Família e Parentalidade

"Falar de alienação parental é falar de família e seus conflitos ou de formas especialmente desvaliosas de exercício da parentalidade – mormente conhecida como parentalidade tóxica ou maligna.
É entrar no mundo dos afetos, da intimidade, da casa e família de cada um de nós sem pedir licença. Mas necessário, porque incumbe ao Estado de Direito democrático zelar pela instituição familiar e pela tutela integral da infância e juventude.
Porque na sociedade contemporânea a criança não representa mais um negócio ou força de trabalho, sendo reconhecida, não como objeto de direito – mas como sujeito de direito. Merecendo a proteção integral do seu superior interesse, o qual é plástico o suficiente para abarcar todas as realidades e necessidades que contribuam para o saudável, harmonioso e pleno desenvolvimento da personalidade da criança e adolescente.
Pelo que, a alienação parental enquanto conduta de bloqueio e rompimento dos laços familiares e afetivos da criança, envolta numa dinâmica de poder e aparências, é, sem dúvida, uma grave violação dos direitos fundamentais da criança e da família, constitucionalmente consagrados – o direito à convivência familiar.
Pois que é, pela convivência familiar que a criança estabelece laços, relacionamentos, vinculação afectiva segura (positiva ou negativa), se desenvolve, cria as suas raízes e historicidade.
Este trabalho de reflexão profunda sobre a interface e impacto das condutas de alienação parental no direito à convivência familiar é feito de modo muito valioso pela Dra. Juliana Rodrigues de Souza. Apresenta uma reflexão e investigação cuidada e séria acerca do direito e valor da convivência familiar, enquanto direito fundamental e enquanto função social da família, cabendo aos genitores promover activamente amplas oportunidades de convívio da criança com o não residente – sendo que a tutela da responsabilidade parental deve ser conjunta, porque parentalidade é, sobretudo co-responsabilidade e, superior interesse da criança é um exercício co-parental, funcional e altruísta no interesse da criança. Os genitores que não forem capazes de agir desse modo em benefício dos filhos e mesmo que contra as suas mágoas, têm de repensar as suas posições parentais. E, quando não forem capazes de o fazer, cabe às Varas da Infância e Juventude salvaguardar a tutela integral da infância e juventude e promover amplamente a convivência familiar da criança com ambos os genitores e família alargada, encontrando meios e mecanismos de a fazer cumprir e funcionar.
A obra da Dra. Juliana Rodrigues de Souza é fundamental para conscientizar a comunidade jurídica para a necessidade de mudança de paradigma. A lei já existe, o seu cumprimento depende de mudanças da actuação judiciária – investindo em formação e especialização, rompendo dogmas e abrindo a mente e o coração para esta área – família e criança – que é tão sensível e, mais do que saber direito, impõe a necessidade de saber pluridisciplinar, consciência e humanidade – porque quem lida com família, lida com emoções.
Desejo a todos uma boa leitura, porque, indubitavelmente, a Dra. Juliana é uma profissional empenhada e comprometida com a causa e com o trabalho. Nada é fácil, mas também nada é impossível. Está nas mãos de cada família adequar o seu comportamento e refletir. Está nas mãos de cada profissional e operador do direito atuar de harmonia com a legislação, de forma empenhada e célere – porque o tempo da criança não é o tempo dos adultos". Sandra Inês Feitor

O Birras queria ser da família da Clara é um livro que procura ajudar pais e educadores a pôr em prática as suas capacidades, recorrendo à criatividade para lidar com os problemas de comportamento. O livro recorre a uma linguagem diferente daquela a que estamos habituados, permitindo dar voz ao problema. Assim, o Birras é visto como um personagem distinto dos outros que ao longo da história vai revelando as suas intenções e a sua forma de agir para conseguir influenciar a Clara e os seus pais. Mas com o que o Birras não contava era com a descoberta da tia Lola…

Ainda que este livro tenha sido inicialmente pensado apenas para os pais, foram utilizadas ilustrações e legendas dirigidas às crianças, apelando à partilha da leitura em família. A criança é convidada a entrar neste jogo contra o Birras através da sua capacidade de dar vida aos personagens. O papel dos pais é fundamental, não só para ajudá-la a compreender que obedecer ao Birras apenas traz dificuldades (por exemplo, castigos e irritabilidade dos pais) mas também, para apoiá-la no encontro de comportamentos que o contrariem.

