclerose Lateral Demanda 2009
Segurança Saúde do Aparelho Amiotrófica atendida
Estado da médico
Bahia
08 3904-8 2009 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Distúrbio Demanda 2009
Segurança Saúde do Respiratório atendida
Estado da
Bahia
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 122
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

09 64699-0 2008 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Epidermólise Bolhosa Demanda 2009
Segurança Saúde do Materiais para Distrófica atendida
Estado da curativos
Bahia
10 35021-8 2009 Agravo de Feira de Ministério Estado da Medicamentos Osteoporose Demanda 2009
Instrumento Santana Público Bahia atendida
11 52397-0 2008 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Alimento Intolerância Demanda 2009
Segurança Saúde do Alimentar atendida
Estado da
Bahia e de
Salvador
12 73223-6 2008 Agravo de Feira de Ministério Estado da Medicamentos Esquizofrenia Demanda 2009
Instrumento Santana Público Bahia atendida
13 46285-7 2008 Agravo de Feira de Estado da Usuário Cirurgia Obesidade Mórbida Demanda 2009
Instrumento Santana Bahia atendida
14 57844-7 2009 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Leucemia Linfoide Demanda 2009
Segurança Saúde do Crônica atendida
Estado da
Bahia
15 34465-5 2008 Mandado de Feira de Feira de Feira de Alimento Intolerância Demanda 2009
Segurança Santana Santana Santana Alimentar atendida
16 70558-7 2008 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Retinopatia Diabética Demanda 2009
Segurança Saúde do atendida
Estado da
Bahia
17 512-9 2008 Agravo de Feira de Estado da Ministério Medicamentos Miopatia Demanda 2008
Instrumento Santana Bahia Público Botton Mitocondrial atendida
18 38089-1 2009 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Diabetes Mellitus tipo Demanda 2010
Segurança Saúde do Aparelho de II atendida
Estado da glicemia
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 123
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Bahia Fitas reagentes


19 31456-2 2008 Agravo de Feira de Estado da Usuário Internamento Obesidade Demanda 2008
Instrumento Santana Bahia Tratamento atendida
Cirurgia parcialmente
20 10940-9 2009 Agravo de Itabuna Itabuna Ministério Medicamentos Citomegalovírus Demanda 2010
Instrumento Público do atendida
Estado da
Bahia
21 30.638-4 2009 Agravo de Feira de Estado da Ministério Alimento Intolerância Demanda 2009
Instrumento Santana Bahia Público Alimentar atendida
22 78270-7 2008 Agravo de Salvador Estado da Ministério Medicamentos DPOC Demanda 2009
Instrumento Bahia Público atendida
23 45562-2 2009 Agravo de Governador Governador Ministério Medicamentos Diabetes Mellitus Demanda 2010
Instrumento Mangabeira Mangabeira Público Cardiomiopatia atendida
parcialmente
24 19843-8 2009 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Internamento Obesidade Demanda 2009
Segurança Saúde do atendida
Estado da parcialmente
Bahia
25 54984-5 2008 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos VSR Demanda 2009
Instrumento Bahia atendida
parcialmente
26 13021-5 2009 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Leucemia Mieloide Demanda 2009
Segurança Saúde do Crônica atendida
Estado da
Bahia
27 38642-1 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Exame Sem informação Demanda 2009
Instrumento Bahia atendida
parcialmente
28 33709-2 2009 Apelação Salvador Ministério Estado da Medicamentos Transtorno bipolar Demanda 2009
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 124
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Cível Público Bahia atendida


parcialmente
29 5152-2 2009 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Não foi comprovada Demanda não 2009
Segurança Saúde do causa para uso das atendida
Estado da vacinas especiais.
Bahia
30 2384-9 2009 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Puberdade Precoce Demanda não 2009
Segurança Saúde do atendida
Estado da
Bahia
31 15975-9 2006 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Diabetes Demanda 2007
Instrumento Bahia Fitas reagentes atendida
32 31902-5 2005 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Artrite Reumatoide Demanda 2007
Instrumento Bahia atendida
33 39635-9 2008 Agravo de Itabuna Estado da Usuário Medicamentos Síndrome de Sjogren Demanda 2009
Instrumento Bahia atendida
34 67438-8 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Tratamento Sequelas neurológicas Demanda 2010
Instrumento Bahia advindas de AVC atendida
35 49985-4 2008 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Hipertensão Arterial Demanda 2009
Instrumento Bahia Diabetes Mellitus atendida
36 42338-5 2006 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2007
Instrumento Bahia atendida
37 17589-0 2009 Agravo de Irecê Estado da Ministério Medicamentos Cistinose Demanda 2010
Instrumento Bahia Público atendida
38 17367-8 2009 Agravo de Salvador Usuário Estado da Medicamentos Enfisema Pulmonar Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
39 17018-1 2009 Agravo de Caetité Caetité Ministério Medicamentos Sem informação Demanda 2009
Instrumento Público do atendida
Estado da parcialmente
Bahia
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 125
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

40 59065-7 2007 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Artrite Reumatoide Demanda 2008
Instrumento Bahia atendida
41 74478-6 2008 Mandado de Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Diabetes Demanda 2009
Segurança Saúde do Aparelho de atendida
Estado da glicemia
Bahia Fitas reagentes
42 11.086-1 2009 Agravo de Feira de Estado da Ministério Medicamentos Câncer de mama Demanda 2009
Instrumento Santana Bahia Público atendida
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 126
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

