Casos clínicos parasitologia
Casos clínicos parasitologia
Casos clínicos parasitologia
1. Paciente com dois anos de idade, masculino, apresenta quadro de diarreia de repetição há
aproximadamente cinco meses, com fezes amolecidas, acinzentadas, com algum muco,
sem sangue, com aproximadamente quatro evacuações diárias, porém, sem cólicas ou
tenesmo. Mantém bom estado geral. No exame físico há discreta distensão abdominal. Não
há relato de eliminação de parasitos nas fezes. A água consumida pela família é de cisterna e
não há rede de esgoto no bairro.
A) Você pensaria em qual etiologia para essa diarreia?
Primeira possibilidade: Giardíase. Outra possibilidade: amebíase.
B) Qual a propedêutica indicada e qual sua utilidade?
EPF em 3 amostras com pesquisa de trofozoítos em fezes líquidas e recém emitidas ou
pesquisa de cistos em fezes formadas. Também podem ser encontrados no aspirado
duodenal embora não seja realizado rotineiramente. O material para o EPF deve ser
colhido em 03 dias alternados. O exames é importae para o diagnóstico etiológico da
doença.
(Elevado índice de falso-negativo pode ser observado porque os cistos de giárdia são
eliminados nas fezes de forma intermitente.)
C) Qual o tratamento proposto? Os pacientes assintomáticos devem ser tratados?
Justifique.
Metronidazol*. Outras alternativas: albendazol, secnidazol* (30 mg/kg, dose única),
tinidazol* (50mg/kg) nitroimidazol, mebendazol, furazolidona*, NITAZOXANIDA*.
Pacientes assintomáticos devem ser tratados para reduzir o risco de complicações (como a
síndrome pós-infecciosa).
2. Criança com seis anos de idade apresenta história de febre, diarreia mucossanguinolenta,
distensão abdominal e tenesmo há dez dias. Fez uso de ácido nalidíxico sem sucesso. Ao
exame apresentava-se prostrada, emagrecida, sem sinais de desidratação. Procedente de zona
rural sem saneamento básico. A água consumida pela família é de mina. Não há fossa.
A) Qual o agente etiológico mais provável para o quadro? Explique.
Mais provável: Amebíase com quadro de disenteria amebiana aguda. Outras
possibilidades: giardíase, shigellose, salmonelose. A giardíase é pouco provável devido à
característica invasiva da diarreia. Pode ser shigellose, mas o que torna o diagnóstico
menos provável é a ausência de resposta ao tratamento. Salmonella também é pouco
provável também pela presença de tenesmo
B) Quais exames você solicitaria?
PF com MIF, em 3 amostras.
C) Qual tratamento você recomendaria?
Metronidazol, 35-50mg/kg/dia, 3x/dia 7 dias. SECNIDAZOL: 30MG/KG, DOSE
ÚNICA. TINIDAZOL: 50MG/KG, DIA, 2D. Outros: Quais quadros clínicos podem estar
associados a essa parasitose? Colite amebiana não disentérica, com surtos de diarreia
alternados com períodos de melhora, semelhante a giardíase ou quadros de cólon irritável.
Abscesso hepático.
3. M.S.C., 34 anos, empresário, passou uma semana de férias pescando no Rio Amazonas, em
Manaus. Após 10 dias da sua chegada, começou a apresentar alguns sintomas como mal-estar
geral, cefaléia, cansaço e mialgia. Ao procurar um médico, uma gripe foi
diagnosticada recebendo o devido tratamento para essa infecção. Após isso, o paciente
começou a apresentar surtos febris alternados com temperaturas de até 40°C com súbita
queda após duas horas.
A) O diagnóstico inicial estava correto? Explique.
Não. Devido aos sinais e sintomas apresentados (febre recorrente com queda após
duas horas) e às características epidemiológicas (retorno de uma região endêmica e o
período de tempo para o aparecimento dos sintomas), o diagnóstico correto seria de
malária.
B) Como se adquire esta doença?
A doença é adquirida quando esporozoitos infectantes são inoculados pelo inseto vetor
(fêmea do Anopheles) nos hospedeiros vertebrados através do repasto sanguíneo.
C) Relacione o surto febril com o ciclo do parasito.
O ataque paroxístico agudo coincide com a ruptura das hemácias ao final da esquizogonia
e é seguido por uma fase febril .
