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A IMPORT NCIA E ANÁLISE DOS JOGOS E BRINCADEIRAS
PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
As variadas terminologias utilizadas ao longo dos anos para se
referir à deficiência múltipla acompanharam as transformações históricas e os valores sociais, econômicos e políticos de cada época. Alguns autores (DYCK et al., 2004; NARAYAN et al., 2010; NUNES, 2005; RIBEIRO, 1996) adotam os termos “profunda” e “severa” para reportarem-se à deficiência múltipla devido às graves limitações e comprometimentos nos campos cognitivo, físico e sensorial. Assim, as deficiências múltiplas podem ser as deficiências auditivas ou a visual, associadas a outras deficiências, como a intelectual ou física, bem como a transtornos (neurológico, emocional, de linguagem e de desenvolvimento global), gerando atrasos no desenvolvimento educacional, social, emocional, vocacional, que acabam por dificultar a autonomia do indivíduo (HONORA; FRIZANCO, 2004). Existem vários fatores contribuintes para as causas da deficiência múltipla, incluindo as de ordem sensorial, motora e linguística. Elas podem originar-se nos períodos pré e perinatais. Alguns fatores de risco e doenças/enfermidades podem, ainda, causar múltipla deficiência, gerando prejuízos significativos. A deficiência pode, ainda, ser adquirida devido aos fatores sociais envolvidos, sendo eles acidentes de trânsito, pobreza familiar, falta de saneamento básico, número relativamente grande de crianças, adolescentes e adultos usuários de drogas (ARAÓZ, 1999; ARAÓZ; COSTA, 2008; HONORA; FRIZANCO, 2004; MAIA; GIACOMINI; ARAÓZ, 2008). Muitos trabalhos têm discutido a possibilidade de inclusão de crianças com deficiências múltiplas em situação escolar, variando desde aqueles que observam as dificuldades de relacionamento interpessoal dessas crianças, quais tipos de deficiências poderiam beneficiar-se da inclusão, quais procedimentos e formas de comunicação seriam possíveis em sala de aula, até o desenvolvimento de estratégias para auxiliar aquelas crianças mais comprometidas e a formação dos professores. O estudo de Dyck et al. (2004) concluiu que crianças com deficiência visual têm um déficit de desempenho nas atividades de1 reconhecimento das emoções; já nas deficientes auditivas, aparece um déficit/atraso em habilidades mediadas pela linguagem. Aitken et al. (2000) revelam que a comunicação é um ponto central e necessário para os deficientes surdocegos e, dependendo da gravidade e complexidade da perda visual e auditiva, é mais provável que possa causar dificuldades na interação social. Silveira e Neves (2006) sugerem que o processo inclusivo seria possível com as crianças com necessidades educacionais menos comprometidas, e não com o deficiente múltiplo, pois existem fatores que irão afetar uma possível inclusão, como a preparação dos profissionais que atuam em escolas regulares e as condições precárias de higiene e das salas de aula das escolas.
Guess et al. (1990), ao observarem 50 crianças com deficiência
múltipla com grandes comprometimentos na sala de aula, concluíram que elas despendiam 42% do tempo em comportamentos inadequados para a aprendizagem. Kamenopoulou (2012) investigou a inclusão social e a participação de crianças surdocegas com seus amigos/companheiros no ambiente escolar, observando dificuldades na habilidade grupal, além de problemas na mobilidade dessas crianças.
Correa-Torres (2008), ao observar crianças surdocegas em situação
escolar, percebeu que os profissionais focaram mais a atenção no desenvolvimento social e acadêmico dos alunos e que a maioria das oportunidades interativas sociais e comunicativas dos alunos surdocegos ocorreram com adultos, e não com os colegas. Arthur (2003) enfatizou a necessidade de formação de profissionais, desenvolvimento e suporte no processo de melhoria da comunicação com crianças deficientes múltiplas. Foreman et al. (2004) observaram que crianças com deficiências múltiplas inseridas em classes regulares pareciam utilizar seu tempo realizando atividades significativas, ao contrário daquelas em escolas especiais.
No trabalho de Pinto e Góes (2006), sessões de brincadeiras livres em
atividades separadas da rotina de sala de aula evidenciaram que a mediação no grupo permite interações com situações imaginárias que contribuem para o desenvolvimento intelectual.
