O Cego e o Louco - Claudia Barral
O Cego e o Louco - Claudia Barral
O Cego e o Louco - Claudia Barral
O CEGO E O LOUCO
(Tateando o piso com uma bengala entra no palco um velho cego; liga o rdio, senta-se
numa cadeira e comea a fumar um cachimbo com grande prazer. Subitamente pra,
apaga o cachimbo rapidamente e guarda-o numa gaveta. Entra, nesse momento, um
senhor mais jovem, de cerca de 50 anos, que caminha rapidamente at o outro e beijao na testa; volta-se para o rdio, desliga-o e dirige-se porta para tranc-la.)
Lzaro - Voc no devia deixar a porta destrancada.
Nestor - Eu sabia que era voc.
Lzaro - Poderia ser um ladro!
Nestor - Eu j conheo o som de seus passos Lzaro. Voc segura a porta do elevador
para que ela no bata e faa barulho, caminha lentamente at a porta da casa, suspira
antes de entrar, e ao entrar caminha rpida e decididamente at mim, tasca-me um
beijo apreensivo na testa, como se a qualquer momento eu fosse fugir. Eu sou seu
irmo, no vou recusar um beijo seu. Apesar de que eu acho que deveria limpar a boca
antes de me beijar. Todo dia antes de voltar para casa voc come sequilhos com caf e
utiliza a minha testa como um guardanapo! No tenho o costume de limpar os beijos
que me do por mais babados que sejam. Se voc babasse em mim no teria
problema, mas, francamente, restos de comida atraem formigas e eu no quero
acordar um dia e descobrir que formigas comeram a minha sobrancelha.
(Enquanto Nestor fala Lzaro tira o casaco e o pendura sobre o de Nestor)
Nestor No pendure o seu casaco suado em cima do meu!
Lzaro O meu casaco no est suado!
Nestor Mesmo assim eu no quero!
Lzaro - Nestor?
Nestor O que ?
Lzaro Voc fumou o meu cachimbo?
Nestor No.
Lzaro - Tem certeza?
Nestor No sou um homem de certezas.
Lzaro Voc viu o meu copo de alumnio?
Nestor Eu sou cego.
(Lzaro acha o copo. Pe no copo um pouco de gua e, enquanto bebe examina os
quadros pendurados na parede.)
Nestor - Vou propor que venha at aqui e faa um pouco de companhia para o seu
pobre vizinho cego e seu irmo jovem e sensvel.
Lzaro - Ela no vem. Se ela vier te devo o dobro se no vier no te devo nada.
Nestor - Feito!
Lzaro - Voc sabe o nome dela?
Nestor - Se chama Lcia.
Lzaro - Como Voc descobriu isso?
Nestor - Eu no descobri. Presumo que se chama Lcia. Essa Moa me encanta. Ela
no gosta de elevadores. Tem medo deles ou ento no d valor s coisas fceis.
Prefere descer ou subir pelas escadas, sabendo que a chegada ao seu apartamento ou
rua foi fruto do esforo rduo de suas prprias pernas. E eu ouo os seus passos no
corredor e sinto o cheiro de seu perfume. Presumo que se chama Lcia.
Lzaro - Como voc tem certeza que ela quando ouve os passos?
Nestor - Nesse prdio s moram velhos. Voc o mais novo porm anda como um
velho e tem cheiro de velho. Velho saco de sucrilhos e caf! Lcia flutua pelas
escadas!! Ela leve e de uma leveza que no lhe dada pela alegria, talvez at seja
triste, mas leve porque jovem. Como voc deveria ser!! H pessoas que j nascem
velhas. Voc uma dessas pessoas!! Com a sua responsabilidade irritante que j
salvou minha vida tantas vezes mas que permanece irritante!! Vou telefonar para ela!
Lzaro - Voc tem o seu telefone?
Nestor - Podemos procurar na lista!
Lzaro - No temos o nome dela!
Nestor - Se chama Lcia.
Lzaro - Isso o que voc diz.
