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Les recensements de 1849 et 1872 réalisés à Rio de Janeiro, ainsi que la correspondace diplomatique portugaise et les journaux brésiliens de la période permettent d'étudier de près la concurrence au sein du marché du travail urbain dans... more
Les recensements de 1849 et 1872 réalisés à Rio de Janeiro, ainsi que la correspondace diplomatique portugaise et les journaux brésiliens de la période permettent d'étudier de près la concurrence au sein du marché du travail urbain dans la capitale brésilienne après la fin de la traite d'esclaves africains et le début de l'immigration portugaise vers Rio de Janeiro
Johann Moritz von Nassau-Siegen (1604-1679), New Holland and the Slave Trade between Brazil and Angola
Entretien avec Luiz Felipe de Alencastro
Olivier Compagnon et Luiz Felipe de Alencastro
Este ensaio revisita os propósitos, o argumento e o contexto de produção de meu livro sobre a formação do Brasil no Atlântico Sul, e faz um balanço do seu impacto e recepção ao longo dos últimos 20 anos. A historiografia brasileira está... more
Este ensaio revisita os propósitos, o argumento e o contexto de produção de meu livro sobre a formação do Brasil no Atlântico Sul, e faz um balanço do seu impacto e recepção ao longo dos últimos 20 anos. A historiografia brasileira está geralmente vinculada a um paradigma territorial resumido por um falso axioma: a história colonial do Brasil desenrola-se no território colonial do Brasil. Os meus estudos na França, quando os Annales ainda propugnavam a historia global de Braudel e seus discípulos, ajudaram-me a escapar deste viés na altura em que se aprofundavam os estudos sobre o comércio atlântico de africanos.
O livro de Maria Veronica Secreto vem demonstrar a pertinência do conceito de história sul-atlântica ao analisar o contexto que precedeu e sucedeu a criação do vice-reinado do Rio da Prata. No ano do Bicentenário, a publicação de O Sul do... more
O livro de Maria Veronica Secreto vem demonstrar a pertinência do conceito de história sul-atlântica ao analisar o contexto que precedeu e sucedeu a criação do vice-reinado do Rio da Prata. No ano do Bicentenário, a publicação de O Sul do Sul-O Rio da Prata no século XVIII, lança luzes sobre o vice-reino platino que se transforma em país independente, as Províncias Unidas do Rio da Prata, e depois se divide para formar a Argentina, Uruguai e Paraguai, em contraste com o processo que manteve a unidade do vice-reino do Brasil e do Império após a Independência. Na historiografia sobre o Brasil, o Atlântico Sul recebeu pouco destaque. Único vice-reino ibérico que se manteve unificado, única monarquia e país lusófono das Américas, o Brasil gerou uma forma de excepcionalismo que induz a uma historiografia autocentrada. Celso Furtado atribuía também o autocentrismo dos autores brasileiros à precoce definição, inédita noutros países americanos, da coesão territorial da América portuguesa elaborada no contexto do Tratado de Madri (1750) por Alexandre Gusmão e seus seguidores, entre os quais se achava José Bonifácio de Andrada. Nesta perspectiva, resenhando em 1948 na prestigiosa revista Annales dois livros de Caio Prado Junior (Formação do Brasil Contemporâneo e Historia Econômica do Brasil), Fernand Braudel notava o viés que levava os estudiosos brasileiros a interpretar a historia do país numa perspectiva territorialista, "de dentro para fora", conforme sua expressão. Deste modo, ele se surpreendia com uma lacuna importante na obra do grande historiador paulista: Por mais atento que Caio Prado esteja à vida desse vasto conjunto... limita-se muitas vezes ao horizonte brasileiro. Esse, de tão amplo, torna-se uma prisão para o historiador. Como é possível que Caio Prado não tenha sido mais atento à história do Atlântico Sul? 1. Braudel dava pouca atenção à África e ao tráfico de africanos, e ao mencionar o Atlântico Sul se referia, muito certamente, ao Rio da Prata e à obra recém-publicada de Alice Canabrava, sua aluna da USP. 2 De fato, analisando na mesma revista e no mesmo ano O Comércio Português no Rio da Prata 1580-1640 (1944) Braudel invoca a filiação direta do livro à sua escola historiográfica: "Alice Piffer Canabrava, formada e orientada, posso assegurar, pela leitura e conhecimento de nossos Annales, acaba de escrever um livro, seu primeiro livro. Com satisfação, posso dizer que se trata de um livro de grande importância". 3 No que concerne a vertente africana do Atlântico Sul, nesta mesma
Prefácio ao livro KURY, Lorelai; GESTEIRA, Heloisa (Orgs.). Ensaios de história das ciências no Brasil: das Luzes à nação independente. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2012.
A história dos povos e dos indivíduos flui, muda sempre, como um curso d’água em caudal contínuo. Ninguém vê duas vezes a mesma cena ou vive várias vezes os mesmos eventos. “Não é possível mergulhar duas vezes no mesmo rio”, escreveu o... more
A história dos povos e dos indivíduos flui, muda sempre, como um curso d’água em caudal contínuo. Ninguém vê duas vezes a mesma cena ou vive várias vezes os mesmos eventos. “Não é possível mergulhar duas vezes no mesmo rio”, escreveu o filósofo grego Heráclito no final do século VI a.C.
Todavia, a mutação nem sempre é percebida na sua dimensão. O peso das tradições, a contingência dos fatos e a abrangência das rupturas embacia o sentido das transformações da vida das pessoas e da sociedade. Refletindo sobre estes temas, Fernand Braudel, num texto que se tornou um clássico das Ciências Humanas, distingue os três arcos concêntricos do tempo histórico.
