Fischer, Michael M. J. Futuros Antropológicos: redefinindo a cultura na era tecnológica. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, 294 p. thamires de lima silva Michael M. J. Fischer é professor de antropologia e de estudos da ciência e da tecnologia...
moreFischer, Michael M. J. Futuros Antropológicos: redefinindo a cultura na era tecnológica. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, 294 p. thamires de lima silva Michael M. J. Fischer é professor de antropologia e de estudos da ciência e da tecnologia no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Observando os recentes desen-volvimentos da disciplina antropológica, vêm se dedicando as temáticas de antropologia das biociências, tecnologias, circuitos de mídia e formas emergentes de vida. Em ''Futuros Antropológicos-Redefinin-do a cultura na era tecnológica'' (2011), Fischer elabora caminhos para as antropologias futuras que surgem em contextos interdisciplinares e transdisciplinares e apresenta também reflexões fundamentais para a antropologia da ciência e tecnologia que, sob influência dos estudos multidisciplinares da ciência e tecnologia tem um campo fértil a se debruçar em torno de questões contemporâneas. A percepção de Fis-cher é que os avanços tecnocientíficos fomen-tam o debate acerca da redefinição dos espaços públicos, das epistemologias cívicas, da noção de sociedade civil e da cultura política. Partindo da concepção kantiana de antro-pologia seja como disciplina acadêmica e/ou prática filosófica, Fischer defende que a antro-pologia deve se abrir a novas perspectivas mul-tidimensionais visando o conhecimento e o entendimento da humanidade (antropos). Para isto, é necessário reconhecer que as categorias-cultura, natureza, corpo, mercado, ciência, tecnologia etc.-que permitiram as nossas re-flexões analíticas sobre o mundo devem ser re-adaptadas não apenas visando novos métodos para a análise cultural, mas também uma nova sensibilidade etnográfica no que tange aos di-versos mecanismos empreendedores da moder-nidade e o retorno as questões fundamentais em torno dos conceitos antropológicos. Desta forma, o capítulo primeiro retorna as reflexões conceituais no debate da análise cultural. A inovação de Fischer consiste na análise cultural pelo prisma de um sistema experimental , através da qual o autor explora a seguinte concepção contemporânea de cultura: Cultura é (1) aquele todo relacional (c.1848), (2) complexo (anos 1870), (3) cujas partes não podem ser modificadas sem afetar as ou-tras partes (c.1914), (4) mediado por formas simbólicas potentes e poderosas (anos 1930), (5) cujas multiplicidades e cujo caráter perfor-mativamente negociado (anos 1960), (6) são transformados por posições alternativas, formas organizacionais e o alavancamento de sistemas simbólicos (anos 1980), (7) assim como pelas novas e emergentes tecnociências, meios de co-municação e relações biotécnicas (p. 19). Ao delinear a genealogia histórica das concep-ções de cultura-e sua instrumentalização dentro do pensamento antropológico-o autor reco-nhece que a noção de cultura foi formulada em diversos contextos. Ele cita, por exemplo, o uso da noção de cultura como um oponente dialéti