Costa e Cader-Nascimento (2005), trabalhando com crianças2
surdocegas pré-linguísticas, demonstraram que o uso da comunicação alternativa favoreceu o desempenho na realização das tarefas, bem como os aspectos motriciais da fala e as práticas de atividades de vida diária. Lancioni et al. (2007) desenvolveram um programa para estimular respostas adaptativas e posicionar a cabeça corretamente em estudantes com deficiência múltipla com o uso de tecnologia assistida, demonstrando a possibilidade de as pessoas com deficiência múltipla responderem de forma integrada e adaptada, mantendo o controle da posição elevada da cabeça. Assim, esta pesquisa objetivou a identificação de situações de inclusão social na percepção dos educadores de crianças com deficiências múltiplas e suas vivências observadas no cotidiano escolar. Jogos, brincadeiras e ludicidade são temas muito abordados em monografias e trabalhos de conclusão de curso, no entanto sendo um tema tão pesquisado, defendido e difundido, pesquisadores e alguns professores defendem a sua prática nos espaços escolares, lamentavelmente apesar de toda à literatura e das pesquisas realizadas que comprovam a relevância do brincar para o desenvolvimento da criança, ao lúdico ainda lhe é delegado, por muitos profissionais ao simples ato de distração, diversão e também lhe é atribuído atitudes como falta de educação, petulância ou desobediência, pensamentos estes expressos de forma inconsequente e intolerante, por meio de frases como estas: “as crianças de hoje não sabem brincar.”; “... as crianças só estão brincando.” ou “os alunos de tal professor estão sempre brincando.” Este descaso ocasiona danos à estruturação do desenvolvimento da criança e muitas vezes bloqueios emocionais e até físicos.
Com base nesta problemática, pesquisas e reflexões esta pesquisa visa
alcançar a todos os profissionais, mas principalmente aqueles que ignoram a importância do lúdico para o desenvolvimento infantil. Esta pesquisa tem como objetivo principal oferecer aos professores uma ferramenta de reflexão sobre a metodologia aplicada na educação infantil no que concerne a jogos e brincadeiras. Utilizando como base de sustentação pesquisas e constatações de diferentes teóricos. Esta pesquisa e análise visa mostrar que os jogos e brincadeiras são importantes para o desenvolvimento global da criança, e que este desenvolvimento não se dá apenas com os denominados jogos 3 educativos, mas também de brincadeiras livres, espontâneas, aquelas trazidas pelas crianças para o universo escolar, que se trabalhadas pelo professor de maneira participativa e mediadora lhe possibilitará introduzir novos conceitos e informações, assim como também a compreensão e entendimento do que foi aprendido pelo aluno com a mediação do professor.
Nas palavras de Luzuriaga (2001, pg.2) "..Sem educação não seria
possível a aquisição e transmissão da cultura, pois, pela educação é que a cultura sobrevive no espírito humano". Sendo assim, pode-se chegar a conclusão de que as crianças sempre foram educadas, seja para o trabalho, ou para as atividades intelectuais, estas crianças eram preparadas, apesar de não haver registros que confirmem essa educação, pois, as crianças menores eram responsabilidade exclusiva das famílias, recebendo educação apenas de seus familiares.
Luzuriaga (2001) diz que as crianças recebiam uma educação natural,
inconsciente, espontânea, adquirida na convivência familiar. Mesmo sendo essencial à vida social e intelectual do homem, a educação foi transmitida de formas diferentes, por povos diferentes. Na idade Antiga a educação de crianças pequenas era essencialmente familiar. Já na antiguidade clássica encontram-se registros da preocupação com uma educação mais elaborada para as crianças pequenas.
Luzuriaga (2001), diz que Platão (427-347 a.C) recomendou que a
educação da primeira infância fosse de jogos educativos na família, com o objetivo de preparo para o exercício do futuro da cidadania, e que Aristóteles (384-332a.C) propôs que as crianças dos cinco aos sete anos receberiam em casa educação para a higiene e o endurecimento, e ainda assistiriam a algumas lições.
Carvalho (2003) apud Oliveira (2002) diz que os modos de atendimento
não familiar foram se constituindo nas camadas sociais menos favorecidas, desde as sociedades primitivas, por meio das relações de parentesco, No final da Idade Média surgem as "rodas dos expostos" e os "lares substitutos", dirigidos por entidades religiosas e filantrópicas. 4 O autor acima afirma que em decorrência das transformações sociais, econômicas, políticas e ideológicas, em um contexto de educação como investimento para o desenvolvimento social, a escolaridade obrigatória e a aceitação da criança como pessoa com necessidades especiais, origina a trajetória da constituição do atendimento ás crianças pequenas.
Carvalho (2003) apud Oliveira (1994) em decorrência da necessidade de
atender crianças órfãs, abandonadas ou mesmo os filhos de mães operarias, nos séculos XVII e XVIII em alguns países da Europa foram criadas as primeiras instituições que tinham como objetivo principal a guarda de crianças a partir de dois anos, orientadas na religião e cuidados com a saúde, alimentação e em alguns casos, iniciação em um oficio. Eram conhecidas como as "Escolas de Caridade" ou "Escolas de Damas".
Contribuições dos jogos cooperativos e esportes coletivos para o desenvolvimento de habilidades sociais e pedagógicas em crianças com Transtorno do Espectro Autista