PATRIMÔNIO APLICADO E ESTUDOS DE PATRIMÔNIO CRÍTICO:
ENGAJANDO A SOCIEDADE PARA SUSTENTABILIDADE E PATRIMÔNIOS
FUTUROS
APPLIED HERITAGE AND CRITICAL HERITAGE STUDIES ENGAGING SOCIETY
TO SUSTAINABILITY AND HERITAGE FUTURES
Organizador: Tiago Silva Alves Muniz
Como citar este artigo:
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para
sustentabilidade e Patrimônios Futuros. Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
ISSN 2316 8412
SPECIAL ISSUE
DOSSIÊ TEMÁTICO
Volume XVII, Número 34, Julho-Dezembro/2020
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
PATRIMÔNIO APLICADO E ESTUDOS DE PATRIMÔNIO CRÍTICO:
ENGAJANDO A SOCIEDADE PARA SUSTENTABILIDADE E PATRIMÔNIOS FUTUROS
Tiago Silva Alves Muniza
O presente dossiê tem como objetivo engajando profissionais e a sociedade para sustentabilidade
e Patrimônios Futuros. Atividades que refletem sobre museus, patrimônio sensível, educação patrimonial,
turismo, arqueologia contemporânea e métodos fazem parte desta edição Cadernos do LEPAARQ, Revista
do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas
(LEPAARQ-UFPEL). O objetivo aqui é apresentar como museus e atividades internacionais lidam com
patrimônio aplicado em diversos contextos e como suas propostas de ações pedagógicas/museológicas
podem ser orientadas para o futuro. Para além do impacto da covid-19 no patrimônio cultural (Saladino
& Muniz, 2020), o dossiê visa dialogar com perspectivas da arqueologia no contemporâneo (GonzalezRuibal, 2006; Hamilakis, 2018; McAtackney & McGuire, 2020) abordando engajamento para futuro global
considerando o papel do patrimônio cultural (Harrison et al 2020, Holtorf & Högberg, 2020), visões desde
a América Latina (Muniz & Almansa-Sánchez, 2020), interpretações dos patrimônios (Rampim et al 2020)
e métodos educacionais (Petersson & Holtorf, 2016) no contexto do patrimônio aplicado e por uma saúde
planetária (Horton et. Al. 2014)
Desde exemplos de pesquisadores da Suécia, África do Sul, Argentina e Brasil, esse dossiê dialoga
com diversos contextos de interpretação do patrimônio, arqueologia comunitária, método educacional
de viagem no tempo, análise de currículo, turismo de base comunitária, arqueologia no presente,
musealização da arqueologia, patrimônio arqueológico, educação e turismo, materialidade da fé,
arqueologia contemporânea na Amazônia, divulgação científica, arqueologia digital, educação em museus
e preparação para um futuro global. Esses são alguns dos temas entre muitos explorados pelos artigos aqui
apresentados. Com foco em novas abordagens para debater antropologia e arqueologia, esta edição tem
como objetivo apresentar como o patrimônio aplicado pode usar dados arqueológicos e antropológicos
para criar cenários que conceituam e problematizam a história e a sociedade contemporânea.
A Arqueologia Brasileira possui dados substanciais e em constante expansão sobre sua História
Profunda e Arqueologia Histórica. Esse dossiê debate através de estudos críticos de patrimônio o olhar
antropológico/arqueológico do contemporâneo e futuro com perspectiva de contribuir para novos
estudos em campos ainda em consolidação no país. Ampliar nossa visão sobre estudos de cultura material
é necessário, e esse dossiê pretende abordar a relevância social da arqueologia para além de estudos
fixados no tempo pretérito, ou mesmo reflexões no presente. A proposta aqui é refletir sobre como ações
patrimoniais em diferentes contextos podem colaborar para construir futuros melhores. De tal maneira,
a seguir são apresentadas as 16 publicações que compõem essa edição.
Ludvig Papmehl-Dufay traz um estudo de caso sobre usos do patrimônio realizado na ilha de
Öland, sudeste de Suécia, onde o sítio arqueológico com megalitos dispostos em forma de barco possui
a
Pesquisador visitante no Departamento de Ciências Culturais, Linnaeus University. Doutorando em Antropologia (Arqueologia), Universidade Federal do
Pará. E-mail: tiago.samuniz@gmail.com
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
45
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
diferentes valores e significância para diferentes pontos de vista junto à comunidade local. Durante o
processo de escavação, novas informações sobre o sítio foram adicionadas à comunidade, entretanto, as
narrativas sobre o sítio não mudaram mesmo após a reconstrução do mesmo. Tal abordagem pode ser
interessante para pensar as relações e usos do patrimônio no contexto de sítios megalíticos e comunidades
locais.
Gustav Wollentz trabalha com comunidades locais e patrimônio sensível (ou patrimônio difícil)
nórdico e no báltico e chama atenção para o uso de metodologias dialógicas e participativas orientadas
nos processos durante inventários de patrimônio cultural. Tal abordagem pode ser utilizada para resolução
de conflitos; no entanto, o autor destaca que o método pode ser mal utilizado caso as pessoas envolvidas
sejam consideradas agentes passivos de uma mensagem específica sobre o passado. Ainda, os aspectos
dissonantes do patrimônio devem ser vistos como recurso e não um problema para que todas as vozes
possam ser ouvidas.