Como é ensinado há quase dois séculos nos colégios, as turbulências que sacudiam Portugal e a Europa se refletem na mudança da Corte para o Rio de Janeiro, na Independência e na instauração da monarquia no Brasil. A ruptura com a... more
Como é ensinado há quase dois séculos nos colégios, as turbulências que sacudiam Portugal e a Europa se refletem na mudança da Corte para o Rio de Janeiro, na Independência e na instauração da monarquia no Brasil. A ruptura com a metrópole europeia é atribuída a vários fatores, mas se dá pouca ênfase à etapa seguinte: Por que o espaço colonial português foi o único agregado territorial europeu nas Américas que não se fragmentou ao se tornar independente? Como a América portuguesa permaneceu unida? A resposta a esta pergunta ajuda a entender os acontecimentos de 1822, a Independência e a fundação do Império. Terá sido a existência de uma língua comum que manteve o país unificado desde então? Esta não é uma razão suficiente. Falava-se espanhol da Patagônia até a Califórnia, em largas extensões das Américas, nos quatro vice-reinos espanhóis mais tarde transformados em quase duas dezenas de países distintos.
A Semana de Arte Moderna transcorre na convergência de duas mudanças decisivas na história brasileira. Uma na esfera sul-atlântica, outra no âmbito do território nacional. A primeira mudança, relativa à emergência da Argentina como... more
A Semana de Arte Moderna transcorre na convergência de duas mudanças decisivas na história brasileira. Uma na esfera sul-atlântica, outra no âmbito do território nacional. A primeira mudança, relativa à emergência da Argentina como concorrente e eventual modelo do “progresso à americana”, repercute no Rio de Janeiro e em São Paulo. A segunda, derivada das migrações do Nordeste para o Centro-Sul – simultaneamente ao declínio da entrada de imigrantes no Brasil –, tem como teatro central a capital paulista e o estado de São Paulo, mas transforma o país inteiro.
Há 35 anos, em 19 de outubro de 1986, Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique e herói da guerra anti-colonial, morria num acidente de avião provavelmente provocado pelo regime de Apartheid sul-africano. Morreu também no mesmo... more
Há 35 anos, em 19 de outubro de 1986, Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique e herói da guerra anti-colonial, morria num acidente de avião provavelmente provocado pelo regime de Apartheid sul-africano. Morreu também no mesmo acidente o grande líder goense, Aquino de Bragança, ambos eram amigos próximos de Miguel Arraes e admiradores do povo brasileiro. Escrevi na época, no Jornal do Brasil, este artigo sobre a morte de Samora
Mgr Evaristo Arns, archevêque de Sao-Paulo, a de nouveau pris position en faveur des syndicalistes de la plus grande ville industrielle d'Amérique latine, dirigés par M. Luiz Inacio da Silva, dit " Lula ". Ce dernier, déjà condamné par un... more
Mgr Evaristo Arns, archevêque de Sao-Paulo, a de nouveau pris position en faveur des syndicalistes de la plus grande ville industrielle d'Amérique latine, dirigés par M. Luiz Inacio da Silva, dit " Lula ". Ce dernier, déjà condamné par un tribunal militaire de Sao-Paulo, est de nouveau jugé cette semaine pour " délit de grève ".
As cartas e a biografia de boa parte dos personagens que aparecem neste volume desenham os dramas e a resiliência de toda uma geração numa etapa conturbada e decisiva da história contemporânea. Nos textos selecionados por Rosa Freire... more
As cartas e a biografia de boa parte dos personagens que aparecem neste volume desenham os dramas e a resiliência de toda uma geração numa etapa conturbada e decisiva da história contemporânea. Nos textos selecionados por Rosa Freire d’Aguiar a partir da vasta correspondência de Celso Furtado com amigos, intelectuais e atores políticos, desponta o pós-guerra, o ressurgimento da democracia e a criação de uma nova ordem internacional, na qual se destacam as atividades e as expectativas geradas pela Cepal. Porém, duas décadas depois da vitória Aliada contra o fascismo, irrompem novas ditaduras, dramas e exílios encerrados por uma redemocratização que Celso Furtado e vários de seus interlocutores latino-americanos viveram intensamente.
"Um Estadista do Império" escrita por Joaquim Nabuco e publicada entre 1897-1899, retrata a vida de seu pai o senador e ministro Império José Thomaz Nabuco de Araujo. É também um livro que consagra a análise do parlamentarismo monárquico... more
"Um Estadista do Império"  escrita por Joaquim Nabuco e publicada entre 1897-1899, retrata a vida de seu pai o senador e ministro Império José Thomaz Nabuco de Araujo. É também um livro que consagra a análise do parlamentarismo monárquico no Brasil.
Tentarei abordar estas questões a partir do tema do meu livro, “O trato dos viventes – Formação do Brasil no Atlântico Sul”. Juntando um verso de Fernando Pessoa, “minha língua é minha pátria”, e o título de um livro do historiador... more
Tentarei abordar estas questões a partir do tema do meu livro, “O trato dos viventes – Formação do Brasil no Atlântico Sul”. Juntando um verso de Fernando Pessoa, “minha língua é minha pátria”, e o título de um livro do historiador francês Emmanuel Le Roy Ladurie, O território do historiador, penso que o território do historiador brasileiro é o espaço intercontinental abrangido pela documentação portuguesa da Época Moderna, pela expansão ultramarina lusitana.