APÊNDICE C - Matriz Geral de Análise das Decisões Monocráticas

Nº Processo Ano Tipo de Cidade de Requerente Requerido Tipo de Agravo Decisão Ano do
ação origem demanda julgamento
01 14990-3 2010 Agravo de Salvador Usuário Estado da Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
02 60173-2 2009 Agravo de Itabuna Itabuna Ministério Medicamentos Citomegalovírus Demanda 2009
Instrumento Público atendida
03 2384-9 2009 Mandado Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Puberdade Demanda 2009
de Saúde do Precoce atendida
Segurança Estado da
Bahia
04 24422-7 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Transferência Sem informação Demanda 2009
Instrumento Bahia hospitalar atendida
05 54530-3 2009 Agravo de Salvador Salvador Ministério Medicamentos Diabetes Demanda 2009
Instrumento Público Hipertensão atendida
Arterial
06 1016-2 2010 Mandado Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Câncer Demanda 2010
de Saúde do atendida
Segurança Estado da
Bahia
07 30.638-4 2009 Agravo de Feira de Estado da Ministério Alimento Intolerância Demanda 2009
Instrumento Santana Bahia Público Alimentar atendida
08 3454-6 2009 Mandado Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Câncer Demanda 2010
de Saúde do atendida
Segurança Estado da
Bahia e do
município de
Salvador
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 127
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

09 53867-8 2009 Mandado Salvador Usuário Secretário de Cirurgia Acidente Demanda 2009
de Saúde do Prótese Automobilístico atendida
Segurança Estado da
Bahia e do
município de
Salvador
10 33599-5 2009 Agravo de Juazeiro Estado da Ministério Medicamentos Epilepsia Demanda 2009
Instrumento Bahia Público Refratária atendida
11 9376-4 2010 Mandado Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Osteonecrose de Demanda 2010
de Saúde do cabeça femoral atendida
Segurança Estado da
Bahia e do
município de
Salvador
12 13651-4 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
13 38656-4 2009 Agravo de Salvador Estado da Ministério Transferência Pneumonia Demanda 2009
Instrumento Bahia Público para UTI atendida
14 13366-4 2010 Agravo de Nova Estado da Usuário Medicamentos Citomegalovírus Demanda 2010
Instrumento Fátima Bahia atendida
15 16083-3 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Transtorno Demanda 2011
Instrumento Bahia Bipolar atendida
16 10884-3 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
17 49825-7 2009 Agravo de Alagoinhas Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2009
Instrumento Bahia atendida
18 428-1 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Material para Doença Renal Demanda 2009
Instrumento Bahia cirurgia atendida
Cirurgia
19 38839-4 2009 Agravo de Salvador Salvador Ministério Medicamentos Hipertensão Demanda 2009
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 128
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Instrumento Público Arterial atendida


20 39053-1 2009 Mandado Salvador Usuário Secretário de Medicamento Insuficiência Demanda 2009
de Saúde do Aparelho Respiratória atendida
Segurança Estado da Respiratório
Bahia
21 72109-6 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Anemia Demanda 2009
Instrumento Bahia atendida
22 6688-1 2010 Mandado Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Púrpura Demanda 2010
de Saúde do Trombocitopênica atendida
Segurança Estado da
Bahia
23 12153-0 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
24 13604-6 2010 Agravo de Itaberaba Estado da Usuário Medicamentos Diabetes Demanda 2010
Instrumento Bahia Materiais atendida
25 13184-6 2010 Agravo de Salvador Associação Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Obras Sociais atendida
Irmã Dulce
26 35021-8 2009 Agravo de Feira de Ministério Estado da Medicamentos Osteoporose Demanda 2009
Instrumento Santana Público Bahia atendida
27 18071-3 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2009
Instrumento Bahia atendida
28 31512-4 2009 Mandado Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Diabetes Demanda 2009
de Saúde do não atendida
Segurança Estado da
Bahia
29 2140-4 2010 Agravo de Itambé Itambé Usuário Medicamentos Sem informação Demanda 2010
Instrumento Tratamento não atendida
30 12770-6 2010 Mandado Salvador Usuário Secretário de Medicamentos Câncer Demanda 2010
de Saúde do atendida
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 129
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Segurança Estado da
Bahia
31 12734-2 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
32 13037-3 2010 Agravo de Salvador Santa Casa de Usuário Internamento Sem informação Demanda 2010
Instrumento Misericórdia Tratamento atendida
33 49826-6 2009 Agravo de Ibicaraí Estado da Ministério Medicamentos Espondilite Demanda 2009
Instrumento Bahia Público Anquilosante atendida
parcialmente
34 11759-9 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Diabetes Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
35 10938-9 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Lesão na retina Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
36 2846-2 2010 Agravo de Alagoinhas Estado da Ministério Medicamentos Diabetes Demanda 2010
Instrumento Bahia Público atendida
37 11983-3 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Doença de Paget Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
38 60435-6 2009 Agravo de Salvador Salvador Usuário Tratamento Sem informação Demanda 2009
Instrumento Home Care atendida
39 1405-1 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Exame Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
40 15458-9 2010 Agravo de Acajutiba Acajutiba Ministério Transporte Paralisia Cerebral Demanda 2010
Instrumento Público atendida
41 11086-1 2009 Agravo de Feira de Estado da Ministério Medicamentos Câncer Demanda 2009
Instrumento Santana Bahia Público atendida
42 452-4 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Cirurgia Sem informação Demanda 2010
Instrumento Bahia Materiais atendida
43 13594-2 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
44 43919-7 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2009
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 130
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Instrumento Bahia atendida