Ebbe Westergren desenvolveu o método educacional de viagem no tempo em meados dos anos
1980. Hoje, esse método é aplicado em mais de 20 países tendo como seu principal expoente a ONG
Bridging Ages. Através do método, uma situação problema é criada em algum recorte temporal, com
cenário bem delimitado e explicitado aos participantes que devem entrar na brincadeira e representar
papeis relativos a personalidades da respectiva da viagem no tempo proposta pelo mediador. A viagem
pode ser realizada para qualquer recorte temporal, desde milhares, centenas ou décadas de anos atrás
ou até mesmo para o futuro. Desse modo, o autor busca promover o aprendizado, coesão social e
construção coletiva. No artigo Westergren apresenta alguns eventos de viagem no tempo realizados na
África do Sul, Quênia, Suécia e convida o leitor a refletir sobre a implementação do método na América
do Sul.
Adam Norman aplica o método educacional de viagem no tempo como ferramenta de patrimônio
aplicado para compreensão da continuidade e mudança histórica. Três eventos de viagem no tempo
são apresentados: luta contra violência de gênero no caso de mutilação genital feminina na Tanzânia;
elaboração de atividades escolares pensando o uso de recursos e cooperação durante Idade da Pedra
na Suécia; e ainda uma viagem para 2068, num cenário ficcional na Suécia, levando em conta o que se
sabe sobre projeções de mudanças climáticas e possíveis cenários com protagonismos de economias
emergentes hoje. Dessa forma, a solução de problemas no passado ou futuro reverberam como o
patrimônio pode catalisar e criar futuros diferentes.
Lessego Bridget Mlambo aborda a educação e currículo no contexto do ensino de história e
arqueologia na África do sul. Nesse caso, se destacam as transformações curriculares que adicionaram o
ensino de arqueologia ao currículo escolar, assim como os efeitos de tais mudanças para a educação em
museus e uso do método educacional de viagem no tempo. A partir de tais experiências, a autora lista os
museus sul-africanos que incorporam o ensino de história à educação em museus e discute acessibilidade
e desafios pós covid-19 junto à integração da Quarta Revolução Industrial.
Inés Gordillo, Luciana Eguia, Verónica Zuccarelli, Carolina Prieto, Sebastían Bocelli, José
Miguel Letelier e Hector Buono apresentam atividades realizadas com noção ampliada de patrimônio
incorporando paisagem cultural, saberes e comunidades locais visando integração do turismo de base
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
46
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
comunitária, autogestionado e sustentável em Catamarca, Argentina. Os autores apontam que havia uma
descontinuidade histórica com o passado pré-hispânico, onde o vínculo entre o trabalho arqueológico e
comunidades permitiu ampliar a multivocalidade de interpretações e saberes e valoração do patrimônio
como recurso renovável.
Leandro Elias Canaan Mageste, Géssika de Sousa Macêdo, Evanilza Lopes de Castro Paes e Carlos
Eduardo Ferreira dos Santos através de uma arqueologia pública do presente buscam acompanhar
as narrativas produzidas sobre trânsitos de bens arqueológicos em paisagens do presente em São
Braz do Piauí, nordeste brasileiro. Os autores seguem alinhados com a noção de interculturalidade e
outras arqueologias para dissolver a fronteira entre pesquisador e pesquisado percorrendo múltiplas
contemporaneidades, temporalidades, ressignificações e afetividades explorando diversidades de
significados.
Rosemary Aparecida Cardoso e Alencar de Miranda Amaral buscam problematizar a invisibilidade
de artefatos em contextos museais de três museus recifenses, nordeste brasileiro. O debate acerca da
musealização da arqueologia apresenta o panorama de tais acervos e percepção do público sobre os
bens arqueológicos musealizados. A fim de romper com a “estratigrafia do abandono” o artigo busca
estimular a interdisciplinaridade e fomentar a valorização e preservação do patrimônio arqueológico para
além do contexto museal.
Matheus Pereira da Costa e Diego Lemos Ribeiro no extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil,
ampliam debate acerca da musealização da arqueologia e “estratigrafia do abandono” em busca de uma
gestão mais horizontal de referenciais patrimoniais. Dado o apagamento da memória indígena e povos
negros somado à preservação das narrativas dos colonizadores, os autores questionam se é possível
preservar um patrimônio que as pessoas não se reconhecem nele. A partir de tal reflexão e análise de
acervo e exposição em Rio Grande o artigo busca suscitar novas leituras sobre a vida social da cultura
material em suas dimensões sociais, simbólicas e ideológicas.
Manoela Barbacovi e Maria Angélica Zubaran abordam a educação para o turismo sob a invenção
de uma Gramado turística (Rio Grande do Sul, Brasil). As autoras apresentam ideário eurocêntrico
materializado para promover o turismo, materializado em diretrizes para hospitalidade simbolizada
por jardins como “salas de visitas”; representações europeias na gastronomia; construção de novas
narrativas sobre a colonização europeia ressignificando o lugar como uma cidade de imigrantes; e
importação de pinheiros da Alemanha. Nessa crítica ao eurocentrismo, o artigo analisa a reinvenção
de tradições revestidas de espetacularização para o turismo. Reverberar a polifonia de discursos a fim
de estimular desconstrução de visões monolíticas eurocentradas e incentivar a diversidade cultural e
saberes alternativos e transformadores urge.
