Contemporary Brazilian Poetry

messias botnaro é o primeiro narrador e personagem da história da literatura brasileira (quiçá mundial) a morrer de Covid-19. Defunto autor de muita coisa escrita, lança seu primeiro livro de poemas, trazendo à tona a poesia de testemunho por desapropriação.

Este ensaio tem por objetivo analisar os poemas da escritora afro-brasileira Miriam Alves. Buscaremos retratar as complexas relações entre gênero, classe e etnia na  sociedade heterogênea brasileira dentro de um arcabouço teórico pós-colonial e feminista. Para esse fim lançaremos mão, sobretudo, das teorias pós-coloniais de Frantz Fanon e Gayatri Chakravorty Spivak. Propõe-se divulgar o poder da resistência cultural que poderia ajudar a construir um novo paradigma num processo de recuperação do trauma por meio de uma reconstrução da memória. Além disso, busca-se verificar a presença de uma identidade cultural estabelecida por meio de auto-reafirmação em relação aos enquadramentos sócio-históricos. Através disto proporemos uma conscientização nos discursos acadêmicos e no discurso literário e poético.

Referring to the symbols and myths connected with a mirror, the author of this essay presents Polish translations of Brazilian and Uruguayan poetry and Brazilian translations of Polish poetry. Selected poems that refer to the mirror inspire multicultural reflection on the translation process, the meaning of the poetry and human condition .

Ana Martins Marques
La vida submarina y otros poemas
A vida submarina e outros poemas
Traducción, Jerónimo Pizarro
Revisión, Alexandra Maia
Selección, Alexandra Maia, Ana Martins Marques
y Jerónimo Pizarro
Edición bilingüe
Bogotá: Ediciones Vestigio, 2021.
ISBN: 978-958-52940-3-5

Available at / Disponível em: https://rl.art.br/arquivos/7354368.pdf?1633611898

Poesia publicada no livro "No Baú da Vovó".
ISBN 978-65- 995956-1-5

TROLINHO

“Lá vai o meu trolinho
Vai rodando de mansinho
Pela estrada além”

Lá entoa Dircinha Batista
Ressoando no caminho, saudosista
Nos contornos da memória, aquém

Como um soneto invertido
De Antônio de Medeiros
Dá abrigo ao mensageiro
A saudade que ele tem

Vovó, que saudade
Da cumplicidade, da fé
Mas o tempo e a maré
Não esperam por ninguém.

The present paper approaches the strategies for the use of both written and vocalized language in the work of the poet and songster Arnaldo Antunes, taking the philosopher ludwig wittgenstein's notion of the language games' and some theoretical maxims of the concretism. As a hypothesis, we tried to understand how Arnaldo Antunes renders problematic the representative capacity of the language foccusing the vocalized language in its sonorous aspects.

Na seção Portfólio, dedicada a Sérgio Blank, três artigos discutem diferentes aspectos da obra do escritor. Em “Descobrindo-nos (exotopicamente) na leitura de Safira, de Sérgio Blank e Mara Perpétua”, Maria Amélia Dalvi comenta a fábula para crianças Safira e defende a ideia de que sua leitura faculta “uma descoberta de nós mesmos”. Paulo Roberto Sodré propõe, em “Crônicas de Sérgio Blank”, a recepção de alguns textos do poeta, publicados em jornal, como crônicas. Sarah Vervloet Soares escolhe a ironia como
traço fundamental para comentar a poesia de Blank, em “O recurso da ironia na obra Pus, do poeta Sérgio Blank”. Completando o tema de Portfólio, duas seções avançam no conhecimento do poeta. Na Entrevista, os escritores Caê Guimarães e Orlando Lopes conversam
com Blank sobre sua história e seu processo criativo em “Back to Blank: entrevista com Sérgio Blank”. Na seção Memória republicamos resenhas de dois escritores: Fernando Tatagiba, “Roer as unhas, até sair poesia”, sobre o livro de estreia Estilo de ser assim, tampouco, de 1984, e Lacy Ribeiro, “A ‘tabela periódica’ de Sérgio Blank”, de 1993, e “Poemas, Vírgula, Sérgio Blank”, de 1996, reunidas estas duas sob o título de “Dois comentários sobre a poesia de Sérgio Blank”. Rita de Cássia Maia assina o artigo “’Vírgula’, de Sérgio Blank”, de 1997. Ainda
nessa seção trazemos uma narrativa de Adolfo Oleare, “O nada só é deixando de ser”, que apresenta Blank como um dos personagens.
Enquanto preparávamos a publicação desse número, ocorreu a morte de Sérgio Blank. Consternados, escritores, profissionais da leitura e amigos prestaram suas homenagens ao poeta em textos e imagens recolhidos e organizados por Vitor Cei: “’O que dita a dor’: em memória de Sérgio Blank”.