O surto febril é resultante de uma resposta imune do organismo frente ao final do ataque
paroxístico agudo (acesso malárico), onde há ativação de pirogênio endógeno
pelos macrófagos e monócitos em resposta aos produtos do parasito liberados na ruptura
das hemácias.
D) Qual método laboratorial deve ser feito para sua confirmação?
É possível confirmar o diagnóstico através da pesquisa do parasito no sangue
periférico com o método da gota espessa e do esfregaço sanguíneo por exemplo), além de
métodos moleculares como o PCR.
E) Qual o tratamento indicado?
O tratamento indicado consiste na utilização de cloriquida durante 3 dia sassociado a
primaquina durante 7 dias.
F) Cite medidas profiláticas para viajantes.
Medidas profiláticas envolvem a utilização de proteção individual paraviajantes
(profilaxia de contato), como repelentes e medidas de barreira e, casoseja um viajante
internacional ou que esteja indo para uma área de intensatransmissão, como no caso
clínico, a quimioprofilaxia é recomendada.
4. Paciente VDSS, 52 anos, masculino, vaqueiro, proveniente de Mundo Novo (BA). Regulado
de Feira de Santana, no dia 20/04, ao Hospital Couto Maia.
Regulação referiu inicio de quadro clínico no dia 03/04 em Mundo Novo com fortes dores
torácicas ventilatório-dependentes, febre de 38o, cefaléia, linfonodomegalia em cadeia axilar
direita. À inspeção dos linfonodos hipertrofiados, notou-se furúnculo não-supurativo de
aproximadamente 2cm2. Em Posto de Saúde, paciente foi medicado com dipirona sódica e
prescrito repouso por uma semana quando então deveria retornar para reavaliação. No dia
10/04, apresentava diminuição gradual das dores torácicas com manutenção dos outros
sintomas, sendo então regulado para o Hospital Geral Clériston Andrade em FS. Em Feira de
Santana, paciente evoluiu com diminuição gradual da PA, manutenção da febre e cefaléia,
passando a apresentar turgência jugular a 45o; ausculta cardíaca evidenciou hipofonese de
bulhas sem sopros. Foi realizado ECG que evidenciou complexos QRS de baixa amplitude
em derivações precordiais. PA apresentava-se de 100-60 mmHg no dia 18/04. No dia 19/04,
foi realizado ecocardiograma que evidenciou derrame pericárdico importante; líquido
pericárdico foi drenado com alivio do quadro. Paciente foi então encaminhado ao Hospital
Couto Maia para avaliação da causa ainda inconclusiva.
A) Quis exames você pediria para o diagnóstico?
Anticorpos IgM Anti-T. cruzi, Gota espessa para Chagas, Elisa para Leishmaniose
Visceral, Elisa IgM para Hantavirose, AgHBS, Anti-VHC.
B) Quais os diagnósticos diferencias?
Chagas, Leishmaniose Visceral, Hantavirose, Miocardite Infecciosa.
A) Quais as medidas de educação em saúde podem ser ofertadas para essa família?
5. Um grupo de enfermeiros constata que, na área desmatada, há uma grande quantidade de lixo
despejado por moradores das proximidades e esgoto sem nenhuma proteção, o que
certamente contribui para aumentar o número de casos de ascaridíase. Esse aumento acontece
por que:
a) Os parasitos presentes no lixo podem ser levados pela poeira e contaminar os
alimentos;
b) As larvas do helminto causador dessa parasitose podem contaminar a água potável e, a
partir daí, infectar o homem;
c) Os depositados no lixo originam larvas que penetram na pele de pessoa que andem
descalças por essa área;
d) Os ovos do parasito podem ser veiculados por insetos presentes no lixo e nas fezes
humanas.
6. Maria Helena sempre foi uma mulher precavida, estava sempre com seus exames regulares.
Em uma ocasião, Maria Helena começou a sentir dores ao urinar e algumas vezes apresentava
um corrimento abundante de coloração diferente do normal. A mulher também observou que
o odor era bem diferente e que ficava mais intenso no período pós-menstrual.
A) Qual parasito você suspeitaria ser encontrado?
Trichomonas vaginalis, causador da tricomoníase.
B) Quais outras enfermidades poderiam ser confundidas com a de Maria Helena? Infecções
sexualmente transmissíveis, como candidíase ou clamídia, além de possíveis
vulvovaginites.
