DOLO E CULPA - Alterado
DOLO E CULPA - Alterado
DOLO E CULPA - Alterado
I) DO CRIME DOLOSO
Conceito de crime doloso - Crime com intenção. O agente quer ou assume o resultado. A definição de
crime doloso está prevista no artigo 18, inciso I do Código Penal, que considera como dolosa a conduta
criminosa na qual o agente quis ou assumiu o resultado.
1) Teorias do Dolo
- Teoria da vontade - segundo a qual dolo é a vontade de praticar uma ação consciente, um fato que se
sabe contrário à lei. Exige, para sua configuração, que quem realiza a ação deve ter consciência de sua
significação, estando disposto a produzir o resultado.
- Teoria da representação - a qual o dolo é a vontade de praticar a conduta, prevendo o agente
a possibilidade de o resultado ocorrer. É suficiente que o resultado seja previsto pelo sujeito,
mesmo que não o deseje.
- Teoria do assentimento (ou do consentimento) - a qual basta para o dolo a previsão ou
consciência do resultado, não exigindo que o sujeito queira produzi-lo. É suficiente o assentimento do
agente ao resultado.
O Brasil adotou, no art. 18, I, do Código Penal, a teoria da vontade (para que exista dolo é preciso a
consciência e vontade de produzir o resultado – dolo direto) e a teoria do assentimento (existe dolo
também quando o agente aceita o risco de produzir o resultado – dolo eventual)."
2) Conceito de dolo
- Dolo é consciência e vontade na realização da conduta típica
- Dolo é a vontade da ação orientada para a realização do tipo
- Dolo é a vontade de realização dos elementos do tipo legal de crime
3) Elementos do dolo
- Elemento intelectivo: Consciência (conhecimento do fato: que constitui a ação típica. Ou seja,
representação de todos os elementos do tipo legal de crime).
Consiste no efetivo conhecimento de que o resultado poderá ocorrer, isto é, o efetivo conhecimento dos
elementos integrantes do tipo penal objetivo. A mera possibilidade de conhecimento, o chamado
“conhecimento potencial”, não basta para caracterizar o elemento cognitivo do dolo
- Elemento volitivo: vontade de realizar esse fato.
O agente quer a produção do resultado de forma direta – dolo direto – ou admite a possibilidade de que
o resultado sobrevenha – dolo eventual
4) Espécies de dolo
- Dolo direto - O dolo direto é aquele que o agente deseja obter o resultado ilícito. Ou seja, apesar de
saber do resultado de sua ação, o agente a faz, ainda assim. Este, no direito brasileiro, é considerado
dolo direto em primeiro grau.
Mas, existe ainda o dolo direto em segundo grau. Este ocorre quando, sabendo o resultado de sua
conduta, o agente se mantém indiferente a ele.
Assim, para resumir, dolo direto é quando o agente tem conhecimento e vontade de praticar ato ilícito.
Dolo indireto - O dolo indireto pode ser dividido em dolo eventual e dolo alternativo
- Dolo eventual - O dolo eventual trata-se do dolo que ocorre quando o agente conhece os elementos
de sua conduta, sabe o resultado dela, mas não a deseja, necessariamente.
- Dolo indireto - Também se relaciona com os riscos de determinada ação. Diz-se alternativo quando o
ato pode ter mais de um resultado. Quando o agente sabe desses resultados distintos, sendo que um
tem grau maior de periculosidade, e mesmo assim, assume o risco, aí caracteriza-se como dolo
alternativo.
5) Dolo no código penal
- Art. 18 CP: Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
6) Erro de tipo
- Erro e ignorância - Ignorância é o desconhecimento de alguma coisa; não se conhece coisa alguma.
Erro é a falsa noção da coisa; se conhece a coisa, mas dela se tem noção distorcida.
- Erro escusável ou invencível - quando não pode ser evitado pelo cuidado objetivo do agente, ou
seja, qualquer pessoa, na situação em que se encontrava o agente, incidirá em erro. Exemplo: caçador
que, em selva densa, à noite, avista vulto vindo em sua direção e dispara sua arma em direção ao que
supunha ser um animal bravo, matando outro caçador que passava pelo local.
- Erro inescusável ou vencível - quando pode ser evitado pela observância de cuidado objetivo pelo
agente, ocorrendo o resultado por imprudência ou negligência. Exemplo: caçador que, percebendo
movimento atrás de um arbusto, dispara sua arma de fogo sem qualquer cautela, não verificando
tratar-se de homem ou de fera, matando outro caçador que lá se encontrava. Nesse caso, se o agente
empregado ordinária diligência, teria facilmente constatado que, em vez de animal bravio, havia um
homem atrás de arbusto.
- Erro de tipo incriminador - Ocorre quando a pessoa por um equivocado sentimento acerca da
realidade, pratica os fatos descritos no tipo penal, todavia, se soubesse que estava executando um ato
ilícito, jamais realizaria determinada conduta.
- Erro de tipo permissivo - é uma das hipóteses em que pode ser aplicada a descriminante putativa.
Nessa hipótese, o agente acredita que sua conduta é lícita, mas essa crença é baseada em uma
permissão legal.