Nestor - V at a portaria, Lzaro, e pergunte a Raimundo, o porteiro!
Lzaro - Que maluquice, Nestor! Ele no tem ordem de dar o nmero do telefone dos
moradores!
Nestor - Explique a razo e ele dar! Eu me responsabilizo!
Lzaro - Voc no se responsabiliza nem pela sua cabea!
Nestor - Pare de inventar impecilhos, homem! Seja corajoso pelo menos uma vez na
vida!
Lzaro - Est bem, Nestor! Eu vou me trocar e descer!
Nestor - Est louco? J est ficando tarde e deseducado ligar para
casa de uma dama depois de certo horrio! V agora!
Lzaro - Est bem! J estou indo!
(Lzaro caminha at a porta, vai voltando em direo aos quartos vagarosamente para
que Nestor no o perceba. Nestor grita)
Nestor - Alto l, seu co imundo!!! Sei muito bem que ainda est aqui!!
Lzaro - (ainda assustado) Como que voc consegue isso? s vezes eu acho que
voc finge que cego!!
Nestor Eu sou um co treinado e farejador! Percebo a presena da raposa, seu
idiota! No me guio pelos passos do inimigo e sim pela respirao! E voc no pode
ficar sem respirar! Desa agora, Lzaro, desa!
(Lzaro sai e Nestor o espera lustrando a bengala.)
Nestor Uma noite eu estava observando Lzaro, debruado sobre a escrivaninha do
seu quarto, fazendo a relao de sua coleo de selos. Todas as vezes que eu olhei
para Lzaro tive a impresso de que havia alguma coisa interessante naquele menino.
Havia qualquer coisa especial que merecia ser observada atentamente. Eu passei a
minha vida inteira prometendo a mim mesmo que tentaria descobrir qual era o segredo
daquele rosto sem segredos. Pois eu estava, naquela noite, tentando desvendar o meu
irmo que, de repente, tudo ficou escuro. Apesar disso ainda podia ouvir o lpis de
Lzaro riscando o papel. Lzaro, seu imbecil! No percebe que faltou luz? Ele me
respondeu seu me dar muita ateno. No faltou luz, Nestor. Foi quando constatei:
Bem... ento... eu estou cego! E o rosto de Lzaro foi a ltima coisa que eu vi na minha
vida.
(Lzaro volta)
Lzaro - (ofegante) Consegui, irmo!
Nestor - Voc deveria conseguir mais coisas na sua vida, irmo! desestimulante ver
um vitorioso iniciante. To afobado por causa de um nmero de telefone.
Lzaro - Voc no sabe o que descobri!
Nestor - O que?
Lzaro - Sabe qual o nome da moa? Lcia! Intrigante, no ?
Nestor - No acho! Eu lhe disse que se chamava Lcia.
Lzaro - bom viver com voc, Nestor. uma eterna surpresa.
Nestor Obrigado se isso foi um elogio. Agora me diga o nmero.
Nestor - Al, Lcia? Ol, minha querida, como vai? Aqui quem fala o seu vizinho de
baixo, Nestor. (pausa) Eu vou muito bem, obrigado. (pausa) Sabe, Lcia,eu estava
pensando se... est bem...eu aguardo. (para Lzaro) Ela me pediu que aguardasse um
momento.
Lzaro - No a convide para jantar! No temos comida suficiente!
Nestor - (interrompendo-o) Pois no, Lcia. Estava pensando se voc no gostaria de
jantar conosco esta noite. (pausa) Claro compreendo. Ento quem sabe uma visita
depois do jantar? Voc sabe, moramos ss: eu e meu irmo e adoraria conversar com
algum interessante depois de um bom jantar. Est timo ento! Estamos te
esperando!! At logo.
(Desliga o telefone)
Lzaro - Ela vem?
Nestor - Claro!
Lzaro - Ela disse que vinha? Assim to fcil?
Nestor - Por que haveria de ser difcil, rapaz? Agora vamos jantar porque no
queremos receber a moa com fios de macarro presos no bigode.
Lzaro - Ns no usamos bigodes, Nestor.