Cuida-se de um estudo sobre as mães solo na sociedade contemporânea, levando em consideração a depreciação histórica dessas mulheres pelo simples fato de serem mães e não integrarem um relacionamento matrimonial. Além da discriminação em razão do estado civil, questões como a igualdade de salários e oportunidades de inserção e ascensão no mercado trabalho, bem como a tripla jornada e a sobrecarga feminina no que tange ao trabalho de cuidado com os(as) filhos(as) foram abordadas no presente estudo tendo como base recentes dados estatísticos.
Palavras-chave: Mulher. Maternidade. Conjugalidade. Abandono Paterno. Trabalho de cuidado. Sobrecarga feminina.

En el ámbito de las relaciones paterno filiales, la visión tradicional del Derecho de Familia genera problemas en los tres sujetos de derechos que conforman una "familia en crisis" (padre, madre, hijo) y sólo los dos primeros tienen derechos sin tomar en cuenta al hijo que es un "sujeto de derecho"

Sobre o autor do sermão: Peter Marshall, o autor original, foi capelão do Senado nos EUA nos anos '40 durante a presidência de Harry Truman. Ele faleceu em 1949, quase sessenta anos atrás. Embora a mensagem seja de uma geração passada, seu ponto principal, o de valorizar o papel das mulheres no lar e de alertar sobre o perigo que um país corre quando ignorar esse papel, é mais preciso hoje do que nunca.

Livro com análises psicanalíticas de produções audiovisuais (filmes, séries) acerca dos vínculos amorosos, familiares e parentais.

Sumário

Capítulo 1- ÁLBUM DE FAMÍLIA E A TRANSMISSÃO PSÍQUICA: UMA
ANÁLISE A LUZ DAS CONFIGURAÇÕES VINCULARES

Capítulo 2 - ENTRE MÃES E FILHOS: DOR E GLÓRIA DE ALMODÓVAR

Capítulo 3 - DECIFRAR-SE MUTUAMENTE: UMA LEITURA
PSICANALÍTICA DA EXPERIÊNCIA AMOROSA NO FILME ME
CHAME PELO SEU NOME

Capítulo 4 - MEDIANERAS: BUENOS AIRES NA ERA DO AMOR VIRTUAL:
REFLEXÕES SOBRE AS RELAÇÕES CONTEMPORÂNEAS

Capítulo 5 - BLACK MIRROR - ARKANGEL: REFLEXÕES SOBRE
NARCISISMO E PARENTALIDADE NO CONTEMPORÂNEO.

Capítulo 6 - BLUE VALENTINE: REFLEXÕES SOBRE O CASAMENTO E O
DIVÓRCIO

Capítulo 7 - AS COISAS IMPOSSÍVEIS DO AMOR: REFLEXÕES ACERCA
DAS RELAÇÕES ESTABELECIDAS ENTRE MADRASTAS E
ENTEADOS

Capítulo 8 - ARMAÇÕES DO AMOR: ARTICULAÇÕES VINCULARES DOS
FILHOS ADULTOS QUE RESIDEM NA CASA DOS PAIS.

Capítulo 9 - TULLY: REFLEXÕES SOBRE O DESEMPENHO DA FUNÇÃO
PATERNA NA VIVÊNCIA DA MATERNIDADE

Capítulo 10 - O REI LEÃO: REFLEXÕES SOBRE O COMPLEXO DE ÉDIPO

Capítulo 11-PROJETO FLÓRIDA: DESAFIOS DA MATERNIDADE FRENTE A
VULNERABILIDADE SOCIAL

Esta pesquisa aborda as memórias de um sertanejo baiano, habitante do Piemonte do Paraguaçu, mais precisamente em Iaçu-BA. Trata-se de um trabalho de cunho biográfico e etnográfico. Através das minhas relações em campo, informo como a etnografia monta-se ao mesmo tempo em que as minhas relações informam a etnografia e também são construídas por ela, a partir das complexidades e contradições do cotidiano, que também são marcadas por questões familiares, fazendo com que eu transitasse desde a “estrangeira” até a “filha da terra”, o que me constituiu enquanto uma neta-antropóloga. Analisando de modo antropológico as memórias de um sujeito conhecido como “Durreis”, “advogado do povo”, “difunto teimoso” e “Zé diabo”, que sempre esteve lutando pela terra e pela família, fazendo política mesmo sem ser político, ao lado de tantos outros companheiros que ele descreve e me apresenta durante o trabalho.

