Paulo Freire
Paulo Freire
Paulo Freire
LONDRINA
2012
HELOISA HELENA APARECIDA CHAVES DUARTE
LONDRINA
2012
HELOISA HELENA APARECIDA CHAVES DUARTE
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Profª. Drª. Rosa de Lourdes Aguilar Verastegui
Universidade Estadual de Londrina
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Prof. Ms. Gilmar Aparecido Altran
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Profª. Drª. Leoni Maria Padilha Henning
Universidade Estadual de Londrina
(PAULO FREIRE)
DUARTE, H.H.A.C. O Olhar Filosófico de Paulo Freire sobre Alfabetização de
Jovens e Adultos, 2012. 47 fls. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Pedagogia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar o olhar filosófico de Paulo Freire sobre
alfabetização de jovens e adultos. Abordaremos alguns temas importantes na
construção desse processo, a partir dos contextos que envolviam cada pessoa e
principalmente em uma sociedade com grandes desigualdades sociais.Freire tinha
como objetivo socializar também os diferentes conhecimentos e, para alcançar
resultados positivos, se utilizou de um novo conceito pedagógico estabelecido de
diferentes maneiras,possíveis também de se realizar nos diferentes contextos de
nossos dias.O diálogo era o principal instrumento para despertar a consciência dos
sujeitos envolvidos no processo de alfabetização. A preocupação de Freire era a
construção de uma escola democrática que oportunizava aos participantes obter uma
consciência crítica, capaz de despertar cada educando envolvido para as tomadas de
decisões,preocupação também de educadores no século XXI.Neste processo, a
educação deve sempre ser humanizadora, capaz de compreender os diferentes
contextos sociais e suas culturas.Havia também, a importância e o valor da alegria e
esperança diante das dificuldades apresentadas na vida dos educandos que, em sua
maioria, eram marginalizados, excluidos e sempre submetidos à sociedade
dominadora. A Alfabetização, para Freire, não se consistia apenas em ensinar a ler e a
escrever, mas tinha um significado maior de ampliar seu mundo por meio do
conhecimento e de sua participação social no contexto em que está inserido.Para
alcançar esse objetivo,o educador na pessoa de Paulo Freire se utiliza do “círculo de
cultura”, que constitui o universo cultural de cada sujeito. Aquilo que cada indivíduo
sabe por meio de suas experiências na sociedade e por meio de seus conhecimentos
culturais. A intencionalidade de Freire era dar condições para cada educando
ressignificar seu mundo, tranformando suas histórias sem temer a liberdade, pois a
conscientização lhes proporcionariam, por meio das tomadas de decisões, um novo
âmbito social, sem oprimir e submeter seus iguais.Para Freire, a educação é um direito
fundamental, na qual o educador tem como ação principal assegurar os direitos de seus
educandos, possibilitando-os irem em direção de seus outros direitos.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08
2 A EXPERIÊNCIA DA ALFABETIZAÇÃO......................................................... 20
2.1 COMO EDUCAR, COMO ALFABETIZAR? .................................................................. 22
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47
8
INTRODUÇÃO
1
Projeto de Pesquisa em Ensino sobre o pensamento freireano ocorrido entre os anos de 2009 e 2011,
coordenado pelo Prof. Ms. Gilmar Aparecido Altran.
9
Mas para mim, desde o inicio, nunca foi possível separar a leitura das
palavras da leitura do mundo. Segundo, também não era possível
separar a leitura do mundo da escrita do mundo. Ou seja, linguagem
(FREIRE, 2001, p. 56).
É preciso saber ouvir, ou seja, saber como ouvir uma criança negra com
a linguagem específica dele ou dela, com a sintaxe específica dele ou
dela, saber como ouvir o camponês negro analfabeto, saber como ouvir
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por um copo de leite. As pessoas referenciadas por Freire precisam intervir em sua
própria realidade
e não ter uma posição política. Todos temos um compromisso que devemos assumir
ser humano é capaz de intervir, modificar e transformar seu entorno social, de tal
maneira que o ser humano consciente é capaz de sair de sua situação
concretamente fazer para que esta afirmação se objetive, é uma farsa” (FREIRE, 2005.
p. 40). A liberdade não é unicamente um conceito, ela tem que ser uma realidade.
2 A EXPERIÊNCIA DA ALFABETIZAÇÃO
Aqui nos fica claro, por meio de sua fala, a experiência do sofrimento,
das perdas e frustações, passando pela perda de sua mãe, estando ele ainda no exílio
sem ter a possibilidade de se despedir pela última vez. Situações essas parecidas com
21
as mesmas situações dos sujeitos que ele encontraria posteriormente em sua vida.
Freire “[...] Cresceu sem rancor, sem lamuriar-se, sem deixar que o
menino empobrecido prevalecesse sobre o menino que se fazia feliz.
Permitiu que este prevalecesse na sua existência de adulto e superou a
vivência do menino sofrido[...]” (FREIRE, 2006, p. 47).
