Aula 3 - Hepatites Virais
Aula 3 - Hepatites Virais
Aula 3 - Hepatites Virais
VÍRUS HEPATOTRÓPICOS:
o Grupo de agentes virais que compartilham a habilidade de provocar inflamação e necrose no fígado
O termo hepatite viral refere-se à doença causada por um dos 5 vírus hepatotrópicos mais comuns
Semelhanças:
o Patogenicidade (=):
Patogenicidade primária em tecido hepático
Clínica do quadro agudo é semelhante, quando está presente
o Diferenças:
Etiologia
Epidemiologia
Imunopatogênese
Evolução e tratamento
HEPATITE CRÔNICA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
o As formas sintomáticas são caraterizadas por manifestações clínicas comuns a todos os tipos de
vírus da hepatite aguda.
o Hepatite aguda:
- Assintomática (10 a 30 vezes mais comuns)
- Sintomática com ou sem icterícia (Subfulminante, fulminante e Hepatite crônica)
Sintomas:
o Hepatite viral aguda (PI depende de cada vírus)
o OS sintomas iniciais são inespecíficos e constitucionais
Anorexia – muito prostrado, fraco e cansado
Náusea – intolerância para comer
Desconforto no hipocôndrio direito
Mal-estar
Vômitos
Mialgias
Febre baixa
Artralgia
Dor abdominal
Fadiga
Relatos de intolerância ao fumo e ao álcool
Icterícia:
o Pode variar de intensidade e duração
Poucos dias a várias semanas
o Usualmente precedida por colúria
o Prurido em 40% dos pacientes ictéricos – quase metade
o Na fase de icterícia a febre baixa pode desaparecer, porém a anorexia, mal-estar e fraqueza podem
persistir por muitas semanas
Convalescença:
o Fadiga e fraqueza podem persistir por algumas semanas após a recuperação bioquímica
o A completa resolução dos sintomas pode levar até 6 meses do início da doença – as x com o tto o
paciente ainda se queixa desses quadros
HEPATITE A
ETIOLOGIA:
o O vírus da hepatite A -> RNA VÍRUS
o Gênero: Hepatovírus
o Família: Picornaviridae
o Genoma: fita única de RNA linear
Maria Emília Viana | Turma XXIV
TRANSMISSÃO: FECAL-ORAL
EPIDEMIOLOGIA:
o Forma mais comum de hepatite viral (> 1,4 milhão de casos/ano)
o Predomínio em locais com saneamento básico deficiente – América do Sul, África e Ásia
o No Brasil a prevalência encontra-se em torno de 65%
o A maioria das infecções ocorre por volta dos 5 anos de idade – as vezes passa como quadro
diarreico, comeu algo que não fez bem e passa.
o Mudanças no perfil epidemiológico, devido a introdução da vacina e melhoria nas condições de vida
da população, temos:
Redução da incidência
Redução na prevalência de imunidade preexistente
HISTÓRIA NATURAL:
o Período de incubação: 15 a 50 dias (30 dias em média)
o Transmissão: 15 dias antes até 1 semana após o início dos sintomas
o Não existe relatos de hepatite crônica ou Hepatocarcinoma
HEPATITE AGUDA:
o Oligo ou assintomática na maioria dos casos, especialmente em crianças
Em adultos é muito sintomática e casos mais graves, principalmente acima de 50 anos – fica
bastante ictérico
o Maior proporção de casos sintomáticos e casos mais graves em pacientes > 50 anos
EXAMES COMPLEMENTARES:
o Exames inespecíficos:
Hemograma: linfocitose e atipia linfocitária
Elevação de ALT/AST (mesmo no período prodrômico)
Elevação de bilirrubinas (BD) – quando acontece principalmente direta
o Exames específicos:
IgM anti-HAV
IgG anti-HAV – quando presente pode significar que já teve contato ou vacina
PREVENÇÃO:
o Higiene
o Uso de água de boa procedência
Cuidados com frutos do mar – principalmente os filtrantes
Alimentos crus (verduras e frutas)
o O IgG infecção pregressa oferece imunidade protetora – só pega Hepatite A uma vez na vida
o Vacinação faz parte do calendário vacinal (1 dose: 15 meses)
# O tratamento da Hepatite A é com sintomáticos, porém deve-se ficar de olho para sinais de insuficiência hepática
ou fulminante, ou seja, se o indivíduo começar a fazer hipoglicemia, alteração do nível de consciência/ desorientação,
hipotensão e com exames alterados.