ABSTRACT

The presente paper deals with the socioaffective filiation in brazilian family law. We tried to describe the treatment of the doctrine, legislation and jurisprudence to the topic of socioaffective parenting. To do so, we analysed family law textbooks, journal articles, internet material, court decisions, constitutional law and civil law. Initially, we demonstrated the discipline of the institute of filiation by analyzing the historical evolution of family, parenting itself, the principles of family law and the types of existing parenting. After that, we analysed the current brazilian Constitution and legislation in order to verify the existence of devices that allow the construction of the concept of socioaffective parenting, and decisions of lower and upper courts about the subject. Finally, we investigated the current state of socioaffective parenting in the brazilian legal system: the conditions of its applicability, its species, its effects and the procedural motion required for its recognition. The survey results demonstrated the viability of applying the institute in our country, by the possibility of interpreting the legal provisions and by regarding the legal and jurisprudential constructions that have already been undertaken in this direction.

Keywords: Family Law. Parenting. Filiation. Affectivity. Socioaffective Parenting. Socioaffective Filiation.

O presente estudo visa debater as compreensões sobre multiparentalidade e sobre os critérios de estabelecimento do vínculo de filiação trabalhadas pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 622 (Prevalência da paternidade socioafetiva em detrimento da paternidade biológica). Propondo uma discussão interdisciplinar, busca-se discutir o conceito de parentalidade e como o direito brasileiro apreende e organiza seus lugares nas famílias contemporâneas.

Introducción. La adaptación española del Programa de Competencia Familiar (PCF) ofrece una opción de trabajo socioeducativo con familias que precisan mejorar su funcionalidad. Las metodologías socioeducativas de trabajo con familias que aplica el PCF, desarrolladas a lo largo de procesos de duración media (14 semanas), se han diseñado en el marco del enfoque de competencia familiar, de acuerdo a criterios rigurosos. La correcta aplicación del PCF, de acuerdo a sus contenidos y sus metodologías, ofrece buenos resultados contrastados en los servicios sociales de atención primaria con familias en situación de dificultad.
Método. Se han realizado aplicaciones controladas del PCF, mediante un diseño casi-experimental con grupo de control y medidas pretest y postest. La muestra cuenta con 217 familias que participaron en el programa y 14 familias que participaron en un grupo de control. Se han aplicado instrumentos validados para realizar las evaluaciones de los procesos metodológicos y las evaluaciones de las familias.
Resultados. Se observan cambios positivos en seis factores familiares fundamentales. La calidad de la metodología y la fidelidad al PCF en la aplicación, obtienen excelentes resultados. Los indicadores metodológicos y de fidelidad correlacionan positivamente con los resultados de las familias. Dicha relación se puede considerar modulada a la baja por la problemática de la familia.
Discusión. Las autoevaluaciones de los participantes y de los profesionales, aun estando controladas rigurosamente, pueden representar una fuente de sesgo. Los resultados a corto plazo pueden representar una sobrevaloración de los resultados. En cualquier caso, el PCF es un programa socioeducativo excelente para el trabajo preventivo con familias con dificultades de funcionalidad.

O presente artigo aborda matéria que, apesar de deveras debatida, ainda não se encontra superada pelos Tribunais pátrios: a responsabilidade civil parental por abandono afetivo. Neste trabalho, estreita-se o debate ao dever jurídico de cuidado vinculado aos pais e as suas consequências a partir da sua violação. Por meio do método indutivo de pesquisa inicia-se a discussão a partir das premissas relativas aos direitos e deveres inerentes ao poder familiar. Dá-se destaque à decisão do Superior Tribunal de Justiça na qual se consolidou a associação do cuidado ao abandono afetivo, superando-se o pensamento de que a matéria estaria restrita ao campo sentimentalista. Assim, o dever jurídico de cuidado, exercido por meio de condutas objetivas, abrange um leque de subdeveres. Logo, chega-se a uma conclusão cujo conteúdo é muito mais amplo: a responsabilidade civil dos genitores pela quebra do dever de cuidar e o consequente dever de indenizar. Este, por sua vez, compreende ao pagamento de um valor a título compensatório, satisfativo e meramente simbólico, uma vez que visa compensar danos irreparáveis. Daí se dizer em uma “faca de dois gumes”: o Estado deve amparo àquele que o busca por resposta de modo a sancionar àquele que viola um dever. Porém, na maioria das vezes, o(a) filho(a) busca a tutela do Estado velado(a) por sentimentos de mágoa, descaso e abandono, cumulado com qualquer resquício de possibilidade de (re)estabelecimento dos vínculos. Nesse cenário, a intervenção jurídica pode vir a ser uma “pá de cal” sobre tais expectativas.

