Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Erro de Tipo e Proibição-Pronto

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

ERRO DE TIPO E PROIBIÇÃO

Marina Cerqueira Souza


Gabrielle Pedreira Lopes
Ronaldy Brito de Alcantara

Professor- Yuri Carneiro


Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana- UNEF
Direito- 2º período
02/06/2023
RESUMO
O presente trabalho aborda os conceitos de erro de tipo e erro de proibição no contexto do
direito penal brasileiro. O erro de tipo refere-se à falsa percepção da realidade pelo agente,
onde ele comete um ato sem saber o que está fazendo. O erro de tipo essencial ocorre quando
o agente pratica um fato típico sem ter a intenção, podendo ser evitável ou inevitável. No erro
de tipo acidental, o equívoco refere-se a circunstâncias secundárias do crime, como erros sobre
a coisa, pessoa, execução ou resultado diverso do pretendido. O erro acidental não isento a
responsabilidade penal do indivíduo. Já o erro de proibição trata-se do agente que sabe o que
está fazendo, mas desconhece que sua conduta é ilícita. O desconhecimento da lei é
considerado imperdoável, porém, se o erro sobre a ilicitude do fato for inevitável, o agente é
isento de pena; se for evitável, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. O erro de
proibição evitável ocorre quando o agente atua sem consciência da ilicitude, mas poderia tê-
la conhecido nas circunstâncias. Em suma, o erro de tipo elimina o dolo, podendo levar à
punição por crime culposo, enquanto o erro de proibição atua no âmbito da culpabilidade,
podendo isentar ou diminuir a pena do agente, dependendo de ser evitável ou inevitável.
Contudo, foi possível visualizar a aplicabilidade dessas normais penais, esmiuçando suas
exceções, e compreendendo o tratamento do direito penal em relação aos atos que violam seu
texto legal.

Palavras-chave: Erro de Tipo. Erro de Proibição. Normas Penais.

1. Introdução

O presente trabalho tem como objetivo abordar sobre erro de tipo e erro de
proibição, sendo erro a falsa percepção da realidade. Antes de tudo, é importante
mencionar que tais erros foram adequados pela reforma penal brasileira de 1984,
portanto, o que antes era chamado de erro de fato, agora é denominado como erro de
tipo, já o erro de direito passa a ser abordado como erro de proibição.
No erro de tipo, o agente tem uma falsa percepção da realidade, ou seja, o
mesmo não sabe o que faz.
Ex: um indivíduo se apodera de um livro acreditando ser seu, ao chegar em casa, ele
percebe que o livro é idêntico ao que ele tem, mas está escrito o nome de outra pessoa.

Desse modo, este não sabia que estava subtraindo coisa alheia móvel, pois
acreditava que o objeto era seu, logo, houve uma falsa percepção da realidade. Conforme
o art.20, CP, caput:

“O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite
a punição por crime culposo, se previsto em lei.”

Contudo, o erro previsto no código penal, pode dividido em: erro essencial e
erro acidental. Dentre as categorias, o erro essencial pode ser subdividido em evitável e
inevitável.
1.1 Erro de tipo essencial
Nesta classificação, o erro recai sobre os dados principais do tipo penal, de outro
modo, recai sobre os elementos constitutivos do tipo, onde o agente acaba praticando
um fato típico sem ter a intenção.
Por conseguinte, as circunstâncias do agente serão comparadas com a do homem
médio, pois se este tinha condição de evitar a conduta, há dolo e o erro é evitável.
Entretanto, se o indivíduo não tinha como impedir que o fato acontecesse, o erro será
inevitável, logo não há dolo nem culpa.
Nesse sentido, pode-se inferir que no erro de tipo essencial, o dolo sempre será
eliminado, visto que este tem dois elementos: consciência e vontade. Já no erro de tipo
essencial, tais elementos não estão previstos. Sendo assim, mesmo no erro evitável, no
qual o agente tinha como evitar a conduta, está excluído o dolo, pois se o agente operou
em erro, não é possível configurar o dolo, apesar disso, o indivíduo poderá responder
por culpa.

1.2 Erro de tipo acidental


O erro acidental refere-se a equívocos em relação a circunstâncias secundárias
do crime. Embora não impeça o agente de compreender a natureza ilícita de sua conduta,
esse tipo de erro não isenta a responsabilidade penal do indivíduo. Portanto, o agente
deve ser responsabilizado pelo crime, mesmo que tenha ocorrido um erro acidental em
relação a essas circunstâncias secundárias. Conforme a explicação de Damásio de Jesus,
o erro de tipo acidental é aquele que não se relaciona com elementos ou circunstâncias
do crime em si, mas sim com informações acidentais ou com a forma de execução da
conduta criminosa. Em outras palavras, esse tipo de erro diz respeito a equívocos que
ocorrem em aspectos periféricos do crime, que não alteram sua essência ou
caracterização.