# No ponto de vista do laboratório, podemos monitorar a função hepática com TAP, Albumina e Transaminases (tem
um pico e depois começa a cair, quando há a destruição dos hepatócitos).
HEPATITE B
Maria Emília Viana | Turma XXIV
TRANSMISSÃO
- Parenteral
- Vertical
- Sexual
# Quando o indivíduo adulto tem contato com o vírus da Hepatite B, por exemplo por via sexual, qual é a regra do
vírus com a pessoa que entrou em contato pela primeira vez? PODE CRONIFICAR, MAS A MAIORIA E A REGRA É
NÃO CRONIFICAR. 95% cura espontânea.
# Se a exposição for vertical? Então, a regra é exatamente o oposto. A REGRA É CRONIFICAR, APÓS 5% TEM
CURA.
EPIDEMIOLOGIA:
o Estima-se que mais de 2 bilhões já foram infectados
350 milhões sejam portadores crônicos
o 1 milhão de óbitos por ano – devido às complicações de hepatite crônica
o Maior concentração de casos
Sudeste asiático
África central
Região amazônica
VIAS DE TRANSMISSÃO:
o Fluidos corporais ou sangue contaminado
- Relações sexuais desprotegido
- Procedimentos sem esterilização adequada:
Intervenções odontológicas e cirúrgicas
Hemodiálise
Tatuagens
Perfurações de orelha/piercings
o Transfusão de sangue e derivados contaminados – na atualidade é muito rara.
o Uso de drogas IV (seringa, agulha ou outros equipamentos contaminados)
o Transmissão vertical (mãe/ filho)
o Acidentes perfuro-cortantes ocupacionais OS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
o Período de incubação: 30 a 180 dias (média 70 médias)
o Infecção aguda: maioria é assintomática ou oligossintomáticas
o Evolução após infecção aguda:
- Resolução da infecção em 90 a 95% dos casos
- Adultos
- Transmissão vertical – 5% dos casos resolvem espontaneamente
HEPATITE CRÔNICA:
o DEFINIÇÃO: Persistência do HBsAg por > 6 meses
Assim o paciente está sujeito a suas complicações:
o Cirrose hepática
o Carcinoma hepatocelular
DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR:
Maria Emília Viana | Turma XXIV
# Simulação de um cenário com paciente que teve quadro de Hepatite B aguda evoluindo para “cura”:
aproximadamente 4 semanas com o contato com o vírus aparece o HBsAg e o curso natural é que aproximadamente
24 semanas/6 meses. Então, nesse meio tempo o HBsAg tende a desaparecer. Logo depois, aparece o anti-HBc,
primeiro o IgM e depois o IgG. Segundo marcador então é o anti-HBc. O HBeAg vai aparecer no início da doença
que, posteriormente, surgirá o antiHbe. Desaparecerá o HBsAg e aparecerá o anti-HBS. O anti-HBc será o marcador
de contato presente a vida inteira, provavelmente o AntiHbe também e o antiHBs. Entretanto, o antiHBs pode diminuir
seus títulos ou até mesmo zerar e isso não quer dizer que ele não tem memoraria imunológica.
