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Ética e Dignidade Humana Prof - DR - Ubaldo Silveira

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Prof. Dr.

Ubaldo Silveira ÉTICA E DIGNIDADE HUMANA

INTRODUÇÃO

O objetivo desta palestra é discutirmos alguns aspectos


fundamentais sobre ÉTICA E DIGNIDADE HUMANA:

1) Historicamente como a Ética foi entendida.

2. Aspectos gerais.

3. Reflexão Filosófica.

4. A PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO DA


DIGNIDADE.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prof. Dr. Ubaldo Silveira ÉTICA E DIGNIDADE HUMANA

1) Historicamente como a Ética foi entendida.


Para os socráticos: Homem em relação POLIS.

Pós-Socráticos: Homem em relação ao COSMOS.

Ética Cristã Medieval: Homem em relação à Deus

Ética Moderna: Homem em relação ao Homem (visão


abstrata)

Ética Contemporânea: Homem em relação do Homem


Totalidade da pessoa humana.
Prof. Dr. Ubaldo Silveira ÉTICA E DIGNIDADE HUMANA

2. Aspectos gerais.
Numa perspectiva histórica a sociedade sempre se
preocupou com a dignidade humana.

Mas paradoxalmente no século XXI o ser humano é


agredido em sua dignidade
Se de um lado, há agressão à dignidade, de outro,
crescem o sentimento e os esforços em sua defesa.
Já no século passado NIETZSCHE (1844-1900)
afirmava o vazio de valores, e atualmente , nasce a
incerteza das avaliações morais e a perda da visão
unitária do homem e de seu mais profundo mistério.
Prof. Dr. Ubaldo Silveira ÉTICA E DIGNIDADE HUMANA

A dignidade é um atributo humano, sentido e criado pelo


homem e por ele desenvolvido e estudado, desde os primórdios
da humanidade.
À medida em que o HOMEM começava a viver em sociedade
hierarquicamente organizada, a honra e a nobreza já eram
respeitadas, o que gerava destaque a alguns membros.

Mas o predomínio do homem sobre o homem sua dignidade


passou a ser desrespeitada, impondo-se aos dominados as mais
indignas situações.
O termo (dignitas, -tatis), “qualidade moral que infunde
respeito, consciência de valor, honra, autoridade, nobreza,
respeito aos sentimentos, valores, o que digno”.
Qualidade do que é digno e merece respeito ou reverência”. .
Prof. Dr. Ubaldo Silveira ÉTICA E DIGNIDADE HUMANA

Podemos dizer que o termo dignidade indica um atributo


comum a todos os homens.

Sem esse atributo não pode haver:

 liberdade,
 justiça

e paz.
Essas características colocam o homem em um grau
superior em relação a todos os outros seres.

Vejamos o que nos diz a filosofia.


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3. Reflexão Filosófica.
O conceito de dignidade humana tem fundamentos na
filosofia ocidental.
Embora os gregos não abordem diretamente a noção de dignidade humana,
sua grande influência na civilização ocidental justifica a análise de suas idéias.

Paidéia – de paidos – criança – significa “criação de meninos”,


Paidéia é formação geral que tem por tarefa construir o
homem como homem e cidadão.

Platão (427-347 a. C.) define Paidéia como:


“[.....] a essência de toda a verdadeira educação ou Paidéia é a
que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão
perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como
fundamento” .(2003, p.247)
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Santo Agostinho (354-430) mostra a distinção entre


coisas, animais e seres humanos .
Tomás de Aquino (1225-1274), afirma que “toda a
nobreza de qualquer coisa lhe pertence em razão de
seu ser” (2005, p. 36).
Tomás de Aquino explica: O pé de abóbora, por exemplo, pode
ser considerado mais valioso que a pedra, porque tem vida
O cachorro mais que o pé de abóbora, porque tem sensibilidade.
O homem mais valioso que o cachorro, porque tem espírito, o que
faz sua natureza dar o salto para o nível mais elevado dos seres
pessoais
Deus é infinitamente mais valioso do que tudo, porque é o Ser por
definição.
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Immanuel Kant (1724-1804). A ética de Kant é a mais perfeita