1.2.1 Erro sobre a coisa

O erro de tipo acidental se divide em erro sobre a coisa e erro sobre a pessoa, o
erro sobre a coisa, erro sobre a execução e erro sobre resultado diverso do pretendido
entre outros. O erro sobre a coisa se aplica quando o agente pretende atingir uma coisa,
porém acaba se enganando e atingindo coisa diversa, mesmo com o seu objetivo tenha
sido atingir a coisa certa. Como por exemplo a pessoa entra numa loja para furtar uma
corrente de ouro, mas acaba furtando uma corrente banhada a ouro com valor inferior,
confundindo, portanto, o objeto visado. Portanto erro sobre o objeto tem como
consequência a responsabilização do agente pelo crime cometido, levando em
consideração o objeto material que efetivamente foi afetado. Em outras palavras, o
agente será punido pela conduta realizada, levando em conta o objeto real que foi objeto
do crime, independentemente do conhecimento errôneo ou engano do agente em relação
a esse objeto.

1.2.2 Erro sobre a pessoa

Já o erro acidental sobre a pessoa está descrito no Código Penal no artigo 20 §


3º “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime.” Sendo aplicado quando um agente atinge uma
pessoa diversa da que pretendia, devido a semelhança entre as vítimas. Dessa forma o
ato desejado é consumado, porém a vítima é outra. Um exemplo seria quando um agente
quer matar seu amigo, porém acaba matando o irmão gêmeo desse determinado amigo
por engano, nessa situação a intenção do agente era cometer o crime, ou seja, não
excluirá o dolo, portanto houve um engano devido a semelhança das vítimas mostrando
assim que há um erro sobre a pessoa.
1.2.3 Erro sobre a execução

O erro sobre a execução é um tipo de erro que ocorre quando uma pessoa
pretende realizar uma conduta criminosa contra um alvo específico, mas, por engano ou
falha, atinge outra pessoa ou objeto que não era o alvo pretendido. Ou seja, o indivíduo
comete um erro durante a execução do ato criminoso, errando o alvo ou o objeto da sua
ação. Esse tipo de erro pode ocorrer em situações como tentativas de agressão,
homicídios ou outros crimes em que a pessoa tinha a intenção de causar dano a um alvo
específico, mas, por algum motivo, acaba atingindo uma pessoa ou objeto diferente.
1.2.4 Erro sobre a resultado diverso do pretendido

Por fim o erro sobre resultado diverso do pretendido ocorre quando o agente
pratica uma conduta criminosa com a intenção de alcançar um determinado resultado,
mas acaba ocorrendo um resultado diferente, não pretendido. Esse tipo de erro refere-se
à situação em que o agente comete um crime, mas o resultado obtido é diferente daquele
que ele previa. Por exemplo, "A pessoa 'A' tinha a intenção de causar danos ao carro que
'B' estava dirigindo, mas por um erro na execução, acabou atingindo e causando a morte
do motorista. Embora a intenção inicial fosse apenas causar danos, o resultado foi a
morte. Nesse caso, o agente não pode ser isento de pena. O agente será responsabilizado
pelo resultado não pretendido, mas por negligência (se houver previsão legal). No
exemplo dado, 'A' será acusado de homicídio culposo, com a tentativa de dano sendo
absorvida."
2 Erro de Proibição
O erro de proibição, agindo dentro da culpabilidade, terceiro elemento do crime,
está previsto no art. 21 do Código Penal, caput:

“O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.”

Conceituando o erro de proibição, este trata do agente que sabe o que faz, porém,
desconhecendo o caráter ilícito do fato, ou seja, o agente pratica uma conduta crendo
fielmente que não há lei que proíba aquela ação, acreditando ser lícita.

EX: Um indivíduo estrangeiro do Uruguai, país onde o consumo de drogas é


legalizado, chega ao Brasil, e ao desembarcar no aeroporto, acende um cigarro de
maconha publicamente. Entretanto, mesmo em consciência do ato que está praticando,
ele desconhece no caso concreto que é proibido fumar maconha no Brasil.
O fato do desconhecimento da lei ser inescusável, é uma forma garantidora da
segurança jurídica, qual trata de uma presunção de que todos conhecem a lei depois da
sua publicação, com o fim de evitar casos que extrapolem as exceções, alegando o
desconhecimento do texto legal. Nos casos excepcionais, o desconhecimento da
ilicitude da conduta, mesmo que inescusável, é capaz de produzir uma atenuante
genérica, conforme o art. 65 do CP, inciso II:

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


II- O desconhecimento da lei;

Para que se aplique a isenção da pena, ou tenha ela atenuada, é feita a


averiguação do erro de proibição para verificar se este seria evitável ou, inevitável.