45 62758-1 2009 Agravo de Itabuna Estado da Usuário Alimento Intolerância Demanda 2009
Instrumento Bahia Alimentar atendida
46 11669-8 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Exame Doença Demanda 2010
Instrumento Bahia Linfoproliferativa atendida
47 22475-7 2009 Agravo de Salvador Santa Casa de Usuário Internamento Obesidade Demanda 2009
Instrumento Misericórdia não atendida
48 76511-9 2009 Agravo de Salvador Santa Casa de Usuário Tratamento Apendicite aguda Demanda 2009
Instrumento Misericórdia Internação atendida
Cirurgia
49 6951-3 2009 Agravo de Salvador Santa Casa de Usuário Internamento Obesidade Demanda 2009
Instrumento Misericórdia atendida
50 56.045-6 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Tratamento Doença na visão Demanda 2009
Instrumento Bahia atendida
51 14384-0 2010 Agravo de Salvador Santa Casa de Usuário Internamento Sem informação Demanda 2010
Instrumento Misericórdia Exames atendida
Tratamento
52 11077-4 2010 Agravo de Salvador Santa Casa de Usuário Internação Sem informação Demanda 2010
Instrumento Misericórdia Tratamento atendida
53 1916-1 2010 Agravo de Salvador Santa Casa de Usuário Internamento Sem informação Demanda 2010
Instrumento Misericórdia Materiais atendida
Tratamento
Home Care
54 12850-2 2010 Agravo de Feira de Estado da Usuário Tratamento Sem informação Demanda 2010
Instrumento Santana Bahia Internamento não atendida
55 3129-5 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
56 52968-8 2009 Agravo de Salvador Salvador Ministério Medicamentos Tetraplegia Demanda 2009
Instrumento Público atendida
57 2233-0 2010 Agravo de Salvador Santa Casa de Usuário Internamento Sem informação Demanda 2010
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 131
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Instrumento Misericórdia Transferência atendida


para a UTI
Tratamento
58 1187-8 2010 Agravo de Porto Porto Seguro Usuário Medicamentos Doença Crônica Demanda 2010
Instrumento Seguro Pulmonar atendida
59 20.315-5 2010 Agravo de Brumado Estado da Usuário Medicamentos Osteoporose Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
60 4646-9 2010 Agravo de Salvador Estado da Usuário Medicamentos Câncer Demanda 2010
Instrumento Bahia atendida
61 52787-7 2009 Agravo de Salvador Estado da Usuário Tratamento Esclerose Lateral Demanda 2009
Instrumento Bahia Home Care Amiotrófica atendida
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 132
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

APÊNDICE D - Sínteses das Categorias de Análise - Unidade Temática: Acesso às Tecnologias de Saúde

Categorias de Análise Síntese por Processos Síntese Analítica por


Categorias
Processo: 4740-7 - Ministério Público solicita o fornecimento do
medicamento (Interferon Peguilado) para todos os portadores do vírus da
Hepatite C, que necessitem de retratamento, com prescrição médica, por meio
do Estado da Bahia, devido à negativa da Secretaria de Saúde do Estado em
fornecê-los. O Estado da Bahia alega que não esta fornecendo os
medicamentos apenas para os que iniciam o tratamento e que atende aos
protocolos. A demanda do Ministério Público foi atendida, com garantia do
fornecimento do medicamento a todos os portadores da Hepatite C em
retratamento com prescrição médica. Demandas por medicamentos
Processo: 27774-5 - Usuários solicitam ao município de Salvador o atendidas quase que
fornecimento dos medicamentos (Elaprase e os que se fizerem necessários) integralmente com garantia do
em cota semanal para o tratamento da Mucopolissacaridose tipo II. Com a cumprimento, independente se
recusa do município que alega não ser a esfera responsável, os usuários realizado pelo Estado ou
Acesso a Medicamentos entram com recurso solicitando o cumprimento da demanda preliminarmente município, do direito à vida e à
solicitada. A demanda dos usuários foi atendida, com garantia do saúde, porém com alegações de
fornecimento dos medicamentos para o tratamento da referida patologia rara. elevados custos para o sistema
Processo: 512-9 - Ministério Público solicita ao Estado da Bahia o e de falta de comprovação e
fornecimento de medicamentos e substituição de sonda de gastronomia por incorporação de medicamentos
botton. O Estado alega que os medicamentos não fazem parte do SUS e que o na ANVISA.
botton é um equipamento de alto custo. A demanda do Ministério Público foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer os medicamentos e o
botton.
Processo: 39635-9 - Usuário solicita ao Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento para tratamento de patologia rara, Síndrome de Sjogren. O
Estado entra com recurso alegando que se for atender a todas as demandas
individuais causará grandes prejuízos à saúde pública. A demanda do usuário
foi atendida, com determinação do Estado da Bahia em fornecer o
medicamento.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 133
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Processo: 64699-0 - Usuários solicitam da Secretaria do Estado da Bahia o


fornecimento de medicamentos e materiais para curativos para o tratamento
da Epidermólise Bolhosa Distrófica. O Estado alega que os usuários não
realizaram nenhuma solicitação administrativa dos medicamentos e curativos
pleiteados, bem como o tratamento individualizado prejudica o planejamento
das políticas públicas e alocação das verbas orçamentárias. A demanda dos
usuários foi atendida, com determinação do Estado da Bahia em fornecer os
medicamentos e curativos.
Processo: 2384-9 - Usuários solicitam da Secretaria do Estado da Bahia o
fornecimento de medicamentos para tratamento da Puberdade Precoce. Por
falta de provas documentais pré-constituídas para comprovação da certeza e
liquidez do direito invocado, foi negado o atendimento da demanda.
Processo: 10940-9 - Ministério Público solicita ao município de Itabuna o
fornecimento do medicamento (Cidofovir) para tratamento de
Citomegalovírus. O município nega o fornecimento alegando que o
medicamento não consta na ANVISA, é importado e, por ser de alto custo,
não é de competência da esfera municipal. A demanda do Ministério Público
foi atendida, com determinação do município em fornecer o medicamento.
Processo: 17589-0 - Ministério Público solicita ao Estado da Bahia o
fornecimento do medicamento (Cisteamine) para tratamento de Cistinose. O
Estado alega que o medicamento não possui registro na ANVISA, não integra
o RENAME nem o PROMEX e que há tratamento alternativo no SUS para a
patologia. Além disso, alega que não pode privilegiar demandas individuais
em detrimento da coletividade. A demanda do Ministério Público foi
atendida, com determinação do Estado da Bahia em fornecer o medicamento.
Processo: 35021-8 - Ministério Público solicita ao Estado da Bahia o
fornecimento de medicamento (Aclasta) para o tratamento de osteoporose. O
Estado alega que o SUS possui medicamentos similares para o tratamento da
patologia. A demanda do Ministério Público foi atendida, com determinação
do Estado da Bahia em fornecer o medicamento.
Processo: 39053-1 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado o
fornecimento de medicamento (Rilusol) e de aparelho respiratório para
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 134
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica. O Estado alega que já faz o