CONSTITUCIONALISMO À BRASILEIRA Encoberta pelos sobressaltos da crise, a prática democrática evolui e se define. Resgatando-se do processo de descivilização imposto pela ditadura, o país se dotou de uma Constituição fundada no voto... more
CONSTITUCIONALISMO À BRASILEIRA  Encoberta pelos sobressaltos da crise, a prática democrática evolui e se define. Resgatando-se do processo de descivilização imposto pela ditadura, o país se dotou de uma Constituição fundada no voto popular e conheceu mudanças inéditas: eleições em dois turnos, o impeachment de Collor (1992) e a reeleição de FHC (1998). Cada uma destas etapas suscitou um reequilíbrio de poderes entre a presidência e o Congresso, tema candente nas atuais discussões sobre o impeachment de Lula."
como se fossem uma coisa só. A confusão vem do Império e dos anos 1961-1963, quando vigorou o regime parlamentar. Todavia, os exemplos paradigmáticos da Inglaterra e dos EUA-, e os textos constitucionais brasileiros-, demonstram que as duas instituições são distintas. Parlamento se relaciona aos regimes parlamentaristas e Congresso aos regimes presidencialistas. De verdade, a Constituição de 1988 diz que o Legislativo é exercido pelo Congresso,
D'ordinaire l'indépendance des pays latino-américains est présentée comme une période de transition entre le colonialisme ibérique et le néo-colonialisme britannique. À l'évidence, cette transition n'est pas uniforme à l'échelle du... more
D'ordinaire l'indépendance des pays latino-américains est présentée comme une période de transition entre le colonialisme ibérique et le néo-colonialisme britannique. À l'évidence, cette transition n'est pas uniforme à l'échelle du sous-continent.
Em outubro de 1648, sob o comando de Raposo Tavares, algumas dezenas de bandeirantes à caça de índios deixam São Paulo e levam avante uma das mais fantásticas expedições dos tempos modernos: a 'bandeira dos limites'. Adentrando atrás de... more
Em outubro de 1648, sob o comando de Raposo Tavares, algumas dezenas de bandeirantes à caça de índios deixam São Paulo e levam avante uma das mais fantásticas expedições dos tempos modernos: a 'bandeira dos limites'. Adentrando atrás de cativos pelos sertões do Paraguai e da Bolívia, pelo Mamoré, o Madeira e o Amazonas, os bandeirantes arribam em 1651 em-Belém do Pará. Raposo Tavares retomou por mar a São Paulo, onde, segundo a tradição, chegou tão desfigurado que 'não foi reconhecido pela família'. Mas alguns de seus companheiros permaneceram em Belém. Lá, encontrou-os em 1653 o padre Antônio Vieira. As observações sobre a 'bandeira dos limites', escritas pelo grande orador sacro e estadista luso-brasileiro, merecem reflexão: "Verdadeiramente foi uma das mais notáveis (viagens) que até hoje se tem feito no mundo, muito digna fora de se saberem (que) alturas e por que rumos a fizeram, mas só destes instrumentos (astrolábio e bússola) iam faltos, e assim não sabem dizer coisa certa". “Não sabem dizer coisa certa”, História e pluridisciplinaridade, Revista Brasileira de Ciências Sociais, nº 16, ano 6, junho de 1991, pp. 61-65.
"Elite da Tropa" integra a linha da continuidade histórica que sai da escravidão, passa pela foto "Todos Negros" e chega a um relatório de 2006, da ONU: 70% dos jovens assassinados no Brasil são negros
FOTO: LUIZ MORIER_AJB_1983
Todo comentário sobre os desenhos e as aquarelas de Debret pode parecer redundante na medida em que o pintor estudou ao longo dos anos e descreveu pormenorizadamente as cenas brasileiras por ele retratadas. Sucede, porém, que a vasta... more
Todo comentário sobre os desenhos e as aquarelas de Debret pode parecer redundante na medida em que o pintor estudou ao longo dos anos e descreveu pormenorizadamente as cenas brasileiras por ele retratadas. Sucede, porém, que a vasta difusão, sobretudo no Brasil, das estampas da Viagem pitoresca e histórica acabou tornando secundário, e fez às vezes esquecer, o complemento textual da obra.
No termo do ano do bicentenário, talvez ainda haja algo para ser dito sobre a chegada da Corte. Eventos variados apresentaram as mudanças introduzidas em 1808. Apontou-se o desenvolvimento comercial, a modernização social e institucional,... more
No termo do ano do bicentenário, talvez ainda haja algo para ser dito sobre a chegada da Corte. Eventos variados apresentaram as mudanças introduzidas em 1808. Apontou-se o desenvolvimento comercial, a modernização social e institucional, o transplante da burocracia européia que forjou o aparelho estatal da nação, a não fragmentação da América portuguesa e a singularidade monárquica brasileira no contexto americano. Some-se a isso certa nostalgia da época em que o Rio de Janeiro era a capital politica, econômica e cultural do país.