No texto metapoético, é a própria poesia que se torna matéria de si mesma. Assim, o poeta, ao exercitar a metapoesia, revela sua consciência crítica da intrincada relação que a palavra mantém com o mundo. A produção poética e crítica de Paulo Leminski, escrita entre as décadas de 1960 e 1980, apresenta uma inquietação e traz para o debate a relação frequentemente problematizada na contemporaneidade entre pensamento, mundo e linguagem. A proposta deste trabalho é buscar os rastros dessa escrita autorreflexiva na confrontação entre a sua prosa ensaística e a sua produção poética.

Considerando os problemas encontrados ao tentar inserir o aluno na cultura literária, este artigo reflete sobre a importância de se trabalhar o haicai de Paulo Leminski no ensino de literatura nas aulas de Língua Portuguesa como estratégia, visando cultivar o gosto pela leitura literária nos jovens leitores. Para tanto, investiga-se a postura que o professor pode adotar em sala de aula em relação ao aluno, bem como a importância dessa postura na constituição de sua subjetividade como leitor, tendo em vista a importância do texto literário como fator de humanização e de desenvolvimento da sensibilidade, da imaginação e do pensamento crítico. Mapeia-se também as origens do gênero no Japão, passando pela sua introdução no Brasil até chegar ao estilo de Paulo Leminski. Por fim, são analisados alguns de seus haicais para demonstrar como esse gênero breve pode ser usado para se trabalhar a literatura no ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Paulo Leminski; haicai; ensino de literatura; letramento literário.

Apesar do movimento simbolista no Brasil não ser uma estética que encontra consenso entre os estudiosos, é inegável que a lírica moderna, que teve sua expressão consolidada a partir do Simbolismo francês, segue influenciando a produção poética de maneira geral. Em Estrutura da lírica moderna, Hugo Friedrich faz uma análise da poesia de Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé. Suas afirmações se mostram profícuas no estudo da influência dos três poetas. Tal influência é percebida durante toda a produção poética no Brasil ao longo do século XX e faz-se presente ainda nos dias atuais; exemplo disso é a poetisa Maria Carpi. Buscando estabelecer um diálogo entre as características da lírica moderna e a poesia de Carpi, serão analisados quatro poemas da autora.

ABSTRACT: Although the symbolist movement in Brazil is not an aesthetic that finds consensus among the scholars, it is undeniable that the modernist lyric poetry, which had its expression consolidated following the French Symbolism, continues influencing the poetic production in general. In Structure of modern lyric poetry, Hugo Friedrich analyzes of the poetry of Baudelaire, Rimbaud and Mallarmé. His statements prove fruitful in the study of the influence of the three poets. Such influence is perceived throughout the poetic production in Brazil during the 20th Century and it is still present nowadays; an example of this is the poet Maria Carpi. Seeking to establish a dialogue between the characteristics of the modernist lyric poetry and the poetry of Carpi, four poems of the author will be analyzed.

The works of Sérgio Medeiros are populated by a multitude of beings of diverse and often shifting orders and species. Drawing upon intersecting conceptual orientations of animal and multispecies studies, posthumanism, and ecocriticism, I survey a range of interspecies encounters and worldings in Medeiros's writing, especially his collection of poems, O choro da aranha, etc. (2013). As Medeiros pointedly draws inspiration from diverse aesthetic and philosophical traditions—from Amerindian cosmogonies and verbal arts to Japanese Zen poetry and various strains of modernist avant-gardism—I trace here as a unifying feature his engagement with animist imaginings and a post-or anti-anthropocentric unsettling of human/non-human binaries and boundaries. Keywords: Brazilian poetry; indigeneity; literature and the environment; multispecies studies; Eduardo Viveiros de Castro The non-human other has of course been a feature of and inspiration for human metaphysical speculation, ethical/ontological inquiry, and aesthetic practice since time immemorial, and there are certainly clear continuities and modulations to be traced between the present, in this regard, and periods and practices of any variety of remoteness. There is now, however, a distinctly intensifying and palpable sense of urgency to the interrogation and exploration of real and conceptual/ontological relations between human and other-than