fornecimento do medicamento e que, com relação ao aparelho, não há
comprovação da eficácia de seu uso e que não haveria previsão de
disponibilização pelo SUS. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado da Bahia em fornecer o medicamento e aparelho
respiratório.
Processo: 54984-5 - Usuário solicita ao Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Palivizumabe) para a prevenção de doença grave do trato
respiratório provocado pelo VSR em RN prematuro. O Estado alega o
privilégio de um indivíduo em detrimento do coletivo, além do tempo de
cinco dias ser curto para aquisição do medicamento. A demanda do usuário
foi atendida parcialmente, com determinação do Estado da Bahia em fornecer
o medicamento com a dilação do prazo de cinco para trinta dias.
Processo: 78270-7 - Ministério Público solicita ao Estado da Bahia o
fornecimento de medicamentos (Spiriva e Seretide) para o tratamento de
DPOC. O Estado alega que o medicamento Spiriva já é fornecimento ao
usuário e que o Seretide carece de comprovação de sua eficácia para a
patologia em questão. A demanda do Ministério Público foi atendida, com
determinação do Estado da Bahia em fornecer os medicamentos.
Processo: 3904-8 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado o
fornecimento de medicamento (Palivizumabe) para tratamento do Distúrbio
Respiratório, pois o mesmo não respondeu ao pedido administrativo do
usuário. O Estado alega o privilégio de um indivíduo em detrimento do
coletivo. A demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado da
Bahia em fornecer o medicamento.
Processo: 17367-8 - Usuário solicita ao Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Respira) para o tratamento do Enfisema Pulmonar. O Estado
alega que não foi realizado pelo usuário nenhum pedido administrativo para
fornecimento do medicamento. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado da Bahia em fornecer o medicamento.
Processo: 18071-3 - Usuário solicita ao Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Herceptin) para o tratamento do Câncer. O Estado alega o
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 135
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

privilégio de um indivíduo em detrimento do coletivo. A demanda do usuário


foi atendida, com determinação do Estado da Bahia em fornecer o
medicamento.
Processo: 11086-1 - Ministério Público solicita ao Estado da Bahia o
fornecimento de medicamento (Herceptin) para o tratamento de Câncer. O
Estado alega que não houve nenhum pedido administrativo do usuário para o
fornecimento do medicamento, bem como o SUS já possui clínica para
realizar o tratamento da patologia em questão e que disponibiliza o
medicamento na clínica. A demanda do Ministério Público foi atendida, com
determinação do Estado da Bahia em fornecer o medicamento.
Processo: 55887-0 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado o
fornecimento de medicamento (Avastin) para tratamento do Câncer. O Estado
alega que o medicamento não integra a lista da ANVISA. A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado da Bahia em fornecer o
medicamento.
Processo: 42338-5 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Avastin) para tratamento do Câncer. O Estado alega o
privilégio de um indivíduo em detrimento do coletivo, bem como que o
medicamento não integra a lista da ANVISA. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado da Bahia em fornecer o medicamento.
Processo: 13021-5 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado o
fornecimento de medicamento (Imatinib) para tratamento da Leucemia
Mieloide Crônica, pois o mesmo não respondeu ao pedido administrativo do
usuário. O Estado alega que o medicamento só é dispensado aos pacientes
que tem acompanhamento na Rede Estadual de Oncologia. A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado da Bahia em fornecer o
medicamento.
Processo: 57844-7 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado o
fornecimento de medicamento (Rituximabe) para tratamento da Leucemia
Linfoide Crônica. O Estado alega que o medicamento só é dispensado aos
pacientes que tem acompanhamento nos estabelecimentos de saúde
cadastrados e especializados para o tratamento, além de alegar o privilégio de
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 136
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

um indivíduo em detrimento do coletivo. A demanda do usuário foi atendida,


com determinação do Estado da Bahia em fornecer o medicamento.
Processo: 59065-7 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Infliximabe) para tratamento da Artrite Reumatoide. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 58863-3 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamentos (Infliximabe, Adalimumabe e
Etanercepte) para tratamento da Artrite Reumatoide. O Estado alega que
existem outras classes terapêuticas disponíveis para o tratamento da patologia
referida e que, o medicamento solicitado é de alto custo. A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer os
medicamentos.
Processo: 40252-2 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Adalimumabe) para tratamento da Artrite Reumatoide. O
Estado alega ausência de prova para a solicitação do medicamento. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 31902-5 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Adalimumabe) para tratamento da Artrite Reumatoide. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 33709-2 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia o
fornecimento de medicamento (Oxicarbazepina), bem como a padronização
do medicamento para todos os portadores de Transtorno Bipolar. O Estado
alega que não se opõe em fornecer o medicamento ao usuário, mas resiste em
proceder à padronização requerida, devido ao elevado custo e por falta de
comprovação do medicamento em questão, além do privilégio de um
indivíduo em detrimento da coletividade. A demanda do Ministério Público
foi atendida parcialmente, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento e providenciar a inclusão do medicamento na lista do SUS para
todos os portadores da patologia.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 137
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Processo: 73223-6 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia o