Un des traits les plus saillants du régime brésilien est l’extension de l’appareil de répression et sa pénétration dans tous les rouages de la société civile. Au contraire de l’Argentine, où de violents affrontements armés font des... more
Un des traits les plus saillants du régime brésilien est l’extension de l’appareil de répression et sa pénétration dans tous les rouages de la société civile. Au contraire de l’Argentine, où de violents affrontements armés font des dizaines de morts chaque mois, les cieux brésiliens ne sont plus troublés par le crépitement des mitraillettes et les actions spectaculaires qui marquèrent la période 1968-1972. Au terme de ces années de lutte armée ouverte, le régime a pu organiser une répression plus insidieuse et plus efficace, qui a installé la paix des martyrisés parmi les opposants politiques. Cette situation dramatique trouve ses racines dans l’histoire brésilienne et dans un certain nombre de données internationales qui catalysent des tendances profondes de l’autoritarisme brésilien. Julia Juruna, nom de plume de Luiz Felipe de Alencastro
A la veille d’un voyage qui, en 1972, devait marquer le début de l’offensive diplomatique brésilienne en direction de l’Afrique noire, M. Mario Gibson Barboza, ministre brésilien des affaires étrangères, s’inquiéta : sa nombreuse... more
A la veille d’un voyage qui, en 1972, devait marquer le début de l’offensive diplomatique brésilienne en direction de l’Afrique noire, M. Mario Gibson Barboza, ministre brésilien des affaires étrangères, s’inquiéta : sa nombreuse délégation était composée exclusivement de fonctionnaires blancs. Situation fâcheuse pour un pays prétendant ne pas connaître la discrimination raciale : on décida alors d’intégrer un haut fonctionnaire noir à la mission diplomatique. Après quelques recherches, on découvrit un médecin noir parmi le personnel du ministère. Gynécologue de profession, il fut aussitôt incorporé à la délégation officielle, et présenté aux hôtes africains des représentants du gouvernement brésilien comme le « médecin personnel du ministre des affaires étrangères ». Cette ridicule affaire met en lumière l'une des mystifications le plus soigneusement entretenues par la classe dominante brésilienne : l'existence d'une démocratie raciale au Brésil, selon l'idéologie diffusée dans le monde entier par les oeuvres de Gilberto Freyre (2). Julia Juruna, pen name of Luiz Felipe de Alencastro
O número crescente de habitantes nas cidades, a alfabetização mais ampla e o envolvimento do território pela mídia eletrônica colocam a língua portuguesa do Brasil diante de novos dilemas. Não se trata da recente querela sobre a... more
O número crescente de habitantes nas cidades, a alfabetização mais ampla e o envolvimento do território pela mídia eletrônica colocam a língua portuguesa do Brasil diante de novos dilemas. Não se trata da recente querela sobre a unificação ortográfica do Brasil e de Portugal. Na realidade, o embate entre o português d'aquém e d'além-mar rola há muito tempo no interior do nosso próprio país. Na sessão inaugural da Academia Brasileira de Letras, em 1897, Machado de Assis afirmou ponderadamente que o objetivo da entidade era conservar, "no meio da federação política, a unidade literária do país". Mas Joaquim Nabuco fez um discurso bastante conservador. Para ele, os portugueses eram os donos da língua. Cabia a nós torná-los como exemplo para evitar a "rápida deformação" que sucedia na nossa linguagem. Entretanto, pouco antes, o jornalista e magistrado fluminense Antônio Joaquim de Macedo Soares havia acabado de concluir o seu precioso Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (1888). Logo no prólogo da obra vinha escrito: "já é tempo de os brasileiros escreverem como se fala no Brasil e não como se escreve em Portugal". Macedo Soares incorporava o vocabulário africano e indígena integrado ao português do Brasil. Contudo, avesso aos fricotes nacionalistas, sustentava ainda que nossa linguagem guardava a influência dos clássicos lusitanos, às vezes abandonada pelos próprios portugueses, pelo idioma "afrancesado que se escreve em Portugal". Tal postura imprimiu ao dicionário de Macedo Soares um bom senso que nem sempre está presente nos dicionários atuais. Veja-se, por exemplo, certa palavra quimbundo _ língua de Angola _, que designa no Brasil uma parte da anatomia humana muito focalizada durante o Carnaval e o verão. Colando o designativo "vulgar" em palavras por vezes consagradas pelos escritores, o Aurélio considera "chula" a expressão "bunda de tanajura", usada em livro de Jorge Amado, como o próprio dicionário indica. Nada pudibundo, Macedo Soares definia, 100 anos antes, "bunda: o assento, as nádegas, palavra chula para os portugueses mas popular no Brasil, e por isso muito aceitável". Outro mal-entendido refere-se à ausência, geral, nessas obras todas, da primeira data em que tal dicionário ou tal autor usou o vocábulo no sentido especificado. Desde logo, toda e qualquer gíria jeitosa parece sair direto das novelas da Rede Globo. Mas não é bem assim. Na virada do século XVI, Fernão Mendes Pinto, no seu livro Peregrinação, clássico do porte de Os Lusíadas, preocupava-se com um de seus
Para estudar a presença das línguas africanas no atual idioma brasileiro é preciso situar devidamente a África e os povos africanos na formação de nosso país. Por isso, gostaria de explicar como a ideia de história do Brasil é... more
Para estudar a presença das línguas africanas no atual idioma brasileiro é preciso situar devidamente a África e os povos africanos na formação de nosso país. Por isso, gostaria de explicar como a ideia de história do Brasil é envolvida-na minha perspectiva-por uma história mais ampla do Atlântico Sul. A história do Brasil é ensinada entre nós sob o prisma territorial. Como se a nação e a cultura brasileira já estivessem embutidas nos primeiros núcleos coloniais do século XVI. Nós aprendemos-e as crianças brasileiras de hoje continuam aprendendo-a mesma coisa: Cabral descobriu o Brasil inteiro em 1500. Ou seja, Cabral descobriu o Brasil, tal como ele é hoje, com os estados do Acre, de Tocantins, com tudo dentro. Livros de História do Brasil, mesmo escritos por historiadores importantes, mostram o mapa do Brasil do século XVI demarcado por fronteiras internas e externas que o país só veio a adquirir no século XX. Na grande exposição do Redescobrimento visitada por dezenas de milhares de pessoas em 2000, a Carta de Pero Vaz de Caminha era apresentada com uma luz indireta, numa redoma, como um texto quase sagrado que seria a "certidão de nascimento do Brasil". Há algum tempo, ouvi uma conferência de uma pessoa que ensina literatura brasileira numa de nossas universidades, a qual fez um comentário crítico da Carta de Pero Vaz de Caminha e ali já encontrou expressões "tipicamente brasileiras". Publicado em 1817 por Aires de Casal na sua Corografia brasílica, este documento retrata um contato pacífico, quase idílico, entre os portugueses e os índios numa praia tropical. Instalando-se na permanência histórica, essa narrativa escamoteia a violência e a dimensão do fato colonial. Nos textos dos manuais escolares, como na obra de pensadores de horizontes tão diversos como Pedro Calmon e Darcy Ribeiro, toda a nação brasileira já estaria condensada nesta terra sul-americana sem nome e sem negros encontrada por Cabral.