Maria Helena de Aviz dos Reis analisa festa e devoção em estudo de caso sobre materialidade da
fé na comunidade quilombola de Jurussaca (Pará, Amazônia brasileira) como manifestação de identidade,
diversidade cultural e religiosa no catolicismo popular. Através de abordagem da arqueologia sensorial
a autora analisa o ritual conhecido como “beijação” das fitas de santos ao perceber como os corpos e
sentidos conectam o passado ao presente. Dessa forma, tal patrimonialidade religiosa imaterial media os
corpo-objetos e construção identitária da comunidade local.
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
47
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
Tiago Silva Alves Muniz propõe uma arqueologia elástica ao situar o estudo da materialidade do
período da borracha como objeto de estudo da arqueologia histórica e contemporânea na Amazônia,
Santarém, Baixo Amazonas, Brasil. Ao romper os paradigmas na arqueologia que promovem estudos
majoritariamente voltados para a análise do patrimônio do colonizador na Amazônia, ou mesmo uma
visão do indígena essencializada, o autor faz uso de fontes materiais, históricas e orais reconhecendo
o papel global da borracha para configuração da “modernidade” e Antropoceno. Como um elástico
que estica, o autor sugere que a arqueologia possa ser mais sensível às comunidades, materialidades e
actantes.
Renata de Godoy e Joyce Julie Lima Barroso apresentam notícias de jornais paraenses que
mencionam arqueologia, onde se destacam a incidência de palavras como “fóssil” e “ruína”, havendo até
mesmo reportagem intitulada “Parque dos Dinossauros”. De tal maneira, as autoras propõem diálogo
entre arqueologia e mídia evidenciando um problema que não é exclusivo do Brasil e que vem sendo
agravado pela pandemia da covid-19, descaso governamental para com o patrimônio arqueológico e
promoção de visão política da arqueologia como atividade “anti-progresso”. O artigo chama atenção para
a responsabilidade da arqueologia enquanto mediadora de passado, presente e futuro.
Diogo Menezes Costa traz dados sobre uma arqueologia digital que segue em constante
atualização. Através de três ensaios sobre o uso de modelos 3D; website “Arqueologia Digital” - rede social,
acadêmica e profissional; e simulações computacionais na arqueologia. O autor salienta a importância
do uso de modelos digitais para o fazer arqueológico, preservação do passado e também simulação de
futuros. Assim como o engajamento de profissionais rompendo barreiras de comunicação entre público
especializado e não-especializado.
Tiago Silva Alves Muniz e Alejandra Saladino conversam sob formato de entrevista rápida
(Questions & Answers) sobre o patrimônio cultural enquanto ferramenta analítica e possibilidades para
estabelecimento de uma sociedade sustentável detentora, protetora e fruidora de patrimônios futuros.
Aspectos legais e experiências relativas ao campo do patrimônio cultural são apresentados em seus
aspectos de constante conflito e negociação. Nas sendas abertas pela decolonialidade, o patrimônio
arqueológico, educação patrimonial e educação museal são abordados como peças-chave para questionar
hegemonia e hierarquia de narrativas científicas a fim de incorporar participação ativa da sociedade. O
incêndio do Museu Nacional (2018) acende o debate sobre a imagem que temos de nós mesmos.
Tiago Silva Alves Muniz e Cornelius Holtorf concluem esse dossiê em entrevista sobre o papel
do patrimônio cultural como criador de futuro. O conceito de patrimônios futuros e experiência do
projeto no contexto sueco, abordagens na Unesco Chair e University College London são aqui abordadas.
A experiência em parcerias no campo do patrimônio e da arqueologia com o setor industrial chamam
atenção para mente aberta em novas soluções e colaborações. Turismo cultural e o impacto da covid-19
sobre o setor do patrimônio cultural também são debatidos aqui. Afinal, a arqueologia irá existir para
sempre?
Agora, fica o convite para ampla leitura dos diversos temas apresentados sobre patrimônio
cultural, suas multitemporalidades e reflexão crítica a cerca de que sociedade almejamos e lampejos
sobre como contribuir para sustentabilidade e patrimônios futuros.
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
48
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
APPLIED HERITAGE AND CRITICAL HERITAGE STUDIES ENGAGING SOCIETY
TO SUSTAINABILITY AND HERITAGE FUTURES
Tiago Silva Alves Muniz
The present special issue aims to engage professionals and society for sustainability and
heritage futures. Activities that reflect on museums, sensitive heritage, heritage education, tourism,
contemporary archaeology and methods are part of this edition of Cadernos do LEPAARQ - Journal of
the Laboratory of Teaching and Research in Anthropology and Archaeology of the Federal University
of Pelotas (LEPAARQ-UFPEL). The objective here is to present how museums and international
activities deal with applied heritage in different contexts and how their proposals for pedagogical
/ museological actions can be oriented towards the future. In addition to the impact of covid-19
on cultural heritage (Saladino & Muniz, 2020), the special issue aims to dialogue with perspectives
on contemporary archaeology (Gonzalez-Ruibal, 2006; Hamilakis, 2018; McAtackney & McGuire,
2020), addressing engagement for global futures considering the role of cultural heritage (Harrison
et al 2020, Holtorf & Högberg, 2020), visions from Latin America (Muniz & Almansa-Sánchez, 2020),
interpretations of heritage (Rampim et al 2020), contexts of segregation and educational methods
(Petersson & Holtorf, 2016) in the context of applied heritage and for planetary health (Horton et.