fornecimento de medicamentos (Dlanzafina, Paliperidona e Carbamazefina).
O Estado alega que os medicamentos pleiteados não constam na lista de
medicamentos excepcionais e que não há orçamento disponível para
aquisição. A demanda do Ministério Público foi atendida, com determinação
do Estado em fornecer os medicamentos.
Processo: 38089-1 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Insulina Glargina) e aparelho de
glicemia com fitas. Usuário fez solicitação à secretaria e não obteve nenhuma
resposta. O Estado alega que o medicamento não é fornecido pelo SUS. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento e aparelho de glicemia com fitas.
Processo: 74478-6 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamentos (Insulina Humilin N e Insulina
Humalog) e aparelho de glicemia com fitas. Usuário fez solicitação à
secretaria e não obteve nenhuma resposta. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer o medicamento e aparelho
de glicemia com fitas.
Processo: 15975-9 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamentos (Insulina Humana NOH e Insulina Humana Regular) e fitas. O
Estado alega que há necessidade de incorporação à ANVISA. A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer os
medicamentos e fitas.
Processo: 49985-4 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamentos (ASS, Vastarel, Sinvastatina, Selozok, Losartam, Alodipino,
Monocordil, Glibenclamida e Metformina). O Estado alega que há
necessidade de realização de perícia médica para avaliar a eficácia dos
medicamentos e avaliar se não há substitutos nos programas. A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer os
medicamentos.
Processo: 45562-2 - Ministério Público solicita do município de Governador
Mangabeira o fornecimento de medicamentos (Sustrate, Marevan,
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 138
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Carvedilog, Losartan e Furosemida). O município alega que recusa fornecer


os medicamentos decorrentes do cumprimento das normas disciplinadoras da
farmácia popular que trabalha com perfil de cada município. A demanda do
Ministério Público foi atendida parcialmente, com determinação do município
em fornecer os medicamentos, e, se necessário, sejam substituídos por outros
de mesma finalidade.
Processo: 70558-7 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Ranibizumabe). Usuário fez
solicitação à secretaria e não obteve nenhuma resposta. O Estado alega falta
de comprovação do medicamento para a patologia e que não há registro na
ANVISA evidenciando uso off label. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 5152-2 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia a aplicação das vacinas antimeningocócica e antipneumocócica.
Usuário solicitou administrativamente, mas houve negativa. O Estado alega
que as vacinas não são contempladas no calendário regular de vacinação e
que só podem ser fornecidas exclusivamente às pessoas que atendem às
indicações e critérios médicos definidos pelo Ministério da Saúde. A
demanda do usuário não foi atendida, pois não houve comprovação da
necessidade do usuário em fazer uso das vacinas solicitadas por não estarem
nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Processo: 17018-1 - Ministério Público solicita do município de Caetité o
fornecimento de medicamentos. O município alega que o fornecimento dos
medicamentos pleiteados é do Estado e da União. A demanda do Ministério
Público foi atendida parcialmente, com determinação do município em
fornecer os medicamentos, com apenas redução do valor da multa caso não
haja o cumprimento da decisão.
Processo: 13594-2 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Nexavar). A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 43919-7 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Temodal). O Estado alega privilégio de um indivíduo em
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 139
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

detrimento da coletividade. A demanda do usuário foi atendida, com


determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 49825-7 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Transtuzumabe). O Estado alega que o usuário não realizou
tratamento nas UNACON ou CACON e por isso, não poderia receber os
medicamentos fora da rede. No entanto, o usuário faz tratamento em uma
unidade da rede, porém no município de residência não possui nenhuma
instituição vinculada. A demanda do usuário foi atendida, com determinação
do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 1016-2 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Transtuzumabe). A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 4646-9 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Transtuzumabe). O Estado alega que o medicamento não é
disponibilizado pelo SUS e que o medicamento para tratamento oncológico
não pode ser fornecido fora da rede especializada. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 12734-2 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Transtuzumabe). O Estado alega que o medicamento para
tratamento oncológico não pode ser fornecido fora da rede especializada. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 12770-6 - Usuário solicita da Secretaria de saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Transtuzumabe). A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 13184-6 - Usuário solicita da Associação Obras Sociais Irmã Dulce
o fornecimento de medicamento (Transtuzumabe). A Associação Obras
Sociais Irmã Dulce alega que o repasse do SUS é inferior ao necessário para o
fornecimento do medicamento ao usuário. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação da Associação Obras Sociais Irmã Dulce em
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 140
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

fornecer o medicamento.
Processo: 13651-4 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Transtuzumabe). O Estado alega que o medicamento para
tratamento oncológico não pode ser fornecido fora da rede especializada. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 14990-3 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Transtuzumabe). A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 3129-5 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Transtuzumabe). A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 3454-6 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamentos (Andriblastina e Transtuzumabe). A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 12153-0 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Transtuzumabe). O Estado alega que o medicamento para
tratamento oncológico não pode ser fornecido fora da rede especializada. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 11086-1 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia o
fornecimento de medicamento (Transtuzumabe) ao usuário, bem como a
todas as pessoas que se encontrarem na mesma situação. A demanda do
Ministério Público foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 10884-3 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Transtuzumabe). O Estado alega que há a necessidade de
perícia médica para avaliar a real necessidade do medicamento para o usuário.
A demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer
o medicamento.
Processo: 33599-5 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia o
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 141
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

fornecimento de medicamento (Gabapentina). O Estado alega que a


responsabilidade é do município, pois a medicação esta contemplada na lista
de medicamentos de alto custo. A demanda do Ministério Público foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 2384-9 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Luptron Depot). A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento.
Processo: 52968-8 - Ministério Público solicita do município de Salvador o
fornecimento de medicamentos (Oxibutina, Bacofleno e Xilocaína Geleia). O
município alega que a Xilocaína geleia pode ser adquirido perante solicitação
administrativa que o usuário não comprova que fez. A demanda do Ministério
Público foi atendida, com determinação do município em fornecer os
medicamentos.
Processo: 49826-6 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia o
fornecimento de medicamento (Infliximabe). O Estado alega que o usuário
não quis se submeter ao tratamento disponível na rede. No entanto, não há
tratamento disponível em portaria ministerial que englobe a patologia. A
demanda do Ministério Público foi atendida parcialmente, com determinação
do município em fornecer os medicamentos, apenas aumentando o prazo de
cumprimento para 05 dias.
Processo: 16083-3 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Quetiapina). A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do município em fornecer o medicamento.
Processo: 20315-5 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamentos (Oscal, Omeprazol, Rivotril e Nortriptilina). O Estado alega
que a responsabilidade de fornecimento dos medicamentos é do município de
Brumado, pois os mesmos fazem parte do rol da Atenção Básica. A demanda
do usuário foi atendida, com determinação do município em fornecer os
medicamentos.
Processo: 35021-8 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia o
fornecimento de medicamento (Aclasta). A demanda do Ministério Público
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 142
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o medicamento.