No início dos anos 1960, quando eu era aluno do curso clássico no Elefante Branco, Pedro Luiz Masi, um desses professores que a gente não esquece, disse que eu devia ler "O Abolicionismo" (1883), de Joaquim Nabuco. A primeira imersão no... more
No início dos anos 1960, quando eu era aluno do curso clássico no Elefante Branco, Pedro Luiz Masi, um desses professores que a gente não esquece, disse que eu devia ler "O Abolicionismo" (1883), de Joaquim Nabuco. A primeira imersão no livro, na atmosfera sufocante de Brasília logo após o Golpe de 1964, me chacoalhou bastante. Durante muito tempo citei e pensei numa frase de Nabuco que acreditava ter lido no prefacio de "O Abolicionismo": 'no Brasil, um homem de bem não pode se sentir bem'.
As cartas e a biografia de boa parte dos personagens que aparecem neste volume desenham os dramas e a resiliência de toda uma geração numa etapa conturbada e decisiva da história contemporânea. Nos textos selecionados por Rosa Freire... more
As cartas e a biografia de boa parte dos personagens que aparecem neste volume desenham os dramas e a resiliência de toda uma geração numa etapa conturbada e decisiva da história contemporânea. Nos textos selecionados por Rosa Freire d'Aguiar a partir da vasta correspondência de Celso Furtado com amigos, intelectuais e atores políticos, desponta o pós-guerra, o ressurgimento da democracia e a criação de uma nova ordem internacional, na qual se destacam as atividades e as expectativas geradas pela Cepal. Porém, duas décadas depois da vitória Aliada contra o fascismo, irrompem novas ditaduras, dramas e exílios encerrados por uma redemocratização que Celso Furtado e vários de seus interlocutores latino-americanos viveram intensamente. Nesse tempo não tão longínquo, se escrevia muito. Furtado pertence à última geração de intelectuais que cultivou o hábito de redigir cartas manuscritas ou datilografadas, geralmente com uma cópia feita com papel-carbono que servia para dar continuidade a assuntos da correspondência. Carteava-se com quem estava longe e com quem vivia mais perto, quando os telefones eram raros e precários. Tal era ainda o caso em São Paulo em plenos anos 1960, como indica a correspondência de Furtado com dois catedráticos da USP que não tinham telefone em casa. Há ainda no livro os correspondentes vivendo no Brasil ou alhures em situação gregária, de vizinhança com amigos e interlocutores cruzados no trabalho, no bairro, que são levados a escrever mais cartas quando se encontram isolados no exílio. De Santiago, o neoepistoleiro Fernando Henrique Cardoso explica em 1965 a Furtado a inconstância de sua correspondência: "[…] não é por falta de vontade de conversar com você que não lhe tenho escrito. É que manejo tão mal as cartas como instrumento de comunicação que fico sempre peado entre o montão de coisas que tenho para dizer e perguntar e a inibição que a ideia de escrever cartas provoca em mim". Não obstante, a troca de ideias entre FHC e Furtado a respeito da economia e da sociedade dos países latino-americanos entre 1964 e 1967, antes da mudança de Fernando Henrique para Paris, contribuiu para a elaboração de obras importantes dos dois autores e constitui um ponto alto desta coletânea. O tempo das mensagens escritas no papel, que durou séculos e se esvai sob nossos olhos, tinha dessas coisas. Rosa Freire d'Aguiar observa, na introdução, que cartas ou textos
Luiz Felipe de Alencastro O livro « Ensaios de história das ciências" reune artigos de pesquisadores de vários quadrantes e de diversas disciplinas para analisar as mudanças ocorridas entre a época pombalina e o reinado joanino na... more
Luiz Felipe de Alencastro O livro « Ensaios de história das ciências" reune artigos de pesquisadores de vários quadrantes e de diversas disciplinas para analisar as mudanças ocorridas entre a época pombalina e o reinado joanino na perspectiva da mudança da Corte e da Independência. Na sua maioria consagradas à história das ciências, os artigos são apresentados no texto introdutório de Heloisa Gesteira e Lorelai Kury organizadoras da coletânea. Por minha parte, limito-me a alinhar algumas considerações sobre a geopolítica portuguesa e brasileira do período, tiradas dos debates transcorridos no seminário « As ciências no Brasil no período joanino » que deu origem a este livro e de uma comunicação que apresentei numa de suas sessões.
A viagem do presidente Lula à África tomou um tom mais simbólico durante a visita à ilha de Gorée, no Senegal, e à Casa dos Escravos. Neste local, venerado como centro da deportação dos escravos, o presidente Lula-acompanhado pelo... more
A viagem do presidente Lula à África tomou um tom mais simbólico durante a visita à ilha de Gorée, no Senegal, e à Casa dos Escravos. Neste local, venerado como centro da deportação dos escravos, o presidente Lula-acompanhado pelo presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, e pelo ministro Gilberto Gil-emocionou-se e declarou: "Eu queria dizer ao presidente Wade, ao povo do Senegal e da África que não tenho nenhuma responsabilidade pelo que aconteceu nos séculos 16, 17 e 18, mas que é uma boa política dizer ao povo do Senegal e da África perdão pelo que fizemos aos negros". Trata-se de um pronunciamento histórico, da parte do presidente do país que conta com a maior população de origem africana fora da África.