Al. 2014)
From examples of researchers based on Sweden, South Africa, Argentina and Brazil, this
special issue dialogues with diverse contexts of heritage interpretation, community archaeology,
the “time travel” educational method, curriculum analysis, community-based tourism, archaeology
in the present, musealization of archaeology, archaeological heritage, education and tourism,
materiality of faith, contemporary archaeology in the Amazon, scientific dissemination, digital
archaeology, education in museums and preparedness for a global future. These are some of the
themes among many explored in the articles here presented. With a focus on new approaches
to debating anthropology and archaeology, this issue aims to present how heritage can use
archaeological and anthropological data to create scenarios that conceptualize and problematize
history and contemporary society.
Brazilian Archaeology has substantial and constantly expanding data on its Deep History
and Historical Archaeology. This special issue debates, through critical heritage studies, the
anthropological / archaeological view of the present and future with the perspective of contributing
to further studies in these fields, which are still under consolidation in the country. Expanding our
view on material culture studies is necessary, and this special issue aims to address archaeology’s
social relevance in addition to studies stuck in pastness, or even reflections in the present. The
following 16 articles reflect on how heritage actions in different contexts can collaborate to build
better futures.
Ludvig Papmehl-Dufay brings a case study on the uses of heritage on the island of Öland,
southeast Sweden, where an archaeological site with a ship-shaped stone setting has different values
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
49
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
and significance for different points of view among the local community. During the excavation
process, new information about the site was added to the community’s understandings; however,
its narratives about the site did not change after the site was reconstructed. Such an approach is
interesting in thinking about relationships and uses of heritage in the context of megalithic sites and
local communities.
Gustav Wollentz works with local communities on Nordic and Baltic sensitive heritage (or
difficult heritage) and draws attention to the use of process-oriented and dialogical methodologies
during cultural heritage inventories. Such an approach can be used for conflict resolution; however,
the author points out that the method can be misused if people involved are considered passive
agents of a specific message about the past. Still, the dissonant aspects of heritage must be seen as
a resource and not a problem so that all voices can be heard.
Ebbe Westergren developed the educational method called “time travel” in the mid-1980s.
Today, this method is applied in more than 20 countries, with its main exponent the NGO Bridging
Ages. Through the method, a problem situation is created in a certain time frame, with a welldefined scenario made explicit to the participants, who must enter the game and represent roles
related to personalities inhabiting that time period in order to engage the problem. The journey
can be made into any time frame: tens, hundreds or thousands of years ago or even into the future.
Thus, the author seeks to promote learning, social cohesion and collective construction. In the article
Westergren presents some time travel events held in South Africa, Kenya and Sweden and invites the
reader to reflect on the implementation of the method in South America.
Adam Norman mobilizes the educational method of time travel as an applied heritage tool
to understand continuity and historical change. Three time travel events are presented: the fight
against gender violence in the case of female genital mutilation in Tanzania, an elaboration of school
activities thinking about the use of resources and cooperation during the Stone Age in Sweden
and also a trip to 2068, in a fictional setting in Sweden, taking into account what is known about
projections of climate change and possible scenarios with protagonists of emerging economies
today. In this way, solving problems in the past or future resonates with how heritage can catalyze
and create different futures.
Lessego Bridget Mlambo addresses education and curricula in the context of teaching history
and archaeology in South Africa. In this case, the curricular transformations that added the teaching
of archaeology to the school curriculum stand out, as well as the effects of such changes for education
in museums and the use of the educational method of time travel. Based on such experiences, the
author addresses the South African museums that have incorporated teaching history to education
in museums and discusses accessibility and post-covid-19 challenges with the integration of the
Fourth Industrial Revolution.
Inés Gordillo, Luciana Eguia, Verónica Zuccarelli, Carolina Prieto, Sebastían Bocelli, José
Miguel Letelier and Hector Buono present activities carried out with an expanded notion of heritage
incorporating cultural landscape, knowledge and local communities aimed at integrating communitybased, self-managed and sustainable tourism in Catamarca, Argentina. The authors point out a
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
50
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
historical discontinuity with the pre-Hispanic past, where the link between archaeological work
and communities has allowed the expansion of multivocal interpretations and knowledge and the
valuation of heritage as a renewable resource.
Leandro Elias Canaan Mageste, Géssika de Sousa Macêdo, Evanilza Lopes de Castro Paes and
Carlos Eduardo Ferreira dos Santos, through a public archaeology of the present, seek to follow the
narratives produced about transits of archaeological artifacts in present landscapes in São Braz do
Piauí, northeast Brazil. The authors employ the notion of interculturality and other archaeologies to
dissolve the boundary between researcher and researched, crossing multiple contemporaneities,
temporalities, reframings and affectivities exploring a diversity of meanings.
Rosemary Aparecida Cardoso and Alencar de Miranda Amaral seek to problematize the
invisibility of artifacts in museum contexts of three Recife museums, northeast Brazil. The debate
about the musealization of archaeology presents the panorama of local museum collections and
the public’s perception of musealized archaeological artifacts. In order to break with “abandonment
stratigraphy,” the article seeks to stimulate interdisciplinarity and promote the valorization and
preservation of archaeological heritage beyond the museal context.