Processo: 9376-4 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Enoxaparina). A demanda do usuário
foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 72109-6 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Eritropoetina). O Estado alega o privilégio de um indivíduo em
detrimento da coletividade e de outras doenças mais usuais e de menor custo.
A demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer
o medicamento.
Processo: 6688-1 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Rituximabe). A demanda do usuário
foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 11983-3 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Aclasta). A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 10938-9 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Lucentis). A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 13366-4 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamento (Cidofovir). A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o medicamento.
Processo: 60173-2 - Ministério Público solicita do município de Itabuna o
fornecimento de medicamento (Cidofovir). O município alega que o
medicamento não possui registro na ANVISA e é de alto custo. A demanda
do Ministério Público foi atendida, com determinação do município em
fornecer o medicamento.
Processo: 2846-2 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia o
fornecimento de medicamentos. O Estado alega que o município de
Alagoinhas possui competência para fornecimento de medicamentos para
Diabetes pelo SUS. A demanda do Ministério Público foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer os medicamentos.
Processo: 11759-9 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 143
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medicamentos (Insulina Lantus e Insulina Novorap). O Estado alega que o


privilégio de um indivíduo em detrimento da coletividade. A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer os
medicamentos.
Processo: 13604-6 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamentos (Insulina Lantus e Insulina Novorap) e agulhas, fitas reagentes
e lancetas. O Estado alega que o município de Itaberaba possui competência
para atendimento da demanda. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer os medicamentos e agulhas, fitas
reagentes e lancetas.
Processo: 31512-4 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamentos. A demanda do usuário não foi
atendida, por falta de interesse do mesmo no processamento e julgamento da
ação.
Processo: 54530-3 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia o
fornecimento de medicamentos (Tracolimus, Meticorten, Microfenolato
sódico, Clonidina, Furosemida, Ácido Fólico, Complexo B, Lacastatina,
Atenolol, Apresolina, Dipirona, Zanidip e Insulina NPH). O Estado alega que
alguns medicamentos pleiteados não são fornecidos pelo SUS. A demanda do
Ministério Público foi atendida, com determinação do Estado em fornecer os
medicamentos.
Processo: 38839-4 - Ministério Público solicita do município de Salvador o
fornecimento de medicamento (Carvedilol). O município alega que o
medicamento pleiteado não consta na Relação Municipal de Medicamentos
Essenciais e que por ser de alto custo o município não possui orçamento para
custear o tratamento. A demanda do Ministério Público foi atendida, com
determinação do município em fornecer o medicamento.
Processo: 1187-8 - Usuário solicita do município de Porto Seguro o
fornecimento de medicamento. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do município em fornecer o medicamento.
Processo: 39053-1 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Rilusol) e aparelho respiratório. O
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 144
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

usuário fez solicitação administrativa com negativa. A demanda do usuário


foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o medicamento e
aparelho respiratório.
Processo: 2140-4 - Usuário solicita do município de Itambé o fornecimento
de medicamentos (Citoneurin, Mionevrix e Euthyrox) e tratamento de
hidroterapia. O município alega que o usuário não produziu provas e que a
receita médica apresentada não constava o a identificação e CRM do médico.
A demanda do usuário não foi atendida, por falta de documentação legal.
Processo: 52411-2 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de fórmula alimentar, pois possui intolerância
alimentar. Usuário fez a solicitação administrativa, mas não obteve resposta.
O Estado alega que desconhece o pedido administrativo do usuário. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
alimento.
Processo: 52397-0 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da Todas as demandas atendidas
Acesso a Alimentos Bahia o fornecimento de fórmula alimentar, pois possui intolerância pautadas no Estatuto da Criança
alimentar. Usuário fez a solicitação administrativa, mas não obteve resposta. e do Adolescente – ECA com
O Estado alega que desconhece o pedido administrativo do usuário. A garantia do direito à vida.
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
alimento.
Processo: 34465-5 - Ministério Público solicita do município de Feira de
Santana o fornecimento de fórmula alimentar, pois possui intolerância
alimentar. A demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado
em fornecer o alimento.
Processo: 62758-1 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
alimento (leite de soja Nansoy). O Estado alega que o privilégio de um
indivíduo em detrimento da coletividade. A demanda do usuário foi atendida,
com determinação do Estado em fornecer o alimento.
Processo: 30638-4 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
alimento (leite hidrolisado Neocate). O Estado alega que o leite pleiteado não
consta na Lista de Medicamentos de Atenção Excepcional e que é de elevado
custo, além de privilegiar um indivíduo em detrimento da coletividade. A
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 145
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o