A resenha perspicaz e generosa que Milton Ohata redigiu sobre meu livro não deveria suscitar comentários de minha parte. No entanto, como seu autor, ex-bolsista do Cebrap, faz parte do grupo de pesquisadores que tem estimulado meu... more
A resenha perspicaz e generosa que Milton Ohata redigiu sobre meu livro não deveria suscitar comentários de minha parte. No entanto, como seu autor, ex-bolsista do Cebrap, faz parte do grupo de pesquisadores que tem estimulado meu trabalho, aproveito a oportunidade para continuar o diálogo. Com muita benevolência, Milton situa o livro numa linhagem prestigiosa de historiadores. Mas julga também que faltaram referências minhas a outros autores e a debates do meio universitário paulista. Decerto, há muitas influências implícitas e difusas num trabalho que se desenvolveu em dois países. Embora eu tenha comentado boa parte da bibliografia citada, deveria ter registrado, em particular , a importância intelectual que Celso Furtado teve e ainda tem para mim. No que concerne à periodização do livro, o fato central não é a virada do início do Seiscentos, bem conhecida, marcando o refluxo do comércio asiático e o ascenso das trocas no Atlântico. O recorte que segui privilegia uma característica menos evidente da história colonial americana. De fato, ao restringir o estudo aos séculos XVI e XVII considerei-na seqüência de Celso Furtado e Antonio Candido, a mutação radical gerada no século XVIII pela descoberta do ouro e a constituição de um mercado interno territorial. Antes disso, como procurei demonstrar, a idéia de Brasil, e mesmo a de América portuguesa, não faz sentido. Do Rio Grande do Norte para cima, isolado e ligado somente a Lisboa, havia o Estado do Grão-Pará e Maranhão. Abaixo, para além do Estado do Brasil, aparecia o Arquipélago de Capricórnio, como escrevi alhures. Ou seja, o sistema escravista Brasil-Angola unido pelas correntes marítimas e ventos do anticiclone de Capricórnio. A partir do último quartel do Seiscentos, o subsistema Bahia-Costa da Mina completa o quadro. Radicalizando a formulação de Caio Prado Jr., penso que o "sentido da colonização" não era o de formar uma nação, e nem mesmo o de formar uma colônia povoada por protobrasileiros (a idéia de grafar "Colônia" com maiúscula, que deixei passar no meu livro, parece-me agora bizarra). O órgão criado pela Coroa em 1642 para gerir os domínios do além-mar tomou o nome genérico de Conselho Ultramarino, e não "Colonial", ou "das Colônias", designação que só aparece mais tarde. Como escrevi noutra 218 NOVOS ESTUDOS N.° 59 parte, a tipologia distinguindo "colônia de povoa-mento" e "colônia de exploração", elaborada por Leroy-Beaulieu em 1874, refere-se à problemática da Segunda Expansão Européia (séculos XIX e XX). Sua transposição para o quadro da Primeira Expansão Européia (séculos XIV e XVIII) é anacrônica e equivocada 1. Para todos os efeitos práticos, o que existe nos séculos XVI e XVII são "espaços coloniais" na América, na África e na Ásia. Colônia, no sentido moderno, só há nas ilhas atlânticas. Daí o subtítulo: "Formação do Brasil no [espaço colonial do] Atlântico Sul". Daí também o título da Conclusão do livro: "Singularidade do Brasil [no império ultramarino lusitano]". Para cingir o problema, era preciso definir os agentes históricos que se movimentam no período e no espaço transatlântico estudado. Do lado africano, aparecem as sociedades nativas atingidas pelo trato atlântico e os "angolistas": os colonos de Angola, diversos dos nativos angolanos e dos portugueses recém-chegados àquela colônia africana. Do outro lado do oceano, os "brasílicos" são os moradores portugueses do Brasil que tinham interesses e traços culturais distintos dos reinóis (André Vidal de Negreiros foi objeto de chacota em Lisboa, em 1654, porque não falava português corretamente), mas não possuí-am a consciência de pertencer a uma mesma comunidade cultural e territorial. Não se trata portanto de "brasileiros" dotados de premonições nacionais, mas de categorias díspares de colonos (gente de Pernambuco, de São Paulo, da Bahia, da Paraíba, do Rio de Janeiro, do Maranhão), cujos intuitos são divergentes e muitas vezes opostos. Enfim, há o recorte no âmbito da expansão européia da época moderna, separando o "homem ultramarino" do "homem colonial". O primeiro distribui suas cartas no ultramar na expectativa de obter recompensa social e econômica na metrópole, enquanto o segundo já escolheu fixar seu destino em determinado enclave colonial. Todas essas caracterizações remetem a processos históricos seiscentistas anteriores à constituição de um mercado interno interregional , de um território colonial e, conseqüentemente, de um sentimento nativista nas fronteiras da América portuguesa.
Prefácio à tradução brasileira do livro de Anthony Sampson, "O Negro e o Ouro - Magnatas, Revolucionários e o Apartheid", Companhia das Letras, 1988, S.P., pp. 7-14
M. DUVERGER, M. (Ed.). Paris: PUF, Centre d'Analyse Comparative des Systèmes Politiques, 1980. p. 301-309
Publicado em 1969, A economia latino-americana marcou um novo patamar na obra de Celso Furtado.
A escravidão urbana no Brasil, fuga de escravos na cidade
Nos últimos vinte anos, e mais precisamente desde a criação do Mercosul (1991), o Brasil procedeu a uma nova inserção no campo internacional. Assim, o Tratado de Assunção, assinado em 1991 pelos presidentes da Argentina, do Brasil, do... more
Nos últimos vinte anos, e mais precisamente desde a criação do Mercosul (1991), o Brasil procedeu a uma nova inserção no campo internacional. Assim, o Tratado de Assunção, assinado em 1991 pelos presidentes da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai, e completado em 1995 pela criação de uma união aduaneira entre os quatro países, marca a virada multilateralista da diplomacia brasileira. Na verdade, a iniciativa não era inédita na história da política exterior do país. No começo dos anos 1960, sob a presidências de Jânio Quadros e de João Goulart, o Itamaraty havia praticado uma diplomacia que rompia com o tradicional bilateralismo, instaurado por Rio Branco no começo do século XX como dogma da política externa. Tal ruptura, aproximava o Brasil dos países do Terceiro Mundo e, em particular, dos movimentos independentistas das colônias da África portuguesa. Em abril de 1964, o advento da ditadura interrompeu este processo. Negociações multilaterais foram abandonadas, diplomatas foram perseguidos e o país sujeitou-se novamente ao Departamento de Estado e à política colonialista de Salazar. O então ministro (posto inferior ao de embaixador na nomenclatura da hierarquia diplomática) Antônio Houaiss, que mantinha um diálogo com os movimentos independentistas africanos na Comissão de Descolonização da ONU, teve seus direitos políticos cassados e foi demitido do Itamaraty sob a alegação de ser « inimigo de Portugal ». 2 Durante duas décadas, a « política externa independente » teorizada, entre outros, pelo 1. Texto concluído em setembro de 2010.