Matheus Pereira da Costa and Diego Lemos Ribeiro, in the extreme south of Rio Grande
do Sul, south Brazil, expand the debate about musealization of archaeology and “stratigraphy of
abandonment” in search of a more horizontal management of heritage resources. Given the erasure
of indigenous memory and black peoples, plus the preservation of the colonizers’ narratives, the
authors question whether it is possible to preserve a heritage that people do not recognize. Based
on such reflection and the analysis of museum collection and exhibition in Rio Grande, the article
seeks to stimulate new readings on the social life of material culture in its social, symbolic and
ideological dimensions.
Manoela Barbacovi and Maria Angélica Zubaran approach education for tourism under
the invention of a touristic Gramado (Rio Grande do Sul, Brazil). The authors present materialized
Eurocentric ideas which promote tourism, materialized in guidelines for hospitality symbolized
by gardens such as “living rooms”; European representations in gastronomy; construction of new
narratives about European colonization, reframing the place as a city of immigrants; and import
of pine trees from Germany. In this critique of Eurocentrism, the article analyzes the reinvention
of traditions which are spectacularized for tourism. Reverberating with a polyphony of discourses
in order to stimulate deconstruction of Eurocentered, monolithic visions and encourage cultural
diversity and alternative and transforming knowledge is urged.
Maria Helena de Aviz dos Reis analyzes parties and devotion in a case study on the materiality
of faith at the quilombola community of Jurussaca (Pará, Brazilian Amazon) as a manifestation of
identity, cultural and religious diversity in popular Catholicism. Through a sensory archaeology
approach, the author analyzes the ritual known as “ beijação” (kissing) tapes of saints to realize how
bodies and senses connect the past to the present. In this way, such immaterial religious heritage
mediates the body-objects and identity construction of the local community.
Tiago Silva Alves Muniz proposes an elastic archaeology by placing the study of the materiality
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
51
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
of the rubber boom as an object of study of historical and contemporary archaeology in the Amazon
Rainforest, Santarém, Lower Amazon, Brazil. By breaking the paradigms in archaeology that promote
studies mainly focused on analysis of the colonizer’s heritage in the Amazon, or even an essentialized
view of indigenous peoples, the author makes use of material, historical and oral sources recognizing
the global role of rubber in shaping “modernity” and the Anthropocene. Like a rubber band that
stretches, the author suggests that archaeology may be more sensitive to communities, materialities
and actants.
Renata de Godoy and Joyce Julie Lima Barroso present news from Pará’s newspapers that
mention archaeology, where the incidence of words such as “fossil” and “ruin” stands out, with
even a report entitled “Parque dos Dinossauros” (Jurassic Park). In such a way, the authors propose
dialogue between archaeology and the media, highlighting a problem that is not exclusive to Brazil
and that has been aggravated by the pandemic of covid-19, governmental neglect of archaeological
heritage and promotion of the political view of archaeology as an “anti-progress” activity. The article
draws attention to the responsibility of archaeology as a mediator of past, present and future.
Diogo Menezes Costa brings data about a digital archaeology that is in constant update
through three essays about the use of 3D models; the website “Arqueologia Digital” – a social,
academic and professional networking medium; and computer simulations in archaeology. The
author stresses the importance of using digital models for archaeological work, preserving the past
and also simulating futures, as well as the engagement of professionals, breaking communication
barriers between specialized and non-specialized audiences.
Tiago Silva Alves Muniz and Alejandra Saladino talk via the format of a quick interview
(Questions & Answers) about cultural heritage as an analytical tool and possibilities for establishing
a sustainable society that holds, protects and enjoys heritage futures. Legal aspects and experiences
related to the field of cultural heritage are presented in their aspects of constant conflict and
negotiation. In the paths opened by decoloniality, archaeological heritage, heritage education and
museum education are approached as key pieces for questioning the hegemony and hierarchy of
scientific narratives in order to incorporate the active participation of society. The fire at the National
Museum (2018) sparks debate about the image we have of ourselves.
Tiago Silva Alves Muniz and Cornelius Holtorf conclude this special issue in an interview about
the role of cultural heritage in future-making. The concept of heritage futures and project experience
in the Swedish context and approaches in Linnaeus University’s Unesco Chair and University College
London are covered here. The experience of partnerships in heritage and archaeology fields with
the industrial sector calls attention to open-minded new solutions and collaborations. Cultural
tourism and the impact of covid-19 on cultural heritage sector are also discussed here. After all, will
archaeology exist forever?
Now, this is an invitation to a wide reading of the various themes presented about cultural
heritage and its multitemporalities, along with critical reflection about which society we aim for and
insights into how to contribute for sustainability and heritage futures.