Por exemplo, se um indivíduo acredita, de forma razoável, que é permitido caçar em uma determinada
área, mas, na verdade, a área é protegida por lei e a caça é proibida, pode ser aplicada a descriminante
putativa.
Essa hipótese de erro de tipo permissivo está prevista no artigo 20, parágrafo 1o, do Código Penal, que
dispõe que “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei”.
4) Espécies de culpa
- Culpa inconsciente ou culpa sem previsão - essa avessa à culpa consciente. Entende-se por culpa
inconsciente, quando o agente não tem a previsão de um resultado, já que este de um modo geral era
previsível.
No entendimento de GRECO 19:
A culpa inconsciente distingue-se da culpa consciente justamente no que diz
respeito à previsão do resultado; naquela, o resultado, embora previsível, não
foi previsto pelo agente; nesta, o resultado é previsto, mas o agente, confiando
em si mesmo, nas suas habilidades pessoais, acredita sinceramente que este
não venha a ocorrer. A culpa inconsciente é a culpa sem previsão e a culpa
consciente é a culpa com previsão.
Portanto, o entendimento de culpa inconsciente, é que o agente não prevê o que era previsível. O agente
possui a possibilidade de prever o resultado, porém há uma ausência de previsão.
- Culpa consciente ou culpa com previsão - o condutor prevê o resultado, porém tem a certeza que
poderá evitá-lo. O agente tem a certeza que nada vai ocorrer, mesmo estando presente tal previsão de
um resultado.
Segundo NUCCI 16, “a culpa consciente significa que o agente tem não somente
a previsibilidade do resultado, mas a efetiva previsão (ato de prever) do
resultado, esperando sinceramente que não aconteça”.
OBS: Problema da distinção entre dolo eventual e culpa consciente
OBS: Culpa imprópria ou extensão, por equiparação ou por assimilação
5) Compensação e concorrência de culpas - O Direito Penal não admite a compensação de culpas,
de modo que, mesmo que se possa atribuir à vítima culpa concorrente pelo acidente automobilístico,
não fica afastada a responsabilidade do acusado por sua conduta imprudente no trânsito.
- No direito penal não existe
6) Excepcionalidade do crime culposo - Se o tipo penal quer punir a forma culposa, deve ser
expresso. No silêncio, o tipo penal só é punido a título de dolo.
- Art. 18, parágrafo único, CP
III) DO CRIME PRETERDOLOSO E DOS CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO
O crime preterdoloso ou preterintencional é aquele no qual coexistem os dois elementos subjetivos:
dolo na conduta antecedente e culpa na conduta consequente. Existe um crime inicial doloso e um
resultado final culposo. Na conduta antecedente, o elemento subjetivo é o dolo, uma vez que o agente
quis o resultado.
Crime qualificado pelo resultado: Consiste naquele onde o legislador, depois de descrever uma
conduta típica, ele acrescenta um resultado onde a sua ocorrência resulta em uma sanção penal grave. O
crime qualificado pelo resultado resulta e dois aspectos;
a) Prática do crime completo com todos os seus elementos. Fato antecedente;
b) Produção de um grave resultado, além daquele que seria necessário para a sua consumação. Fato
consequente.
Um só crime: O crime qualificado pelo resultado é o único delito resultado da fusão de várias infrações.
Tornando um crime complexo.
ESPÉCIES DE CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO.
Dolo no antecedente e dolo no consequente: Temos nesse crime tanto a conduta como o resultado
é doloso. O ator pretende cometer tanto a conduta, como pretende também gerar o resultado
agravante. Um exemplo, um homem que agride a sua esposa intencionalmente com o intuito de lhe
provocar, além do ato de agredir, uma consequência danosa resultante da agressão, ou seja, a intenção
de deformá-la.
Culpa no antecedente e culpa no consequente: O autor provoca um ato culposo onde esse ato
acarreta a um resultado culposo. Exemplo, uma pessoa provoca dolosamente um incêndio e em
consequência uma pessoa morre agravando o resultado da atitude culposa do agente. É o crime de
incêndio culposo agravado na sua qualificação na morte de alguém. Homicídio culposo.
Culpa no antecedente e dolo no consequente: O autor produz um resultado culposo, mas a sua
consequência se dá por um ato doloso. Exemplo de um motorista que atropela culposamente, ou seja,
sem intenção uma pessoa, mas comete omissão por não prestar socorro o que lhe confere uma conduta
dolosa por ato de omissão. A atitude antes culposa foi agravada pelo comportamento doloso após a
conduta inicial.
Conduta dolosa com resultado agravador culposo (crime preterdoloso): Consiste quando um
agente quer praticar um crime, mas acaba se excedendo e provocando um resultado mais grave do que o
resultado. Um caso é a lesão corporal seguida de morte onde o autor pretende apenas ferir, mas acaba
matando. O agente desfere soco com apenas a intenção de ferir, mas a lesão provoca a morte da vítima.
Foi além do dolo.
IV) RESPONSABILIDADE OBJETIVA - Quando os atos praticados pelos agentes públicos resultam em
prejuízos ou danos a terceiros, mesmo sem culpa – ou subjetiva, quando basta demonstrar o dano
provocado pelo agente do Estado, e o nexo causal.
- Vedada no direito penal
- Art. 19 do CP