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O texto discute as especificidades históricas do espaço sul-atlântico com base em três períodos a partir da chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, passando pela abertura do Canal de Suez (1869), até o fim do apartheid na África do Sul... more
O texto discute as especificidades
históricas do espaço sul-atlântico
com base em três períodos a partir da
chegada de Pedro Álvares Cabral, em
1500, passando pela abertura do Canal
de Suez (1869), até o fim do apartheid na
África do Sul (1991-1994), acontecimentos
que favorecem a reemergência dos
laços sul-sul no Atlântico. Assim, o
artigo explora a dimensão cultural das
conexões sul-atlânticas, embora se centre,
fundamentalmente, na construção do
conceito espaço-temporal.
Après deux séjours à Paris (1923-1924 et 1927-1930), dont les conséquences furent décisives pour sa production artistique et son réveil identitaire, Villa-Lobos revient au Brésil . Invité à donner un concert à São Paulo, il arrive en... more
Après deux séjours à Paris (1923-1924 et 1927-1930), dont les
conséquences furent décisives pour sa production artistique et son
réveil identitaire, Villa-Lobos revient au Brésil . Invité à donner un
concert à São Paulo, il arrive en plein milieu de l’agitation politique qui débouche sur la Révolution d’octobre 1930. C’est en cette même année, dans un pays survolté par les affrontements politiques, qu’il commence à composer les Bachianas Brasileiras.
A luta contra o escravismo no Brasil teve momentos de grande arrojo coletivo, como nos quilombos de Palmares, cujas batalhas foram comemoradas no dia 20. Registrou ainda episódios de coragem solitária, nos quais escravos se automutilavam... more
A luta contra o escravismo no Brasil teve momentos de grande arrojo coletivo, como nos quilombos de Palmares, cujas batalhas foram comemoradas no dia 20. Registrou ainda episódios de coragem solitária, nos quais escravos se automutilavam para escapar à opressão. E conheceu também embates nos tribunais, quando o Direito Positivo escancarou a aberração escravista na legislação nacional. Vários militantes do Direito se incorporaram a esta etapa do abolicionismo, entre eles Luiz Gama (1830-1882), homenageado recentemente pela OAB e pela Universidade Mackenzie.
O patrimônio alimentar e culinário das zonas temperadas do Velho Mundo se formou no quadro das migrações que desde a Antiguidade unem Europa, norte da África e Ásia. A descoberta da América e a expansão interoceânica quinhentista... more
O patrimônio alimentar e culinário das zonas temperadas do Velho Mundo se formou no quadro das migrações que desde a Antiguidade unem Europa, norte da África e Ásia. A descoberta da América e a expansão interoceânica quinhentista suscitaram, num lapso de tempo mais curto, intercâmbios alimentares e gastronômicos bem mais extensos. Somando-se à navegação bilateral entre as costas africanas e americanas no Atlântico sul, a rota marítima Lisboa-Goa-Macau, com navios que fazem escala na Bahia, conecta a Ásia à América do Sul na virada do século 16.
Malgré l'interdiction de la traite atlantique d'esclaves que le Brésil, sous pression anglaise, décrète en 1831, celle-ci se poursuivra jusqu'en 1850. Le Brésil sera ainsi le seul pays indépendant du Nouveau Monde à pratiquer massivement... more
Malgré l'interdiction de la traite atlantique d'esclaves que le Brésil, sous pression anglaise, décrète en 1831, celle-ci se poursuivra jusqu'en 1850.
Le Brésil sera ainsi le seul pays indépendant du Nouveau Monde à pratiquer massivement la traite des Noirs. Ce qui explique aussi qu'il sera également le dernier à abolir l'esclavage en 1888.
Alors que les spécialistes français s'intéressent surtout à l'évolution des nations africaines, Celso Furtado renouvelle les études sur le tiers-monde, faisant connaître les théories du développement de la Cepal et l'école structuraliste... more
Alors que les spécialistes français s'intéressent surtout à l'évolution des nations africaines, Celso Furtado renouvelle les études sur le tiers-monde, faisant connaître les théories du développement de la Cepal et l'école structuraliste latino-américaine. Des pays dotés d'un appareil d'Etat expérimenté et d'une économie complexe pouvaient, en dépit d'un essor industriel, tomber prisonniers des nouvelles formes de dépendance technologique et financière.
Formação Econômica do Brasil foi publicado no mesmo ano que Formação da Literatura Brasileira, de Antônio Candido e um ano depois de Os Donos do Poder, de Raymundo Faoro. Duas décadas antes haviam sido editados Casa-grande & Senzala... more
Formação Econômica do Brasil foi publicado no mesmo ano que Formação da Literatura Brasileira, de Antônio Candido e um ano depois de Os Donos do Poder, de Raymundo Faoro. Duas décadas antes haviam sido editados Casa-grande & Senzala (1933), de Gilberto Freyre, Evolução política do Brasil (1933), de Caio Prado Júnior e Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda. Cada uma destas obras teve um processo criativo antecipado ou prolongado em outros escritos de seus autores, e Caio Prado publicou em 1942 seu livro mais influente. Mas é interessante observar a mudança ocorrida no intervalo que separa os dois períodos de reflexão e escrita de autores considerados como os « intérpretes do Brasil » contemporâneo. Nos anos trinta, a sociedade rural que conformava o país há séculos ruíra definitivamente. Nascida no ocaso do regime escravista e assentada no coronelismo, boa parte da classe dirigente e das oligarquias regionais sucumbia, arrastando na sua queda o arcabouço republicano de 1891. Desse modo, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque e Caio Prado refletiam sobre a história do país, num momento em que a sociedade e as instituições sofriam o impacto de novas correntes migratórias e de uma nova ordem política. A irrealização do presente dificultava a incorporação do passado na perspectiva do futuro. Na segunda metade dos anos cinquenta, o Brasil era outro.