A teoria da vinculação pressupõe que o indivíduo tem a necessidade (básica) de desenvolver vínculos emocionais ao longo da sua vida. Este processo inicia-se durante o primeiro ano de vida do bebé ao estabele-cer um vínculo privilegiado com a figura que assegura a sua segurança e proteção. Assim, um postulado da teoria da vinculação é que o bebé tem, desde muito cedo, a capacidade para estimular os cuidados e a atenção das potenciais figuras cuidadoras e, consequentemente, de pro-mover o investimento parental (Bowlby 1984). Mas a presença de uma relação de vinculação é diferente da análise da qualidade dessa relação de vinculação (Ungerer e McMahon 2005; Weinfield, Sroufe, Egeland e Carlson 1999). Além disso, a segurança ou insegurança da vinculação não deverão ser consideradas características da criança, mas antes o reflexo de uma relação particular entre a criança e a figura vincular de referência (Ainsworth, Blehar e Waters 1978; Soares 2002), uma vez que esta relação é coconstruí...

Comumente as pessoas solteiras são interpeladas sobre os motivos pelo não casamento, num contexto em que, apesar de diversas mudanças no campo da intimidade, ainda se espera que adultas/os se casem. Com base em estudo de tese sobre o tema da solteirice em Salvador, este texto apresenta os principais motivos para a solteirice, declarados por adultas/os solteiras/os de classe média e que moram sozinhas/os na capital baiana, discutindo também a relação destes com os motivos por morar só e o que esta dupla condição de solteira/o e morar só proporciona. O estudo utiliza de uma perspectiva feminista, tendo a categoria gênero como base para análise dos dados, de modo interseccionalizado com outras categorias como classe, raça, geração, sexualidade e territorialidade. Faz uso de métodos mistos com uma combinação de instrumentos: questionário, grupos focais, entrevistas biográficas e observações de campo. Os achados colaboram para refletir as diferenças e proximidades de gênero nos motivos pela solteirice, prevalecendo motivos relacionais para as mulheres e a escolha convicta pela solteirice para os homens, e apesar da espera ou busca por uma/um parceira/o e uma relação ideal, a vida como uma pessoa solteira e que mora sozinha parece ser satisfatória.

Es una reflexión sobre el rol de la familia en la postmodernidad. Se analiza como el individualismos, el hedonismo, el consumismo están afectando la función parental. También se identifican las consecuencias del deficit del rol parental en la construcción subjetiva de las nuevas generaciones.

Os dispositivos atuais para comunicação, em especial os celulares, tablets e computadores, fazem-se cada vez mais presentes na rotina das famílias. O uso desses aparelhos vem aumentando e comprometendo deveres inerentes à parentalidade. O que se observa são quebras
relacionais e de comunicação que desembocam em consequências de trato biopsicossociais em crianças e adolescentes, que acabam por comprometer o exercício de direitos infanto-juvenis em uma sociedade hiper conectada, e que padece com a fragilização de comportamentos essenciais para o desenvolvimento humano, como a escuta qualificada e a construção de vínculos de pertencimento, imprescindíveis à construção da identidade do indivíduo. A Parentalidade Distraída chega para o Direito como um desafio oriundo da sociedade da informação e reflete que nem sempre os meios de gestão de conflitos mais comuns são hábeis
para entender e lidar com demandas complexas. A presente pesquisa visa não só dimensionar os reflexos da distração parental em decorrência da ingerência tecnológica, mas também apresentar o instituto da mediação como um dos caminhos possíveis quando a estrutura
adjudicante pode não ser adequada. Para o presente recorte, utilizar-se-á a combinação dedutiva e indutiva para observação, leitura e o montar das peças necessárias neste cenário, bem como utilização de material bibliográfico para embasar a proposição levantada.

