A Pedagogia Freireana e A Eja Na Educação Dos Sujeitos
A Pedagogia Freireana e A Eja Na Educação Dos Sujeitos
A Pedagogia Freireana e A Eja Na Educação Dos Sujeitos
RESUMO:
ABSTRACT:
The present discussion seeks, through a bibliographic investigation, the influences of Paulo
Freire's pedagogy in the Education of Youth and Adults, considering the pertinent aspects of
Freire's Pedagogy, corroborating to the education of those who are deprived of their freedom.
Thus, education is pointed out based on Freire's pedagogy, as a way of social reintegration,
promotion of autonomy, emancipation and social reintegration of the imprisoned subject. It
also seeks to contemplate education in prisons as a practice for freedom, beyond the bars, for
life and coexistence in society.
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Pós-graduanda em Docência e Diversidade e Diversidade Sexual e de Gênero pela Faculdade Descomplica (d). Possui graduação em
Pedagogia: docência e gestão educacional, pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Interesse em pesquisas
relacionadas ao gênero, com ênfase no sistema prisional brasileiro, bem como, a educação em espaços não formais, educação para os Direitos
Humanos. E-mail: thailancristinamaciel@gmail.com
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Graduada em Pedagogia, Especialista em Psicopedagogia Institucional pela Universidade do Centro Oeste, UNICENTRO (2003), Mestre
em Educação (2015), Doutora em Educação e Pós doutora em Educação na Universidade Estadual de Ponta Grossa. É pesquisadora do
Grupo GEPÊPrivação da Universidade de São Paulo. Foi Coordenadora Pedagógica da Penitenciária Industrial de Guarapuava e do Centro
de Regime Semiaberto de Guarapuava, é integrante do Comitê do Pacto Universitário de Educação em Direitos Humanos da Universidade
Estadual do Centro Oeste - Unicentro. É coordenadora pedagógica do Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos, Nova Visão
instalada no Complexo Penitenciário de Guarapuava. E-mail: vanessarodrigues@unicentro.br
A pedagogia Freireana e a EJA Na Educação dos sujeitos privados de liberdade:
possibilidades e entraves
RESUMEN:
La presente discusión busca, por medio de una investigación bibliográfica, las influencias de
la pedagogía de Paulo Freire en la Educación de Jóvenes y Adultos, llevando en consideración
los aspectos relevantes de la Pedagogía de Freire, corroborando, para la educación de las
personas que están privadas de libertad. Así, se apunta la educación desde la pedagogía
freireana, como medio de reinserción social, promoción de la autonomía, emancipación y
reinserción social del sujeto encarcelado. La discusión busca también, contemplar la
educación en las prisiones como una práctica para la libertad, más allá de las barras de la
prisión, para la vida y la convivencia en sociedad.
INTRODUÇÃO
Em meio a essa variante e nas dificuldades que a educação brasileira perpassa por
décadas, muitos brasileiros não tiveram a oportunidade de dar continuidade aos estudos,
principalmente na idade própria da etapa escolar. Muitos sofrem com as vulnerabilidades de
um sistema econômico avassalador, responsável pela efetivação de muitas desigualdades. A
educação enquanto direito, não é garantida a todos, existem muitas lacunas a serem
preenchidas que remetem ao mero direito, um deles é o acesso e permanência.
O território brasileiro, segundo dados do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE)
DE 2019, possui aproximadamente cerca de 11 milhões de pessoas analfabetas. Essa
afirmação, é advinda de um processo de escolarização que se consolidou no modo de produção
escravagista, nascendo juntamente com as desigualdades e as diferentes funções sociais. Qual
seria, o papel da educação, nessas circunstâncias?
A educação para a camada dos menos favorecidos, surge do efeito da industrialização
desenfreada e a necessidade da mão-de-obra para o manuseio das máquinas, advindas da
Revolução Industrial. Assim, a educação formal é reflexo da modernização dos modos de
produção primitivos para os escravistas.
O surgimento da EJA no Brasil não foi diferente, ela se consolidou a partir da
necessidade da qualificação da mão de obra para atender as demandas do mercado. Era
necessário a eficiência de seres humanos, na produção, sem qualquer caráter educacional que
promovesse a criticidade. A única possibilidade de ensino para jovens e adultos de forma
crítica e autônoma, partia da concepção de Paulo Freire, porém o regime da Ditadura Militar
rompeu essas oportunidades no determinado período.
Para Freire (2005), a educação é a condição de conscientizar-se perante as
adversidades da vida, sobretudo se posicionar frente a elas. Para tanto, é necessário que esta
educação propicie ao educando essa condição, de conscientização, libertação e reflexão.
Outro ponto a ser enfatizado, é que superar essa visão da EJA, não é fazer alusão das
desigualdades educativas que precisam ser superadas. Na perspectiva de Paulo Freire, a
aprendizagem ela se dá a partir da troca de experiências, na relação com o outro, no
envolvimento entre o professor e seus alunos. A proposta de aprendizagem de Freire (1987)
vai além da mecanização do ato de ler, para o educador o aluno precisa aprender a ler o mundo
a sua volta. Assim, isso só será possível, através da conscientização, uma vez que, o aluno
precisa ter contato com aquilo que está a sua volta, que faz parte da sua realidade, e não que
é exterior a ela, é preciso uma revolução.