expressão da ética moderna.
Para Kant não é o sujeito que gira ao redor do objeto, mas ao
contrário: "O que o sujeito conhece é produto de sua
consciência”.
Dois aspectos do pensamento Kantiano:
 Filosofar é aprender a pensar com autonomia;
 É essencial educar para um pensar autônomo;
Kant nos proporciona uma das contribuições mais decisivas para o Conceito de
Dignidade Humana.
No reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. Aquilo que tem
preço pode ser substituído por algo equivalente: mas quando uma coisa
está acima de todo preço, e, portanto não permite equivalente, estão ela
tem dignidade. (Kant, 2005, p. 85).
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Hannah Arendt (1906-1975) teórica política alemã emigrou para


os Estados Unidos durante a ascensão do nazismo na Alemanha.
O pensamento de Hannah A. contribui na
constitucionalização do princípio da dignidade da pessoa na
Alemanha e, posteriormente, em diversas outras
Constituições, inclusive à brasileira.

Ao longo de toda sua obra pode-se observar a preocupação com


a dignidade da pessoa humana. Mas é nos estudos sobre o
totalitarismo que a autora aprofunda sua análise.
O totalitarismo retira do homem sua condição humana, tratando-
se como um ser descartável, que pode ser troçado, substituído ou
igualado a uma coisa.
Mas em pleno século XXI perguntamos:
Qual é o valor da PESSOA HUMANA?
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4. A PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO DA


DIGNIDADE.
TRÊS ASPECTOS FUNDANTES DA VISÃO HUMANISTA:

1) SÃO AS QUATRO CONDIÇÕES HUMANAS.

1ª. – MISTERIOSIDADE;

2ª - NECESSÁRIAS ESCOLHAS;

3ª- TRAGICIDADE FUNDAMENTAL EM NOSSAS ESCOLHAS;

4ª - SINGULARIDADE IRREPETÍVEL DE CADA PESSOA


HUMANA
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2) A VIDA HUMANA TOTAL, O BEM MORAL POR


EXCELÊNCIA
Qual é esse bem moral?
São várias as respostas, pois depende da concepção de mundo.

Qual é essa realidade transcendente, esse ideal, esse bem último


que sustenta todos os bens imediatos?
Nos acreditamos que é a VIDA HUMANA.
Não apenas a vida biológica.
A VIDA HUMANA É UMA VIDA RACIONAL, COM UM SENTIDO DE
REALIZAÇÃO SINGULAR NUM MUNDO DE VALORES ESPIRITUAIS, COM
ASPIRAÇÕES TRANSCENDENTAIS, COM UM DESEJO DE FELICIDADE
TOTAL E DE IMORTALIDADE, COM UMA CONSCIÊNCIA DE
FRATERNIDADE PLANERÁRIA.
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3) A VIDA HUMANA EM SUA PLURIDIMESIONALIDADE


Estas manifestações desse núcleo de CONSCIÊNCIA PROFUNDA DA
PESSOA, as denominamos de dimensões da vida pessoal que são Sete:
INTERIORIDADE - Nossa vida, a diferencia da vida dos demais
seres. Está dotada de uma dimensão profunda que nos permite
ser conscientes não só de nossos próprios atos, como também
de nosso próprio ser. Não somos coisas ou objetos. Temos um
núcleo íntimo que se chama interioridade.
ENCARNAÇÃO - O homem alcança sua perfeição apoiando-se nas
forças da natureza humana. Nossa vida corporal, com todos seus
aspectos nos impulsiona como um compromisso de ENCARNAÇÃO
TOTAL para uma maior liberdade e autodomínio, tanto individual
como social.
COMUNICAÇÃO - A pessoa humana não se realiza no isolamento. Desde
que nascemos, vivemos vinculados a um grupo e nele desenvolvemos nossas
capacidades. A COMUNICAÇÃO CONSTITUI UMA DIMENSÃO CHAVE DE
NOSSA EXISTÊNCIA.
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CONFRONTO - A vida pessoal se caracteriza também pela capacidade de