Considerando a centralidade que a noção de relatedness ou relacionalidade (CARSTEN, 2000 e 2004) têm adquirido em pesquisas contemporâneas que versam sobre família e parentesco, bem como os importantes rendimentos analíticos da noção de care (HIRATA; GUIMARÃES, 2012), propomos fazer um balanço sobre as relações entre gênero, cuidado e famílias tendo como linha condutora nossas próprias trajetórias acadêmicas como pesquisadores desses campos de estudos. Argumentamos que a discussão sobre cuidado pode se coadunar aos recentes debates em torno de família/parentesco enquanto relacionalidade, uma vez que traz ao primeiro plano as dimensões dos afetos, das reciprocidades tanto quanto as dimensões de classe, raça, geração e os entrelaçamentos entre família, mercado e Estado.

Indaga se o conceito clássico de relação jurídica é suficiente a explicar, contemporaneamente, situações existenciais envolvendo interesses juridicamente relevantes, que nem sempre encontram correlato direito objetivo, e os reflexos materiais e processuais daí decorrentes no Direito das Famílias. Objetiva demonstrar, e nisto consiste a hipótese da pesquisa, a insuficiência do conceito clássico de relação jurídica à explicação dessas situações, o que reclama a análise sob um novo paradigma, o das situações jurídicas. O problema e a respectiva hipótese afiguram-se relevantes, aqui e agora, diante da proliferação de diversas situações existenciais no âmbito do Direito das Famílias, a reclamar uma tutela jurisdicional adjetivada. Por meio do método dedutivo, primeiro, analisar-se-á a relação jurídica e seus reflexos materiais e processuais no Direito das Famílias, para, em seguida, verificar a adequação, ou não, dessa categoria à tutela de interesses existenciais juridicamente relevantes. Conclui que o conceito clássico de relação jurídica não é mais suficiente a explicar, no âmbito do Direito das Famílias, uma série de situações existenciais envolvendo interesses juridicamente relevantes, tampouco à assimilação do processo em sua função instrumental, o que exige a adoção de uma categoria base que recepcione de forma adequada esses fenômenos jurídicos, para o que as situações jurídicas surgem como potenciais figuras.

Este artigo pretende abordar um tema ainda pouco estudado nas ciências sociais brasileiras: as relações de parentesco e família dos militares, no caso, do Exército. A partir de uma  etnografia  realizada  na  Academia  Militar  das  Agulhas  Negras  (instituição  do  Exército brasileiro) e em sua respectiva vila, entre 2007 e 2008, percebeu-se que entre os militares é recorrente o uso do termo “Família Militar”, que indica ora o contingente militar da instituição, ora a família no seu sentido privado (cônjuge e filhos), ora todos esses elementos juntos. Tal uso da noção de família revelou uma concepção particular, que sugere sua ligação com aspectos sociológicos também específicos da vida militar. Com base nisso, este artigo tem como foco as  noções  e  formas  de  família  dos  militares  e  busca  analisar  as  relações  e  configurações estabelecidas entre exército e família

A partir dum estudo comunitário, em 2015, junto de famílias com raízes culturais diferenciadas da demografia "maioritária" na região de Lisboa, grupos de diálogo e recolha de percepções relativas à parentalidade foram fonte da construção de conhecimento coletivo, visando apoiar profissionais de saúde a melhor entender expressões de Acolhimento, Abordagens alimentares, Interações com famílias culturalmente diversas.