Uma educação deve se concentrar na prática da liberdade, pois, muitos dos brasileiros
não reconhecem a sua realidade ou não compreendem as causas das desigualdades existentes
no país. Nas palavras de Gadotti (2003, p. 257), conforme a pedagogia de Paulo Freire “a
Revista Educação e Ciências Sociais, Salvador, v.4, n.7, 2021.
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Tailan Cristina Maciel e Vanessa Elisabete Raue Rodrigues
educação não é neutra, é um ato político”. Portanto, a educação para a liberdade é garantir os
direitos de cidadania, além de que, todos os sujeitos possam ter consciência desses direitos e
possam cobrá-los, ou seja, uma educação para a liberdade, é centrada na criticidade e
democracia do ser social.
O sistema prisional brasileiro se caracteriza como uma crise institucional que permeia
por décadas. O Brasil possui, a terceira maior população carcerária mundial,
aproximadamente 748.009 presos, conforme dados do Levantamento Nacional de
Informações Penitenciárias (INFOPEN) de 2019. Soma-se a esse número as condições
insalubres e as distintas realidades que se confrontam nesses espaços, dentre elas, cerca de
61% do total das pessoas privadas de liberdade, não possuem o Ensino Fundamental completo,
dados que ressaltam a precariedade da educação pública brasileira.
Se a discussão no item anterior se concentra na educação e seu papel essencial na
condição da formação integral do ser humano, neste tópico ela se desmantela em uma
perspectiva de humanização, reintegração e ressocialização do sujeito privado de liberdade.
Daí a sua complexidade e entrave na efetivação nos espaços prisionais, uma vez que, os
direitos se difundem com a própria privação da liberdade.
dos Direitos Humanos, criada em 1948, trata dos direitos humanos e a sua garantia para todos
os cidadãos, inclusive os sujeitos aprisionados. Assim, autoridades e a sociedade civil como
um todo, se obrigam a atender essa condição, principalmente no tratamento dos apenados, de
forma humanizada, considerando seus direitos fundamentais, incluindo o direito a educação.
Dessa forma, a educação nas unidades prisionais, além de direito, é vista como um dos
processos necessários, na construção da autonomia, na humanização e na reintegração social
do sujeito. A partir dessa perspectiva, é que a EJA tem seu papel no processo educativo desses
sujeitos, visto que, a prática da educação para a liberdade, é almejada para aqueles que se
encontram em cárcere. Liberdade essa, que se situa na concepção de Paulo Freire pela
educação, e é possível a “humanização e libertação do homem e da sociedade brasileira”
(FREIRE, 2009, p. 44).
Nas unidades prisionais brasileiras, onde a violação de direitos, é uma das
características principais, a educação é vista pelo detento como uma forma de se sentir como
um sujeito de direitos, os quais são tão almejados. Segundo Julião (2009, p. 272) a escola é
considerada pelos detentos como “um oásis dentro do sistema penitenciário”, um local onde
conseguem “se sentir livres e respeitados”.
Nessas condições, a educação para os sujeitos privados de liberdade, atua na
construção de emancipação, ou seja, é através das suas vivências na escola, propiciadas pelas
suas experiências sociais, os conteúdos escolares, a leitura e escrita. Que esse sujeito
compreenda o mundo a sua volta, adquirindo sua autonomia e criticidade. Pois, a educação
atenta sobre a possibilidade de mudança de conduta. Nas palavras do educador, “a mudança
do mundo implica a dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de
sua superação.” (FREIRE, 2004, p.79).
A busca por melhores condições de vida é a principal justificava para que a maioria
dos sujeitos busquem na educação o caminho para tal. Para os sujeitos que se encontram
privados de liberdade, essa condição não se difere, uma vez que muitos encontram na
educação um meio de repensar seus projetos, sua vida e almejar um futuro diferente depois de
cumprir sua pena. Sabe-se portanto, que o mercado de trabalho no país se encontra em
declínio, e vem tornando-se cada vez mais disputado. Nesse sentido, quanto melhor são as
capacidades e habilidades, mais chances de adquirir uma vaga de trabalho.
Vale ressaltar, no entanto que, aproximadamente, 61% das pessoas que cumprem pena
no Brasil não possuem o ensino fundamental completo. Assim, fica evidenciado a falta de
escolaridade, como um fator determinante de exclusão social, no mundo do trabalho. Além de
O poder econômico está ligado ao crime nas duas pontas: os muito pobres
ingressam no crime porque não têm nada a perder, e os muito ricos cometem
crimes porque a confiança na impunidade faz com que se sintam livres de
qualquer controle.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. 32 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2009.
FREIRE, P. Educação como Prática da Liberdade. 28. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2005.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 35. Ed. São
Paulo: Paz e terra, 1999.
FREIRE, Paulo, 1921-1997. Pedagogia do oprimido. 54. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2013.
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 8. Edição. Ed: Ática. São Paulo:
2003.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Práxis: prefácio de Paulo Freire. 2 ed. São Paulo:
Cortez, 1998.
GADOTTI, Moacir. Paulo Freire e a educação popular. In. Revista Trimestral de Debate
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Paris, 1948. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.
pdf.>. Acesso em: 02 fev. 2021.