C) Qual método de diagnóstico parasitológico de certeza para poder diferenciar de outras
enfermidades?
Pode-se fazer o esfregaço ou coleta de secreção, que tem como característica um
corrimento espumoso.
D) O que deve ser feito para evitar novas infecções?
Investimento em saneamento básico, educação sexual para mulheres e homens e higiene
genital e manual.
E) Qual o habitat do parasito no hospedeiro humano?
O parasito habita no trato genitourinário.
F) O tratamento preconizado é exclusivo para mulheres?
Não, o tratamento deve ser feito por indivíduos infectados independentemente do sexo.
7. Identificação: J. D. B. O., 09 anos, DN: 07/06/96, masculino, negro, escolar, natural,
residente e procedente da zona rural de Buritis-MG, Queixa principal:“ Inchaço” há 8
semanas. Anamnese: Informante relata que paciente iniciou, há 8 semanas, quadro de edema
ascendente na face. Refere, após algumas semanas, cansaço aos médios esforços (qdo
caminhava 500 m). Informa evolução do quadro com piora, apresentando fraqueza e
anorexia. Paciente relata consulta, dia 02/06/06, com médico na cidade de origem, o qual
prescreveu 2 medicações (não soube relatar quais) e solicitou exames complementares. Nega
febre, vômitos ou diarréia.
Antecedentes Familiares:
Informante relata mãe do paciente falecida aos 45 anos de idade, há cerca de 6 anos, por
cardiopatia ignorada.
Moradia e hábitos de vida:
Informante refere que paciente mora em casa de alvenaria, com telhas e paredes rebocadas.
Paciente informa conhecer o barbeiro. Não soube relatar se ocorreu contato.
Exames complementares revelaram arritmia, bloqueio do atrioventricular. O paciente ainda
relata incômodo e dor ao comer.
A) Qual o provável agente etiológico?
É provável que seja o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas.
B) Em qual fase da doença esse paciente supostamente se encontra?
Possivelmente na fase crônica, dado o relato de fraqueza, anorexia e cansaço excessivo.
C) Qual exame parasitológico você indicaria para dar um diagnóstico de certeza da doença?
Xenodiagnóstico ou gota espessa.
D) Esse exame seria o melhor indicado para essa fase da doença? Porque?
Não, os exames recomendados para a fase crônica são os imunológicos, visto que buscam
diretamente pelo parasito no sangue ou por anticorpos específicos.
E) Qual a razão para o comprometimento do sistema digestivo e cardíaco?
O parasito atinge o complexo celular, e ao entrar no coração ocasiona no rompimento de
“ninhos” de amastigotas que causam inflamação (miocardite), comprometendo, assim, a
função cardíaca e sua frequência. Já no intestino, o parasito se aloja na musculatura lisa e
nas células nervosas, destruindo plexos nervosos e alterando o trânsito esofágico.
F) Cite três estratégias de controle
Controle químico do vetor com uso de inseticida; Maior qualidade para hemoderivados;
Higiene na produção e manipulação de alimentos.
8. Lactente com 1 mês e 4 dias de vida, nascido de parto cesariano, considerado recém-nascido
adequado para a idade gestacional, foi levado a serviço médico para avaliação de rotina. A
mãe relatava o aparecimento de palidez progressiva em sua criança desde os 15 dias de vida,
sem apresentar nenhum outro sintoma constitucional e negava identificação de episódio
febril. Ao exame físico, a criança apresentava-se em boas condições clínicas, ativo, com
choro forte, chamava a atenção intenso descoramento de mucosas e palidez cutânea, além de
hepatosplenomegalia (fígado palpável a 5 centímetros do rebordo costal direito e baço a 4
centímetros do rebordo costal esquerdo), sem outras anormalidades identificadas. O
Hemograma revelou anemia. Na investigação de antecedentes epidemiológicos os pais
revelaram procedência recente de Rondônia, onde a mãe, durante a gestação, apresentara três
episódios de NOME DA DOENÇA, inadequadamente tratados. Foi feita pesquisa de
hematozoários na criança que se revelou positiva para o agente. A terapêutica instituída no
caso foi NOME DA BASE QUÍMICA endovenosa, na dose total de 25mg/kg, dividida em 3
tomadas, com infusão lenta (maior de 4h) além da necessária transfusão de glóbulos
vermelhos para correção de anemia grave. O tratamento completou-se sem efeitos adversos, e
a criança apresentou boa evolução clínica.