Nestor - Eu pensei que voc usasse.
Lzaro - Pois no uso.
Nestor - Ah, esses malditos sequilhos quando voc beija a minha testa!! Imagine que
pensei que fossem bigodes.
(Lzaro serve a mesa. Sentam - se. Permanecem comendo em silncio at que Lzaro
fala.)
Lzaro - Devamos lhe comprar um cachorro. Assim voc poderia sair. O cachorro
poderia lhe guiar.
Nestor - No. Quero um cachorro cego como eu.
Lzaro - Por que?
Nestor - Vamos nos entender melhor. As chances que duas criaturas tm de se
entenderem bem no medida pelo nmero de afinidades e sim pelo nmero de
saudades que tm em comum. Sim! Eu e meu cachorrinho cego, dividindo a escurido!
Lzaro Um cachorro cego...
Nestor E branquinho! S quero se for branco! Eu adoro os cachorrinhos alvos! So os
mais dceis.
Lzaro Que diferena far a cor do cachorro? Voc no vai v-lo mesmo!
Nestor Meus olhos vivem das lembranas. Me lembro bem dos cachorrinhos brancos.
So os mais dceis.
Lzaro - Quais so as nossas saudades divididas?
Nestor - Sinto falta de ver a sua cara pattica quando perde uma aposta! Voc um
perdedor, Lzaro! Um perdedor de apostas!! Cada qual tem uma misso aqui. A sua
perder apostas. Voc apostaria sua prpria me em troca de um bombom de chocolate,
Lzaro! Apostaria os olhos de seu irmo cego! E perderia! No h limite para o que se
pode perder, Lzaro! Algum dia, algum dia voc apostar sua vida com Deus e vai
perd-la!
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Nestor - Eu disse que ela estava para voc se adiantar. Pense bem agora j est
pronto e exorcizado!
Lzaro - (aborrecido) Obrigado, Nestor! Ento vou voltar e procurar com calma a minha
cueca. Ainda tem sabonete nas minhas orelhas e nos cantos das unhas.
(Lzaro sai e Nestor conta.)
Nestor - Lzaro foi a criana mais imbecil que eu j conheci. Uma criana morta viva.
Nas festas infantis Lzaro ia tentar a disputa do rasga - saco e, alm de no conseguir
nenhum brinquedo ele ainda perdia o que tinha levado. Quando olhvamos para a
mesa ao lado havia sempre uma criana contando que tinha achado um cinto ou um
boto e eram sempre os cintos ou botes de Lzaro. Um dia uma criana desmaiou
porque tinha achado os sapatos de Lzaro. Eu disse, um dia, que se ele no
conseguisse pegar nada eu ia bater nele quando chegssemos em casa. Ele voltou
seminu com uma criana de dois anos nos braos e disse que tinha conseguido no
rasga - saco. A me do menino nos expulsou da festa porque Lzaro no queria
devolver a criana. Nunca mais fomos convidados.
(Lzaro volta srio e ainda escuta o fim da conversa)
Lzaro - O maior divertimento da sua vida me ridicularizar perante as suas
alucinaes.
Nestor - As minhas alucinaes te acham uma melancia. Ningum se parece tanto com
uma fruta como voc se parece com uma melancia. As minhas alucinaes no se
surpreendem por serem minhas alucinaes. Aquele anozinho verde que mora atrs
do aquecedor me disse que, se tivesse um irmo melancia como voc, iria me imaginar
para que eu fosse sua alucinao.
Lzaro - Eu no acredito em nada do que voc diz mas, se as suas alucinaes
existissem no plano real e racional, iriam te achar um palhao.
Nestor - No se aborrea comigo, irmo. As estrias engraadas so a nica coisa que
me resta.
Lzaro - mero acaso o fato de eu ter sido o protagonista de todas as suas estrias
engraadas.
Nestor - Sorte sua ter protagonizado comdias. As estrias que eu vivi arrancariam
lgrimas de um carrasco.
(Lzaro acende o seu cachimbo e senta-se cansado na poltrona. Nestor caminha pela
sala.)