#Janela imunológica: é uma região entre o desaparecimento do HBsAg e surgimento do anti-HBs de quase dois
meses após os 6 meses. Se você estiver pesquisando um paciente com quadro de infecção aguda e estiver neste
intervalo corre o risco de dar negativo, mesmo infectado. Qual o exame então que resolveria? O Anti-HbC, tanto a
fração IgM quanto a IgG.
# Check-up : HbSAg, Anti-HBs e anti-HBc. Se for paciente com infecção aguda: HBSAg e anti HbC IgM, se deu tudo
negativo, não é Hepatite B.
Maria Emília Viana | Turma XXIV
# Obs: Hepatite A – apenas antiHBA IgM e Hepatite C antiHBC – para clínicas de infecções agudas.
# O com hepatite B crônica HBeAg + ou negativo que vai definir o curso do tratamento. Quando é positivo quer dizer
que é replicante e quase todos têm que tratar, quando é não replicante são outras situações.
# Na fase aguda ele não interfere. Na fase aguda, tem que se atentar para as fases fulminantes acompanhando pelas
suas transaminases, mas fora esse quadro, 90% é “cura”. Quando for os 6 meses iniciais, repete -se a sorologia para
ver se “curou” ou não. Normalmente não trata aguda pois ela tente a cura a maior parte das vezes.
IMPORTANTE
# quando todas forem negativas, além do exposto ao quadro, pode ser também no intervalo de exposição. Por
exemplo, se o paciente se expos a 2 semanas atrás a sorologia ainda não apareceu. Então, deve-se repetir com 30
dias.
Maria Emília Viana | Turma XXIV
# Se tem uma infecção pelo vírus, aguda ou crônica é preciso esperar a evolução. Se tiver o antiHBc total (IgM + IgG)
positivo e isso não dá para discernir se é agudo ou crônico. Deve-se perguntar o paciente se tem exames anteriores
e já era positivo é crônico, se é a primeira vez que faz é preciso aguardar para ver se vai cronificar.
PREVENÇÃO:
o Evitando situações de risco
o Vacina
Calendário de vacinas
RN mãe HBsAg +
o Imunoglobulina hiperimune
Situações especiais
o Acidente ocupacional (fonte HBsAg +)
TRATAMENTO:
o Indicações:
Critérios para tratamento da hepatite B sem agente delta
Paciente cm HBeAg reagente e ALT > 2x limite superior da normalidade (LSN)
Adulto maior de 30 anos (3,32) com HBeAg reagente
Paciente com HBeAg nao reagente, HBV-DNA > 2000 UI/mL e ALT > 2x LSN
o Identificaçao precoce da evolução para CH u CHC
o Tenofovir
o Entecavir
o OBJETIVOS:
Resultado ideal: a perda sustentada do HBsAg, com ou sem soroconversão para anti-HBs,
é o resultado ideal da terapia. Esse perfil corresponde à completa remissão da atividade da
hepatite crônica, porém raramente é alcançado. Portanto, devem-se buscar desfechos
alternativos para pacientes com HBsAg persistente e HBeAg reagente ou HBeAg não
reagente: soroconversão para anti-HBe, redução de carga viral (resposta virológica) e/ou
normalização de ALT (resposta bioquímica)
TRANSMISSÃO VERTICAL:
Maria Emília Viana | Turma XXIV
- Em mães que HBeAg reagentes – considerar e iniciar profilaxia entre 28 a 32 semanas de gestação.
Professor trata todas que tem HBeAg reagente pois a chance é muito alta de transmissão - 3º trimestre = 70% de
chance de infecção do RN. Iniciar a profilaxia a partir de 28 semanas. Diferente do HIV que é na 14º
- Se o HBeAg for não reagente, vai estratificar pelas transaminases e carga viral.
-Carga viral acima de 200 mil ou transaminases alteradas – considere iniciar a profilaxia
- Carga viral menor que 200 mil e transaminases normais – sem necessidade de profilaxia, acompanha e no
momento que nascer, imunoglobulina no RN.