A) Cite o nome da doença, os agentes etiológicos da mesma e justifique a sua escolha;
Malária. Seu agente etiológico é o Plasmodium, existindo Plasmodium vivax,
Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale. Justifica-se na
sintomática do paciente, especialmente pela hepatosplenomegalia, e na procedência da
família, que vinha recentemente de uma visita a uma região endêmica da malária
(Rondônia).
B) Descreva sucintamente seu ciclo biológico, citando os possíveis modos de transmissão
para o homem;
A picada do mosquito promove a transmissão de esporozoítos na corrente sanguínea do
homem; os esporozoítos migram para o fígado, onde fazem a esquizogonia hepática; após
a esquizogonia hepática, ocorre a liberação de merozoítos na corrente sanguínea, onde
ocorre a invasão das hemácias promovendo a esquizogonia sanguínea e também a
formação dos gametócitos. Os gametócitos são sugados pelos mosquitos e promovem a
reprodução sexuada dentro do vetor, transmitindo assim para outros indivíduos.
C) Qual o tratamento adequando nesse caso?
Os principais medicamentos utilizados para tratar a malária são cloroquina e primaquina.
D) Cite quatro medidas profiláticas
Entre as principais medidas de prevenção da malária estão uso de mosquiteiros, telas em
portas e janelas, melhoramento da moradia e das condições de trabalho e uso de
repelentes.
E) Cite um método diagnóstico parasitológico e um sorológico de diagnóstico.
Parasitológico: esfregaço sanguíneo
Sorológico: teste ELISA para malária.
9. Paciente do sexo masculino, 45 anos de idade, natural de Água Preta – PE, compareceu ao
serviço de Infectologia, no setor da DIP (Doenças Infecto-Parasitárias) do Hospital
Universitário Oswaldo Cruz, com queixa de “ferida no nariz e no pênis que não cicatrizava”.
Na avaliação da história atual da doença, verificou-se que o paciente portava uma lesão
ulcerada na asa direita nasal com comprometimento da mucosa do assoalho nasal, causando
obstrução nasal e lesão avançada em glande peniana com a presença de infecção secundária
caracterizada por uma miíase, a qual havia se instalado antes da lesão nasal. O paciente
relatou um tempo de evolução de 8 meses da lesão nasal, e, há mais tempo, a lesão do pênis.
Apresentava sintomatologia dolorosa na região nasal e peniana. É relatado ainda que foi
atendido no posto de saúde de sua cidade, onde foram administradas Penicilinas e
Tetraciclinas, sem resolução. Usou também Glucantime, nome comercial do antimonial
pentavalente, embora não tenha completado a terapia. Ao exame físico, o paciente
apresentava-se com Estado Geral Regular (EGR), consciente, orientado, afebril, hidratado.
No exame abdominal não foram observadas vísceras palpáveis, sem evidência de
visceromegalias, ou dores às palpações. Durante o exame loco-regional da face, observou-se
lesão ulcerada, com bordas elevadas e eritematosas, na região de asa do nariz com assoalho
nasal do lado direito, com presença de conteúdo granulomatoso e purulento e a presença de
crostas, além do comprometimento da cartilagem alar, sem alterações no septo.
A) Cite o agente etiológico da doença e justifique;
Leishmaniose mucosa, que é uma forma de leishmaniose tegumentar associada à
Leishmania braziliensis.
B) Descreva resumidamente seu ciclo biológico com seus principais reservatórios;
A forma promastigota, alojada no intestino do mosquito-palha, multiplica-se sucessivas
vezes. Ao picar indivíduo saudável, o mosquito transmite a doença por meio deste
contato, ocorrendo assim no hospedeiro definitivo a entrada nos macrófagos e inibição
das funções de fagocitose. A defesa dos macrófagos é desativada e a célula é rompida,
devido ao excesso de amastigotas (nova forma que está no macrófago). O parasito
sobrevive na circulação humana e pode ser disseminado por meio de nova picada de
fêmea do mosquito-palha. O parasito reserva-se principalmente em animais, como
roedores, gambás e cães.
C) Método de diagnóstico parasitológico do agente acima.
Pode-se realizar biópsia na lesão, exame histopatológico, curetagem, entre outros,
utilizando de coleta de macrófagos parasitados nas bordas da lesão ou dentro da mesma.
Bons Estudos!!