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
52
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
ESTUDIOS DE PATRIMONIO APLICADO Y PATRIMONIO CRÍTICO: COMPROMETER A LA
SOCIEDAD PARA LA SOSTENIBILIDAD Y PATRIMONIOS FUTUROS
Tiago Silva Alves Muniz
La presente edición tiene como objetivo involucrar a los profesionales y la sociedad por la
sostenibilidad y patrimonios futuros. Actividades que reflexionan sobre museos, patrimonio sensible,
educación patrimonial, turismo, arqueología contemporánea y métodos forman parte de esta edición de
Cadernos do LEPAARQ, Revista del Laboratorio de Docencia e Investigación en Antropología y Arqueología
de la Universidad Federal de Pelotas (LEPAARQ-UFPEL). El objetivo aquí es presentar cómo los museos y las
actividades internacionales abordan el patrimonio aplicado en diferentes contextos y cómo sus propuestas
de acciones pedagógicas / museológicas pueden orientarse hacia el futuro. Además del impacto del
covid-19 en el patrimonio cultural (Saladino & Muniz, 2020), este número tiene como objetivo dialogar con
las perspectivas de la arqueología contemporánea (Gonzalez-Ruibal, 2006; Hamilakis, 2018; McAtackney
& McGuire, 2020) abordando el compromiso para el futuro global considerando el papel del patrimonio
cultural (Harrison et al 2020, Holtorf & Högberg, 2020), visiones desde América Latina (Muniz & AlmansaSánchez, 2020), interpretaciones del patrimonio (Rampim et al 2020) y métodos educativos (Petersson &
Holtorf, 2016) en el contexto del patrimonio aplicado y para la salud planetaria (Horton et. Al. 2014)
A partir de ejemplos de investigadores de Suecia, Sudáfrica, Argentina y Brasil, este número dialoga
con diversos contextos de interpretación del patrimonio, arqueología comunitaria, método educativo de
viaje en el tiempo, análisis curricular, turismo comunitario, arqueología en el presente, musealización
de la arqueología, patrimonio arqueológico, educación y turismo, materialidad de la fe, arqueología
contemporánea en la Amazonía, divulgación científica, arqueología digital, educación en los museos
y la preparación para un futuro global. Estos son algunos de los temas que se exploran en los artículos
presentados aquí. Con atención en los nuevos enfoques para debatir la antropología y la arqueología. Esta
edición tiene como objetivo presentar cómo el patrimonio aplicado puede utilizar datos arqueológicos
y antropológicos para crear escenarios que conceptualicen y problematicen la historia y la sociedad
contemporánea.
La arqueología brasileña tiene datos sustanciales y en constante expansión sobre su historia
profunda y arqueología histórica. Este número debate, a través de estudios críticos del patrimonio,
la mirada antropológica / arqueológica de lo contemporáneo y futuro con la perspectiva de contribuir
a nuevos estudios que aún se están consolidando en el país. Es necesario ampliar nuestra visión sobre
los estudios de la cultura material, y este dossier pretende abordar la relevancia social de la arqueología
además de los estudios fijados en el tiempo pasado, o incluso reflexiones en el presente. La propuesta
aquí es reflexionar sobre cómo las acciones del patrimonio en diferentes contextos pueden colaborar para
construir mejores futuros. De tal forma, las siguientes son las 16 publicaciones que componen esta edición.
Ludvig Papmehl-Dufay trae un estudio de caso sobre usos patrimoniales llevado a cabo en la isla
de Öland, en el sureste de Suecia, donde el sitio arqueológico con megalitos dispuestos en forma de barco
tiene diferentes valores e importancia para diferentes puntos de vista con la comunidad local. Durante
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
53
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
el proceso de excavación, se agregó a la comunidad nueva información sobre el sitio. Sin embargo, las
narrativas sobre el sitio no cambiaron incluso después de la reconstrucción del sitio. Este enfoque puede
ser interesante para pensar en las relaciones y usos del patrimonio en el contexto de los sitios megalíticos
y las comunidades locales.
Gustav Wollentz trabaja con las comunidades locales y el patrimonio sensible (o patrimonio
difícil) de los países nórdicos y bálticos y llama la atención sobre el uso de metodologías dialógicas y
orientadas al proceso durante los inventarios del patrimonio cultural. Este enfoque se puede utilizar para la
resolución de conflictos; sin embargo, el autor señala que el método puede ser mal utilizado si las personas
involucradas son consideradas agentes pasivos de un mensaje específico sobre el pasado. Aun así, los
aspectos disonantes del patrimonio deben verse como un recurso y no como un problema para que se
puedan escuchar todas las voces.
Ebbe Westergren desarrolló el método educativo del viaje en el tiempo a mediados de la década
de 1980. En la actualidad, este método se aplica en más de 20 países con el principal exponente de la
ONG Bridging Ages. A través del método, se crea una situación problema en algún marco de tiempo, con
un escenario bien definido y explícito a los participantes, quienes deben ingresar al juego y representar
roles relacionados con personalidades del respectivo viaje en el tiempo propuesto por el mediador. El viaje
se puede realizar en cualquier período de tiempo, desde hace miles, cientos o décadas de años o incluso
hacia el futuro. Así, el autor busca promover el aprendizaje, la cohesión social y la construcción colectiva.
En el artículo Westergren presenta algunos eventos de viajes en el tiempo realizados en Sudáfrica, Kenia,
Suecia e invita al lector a reflexionar sobre la implementación del método en América del Sur.
Adam Norman aplica el método educativo del viaje en el tiempo como una herramienta patrimonial
aplicada para comprender la continuidad y el cambio histórico. Se presentan tres eventos de viajes en el
tiempo: lucha contra la violencia de género en el caso de la mutilación genital femenina en Tanzania,
elaboración de actividades escolares pensando en el uso de recursos y cooperación durante la Edad de
Piedra en Suecia y también un viaje al 2068, en un escenario ficticio en Suecia, teniendo en cuenta lo que
se conoce sobre las proyecciones de cambio climático y los posibles escenarios con protagonistas de las
economías emergentes en la actualidad. De esta manera, la resolución de problemas en el pasado o el
futuro repercute en que el patrimonio puede catalizar y crear futuros diferentes.