confrontar-se. O homem vive exposto frente ao mundo. Para alcançar as
metas que se propõe necessita expressar-se e responder às várias
provocações. É o próprio esforço por superar as dificuldades que faz
com que cada pessoa seja um ser singular, original frente aos demais.
LIBERDADE é capacidade de opção, e, opção é ruptura. O
verdadeiro homem livre é aquele que responde as profundas opções
da vida e se compromete com elas. Só assim a liberdade fortalece a
união, a responsabilidade e a solidariedade entre as pessoas.
TRANSCENDÊNCIA - A vida da pessoa está aberta e dirigida para realidades
que a transcende. Transcendência é superação dos próprios limites para
sua perfeição, pois a vida humana nada mais é que abertura para as
realizações do ser humano. Quem não transcende não vive.
AÇÃO - A pessoa humana se realiza, fundamentalmente na e pela ação.
Ora, não é qualquer ação que contribui para o desenvolvimento do homem.
Existem ações que são destrutivas, degradantes, despersonalizantes. Ação é
diferente de ativismo
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No século XXI ainda se estuda e se discute muito
pouco as questões éticas do mundo atual. Mas há
uma procura pela descoberta da ÉTICA .
A Ética não é algo dado pela natureza, mas um
produto de nossa consciência histórica.
Não vem pronta para ser consumida, mas é construída na
ação humana, que sempre exige a presença de um outro.
Quem exercita a ética são indivíduos que fazem
parte de uma comunidade.
Seus atos são morais somente se considerados nas suas
relações com os outros. Sem os outros, não há ética.
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Ora, não estamos propondo normas a serem seguidas, pois acreditamos


na antropo-ética, fundada por valores morais de responsabilidades e de
solidariedade e confrontada pela “incerteza ética”, na visão de Morin.

Queremos construir uma sociedade livre e democrática.

Portanto igualitária e justa, onde todos tenham dignidade.

A dignidade, vista pelo prisma filosófico, tem implicações em


todos os problemas da Ética, podendo-se inferir que a Ética,
como ciência, só é possível a partir do reconhecimento da
dignidade do ser humano.

O ser humano é infinito em suas possibilidades, pois


apreender valores é uma tarefa inesgotável, pela qual sua
individualidade se torna única como pessoa, que, como afirma
Kant, não tem preço, tem dignidade.
Prof. Dr. Ubaldo Silveira ÉTICA E DIGNIDADE HUMANA

REFERÊNCIAS
– ALVAREZ, Luiz José Gonzalez. Ética latinoamrecana. Bogotá: Universidad Santo
Tomás, 1986.
– ARENDT, Hannah. Origens do TotalitarismoI: o Anti-semitiemo, instrumento de poder,
Rio de Janeiro: documentário, 1975.
– Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida – CNECV. Reflexão ética sobre a
dignidade humana 26/99, Lisboa: CNECV: 1999:1-29. Disponível em:
HTTP://www.cnecvgov.pt Acesso em 10 de novembro de 2009.
– HOSSNE, William Saad; &SILVA, Franklin Leopoldo. Dignidade Humana e bioética:
uma abordagem filosófica. Im: Revista BioEthikos, Centro Universitário São Camilo,
vol.2 (1): 50-64: 2008.
– KANT, Immanuel. Fundamentação metafísica dos costumes e outros escritos, São
Paulo: Martin Claret, 2005
– MORIN, Edgard. Os sete saberes necessários à Educação do futuro. São Paulo:
Cortez, 2002.
– NOGARE, Pedro D. Humanismos e Anti-humanismos, Petrópolis: Vozes, 1982
– QUEIROZ, José J. Ética no Mundo de Hoje, São Paulo: Paulinas, 1985
– VAZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
– WERNER, Jaeger. Paidéia: A formação do hoem grego, São Paulo: Martins Fontes,
2003
– ZAJDSZNAJDER, Luciano. Ética, estética e comunicação na passagem da
modernidade à pós-modernidade 2ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2002.

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