No meio das comemorações dos 150 anos da guerra da Secessão, chegou aos cinemas o filme "Lincoln", Spielberg.  A respeito do filme, é possível traçar um paralelo entre o Abolicionismo nos US e no Brasil, entre Lincoln e Joaquim Nabuco
Sobre os dois Joaquim Nabuco, o primeiro abolicionista radical que escreve o melhor texto político brasileiro ("O Abolicionismo" 1883) e o segundo que, em "Minha Formação" (1900) renega seus escritos anti-escravistas, que devem ser lidos... more
Sobre os dois Joaquim Nabuco, o primeiro abolicionista radical que escreve o melhor texto político brasileiro ("O Abolicionismo" 1883) e o segundo que, em "Minha Formação" (1900) renega seus escritos anti-escravistas, que devem ser lidos e relidos
Comentário sobre o filme King Kong (1933)  de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, baseado no  "Essai sur le don", de Marcel Mauss
Todos os grandes pensadores brasileiros sublinharam a marca do escravismo no passado e no presente do país. Celso Furtado, na Formação Econômica do Brasil analisa o papel do escravismo nas quatro primeiras partes do livro, notando... more
Todos os grandes pensadores brasileiros sublinharam a marca do escravismo no passado e no presente do país. Celso Furtado, na Formação Econômica do Brasil analisa o papel do escravismo nas quatro primeiras partes do livro, notando inclusive o papel do tráfico negreiro no Brasil independente numa subseção significativamente intitulada “o passivo colonial”.
The Parliamentary Inquiry Commission (CPI) report on the activities of Paulo César Farias may be considered one of the most important political documents of Brazilian history. In 360 pages, the document is far more than a simple report,... more
The Parliamentary Inquiry Commission (CPI) report on the activities of Paulo César Farias may be considered one of the most important political documents of Brazilian history. In 360 pages, the document is far more than a simple report, affording an interpretation of contemporary Brazilian society and politics.
No atual debate a respeito do plebiscito sobre a forma - República ou Monarquia - e sistema de governo - Parlamentarismo ou Presidencialismo, a história política recente não é devidamente tomada em conta. Desde a revolução democrática... more
No atual debate a respeito do plebiscito sobre a forma - República ou Monarquia - e sistema de governo - Parlamentarismo ou Presidencialismo, a história política recente não é devidamente tomada em conta. Desde a revolução democrática desencadeada pela vitória dos senadores do MDB nas eleições de novembro de 1974, milhões de novos eleitores foram incorporados à cidadania, se manifestando sempre-nas ruas e nas urnas-para estabelecer a soberania popular sobre o Executivo federal consubstanciado no mandato presidencial. Esse processo configura uma prática democrática assimilada pela opinião pública, pelo eleitorado e os eleitos nacionais. Palavras-chave: sistema de governo; parlamentarismo; presidencialismo. SUMMARY Recent political history has not been taken sufficiently into account in the current debate over the presidentialist-parliamentarist plebiscite. Beginning with the democratic revolution touched off by the victory of MDB party candidates in the senatorial elections of November 1974, millions of new voters have been incorporated into the ranks of citizenship, always speaking out-both in the streets and at the polls-in favor of establishing popular sovereignty over the federal executive, embodied in the presidential term. This process represents a democratic practice that has been assimilated by public opinion, by the electorate and by those elected at the national level. Jürgen Habermas comentava no Cebrap seu artigo "Soberania popular como procedimento", publicado nesta mesma revista 1. Na discussão ocorrida em seguida uma pergunta foi feita ao filósofo: do seu ponto de vista, haveria um corte nítido, uma dissociação categórica, entre a tradição democrática e a cultu-ra democrática?, ou, ao contrário, existiria uma causalidade historicamente de-terminada entre a primeira e a segunda proposição? Habermas disse sem hesitar que não ligava a cultura democrática ao determinismo histórico-geográfico, isto é, não pensava que a democracia só pudesse surgir em certos países e não em outros. No entanto, sua resposta, necessariamente curta, deixou a interrogação no ar, desapontando os que gostariam de ter ouvido uma afirmação mais enfáti-ca sobre a viabilidade universal da cultura democrática. Na verdade, o tema condiciona o entendimento da transição atualmen-te em curso no Brasil e em vários outros países.
Um espectro ronda os assalariados digitais: a exploração contínua e perpétua: escrevi 20 anos atrás: a Internet abre a via à exploração e à intrusão patronal no âmbito doméstico e no tempo de lazer reservado aos assalariados

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Coletânea de entrevistas apresentadas e organizadas por Rodrigo Bonciani
La dérive des continents : l'indépendance du Brésil (1822), le Portugal et l'Afrique 1 Luiz Felipe de Alencastro Centre d'Etudes du Brésil et de l'Atlantique Sud Université de Paris Sorbonne Les convergences de l'année 1808 Dans... more
La dérive des continents : l'indépendance du Brésil (1822), le Portugal et l'Afrique 1 Luiz Felipe de Alencastro Centre d'Etudes du Brésil et de l'Atlantique Sud Université de Paris Sorbonne Les convergences de l'année 1808 Dans l'historiographie brésilienne, l'année 1808 se présente comme