alimento.
Processo: 19843-8 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado o
internamento e tratamento da obesidade em clínica de emagrecimento, pois o
mesmo não respondeu ao pedido administrativo. A demanda do usuário foi
atendida parcialmente, com determinação do Estado da Bahia em custear o
internamento do usuário na clínica por um período de 06 meses e submeter,
periodicamente, a avaliação da Junta Médica Especializada da Bahia.
Processo: 31456-2 - Usuário solicita do Estado da Bahia o internamento,
tratamento e cirurgia para a obesidade. O Estado alega que não houve
nenhum pedido administrativo do usuário para atendimento das demandas, Maioria das demandas
mas que não se opõe em autorizar os serviços, no entanto, o usuário além da atendidas pautadas no direito à
Acesso a obesidade possui comorbidades associadas que inviabilizam a realização dos vida, no entanto, com grande
Internamento/Tratamento procedimentos no tempo solicitado de 05 dias. A demanda do usuário foi alegação de falta de provas que
atendida parcialmente, com determinação do Estado em custear o garantam a necessidade do
internamento, tratamento e cirurgia, apenas dilatando o período de 05 para 60 usuário.
dias.
Processo: 67438-8 - Usuário solicita do Estado da Bahia o tratamento para as
sequelas advindas do AVC. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o tratamento ao usuário.
Processo: 52787-7 - Usuário solicita do Estado da Bahia o tratamento
domiciliar Home Care. O Estado alega que não previsão para o fornecimento
do tratamento Home Care para a situação. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer o tratamento Home Care.
Processo: 56045-6 - Usuário solicita do Estado da Bahia o tratamento do
usuário para doença na visão. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer o tratamento adequado.
Processo: 22475-7 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
o internamento do usuário na Clínica de Obesidade. A Santa Casa de
Misericórdia alega que a instituição pleiteada não é considerada uma
instituição médica e que não faz parte do rol de procedimentos médicos. A
demanda do usuário não foi atendida, pois não houve comprovação que o
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 146
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

mesmo corria risco de vida e comprovação de que a instituição pleiteada


oferecesse serviços médicos.
Processo: 6951-3 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia o
internamento do usuário na Clínica de Obesidade. A Santa Casa de
Misericórdia alega que exclui de seus serviços o tratamento de
emagrecimento para fins estéticos. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o internamento.
Processo: 76511-9 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
o internamento, tratamento e cirurgia. A Santa Casa de Misericórdia alega
que o usuário deveria ao menos ter prestado caução. A demanda do usuário
foi atendida, com determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o
internamento, tratamento e cirurgia.
Processo: 60435-6 - Usuário solicita do município de Salvador o tratamento
Home Care. O município alega que não há comprovação para realização do
tratamento pleiteado. A demanda do usuário foi atendida, com determinação
do município em realizar o tratamento Home Care.
Processo: 14384-0 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
o internamento, tratamento e realização de exames. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o
internamento, tratamento e realização de exames.
Processo: 13037-3 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
o internamento e tratamento. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o internamento e
tratamento.
Processo: 12850-2 - Usuário solicita do Estado da Bahia o internamento e
tratamento em unidade hospitalar. A demanda do usuário não foi atendida,
por não haver comprovação do pedido de urgência/emergência.
Processo: 11077-4 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
o internamento e tratamento. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o internamento e
tratamento.
Processo: 2233-0 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia o
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 147
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

internamento, transferência para UTI e tratamento. A demanda do usuário foi


atendida, com determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o
internamento, transferência para UTI e tratamento.
Processo: 1916-1 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia o
internamento, tratamento Home Care e materiais. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o
internamento, tratamento Home Care e materiais.
Processo: 2140-4 - Usuário solicita do município de Itambé o fornecimento
de medicamentos (Citoneurin, Mionevrix e Euthyrox) e tratamento de
hidroterapia. O município alega que o usuário não produziu provas e que a
receita médica apresentada não constava o a identificação e CRM do médico.
A demanda do usuário não foi atendida, por falta de documentação legal.
Processo: 46285-7 - Usuário solicita do Estado da Bahia o internamento e
tratamento da obesidade em hospitais de Feira de Santana. O Estado alega
que o município não possui na rede do SUS hospitais habilitados para tal
procedimento e que necessitaria que fossem realizados em Salvador. A
demanda do usuário foi atendida parcialmente, com determinação do Estado
em custear o internamento e tratamento em local/data a serem determinados Todas as demandas atendidas
pelo órgão administrativo competente, menos oneroso, porém alcançando a garantindo o acesso do usuário,
Acesso a Cirurgia eficácia pretendida. porém com grande alegação de
Processo: 31456-2 - Usuário solicita do Estado da Bahia o internamento, altos custos para o sistema.
tratamento e cirurgia para a obesidade. O Estado alega que não houve
nenhum pedido administrativo do usuário para atendimento das demandas,
mas que não se opõe em autorizar os serviços, no entanto, o usuário além da
obesidade possui comorbidades associadas que inviabilizam a realização dos
procedimentos no tempo solicitado de 05 dias. A demanda do usuário foi
atendida parcialmente, com determinação do Estado em custear o
internamento, tratamento e cirurgia, apenas dilatando o período de 05 para 60
dias.
Processo: 76511-9 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
o internamento, tratamento e cirurgia. A Santa Casa de Misericórdia alega
que o usuário deveria ao menos ter prestado caução. A demanda do usuário
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 148
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