O Método de Ovulação Billings (MOB) é um dos métodos considerados moralmente lícitos pela Igreja Católica para o planejamento familiar (PF). Desde o papa Pio XII, passando por Paulo VI, com a mal compreendida carta Encíclica Humanae Vitae, João Paulo II e, recentemente, Francisco, com Amoris Laetitia, a Igreja incentiva o uso dos ritmos de fertilidade para o exercício de uma parentalidade responsável. Apesar do peso dos pronunciamentos pontifícios, poucos católicos parecem conhecer a fundo o ensino da Igreja em relação à doutrina sobre a sexualidade conjugal e, particularmente, sobre métodos lícitos e eficazes para o justo espaçamento ou cessamento das gestações. Assim, é a passos lentos que o MOB torna-se conhecido e aceito por alguns fiéis católicos. Também não é pouco o número de fiéis que desconhecem ou não aceitam o MOB, até mesmo com certa carga de preconceitos. A pesquisa objetivou investigar, em campo, o conhecimento e a aceitabilidade do ensino moral católico a respeito dos métodos de PF e o conhecimento, aceitabilidade e uso do MOB por fiéis católicos. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, envolvendo levantamento bibliográfico e de campo, aprovada pelo CEP do Hospital Municipal São José (Joinville/SC), sob o parecer 2.654.010, de 14/05/2018. Foram avaliados 47 questionários de fiéis católicos de uma Paróquia da Diocese de Joinville/SC, atualmente casados e em idade fértil, sem quadro de esterilidade definitiva. A coleta de dados aconteceu em junho de 2018, por meio de questionário composto por perguntas fechadas com múltiplas respostas. A apreciação dos dados foi realizada com o auxílio do software Microsoft Excel 2010 e SPSS Statistics 24, inicialmente com a análise descritiva da amostra. Para verificar as associações entre as variáveis, utilizou-se o teste Qui-quadrado, considerando-se nível de significância (α) de 0,05 e nível de confiança de 95%. A pesquisa apontou que a frequência de participação dos fiéis entrevistados não interferiu, estatisticamente, nem no conhecimento, nem na aceitabilidade do ensino moral do Magistério católico sobre os métodos de PF. Além disso, a frequência de participação na Igreja Católica não contribui, também, para adquirir mais conhecimento sobre o MOB e um sentimento mais significativo de confiança no método. Mais ainda, a frequência de participação não interferiu para que os fiéis fizessem uso do MOB (nenhum dos entrevistados declarou-se usuário do método). Por outro lado, existe uma correlação estatística positiva entre participação e aceitabilidade do MOB, isto é, quanto maior a frequência de participação na Igreja maior é a aceitabilidade do MOB. Em síntese, os resultados indicaram que os fiéis mais participantes não demonstram ter um maior conhecimento do MOB, sinal da limitada divulgação do método no meio pesquisado. Esse fator leva-os a desconfiar do método. Contudo, a pesquisa evidenciou que os fiéis mais participantes possuem uma sensibilidade maior para aceitar o MOB. Em relação ao uso do MOB, ou de qualquer outro método natural, os resultados assinalam quanto o discurso católico e a prática dos fiéis está em dissintonia. Ademais, os dados demonstram a necessidade de um projeto pastoral que vise não apenas à divulgação dos benefícios do MOB e no esclarecimento das muitas dúvidas dos fiéis, mas também na formação dos fiéis em relação ao significado mais profundo do ensino da Igreja Católica em relação aos métodos de PF e à escuta dos desafios e angústias dos fiéis em relação ao tema. No campo científico, a pesquisa contribui ao expor novos dados, tão escassos ao tratar desse assunto específico no meio cristão católico. PALAVRAS-CHAVE: Método de Ovulação Billings. Planejamento familiar. Moral familiar.

Billings Ovulation Method – BOM, based on knowledge about cervical mucus and its relation to female fertility, is one of the methods considered morally licit by the Catholic Church for family planning - FP. From Pope Pius XII, through Paul VI, to the misunderstood Encyclical Humanae Vitae, John Paul II, and recently Francis, with Amoris Laetitia, the Church encourages the use of knowledge of fertility rhythms to exercise responsible parenting. Despite this, few Catholics know well the teaching of the Church about the doctrine on conjugal sexuality and, particularly, on licit and effective methods for the fair spacing or cessation of gestations. This work intended to analyze and understand the Catholic doctrine that underlies the morality of the natural methods of FP, aiming to review the literature concerning the BOM and to investigate in the field the degree of knowledge, acceptability and use of this method by Catholics of a parish of Diocese of Joinville/SC. In addition, it was intended to verify how much the moral teaching of the Magisterium regarding the methods of FP is known and accepted by the faithful; verify whether regular participation in the community influences on knowledge, acceptability and use of the BOM; to verify if the benefit "is in accordance with the moral teaching of the Catholic Church" stands out for the other benefits in choosing the BOM. It is an exploratory and descriptive research, involving a bibliographical and field survey, with questionnaire application. As for the approach, it is a qualitative and quantitative research. It was used 47 questionnaires of Catholics, currently married and of fertile age, without permanent sterility. Data were evaluated using Microsoft Excel 2010 and SPSS Statistics 24 software. The Chi-square test was used to verify the associations between the variables, considering a level of significance (α) of 0.05 and a confidence level of 95%. The research pointed out that the frequency of participation of the faithful did not statistically interfere neither in the knowledge nor in the acceptability of the moral teaching of the Catholic Magisterium about the methods of FP. In addition, the frequency at Church did not contribute to gaining more knowledge about the BOM and a more significant sense of confidence in the method. Moreover, the frequency of participation did not interfere with the faithful using the BOM (none of the interviewees declared themselves to be users of the method). On the other hand, there is a positive statistical correlation between participation and acceptability of the BOM, that is, the greater the frequency at Church, the greater the acceptability of the BOM. In summary, the results pointed to the limited publication of the method in the researched environment. This factor leads Catholics to mistrust the method. However, the more participating faithful have a greater sensitivity to accept the BOM. In addition, the result of the use of the BOM pointed out how much the Catholic discourse and the practice of the faithful are in without tuning. The need for a pastoral project that seeks not only to publicize the benefits of the BOM and to clarify the many doubts, but also in the formation about the deeper meaning of the teaching of the Catholic Church in relation to methods of FP and listening to the challenges and anxieties of the faithful about the theme. In the scientific field, this research contributed to expose new data, so scarce about this subject in the Christian Catholic environment.