Lessego Bridget Mlambo aborda la educación y el plan de estudios en el contexto de la enseñanza
de la historia y la arqueología en Sudáfrica. En este caso, se destacan las transformaciones curriculares
que agregaron la enseñanza de la arqueología al currículo escolar, así como los efectos de dichos cambios
para la educación en los museos y el uso del método educativo del viaje en el tiempo. Con base en tales
experiencias, el autor enumera los museos sudafricanos que incorporan la enseñanza de la historia a la
educación en los museos y analiza la accesibilidad y los desafíos post-covid-19 con la integración de la
Cuarta Revolución Industrial.
Inés Gordillo, Luciana Eguia, Verónica Zuccarelli, Carolina Prieto, Sebastían Bocelli, José Miguel
Letelier y Héctor Buono presentan actividades realizadas con una noción ampliada de patrimonio
incorporando paisaje cultural, conocimiento y comunidades locales orientadas a la integración del turismo
comunitario, autogestionado y sostenible en Catamarca, Argentina. Los autores señalan que hubo una
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
54
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
discontinuidad histórica con el pasado prehispánico, donde el vínculo entre el trabajo arqueológico y
las comunidades permitió expandir la multivocalidad de interpretaciones y saberes y la valoración del
patrimonio como recurso renovable.
Leandro Elias Canaan Mageste, Géssika de Sousa Macêdo, Evanilza Lopes de Castro Paes y Carlos
Eduardo Ferreira dos Santos a través de una arqueología pública del presente buscan seguir las narrativas
producidas sobre tránsitos de bienes arqueológicos en paisajes actuales en São Braz do Piauí, noreste de
Brasil. Los autores continúan alineados con la noción de interculturalidad y otras arqueologías para disolver
el límite entre investigador e investigado, cruzando múltiples contemporaneidades, temporalidades,
reencuadres y afectividades explorando la diversidad de significados.
Rosemary Aparecida Cardoso y Alencar de Miranda Amaral buscan problematizar la invisibilidad
de los artefactos en contextos museísticos de tres museos de Recife, noreste de Brasil. El debate sobre
la musealización de la arqueología presenta el panorama de dichas colecciones y la percepción del
público sobre los bienes arqueológicos musealizados. Para romper con la “estratigrafía del abandono” el
artículo busca estimular la interdisciplinariedad y promover la valorización y preservación del patrimonio
arqueológico más allá del contexto museal.
Matheus Pereira da Costa y Diego Lemos Ribeiro en el extremo sur de Rio Grande do Sul, Brasil,
amplían el debate sobre la musealización de la arqueología y la “estratigrafía del abandono” en busca de
una gestión más horizontal de las referencias patrimoniales. Dado la borradura de la memoria indígena y
los pueblos negros más la preservación de las narrativas de los colonizadores, los autores cuestionan si es
posible preservar un patrimonio que la gente no reconoce en él. A partir de esa reflexión y análisis de la
colección y exposición en Río Grande, el artículo busca suscitar nuevas lecturas sobre la vida social de la
cultura material en sus dimensiones social, simbólica e ideológica.
Manoela Barbacovi y Maria Angélica Zubaran abordan la educación para el turismo bajo la
invención de un turista Gramado (Rio Grande do Sul, Brasil). Los autores presentan un ideal eurocéntrico
materializado para promover el turismo, materializado en pautas de hospitalidad simbolizadas por los
jardines como “salas de estar”; representaciones europeas en gastronomía; construcción de nuevas
narrativas sobre la colonización europea resignificando el lugar como ciudad de inmigrantes; e importación
de pinos de Alemania. En esta crítica al eurocentrismo, el artículo analiza la reinvención de tradiciones
revestidas de espectacularización para el turismo. Reverberar la polifonía de los discursos para estimular la
deconstrucción de visiones monolíticas eurocéntricas y fomentar la diversidad cultural y el conocimiento
alternativo y transformador es urgente.
Maria Helena de Aviz dos Reis analiza fiesta y devoción en un estudio de caso sobre la materialidad
de la fe en la comunidad quilombola de Jurussaca (Pará, Amazonia brasileña) como manifestación
de identidad, diversidad cultural y religiosa en el catolicismo popular. A través de un acercamiento a la
arqueología sensorial, la autora analiza el ritual conocido como “besar” las cintas de los santos cuando
se da cuenta de cómo los cuerpos y los sentidos conectan el pasado con el presente. De esta manera, tal
patrimonio religioso inmaterial media la construcción de cuerpos-objetos e identidad de la comunidad
local.
Tiago Silva Alves Muniz propone una arqueología elástica al colocar el estudio de la materialidad
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
55
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
del período cauchero como objeto de estudio de la arqueología histórica y contemporánea en la Amazonía,
Santarém, Bajo Amazonas, Brasil. Al romper los paradigmas de la arqueología que promueven estudios
centrados principalmente en el análisis del patrimonio del colono en la Amazonía, o incluso en la visión
esencializada de lo indígena, el autor hace uso de fuentes materiales, históricas y orales reconociendo
el papel global del caucho para la configuración de la “modernidad” y Antropoceno. Como una goma
elástica que se estira, el autor sugiere que la arqueología puede ser más sensible a las comunidades, las
materialidades y los actores.