foi atendida, com determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o


internamento, tratamento e cirurgia.
Processo: 428-1 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
material para cirurgia e cirurgia. O Estado alega que o usuário não se
enquadra nos critérios estabelecidos para utilização do material e cirurgia
solicitados. A demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado
em fornecer o material para cirurgia e cirurgia.
Processo: 53867-8 - Usuário solicita da Secretaria de saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de prótese e cirurgia. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer a prótese e realizar a
cirurgia.
Processo: 452-4 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
material e realização de cirurgia. O Estado alega que não há comprovação da
necessidade de uso do material especificado. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer o material e realizar a
cirurgia.
Processo: 512-9 - Ministério Público solicita ao Estado da Bahia o
fornecimento de medicamentos e substituição de sonda de gastronomia por
botton. O Estado alega que os medicamentos não fazem parte do SUS e que o Todas as demandas atendidas,
botton é um equipamento de alto custo. A demanda do Ministério Público foi no entanto com alegação de
Acesso a Outras atendida, com determinação do Estado em fornecer os medicamentos e o elevados custos para o sistema
Demandas botton. e de falta de comprovação das
Processo: 64699-0 - Usuários solicitam da Secretaria do Estado da Bahia o tecnologias requisitadas.
fornecimento de medicamentos e materiais para curativos para o tratamento
da Epidermólise Bolhosa Distrófica. O Estado alega que os usuários não
realizaram nenhuma solicitação administrativa dos medicamentos e curativos
pleiteados, bem como o tratamento individualizado prejudica o planejamento
das políticas públicas e alocação das verbas orçamentárias. A demanda dos
usuários foi atendida, com determinação do Estado da Bahia em fornecer os
medicamentos e curativos.
Processo: 39053-1 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado o
fornecimento de medicamento (Rilusol) e de aparelho respiratório para
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 149
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica. O Estado alega que já faz o


fornecimento do medicamento e que, com relação ao aparelho, não há
comprovação da eficácia de seu uso e que não haveria previsão de
disponibilização pelo SUS. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado da Bahia em fornecer o medicamento e aparelho
respiratório.
Processo: 38089-1 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamento (Insulina Glargina) e aparelho de
glicemia com fitas. Usuário fez solicitação à secretaria e não obteve nenhuma
resposta. O Estado alega que o medicamento não é fornecido pelo SUS. A
demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer o
medicamento e aparelho de glicemia com fitas.
Processo: 74478-6 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia o fornecimento de medicamentos (Insulina Humilin N e Insulina
Humalog) e aparelho de glicemia com fitas. Usuário fez solicitação à
secretaria e não obteve nenhuma resposta. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer o medicamento e aparelho
de glicemia com fitas.
Processo: 15975-9 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamentos (Insulina Humana NOH e Insulina Humana Regular) e fitas. O
Estado alega que há necessidade de incorporação à ANVISA. A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em fornecer os
medicamentos e fitas.
Processo: 38642-1 - Usuário solicita do Estado da Bahia a realização do
exame de cintilografia corporal total com gálio no Hospital São Rafael. O
Estado alega que o hospital solicitado não possui mais a estrutura para
realização do referido exame. A demanda do usuário foi atendida
parcialmente, com determinação do Estado em realizar o exame, porém em
local que possua estrutura para realização do mesmo.
Processo: 1405-1 - Usuário solicita do Estado da Bahia a realização do
exame Pet Scam. O Estado alega que o exame é de alto custo. A demanda do
usuário foi atendida, com determinação do Estado em realizar o exame.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 150
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Processo: 15458-9 - Ministério Público solicita do município de Acajutiba o


fornecimento de transporte adequado ao usuário para que o mesmo possa
realizar seu tratamento no município de Alagoinhas. O município alega a falta
de comprovação de impossibilidade dos pais conduzirem o usuário. A
demanda do Ministério Público foi atendida, com determinação do município
em fornecer o transporte.
Processo: 13604-6 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
medicamentos (Insulina Lantus e Insulina Novorap) e agulhas, fitas reagentes
e lancetas. O Estado alega que o município de Itaberaba possui competência
para atendimento da demanda. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em fornecer os medicamentos e agulhas, fitas
reagentes e lancetas.
Processo: 38656-4 - Ministério Público solicita do Estado da Bahia a
transferência do usuário para a UTI ou Unidade Semi-Intensiva Pediátrica do
Hospital Santa Izabel. O Estado alega prazo curto para o cumprimento (48
horas). A demanda do Ministério Público foi atendida, com determinação do
Estado em realizar a transferência.
39053-1 - Usuário solicita da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia o
fornecimento de medicamento (Rilusol) e aparelho respiratório. O usuário fez
solicitação administrativa com negativa. A demanda do usuário foi atendida,
com determinação do Estado em fornecer o medicamento e aparelho
respiratório.
Processo: 428-1 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
material para cirurgia e cirurgia. O Estado alega que o usuário não se
enquadra nos critérios estabelecidos para utilização do material e cirurgia
solicitados. A demanda do usuário foi atendida, com determinação do Estado
em fornecer o material para cirurgia e cirurgia.
Processo: 11669-8 - Usuário solicita do Estado da Bahia a realização do
exame Pet Scam - CT. O Estado alega que não há solicitação de autorização
para o exame e que podem ser de alto custo, existem outros exames que
podem ser utilizados para diagnóstico. A demanda do usuário foi atendida,
com determinação do Estado em realizar o exame.
JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS NO SISTEMA 151
ÚNICO DE SAÚDE DA BAHIA, BRASIL (2005-2010)

Processo: 53867-8 - Usuário solicita da Secretaria de saúde do Estado da


Bahia o fornecimento de prótese e cirurgia. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer a prótese e realizar a
cirurgia.
Processo: 24422-7 - Usuário solicita do Estado da Bahia a transferência do
usuário para o Hospital Santa Izabel. O Estado alega que o usuário não
necessita mais do tratamento. A demanda do usuário foi atendida, com
determinação do Estado em realizar a transferência.
Processo: 14384-0 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
o internamento, tratamento e realização de exames. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o
internamento, tratamento e realização de exames.
Processo: 452-4 - Usuário solicita do Estado da Bahia o fornecimento de
material e realização de cirurgia. O Estado alega que não há comprovação da
necessidade de uso do material especificado. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação do Estado em fornecer o material e realizar a
cirurgia.
Processo: 2233-0 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia o
internamento, transferência para UTI e tratamento. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o
internamento, transferência para UTI e tratamento.
Processo: 1916-1 - Usuário solicita da Santa Casa de Misericórdia da Bahia o
internamento, tratamento Home Care e materiais. A demanda do usuário foi
atendida, com determinação da Santa Casa de Misericórdia em fornecer o
internamento, tratamento Home Care e materiais.

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