Most scholarship on Neo-concretism tends either to ignore Ferreira Gullar's early poetry or simply reiterate the poet's own account of his book A Luta Corporal (1954) as concerned solely with the implosion of language. However, Gullar's book also engages with a sustained existential meditation on temporality and finitude through images of material expenditure, with pears and apples recurring throughout its pages as self-consuming entities that dramatize the inexorability of time. Fruit would later become a metaphor for the effect of color in the Neoconcrete production of painter Aluisio Carvão, with Gullar suggesting that the “resistance of the object” is overcome in his works by the way our vision is made to linger on “the pulp of color.” Can it be that expenditure returns within Neoconcrete theory in the guise of fruit? If so, then the movement's generally undisputed association with a redemptive phenomenology will have to be reviewed in order to accommodate a far more anxiety-ridden conceptual facet.

This article examines how the written text has negative connotations in some well known poems of the most canonical modernist Brazilian poets such as Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade and Jorge de Lima. It is asserted that this negativity it should be considered as a new transversal and cohesive feature in the Brazilian modernist poetry.
https://lljournal.commons.gc.cuny.edu/2012-1-climent-texto/

Sem deus criador, a potência do «acto de criação» é (des)figurada por um mechanical: o «serralheiro», deus menor e insciente: «O serralheiro não sabia / o ato de criação como é potente». Não foi um agir, mas um ser agido. O que deste modo se repete na «coisa criada» é tanto a insciência como o concomitante não-acto, de modo que voltamos ao problema da epígrafe, não inventar mas ser inventado: «e na coisa criada se prolonga, / ressoante».

Um poeta que se autointitula podólatra e praticante de uma estética xibunguista, um poeta famoso por seus aspectos transgressivos, pornográficos, lança um livro de cem sonetos sobre o ícone maior da sexualidade heterossexual e genital. Há uma contradição nesse novo livro em relação à obra anterior do poeta? Uma traição de suas propostas de cantor de sexualidades desviantes? Pelo sim, pelo não, como pensar esse livro? Pornográfico? Este trabalho busca empreender uma pequena compreensão do livro Poesia vaginal, de Glauco Mattoso. O que uma leitura psicanalítica pode dizer sobre esse conjunto de poemas? Poesia vaginal é um livro de poemas que aponta para questões constitutivas da sexualidade humana, como a formulação de Lacan de que “a relação sexual não existe” e as angústias dessa incompletude humana. Vê-se que o termo vaginal trata de algo muito mais amplo que o termo vagina, em última instância, de todas as faltas da sexualidade humana.

A poet who calls himself a podiatrist and a practitioner of a xibunguista aesthetic, a poet famous for its transgressive, pornographic aspects, launches a book of one hundred sonnets for the greatest icon of
heterosexual and genital sexuality. Is there a contradiction in this new
book in relation to the poet’s earlier work? A betrayal of his proposals
as a singer of deviant sexualities? But to be on the safe side, what to
think about this book? Is it pornographic? This work aims to undertake
a comprehension of the book Poesia vaginal, by Glauco Mattoso. What a
psychoanalytic reading can say about this set of poems? Poesia vaginal is a book of poems that points to constitutive issues of human sexuality, such as Lacan’s formulation that “sexual intercourse does not exist” and the anguish of this human incompleteness. It is seen that the term vaginal deals with something much wider than the term vagina, and ultimately all the faults of human sexuality.

Since the twentieth century São Paulo has been a vital economic centre showing in its fast growth and industrialization the dynamism that makes it the true cultural capital of the country. Today, it is a tentacular megalopolis of more than 25 million inhabitants, advanced in many ways despite its apparent stratifications, walls and wounds. On the one hand, the modernist poets such as Mário de Andrade and Oswald de Andrade were able to understand, in the first decades of the twentieth century, the various overlapped and contradictory sides of the city of São Paulo as well as incorporating them into their texts; on the other hand, how do its poets reckon the city now? Which neighbourhoods, streets, squares and avenues have been going through a time of dispersion and disintegration in which rhythm has become frantic? What beings fill their poems? In order to answer such questions, I will focus on two poets who address the city of São Paulo in an intimate and visceral way, Donizete Galvão and Fabio Weintraub. The books involved in this investigation have been O homem inacabado (2010) and Falso trajeto (2016), respectively by Donizete Galvão (1955-2124) and Fabio Weintraub 1967).