Renata de Godoy y Joyce Julie Lima Barroso presentan noticias de periódicos paraense que
mencionan la arqueología, donde destaca la incidencia de palabras como “fósil” y “ruina”, incluso con
un reportaje titulado “Parque dos Dinossauros”. De tal manera, los autores proponen un diálogo entre
la arqueología y los medios, destacando un problema que no es exclusivo de Brasil y que se ha agravado
por la pandemia del covid-19, el abandono gubernamental del patrimonio arqueológico y la promoción
de la visión política de la arqueología como actividad “anti-progreso”. El artículo llama la atención sobre la
responsabilidad de la arqueología como mediadora del pasado, presente y futuro.
Diogo Menezes Costa aporta datos sobre una arqueología digital que se actualiza constantemente.
Mediante tres pruebas sobre el uso de modelos 3D; sitio web “Arqueología digital” - red social, académica
y profesional; y simulaciones por computadora en arqueología. El autor destaca la importancia de utilizar
modelos digitales para el trabajo arqueológico, preservando el pasado y también simulando futuros. Así
como la implicación de profesionales rompiendo barreras comunicativas entre públicos especializados y
no especializados.
Tiago Silva Alves Muniz y Alejandra Saladino conversan en forma de entrevista rápida (Questions
& Answers) sobre el patrimonio cultural como herramienta analítica y las posibilidades para establecer
una sociedad sostenible que posea, proteja y disfrute del patrimonio futuro. Los aspectos legales y las
experiencias relacionadas con el campo del patrimonio cultural se presentan en sus aspectos de constante
conflicto y negociación. En los caminos abiertos por la descolonialidad, el patrimonio arqueológico,
la educación patrimonial y la educación museística se abordan como piezas clave para cuestionar la
hegemonía y jerarquía de las narrativas científicas con el fin de incorporar la participación activa de la
sociedad. El incendio del Museo Nacional (2018) enciende el debate sobre la imagen que tenemos de
nosotros mismos.
Tiago Silva Alves Muniz y Cornelius Holtorf concluyen este número en una entrevista sobre el papel
del patrimonio cultural como creador del futuro. El concepto de patrimonio futuro y la experiencia del
proyecto en el contexto sueco, los enfoques de la Cátedra Unesco y el University College London se tratan
aquí. La experiencia en alianzas en el campo del patrimonio y la arqueología con el sector industrial llama la
atención sobre una mente abierta en nuevas soluciones y colaboraciones. El turismo cultural y el impacto
del covid-19 en el sector del patrimonio cultural también se discuten aquí. Después de todo, ¿existirá la
arqueología para siempre?
Ahora, hay una invitación a una lectura amplia de los diversos temas presentados sobre el
patrimonio cultural, sus multitemporalidades y la reflexión crítica sobre a qué sociedad apuntamos y las
ideas sobre cómo contribuir a la sostenibilidad y el patrimonio futuro.
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
56
Cadernos do LEPAARQ, v. XVII, n. 34, Julho-Dezembro, 2020
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONZÁLEZ-RUIBAL, A., 2006. The past is tomorrow. Towards an archaeology of the vanishing present.
Norwegian archaeological review, 39(2), pp.110-125.
HAMILAKIS, Y. ed., 2018. The new nomadic age: archaeologies of forced and undocumented
migration. Equinox Publishing Limited.
HARRISON, R., DESILVEY, C., HOLTORF, C., MACDONALD, S., BARTOLINI, N., BREITHOFF, E., FREDHEIM,
H., LYONS, A., MAY, S., MORGAN, J. & PENROSE, S. 2020. Heritage futures: comparative
approaches to natural and cultural heritage practices. UCL Press.
HOLTORF, C.; HÖGBERG, A. eds., 2020. Cultural heritage and the future. Routledge.
HORTON, R., BEAGLEHOLE, R., BONITA, R., RAEBURN, J., MCKEE, M.; WALL, S., 2014. From public to
planetary health: a manifesto. The Lancet, 383(9920), p.847.
RAMPIM, S.; BAZZANELLA, A.; LEAL, C. F. B.; SCIFONI, S.; NITO, M. K.; SOSTER, S. S.; MUNIZ, T. S. A.
No prelo. Descolonizar o patrimônio: educação patrimonial, inventário participativo e
múltiplas narrativas.
SALADINO, A.; MUNIZ, T. 2020. No meio do caminho tinha um vírus: reflexões sobre os impactos do
COVID-19 sobre o patrimônio cultural. Revista Museu. 18 de maio de 2020. ISSN: 19816332.
MCATACKNEY, L.; MCGUIRE, R.H. eds., 2020. Walling In and Walling Out: Why Are We Building New
Barriers to Divide Us?. University of New Mexico Press Published.
MUNIZ, T. S. A.; ALMANSA-SÁNCHEZ, J. (eds.). (2020. M(C)AGA. Um ensaio fotográfico sobre as
abordagens latino-americanas à arqueologia contemporânea. JAS Arqueología Editorial.
Madrid. DOI: 10.23914/book.002
PETERSSON, B. & HOLTORF, C., 2016. The Archaeology of Time Travel - Experiencing the Past in the
21st Century. Archaeopress Archaeology.
MUNIZ, Tiago Silva Alves. Patrimônio Aplicado e Estudos de Patrimônio Crítico: engajando a sociedade para sustentabilidade e Patrimônios Futuros.
Cadernos do Lepaarq, v. XVII, n.34, p. 44-57, Jul-Dez. 2020.
57