Foi lá que aprendeu a cantar, a assobiar, coisa esta que até hoje tanto
gosto de fazer, para se aliviar do cansaço de pensar e das tensões da
vida do dia a dia aprendeu a dialogar na “roda de amigos” e a valorizar
sexualmente, a namorar e a amar as mulheres e por fim foi lá em
Jaboatão que aprendeu a tomar para si, com paixão, os estudos das
sintaxes popular e erudita da língua portuguesa (FREIRE, 2006, p. 48).
necessária uma práxis que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para
transformá-lo”. (FREIRE, 2005, p.76).
quais as transformações também podem ser reais, para que se adquira liberdade da
dominação, da exploração e do poder da elite excludente e discriminadora. As pessoas
envolvidas neste processo trarão de suas realidades a possibilidade da transformação,
do enfrentamento diante a tantos desafios, de saber reconhecer que cada decisão
também é um ato político. A alfabetização trará o esclarecimento, o abrir dos olhos
clareando assim toda nebulosidade que poderia ofuscar sua visão racional de exercer o
pensar para decidir.
sou apenas objeto da História, mas sou sujeito igualmente. No mundo da História, da
cultura e da política constato não para me adaptar, mas para mudar”. (FREIRE, 2000, p.
79). Neste sentido todos somos sujeitos históricos, não unicamente aqueles nomes
citados nos livros de história. E dessa maneira todos têm a importante tarefa de
construir a história, que é a história da humanidade.
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opressão social. Aquele que se libertou graças à ação educativa não poderá
futuramente ser um opressor, porque a conscientização se for verdadeira, evitará isto.
De tal maneira que não agirá injustamente com outros como agiram com ele em sua
luta de libertação. Freire defende uma perspectiva de educação e direitos humanos
educação para além da sala de aula, relacionando todo o contexto de opressão sem o
exercício da democracia. Em Freire, ser cidadão é poder gozar de seus direitos
políticos, de sua condição de cidadão, por meio da alfabetização formam-se cidadãos e
democratas.
fazer:
Está claro que, desde menino, Freire aprendeu como vencer seus
temores, como enfrentar os fantasmas que surgiam em sua vida e externar seu pensar
por meio do saber, do aprender, além de dominar o desconhecido que, no caso, eram
as palavras. Conseguiu compreender principalmente os motivos de suas lutas, por que
tinha que se posicionar e que não poderia ser neutro em suas decisões e práticas
pedagógicas:
revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser
superada (FREIRE, 1889, p.12).
Aprender a ler não se avalia pela quantidade de textos “[...] lidos se não
pela capacidade de penetrar no texto, circular pelas entrelinhas, isto é, compreender a
mensagem [...]”. Para alcançar essa situação, o exercício mecânico não basta, é
preciso despertar no aluno a importância e o prazer de descobrir a mensagem do texto.
Porque somente assim a leitura se tornará parte dele.
leitura:
Paulo Freire enfatiza que a escrita e a leitura trazem mais opções para
perceber o mundo. Essas novas possibilidades são a escrita e a leitura, que são
manifestações pessoais de cada indivíduo, assim como a visão é própria de cada
sujeito, bem como cada um possui a sua voz para falar, desta maneira, cada indivíduo
deve recriar, como tarefa criadora, sua forma de escrever e ler o mundo. O educador
não pode impor sua forma de escrever, só pode proporcionar as regras a seguir
(gramática), das quais cada educando fará o melhor uso.
Se a classe trabalhadora precisa crescer e ser alfabetizada, não será pela imposição
que isso se dará, mas pelas condições democráticas, isto é, com educação e respeito
que levem em conta sua própria cultura.
Os livros não são para serem repetidos, nem memorizados. Eles devem
criar em nós novas experiências, despertar nossas qualidades, ajudar-nos a crescer. O
livro é o alimento da alma, por isso uma biblioteca não pode faltar em toda comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura dos textos de Paulo Freire e sua proposta educativa foi uma
árdua tarefa. Mas ao realizar esse trabalho, aprendi que para apreender e crescer é
necessário ser humilde e ver com respeito o percurso que temos que percorrer, assim
como Freire que aprendeu desde pequeno a visualizar seu mundo debaixo de uma
mangueira.
Para Paulo, Freire a educação tem que levar em conta o contexto social
de cada educando, porque cada um se educa dentro de seu próprio meio social. Para
esse autor, alfabetizar e educar implica ter compromisso com a sociedade, de tal
maneira que não existe conhecimento neutro, não existe conhecimento sem posição
política.
REFERÊNCIAS
FREIRE, A.M.A. Paulo Freire: Uma História de vida. 1ª Edição Editora Villa das Letras.
Indaiatuba, SP. 2006.
FREIRE, P; FREIRE. A.M.A. Pedagogia dos sonhos possíveis. Ed. UNESP. 2001 a.
Coleção Educação e mudança vol.1.9ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 24ª ed. Rio de janeiro, Paz e Terra.
2000.