Antropologia Filosófica
Antropologia Filosófica
Antropologia Filosófica
Na busca pelo sentido do humano, uma pergunta frequente é: o que há em nós que nos faz humanos, nos
tornando singulares em relação a todos os seres da natureza? Em outras palavras: qual é a natureza
humana? Nessa pergunta está implícita a ideia de que existe uma essência humana que nos distingue, por
exemplo, dos animais, dos vegetais, dos minerais, etc.
Tendo em vista a definição da natureza humana, Aristóteles ressaltou que os humanos são seres
racionais, uma vez que aquilo que lhes caracteriza e lhes torna singulares é o fato de serem dotados de
razão.
Se somos dotados de uma natureza humana, isso significa que já nascemos com ela. O que fazemos ao
longo de nossa vida é transformar em ato potencialidades que legamos dela desde o nascimento.
Observando as pessoas, os filósofos procuraram evidências que poderiam caracterizar a realização
dessas potencialidades. Para alguns, por exemplo, o ser humano se distingue dos demais seres porque
pensa, utiliza a linguagem e a razão (homo sapiens); para outros, a natureza humana reside nas relações
econômicas (homo economicus); e há ainda quem afirme que apenas o humano pode criar, fabricar (homo
faber); ou trabalhar (homo laborans); ou ainda brincar, jogar (homo ludens), ou nenhum desses aspectos
em particular, mas o conjunto deles.
Alguns filósofos, porém, não ficaram satisfeitos com nenhuma das caracterizações de uma suposta
natureza humana. Eles afirmaram que o ser humano não é definido por uma característica universal, ou
seja, que esteja presente em todos os seres humanos, em qualquer época e lugar, mas por aquilo que
cada um faz de si mesmo, nas realizações humanas no mundo. Esses filósofos tiraram o foco da essência
humana e o colocaram na existência.
Nessa perspectiva, não há nada universal que defina o humano, e só podemos compreendê-lo
observando como os seres humanos vivem e como se relacionam com os demais indivíduos e com as
coisas do mundo. Segundo esses filósofos, para saber o que faz dos homens e mulheres seres humanos
e não outros seres quaisquer, é mais importante estudar a “condição humana” do que uma suposta
natureza humana.
Essa condição refere-se aos fatores históricos e sociais em que o ser humano vive e sobretudo ás ações
que exerce sob essa condição, transformando-a sempre. Na ideia de condição humana, portanto, não há
uma noção determinada de ser humano, mas uma abertura de sua compreensão, que está de acordo com
a diversidade de nossas ações. Os filósofos que pensam em termos de condição humana colocam muito
mais ênfase na investigação da existência, porque é aí que podemos conhecê-lo mais profundamente.
A filósofa contemporânea Hannah Arendt compreende essa condição como o exercício do que ela
denomina uma vita activa (‘vida ativa’, em latim), que se desdobra nas três atividades humanas
fundamentais: o trabalho, a obra e a ação. O trabalho é a atividade do corpo humano, em seu aspecto
biológico. A obra é a atividade da existência, que consiste em transformar a natureza e criar cultura. A
ação é uma atividade política, aquilo que os indivíduos realizam entre si. A cada uma dessas atividades
corresponde uma condição humana. Ao trabalho corresponde a própria vida, pois ela é a condição para a
realização de todas as atividades. À obra corresponde a mundanidade, na medida em que os seres
humanos criam um mundo por meio da cultura e é o mundo que possibilita a obra. À ação, por fim,
corresponde a pluralidade, pois ela é a condição para que a política possa ser feita por todas as pessoas.
A condição humana é, pois, aquilo que nos permite que, exercendo uma vida ativa, sejamos humanos de
fato. Mas, ressalta Arendt, essa noção não explica, não define o que somos; ela nos condiciona, nos dá
um horizonte no qual construímos nossa vida, mas não nos determina de modo absoluto. Uma natureza
humana só poderia ser conhecida do ponto de vista de uma divindade, de um ser que estivesse acima dos
humanos; já as condições humanas podem ser conhecidas, dando aos seres humanos o referencial do
qual podem se mover e criar.
Atividades:
1- Qual a diferença entre natureza humana e condição humana?
2- “O lema "Conhece a ti mesmo" é o fio condutor do pensamento socrático. O ser humano é a fonte
do conhecimento de si mesmo e do mundo. A reflexão filosófica possui em Sócrates uma função
vital, afirma que a vida sem reflexão não vale a pena ser vivida. O indivíduo que dispensa sua
natureza definidora não pode se chamar homem. A afirmação da subjetividade irredutível de cada
ser humano se confirma quando Sócrates relata ter procurado em si mesmo razões para temer a
morte, mas não as ter encontrado.”
Diante dessa reflexão faça um texto de no mínimo 10 linhas explicando e argumentando o que o
filósofo quis expressar e a forma como você compreendeu.
Valor: 5,0 pontos