2.1 Erro de proibição Inevitável e Evitável

O erro inevitável, ou erro invencível, trata-se dos casos em que o agente mesmo
que se esforce, não consiga evitar o erro, em nenhuma circunstância conseguiria
impedir.
Nesses casos, o erro de proibição inevitável isenta o agente de pena, quando se
exclui a culpabilidade, ou seja, é excludente da culpabilidade ao excluir a potencial
consciência da ilicitude, tendo assim a absolvição do agente.

Já no erro de proibição evitável, vencível ou inescusável, o agente não é isento


da pena, e no caso concreto não é excluída a culpabilidade, apenas tem a sua pena
diminuída de um sexto à um terço.

Sobre os casos do erro evitável, em que o agente poderia impedir o cometimento


do erro tomando as devidas precauções, o art. 21 no CP diz em seu parágrafo único:

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a


consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência.

Dessa forma, de acordo com o caso concreto, é analisado se o erro de proibição


em que o agente desconhece a lei, se trata de um erro evitável ou inevitável, a depender
das circunstâncias, conhecimento, cultura, é feita essa mensuração. Caso seja evitável,
sua pena será reduzida, sendo inevitável, é excluída a responsabilidade penal do agente.
Conclusão

Em suma, este trabalho abordou os conceitos de erro de tipo e erro de proibição


no âmbito do direito penal brasileiro. O erro de tipo refere-se a uma falsa percepção da
realidade, onde o agente comete um crime sem ter a consciência do que está fazendo.
Ele pode ser classificado como erro essencial, quando incide sobre os elementos
constitutivos do tipo penal, ou erro acidental, quando se refere a equívocos em relação
a circunstâncias secundárias do crime.

No erro de tipo essencial, o dolo é sempre excluído, pois o agente não tem
consciência e vontade de cometer o crime. Porém, mesmo que o erro seja evitável, o
agente pode responder por culpa. Já no erro de tipo acidental, o agente compreende a
ilicitude de sua conduta, mas comete equívocos em relação a aspectos periféricos do
crime. Nesse caso, a responsabilidade penal do indivíduo não é excluída.

Por outro lado, o erro de proibição trata do agente que conhece o que está
fazendo, mas desconhece a ilicitude de sua conduta. O desconhecimento da lei é
considerado inescusável, mas o erro sobre a ilicitude do fato pode isentar ou diminuir a
pena, dependendo se o erro era inevitável ou evitável. No primeiro caso, a culpabilidade
é excluída e o agente é absolvido, enquanto no segundo caso, a pena é reduzida de um
sexto a um terço.

Em conclusão, a análise e distinção entre erro de tipo e erro de proibição são


fundamentais para a correta aplicação do direito penal. Compreender os diferentes
elementos e circunstâncias envolvidos em cada tipo de erro é essencial para garantir
uma justiça adequada e proporcional no sistema legal.
REFERÊNCIAS:

OLTRAMARI, Igor; VIEIRA, Tiago Vidal. Desmitificando o erro de tipo e erro de


proibição no Direito Penal. Disponível em: https://www.fag.edu.br/mvc/assets/pdfs/anais-
2017/IGOR%20SCHNEIDER%20OLTRAMARI--1.pdf
ERRO SOBRE OS ELEMENTOS DO TIPO. TJDFT. 08/12/2020. Disponível em:
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-temas/a-doutrina-na-
pratica/copy_of_erro-sobre-os-elementos-do-
tipo#:~:text=%E2%80%9CSegundo%20DAM%C3%81SIO%20DE%20JESUS%2C%20erro,
a%20conduta%20de%20sua%20execu%C3%A7%C3%A3o
ERRO NA EXECUÇÃO X ERRO SOBRE A PESSOA. Jusbrasil. 19/01/2020. Disponível
em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/erro-na-execucao-x-erro-sobre-a-
pessoa/798307487#:~:text=Art.,20%20deste%20C%C3%B3digo
TEIXEIRA ORTEGA, Flávia. Diferença entre erro de tipo e erro de proibição. Jusbrasil.
30/03/2016. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/diferenca-entre-erro-de-
tipo-e-erro-de-
proibicao/317960945#:~:text=B)%20Erro%20de%20Tipo%20Acidental,agente%2C%20deve
ndo%20responder%20pelo%20crime
AUGUSTO DE PAULA SANTIAGO, Fábio. Erro na execução x resultado diverso do
pretendido x erro de proibição. Jus. 30/01/2015. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/35989/erro-na-execucao-x-resultado-diverso-do-pretendido-x-erro-
de-proibicao

O QUE SE ENTENDE POR ‘ABERRATIO DELICTI’?. Editora Juspodivm.09/04/2018.


Disponível em: O que se entende por 'aberratio delicti'? - Meu site jurídico
(https://www.editorajuspodivm.com.br/).

Você também pode gostar