Cuida-se de um estudo sobre as mães solo na sociedade contemporânea, levando em consideração a depreciação histórica dessas mulheres pelo simples fato de serem mães e não integrarem um relacionamento matrimonial. Além da discriminação em razão do estado civil, questões como a igualdade de salários e oportunidades de inserção e ascensão no mercado trabalho, bem como a tripla jornada e a sobrecarga feminina no que tange ao trabalho de cuidado com os(as) filhos(as) foram abordadas no presente estudo tendo como base recentes dados estatísticos.

A crescente patologização e medicalização dos sofrimentos psíquicos, principalmente aqueles que recaem sobre a infância, tem sido uma tônica contemporânea. Na busca de respostas eficazes para a eliminação radical do mal-estar, dos sofrimentos e dos dissabores da vida, a infância tornou-se alvo de excessivas intervenções medicamentosas profiláticas com vistas a extinguir qualquer vestígio de anormalidade. Entretanto, a excessiva obsessão por detectar indicadores de anomalias, diagnosticar precocemente tudo aquilo que foge ao roteiro da normalidade pode também suprimir as diferenças e capturar as diversas formas de ser criança. Se, por um lado, constatamos a proliferação massiva de critérios diagnósticos, por outro, a partir da clínica, observamos o enclausuramento das crianças nos imperativos contemporâneos de sucesso, saúde perfeita e bem-estar. Nesse sentido, torna-se necessário interrogar qual é o espaço designado ao mal-estar infantil na atualidade. Haveria espaço para o sofrimento na infância? Existiria nele alguma positividade ou sentido que a sociedade tem procurado extirpar? Com vistas a aprofundar essas reflexões à luz da teoria psicanalítica, este livro propõe uma discussão sobre alguns fatores que estão em jogo na clínica com crianças e na tessitura do mal-estar na infância, passando por temas como medicalização, família, paradigmas contemporâneos e a transformação do sofrimento em adoecimento psíquico.

El grupo de investigación al cual pertenecen los autores ha adaptado el Programa de competencia familiar (Strengthening Families Program) desarrollado por la doctora K. Kumpfer, de la Universidad de Utah para su aplicación con diversos colectivos en situación de riesgo por problemas de consumo de drogas y/o dificultades sociales. Este programa persigue reducir los factores de riesgo y reforzar los factores de protección en los hijos e hijas, fomentando la normalidad en las relaciones paterno-filiales. Entre 2010-2011 se ha aplicado, por segunda vez, con familias tuteladas desde el Área de Protección al Menor y Atención a la Familia del Instituto Mallorquín de Asuntos Sociales (IMAS), del Consell de Mallorca. En la comunicación presentamos el análisis del proceso y resultados obtenidos. La estructura multicomponente del programa ha facilitado la vinculación entre los participantes, manteniéndose la motivación e interés de los participantes. Los resultados muestran mejoras en la implicación y comunicación familiar, mejora de las relaciones entre padres e hijos, de la organización y cohesión familiar y de la práctica de la supervisión parental. En cuanto a los hijos, se observa una disminución del comportamiento agresivo, de la conducta disruptiva, de los síntomas de depresión. También, con respecto a los hijos, se observan cambios positivos en sus habilidades sociales y adaptativas, así como en su capacidad de relación y comunicación, y en su capacidad de concentración.