The Brazilian poet Jorge Lima, better known for his relation with surrealist aesthetics and popular culture, wrote several lives of saints that depart from the Brazilian modernist context. Although Catholicism is sometimes manifest in his poetic works, these 'lives' constitute a point of antagonism for their informative prose and for their selective restrictions on images. By their supposed imitation of divinity and their abandonment of the self, the texts Anchieta, Dom Vital and A vida extraordinária de Santo Antônioare related both to the Spanish mysticism of San Juan de la Cruz, and to the Christian rhetoric of the sermo humilis as deployed by Jesuit colonial authors. The article aims to investigate some parallels between previous hagiographies and Lima's texts as well as to demonstrate how these modernist 'lives' inevitably fail in their attempt to manifest their humble vocabulary and imagery, performing a paradoxical auto-hagiography.

Ponteiros de Papel (Pointers of paper) is a book of poems published in Brazil. It gathers 60 poems in Portuguese entitled "At home number X", whose dates refer to the day-to-day life of the pandemic, and 4 poems in the "Others" section. At the end of the book, there are critical comments by Alexandre de Melo Andrade, Anélia Montechiari Pietrani, Annabela Rita, Cacá Vidal (Carlos Vidal), Christine Arndt de Santana, Eliene Farias da Silva, Éverton Santos, Fernando de Mendonça, Gigia Talarico, Homero Carvalho Oliva, Juliana dos Santos Santana, Manuel Brito-Semedo, Márcia Batista Ramos, Pedro Varoni, Priscila Branco, Simão Pedro dos Santos (Pedro Pernambuco), Vera Duarte and WJ Solha. Author's illustrations. 113 pages.

Wilberth Salgueiro nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1964. Fez doutorado em Letras (Teoria da literatura) pela UFRJ e pós-doutorado em Literatura Comparada pela UERJ e em Literatura brasileira pela USP. Vive em Vitória (ES), onde trabalha como Professor Titular do Departamento de Línguas e Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Desde 2007, é bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com taxa de pesquisa pela Fapes desde 2013. Diretor da EDUFES desde agosto de 2017. Publicou poemas e ensaios críticos em vários livros.

En "Cronista de lo inconexo", Clovis Salgado Gontijo se sumerge en la obra del poeta brasileño Manoel de Barros para rastrear en su "Livro sobre nada" un abordaje de lo nimio y un ejercicio del no-saber que invitan a ser leídos desde sus complicidades con el escepticismo. "En el fondo del huerto" -afirma un verso de este libro- era muy riquísimo nuestro desaber". El texto muestra como esta desinstalación del ámbito del saber funge de condición de posibilidad de un hacer poético que rechaza una escritura compuesta por "medidas" fijas y ajenas. La apreciación de lo insignificante requiere, en esta singular poesía sobre nada, de una suerte de desaprendizaje de los saberes constituidos, de una ruptura con la palabra acostumbrada, para salir al encuentro de las cosas y de los hombres no vistos, relegados en su abandono.

Texto de presentación de Marcela Rivera.

Considerando os problemas encontrados ao tentar inserir o aluno na cultura literária, este artigo reflete sobre a importância de se trabalhar o haicai de Paulo Leminski no ensino de literatura nas aulas de Língua Portuguesa como estratégia visando cultivar o gosto pela leitura literária nos jovens leitores. Para tanto, investiga-se a postura que o professor pode adotar em sala de aula em relação ao aluno, bem como a importância dessa postura na constituição de sua subjetividade como leitor, tendo em vista a importância do texto literário como fator de humanização e de desenvolvimento da sensibilidade, da imaginação e do pensamento crítico. Mapeia-se também as origens do gênero no Japão, passando pela sua introdução no Brasil até chegar ao estilo de Paulo Leminski. Por fim, são analisados alguns de seus haicais para demonstrar como esse gênero breve pode ser usado para se trabalhar a literatura no ensino.