Nestor - Voc me parece to cansado, s vezes.
Lzaro - Eu tenho trabalhado demais.
Nestor - Voc tem um cansao permanente.
Lzaro - Eu j lhe disse, tenho trabalhado demais.
Nestor - Voc devia ter dito a Deus que no queria vir. Que estava cansado demais
para nascer.
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Lzaro (irritado)Eu no estou sempre cansado! Estou cansado hoje. Nessa fase.
Nestor - Desde que eu lhe conheo que voc est cansado. Quando voc nasceu voc
no chorou, Lzaro. O mdico lhe meteu um tapa na bunda e ento voc chorou.
Naquele momento ficou claro para mim que voc no tinha chorado antes porque j
nascera cansado.
Lzaro - Nestor, eu tenho tido muitos problemas no meu trabalho.
Sou responsvel por todo o meu setor. muita responsabilidade!
Nestor - As pessoas no deveriam se meter em situaes que no podem suportar. H
pessoas que tm estrutura para serem mdicos ou bombeiros. No pode ser qualquer
um, Lzaro! Essas profisses so complicadas. No somos ns que as escolhemos,
so elas que nos escolhem. Talvez voc no seja forte o suficiente para ser mdico, ou
talvez no seja fraco o suficiente.
Lzaro A essa altura da vida eu no posso ficar cultivando arrependimentos!
(Nestor fica um pouco em silncio)
Nestor - Voc devia confiar a mim os seus problemas!! As pessoas que enxergam no
sabem que as coisas mais importantes e decisivas na vida de um homem no podem
ser vistas, ento, em nada me atrasa ser cego! Ainda assim sou louco!! Graas a
Deus!! A razo sim, o maior atraso!! Quando queremos ser felizes, loucamente
felizes, a razo o freio!!! Precisamos fazer loucuras..., dizer ao patro o quanto
achamos ridcula a sua gravata ; dizer que no vamos respirar ar condicionado!! No
vamos trabalhar oito horas por dia porque no temos este tempo disponvel para sofrer!
A vida curta e feita de perodos de oito horas!!! Voc j se imaginou dizendo isso,
meu irmo?
Lzaro- No, mas j me imaginei sendo filho nico.
Nestor - A razo o rgido e abrupto freio que impede a evoluo da humanidade!!! Se
para a desgraa a loucura est solta, para a soluo a razo prende os homens de
bom senso! Eu sou um velho artista cego e s me lembro dos dias em que fiz alguma
loucura, no me lembro dos dias em que fui um homem de bom senso!! Esses dias se
perderam!
(Permanecem em silncio. Nestor ainda est excitado pelo discurso.)
Nestor - Vou urinar!! Eu sou um cacto do deserto e os viajantes tm sede. Por isso, vou
urinar!!
(Nestor sai e Lzaro fala.)
Lzaro - Estivemos sempre assim : Eu e o meu irmo!
Nestor nunca foi outra coisa para mim seno um irmo e no foi merecedor, ou eu no
fui capaz, de nutrir qualquer outro sentimento por ele seno o de espanto. Mas essas
duas coisas foram suficientes para que eu nunca pudesse deix-lo. E estivemos
assim : Eu e meu irmo. Imutveis.
(nesse momento Nestor entra.)
Nestor - (sorrindo) Lzaro, acenda as luzes do banheiro. Est muito escuro, eu no
estou conseguindo achar o meu pnis. (Sai)
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Lzaro - (continua) Nestor me explicou o mundo, que ele pouco a pouco j no podia
ver, com uma perfeio de exemplos e ilustraes que o tornaram meu irmo cinco
sculos mais velho.
Eu, que nunca teria idade suficiente para saber da forma como ele sabia, a cada dia
prolongava os meus silncios e assistia a Nestor com as suas estrias de revelar
mistrios e a sua forma nica de tratar cada mulher como se fosse a ltima e a vida
como se fosse rpida. Quando nossos pais morreram Nestor enlouqueceu. No pde
compreender a morte ou, talvez, pudesse compreend-la de uma forma to clara que
enlouqueceu. Passou a conversar com os mortos.