Maria Emília Viana | Turma XXIV
HEPATITE D
Família: Deltaviridae
- Composição híbrida e defectiva – depende do B
- RNA fita simples
Responsável por 40% dos casos de hepatite fulminante
Dependente do vírus HBV
EPIDEMIOLOGIA:
o Transmissão semelhante a HBV
- Via parenteral é a mais importante
- Depois via sexual e a vertical
o A HDV é endêmica nas áreas de alta prevalência da HBV
CURSO CLÍNICO:
o Co-infecção: o individuo recebeu os 2 virus juntos (B e D)
o Superinfecção: o indivíduo já tem HB crônica ou aguda e adquire HD
Em relação à clínica é muito mais grave, pois já existe uma lesão hepática instalada, a HBV
Maria Emília Viana | Turma XXIV
# é frequente a crônica (mas não representa a maior parte dos casos) pois já tem a Hepatite B já instalada a
tempos.
HEPATITE C
EPIDEMIOLOGIA:
o Transmitido por via parenteral
o Período de incubação
Maria Emília Viana | Turma XXIV
Média de 6 a 7 semanas
o Evolução frequente para formas crônicas – 80% cronifica.
o Distribuição do HCV é universal
o OMS estima que 3% da população mundial esteja infectada
o Brasil: 3 a 5 milhões de infectados
o A hepatite C é uma das principais causas de morte por doença hepática
- É a principal causa de indicação de transplante hepático – porque é a que mais cronifica e tem
chance de evoluir para a complicação
o Impacto HCV crônica
Alta morbidade associada
o Hepatite C representa:
- 70% dos casos de hepatite crônica
- 40% dos casos de cirrose hepática
- 60% dos casos de câncer de fígado
- 70% dos transplantes hepáticos
o CONTÁGIO HCV:
Primariamente por meio de sangue:
Transfusão de sangue ou derivados (principalmente antes de 1993)
Compartilhamento de seringas e agulhas
Hemodiálise
Receptores órgãos Tx
Material não esterilizado
Endoscopias, acupuntura, etc.
Procedimentos odontológicos
Tatuagens, manicura, body, piercings
Contato com secreções orgânicas:
RN de mãe HCV +
Contatos sexuais
Transmissão perinatal:
2 a 3% de transmissibilidade em alguns estudos
Co-infecção pelo HIV aumenta risco de transmissão vertical
Tipos de parto parece não interferir na taxa
Aleitamento materno não é formalmente contraindicado, só não pode ter
sangramentos e fissuras na mama
Transmissão sexual: (??)
Estimado inicialmente 1 e 6%
Coortes (+ 20 anos) casais discordantes mostrou soroconversão em 2% dos casais
Para casais discordantes no HCV, a decisão do uso de preservativo é do casal
EVOLUÇÃO CLÍNICA:
Maria Emília Viana | Turma XXIV
# HBV nao precisa ter cirrose para ter Hepatocarcinoma, HCV sim. O HBV é um oncogênico, ou seja, só pela
presença do vírus já leva ao hepatocarcinoma, então não evolui para cirrose para depois Hepatocarcinoma. Na HCV
não, o vírus precisa obrigatoriamente passar pela cirrose para virar hepatocarcinoma.
DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR
Diagnóstico:
o Hepatite C aguda
Pesquisa de anticorpos HCV (não existe disponível teste IgM) – Anti HCV + quer dizer
contato independente se curou ou não. Então vai partir para o RNA do vírus, se tiver + tem
vírus, se negativo curou.
Suspeita: soroconversão aguda ou alteração da ALT pós-exposição. Por exemplo, se um
profissional da saúde se acidentou, fez RNA do vírus deu negativo e depois de 60 dias
positivo, documenta e relata que foi infecção aguda e TRATAAAAA. A maioria cronifica então
vale a pena tratar, porque previne bastante o indivíduo se cronificar.
Confirmação: detecção sérica do RNA viral em paciente anteriormente negativo