(Nestor volta)
Nestor - Est falando sobre mim?
Lzaro - No perderia o meu tempo.
Nestor - Ento est falando sobre a morte. Quando no est falando sobre mim, est
falando sobre a morte...
Lzaro - (interrompendo o irmo) Lcia j deveria ter descido.
Nestor - A morte tem um cheiro bom, um cheiro agradvel de flores. Um cheiro doce
que arde as narinas, queima as narinas, inflama as narinas, as pobres narinas dos
mortos com algodes de formol. Um cheiro ardente e refrescante como loo ps
barba. Lcia j deveria ter descido.
Lzaro - No deveramos ligar para ela novamente?
Nestor - Claro que no! Estaramos sendo impertinentes!
Lzaro - Voc sempre discorda de mim! Se voc tivesse feito a sugesto e eu tivesse
dito que seria impertinncia, voc comearia a berrar : (grita) Deixe de ser covarde,
Lzaro!! Seja homem!! Est com medo de que ela no venha mais? Est com medo de
que Lcia no queira vir?
Nestor - Calma, meu irmo.
Lzaro - Voc sempre me manda ser homem!! Quando eu era um beb recm nascido
e chorava por alguma coisa que queria voc berrava nas minhas orelhinhas : Seja
homem, Lzaro!! Se voc quer essa maldita mamadeira por que no se levanta e vai
buscar?
Nestor - (rindo) Eu nunca fiz isso! Como no pensei em fazer? Seria engraadssimo
contar isso para algum!
Lzaro - Voc me considera uma piada!
Nestor - Quero ouvir msica,Lzaro.
(Lzaro se levanta e Pe um disco na radiola)
Nestor - Mais alto!! Mais alto! Eu no quero ouvir os seus pensamentos inseguros de
que Lcia no vem!!
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Lzaro - Se ela no queria vir porque lhe disse de primeira que vinha?
Nestor - Talvez tenha tido vergonha de recusar.
Lzaro - Se ela no vier voc vai achar timo, no vai?
Nestor - Se ns apostarmos, sim!
Lzaro - No quero apostar!
Nestor - Ah! Esta com medo de perder, no ? Seja homem, Lzaro!!
Lzaro - Est bem! Eu aposto! Ela vem!
Nestor - O de sempre?
Lzaro - Feito!
Nestor - (sincero) Eu espero que voc ganhe esta aposta, meu irmo.
Lzaro - Eu vou ganhar.
Nestor - (hesitante) Eu no gosto quando voc perde.
Lzaro - Nem eu.
Nestor - Talvez voc devesse se esforar mais para no perder.
Lzaro - As apostas?
Nestor- As coisas, as pessoas.
Lzaro - Eu fao o que acerto fazer. Talvez eu realmente no queira que as coisas
dem certo.
Nestor Voc acha que Lcia feliz?
Lzaro Voc tem umas perguntas to irrelevantes!
Nestor As pessoas felizes so leves porque no lhes pesa a tristeza.
As pessoas tristes so leves porque no lhes pesa a culpa de serem felizes em um
mundo to triste. Gostaria de saber por que Lcia desce as escadas de forma to leve.
Lzaro Porque ela magra.
Nestor - Voc se lembra daquela menina por quem eu era apaixonado quando rapaz?
Lzaro - Como poderia esquecer? Voc tentou se matar oitenta e sete vezes porque
ela no queria nada com voc.
Nestor - Uma vez a convidei para me fazer uma visita.. Eu a esperei a noite inteira na
varanda. Alguma coisa muito forte dentro de mim me dizia que ela ainda viria. Quando
o dia comeou a amanhecer e eu comecei a espirrar, j sabendo que tinha pego a pior
gripe de toda a minha vida, eu escutei, claramente, algo se quebrar dentro do meu
corpo. Eu escutei como escutamos quando se quebra um copo na cozinha. Uma coisa
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FIM
Cludia Barral