Aula - Do Erro de Tipo
Aula - Do Erro de Tipo
Aula - Do Erro de Tipo
• CP - Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
• Descriminantes putativas
• § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
• Erro determinado por terceiro
• § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
• Erro sobre a pessoa
• § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime.
CONCEITO
•b) “Tirar a coisa alheia, supondo-a própria. O agente não responde por crime de furto, uma vez que
supôs inexistente no fato praticado a elementar alheia contida na descrição do crime de furto (art. 155,
caput)” (DAMÁSIO, p. 350).
•c) “O professor de anatomia, durante a aula, fere pessoa viva, supondo tratar-se de cadáver. Não
responde por crime de homicídio (exemplo de Hungria)” (DAMÁSIO, p. 350).
EXEMPLOS DOUTRINÁRIOS
• “Não se mostra plausível a alegação da Defesa de que o recorrente não tinha ciência da idade
do adolescente que participou da subtração do automóvel e que teria incorrido em erro de
tipo, se comprovado que se conheciam há aproximadamente 02 (dois) anos. Ademais, a
prova do erro de tipo incumbe à Defesa, não sendo suficiente para levar à absolvição a mera
alegação de que a idade do inimputável era desconhecida”. TJDFT - Acórdão n.1030787, 20140310326505APR, Relator: ROBERVAL
• “Havendo, com base em circunstâncias reinantes do caso concreto, fundada dúvida sobre a
consciência do acusado acerca da idade da vítima (menor de 14 anos), ela deve se resolver
em favor do acusado, em razão do princípio do “in dubio pro reo”. TJDFT - Acórdão n.1066276, 20140910002764APR,
•REALE JR: “se era a realidade fática apreensível ao homem comum, segundo a
atenção normal, tendo o agente, nas circunstâncias, possibilidade de ser atento,
não estando sujeito a qualquer fator extraordinário que impedisse tal cuidado, o
erro ocorrido na prática delitiva era vencível, irrelevante, pois passível de ser
evitado”.
PRINCIPAL CONSEQUÊNCIA
• NUCCI: “por outro lado, erro inescusável (ou evitável) é aquele que viabiliza o
afastamento do dolo, mas permite a punição por crime culposo, se houver a
figura típica, uma vez que o agente não se comportou com a prudência que lhe
é exigida”’.
• “Se o erro sobre a excludente de ilicitude era evitável, está caracterizada a culpa
imprópria, que tem como conseqüência a exclusão do dolo, permitindo a
condenação do agente a título culposo, se previsto no tipo penal”. TJPR - 1ª C.Criminal - RSE -
353924-8 - Irati - Rel.: Oto Luiz Sponholz - Unânime - J. 10.08.2006.
EXEMPLOS JURISPRUDÊNCIA
• CAPEZ: “de acordo com o dispositivo legal, responderá pelo crime aquele
que determinou o erro. Assim, se o terceiro provocou dolosamente o
erro, para que o crime ocorresse, responderá pelo crime na forma
dolosa; se culposamente, responderá pelo crime na forma culposa”.
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO
•JUSTIFICATIVA: “deve-se, quando alguém se vale de outrem para prática do delito, punir a
este e não àquele que, em geral, age delituosamente sem o saber. Deve-se castigar ao
autor real e não ao seu instrumento, o homem por detrás, que induz ao engano e comete o
crime, não por sua própria mão, mas se valendo da mão de terceiro, que atua em estado de
erro”.
•Segundo regra expressa do art. 20, § 2º, do CP, responde pelo crime o terceiro que determina
o erro. Essa determinação pode ser dolosa, quando o agente induz terceiro a incidir em erro,
ou culposa, quando o terceiro age com culpa, induzindo o agente em erro por imprudência,
negligência ou imperícia. TJPR - 2ª C.Criminal - AC - 1601944-4 - Curitiba - Rel.: DESEMBARGADOR JOSÉ MAURICIO PINTO DE ALMEIDA - Unânime - J.
22.06.2017
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO
• EXEMPLOS DOUTRINÁRIOS:
• CONSEQUÊNCIA: “o erro quanto à pessoa não exclui o dolo, não exclui a culpa
e não isenta o agente de pena, mas na sua punição devem ser consideradas
as qualidades ou condições pessoais da vítima virtual (pretendida)” (CUNHA, p.
234) (CUNHA, p. 234).
ERRO ACIDENTAL
• EXEMPLOS DOUTRINÁRIOS:
• a) “Se o sujeito quis agredir o próprio irmão, mas por erro de representação
ofende pessoa estranha, será aplicável a agravante de parentesco (CP, art. 61,
II, e). Ao contrário, se desejava agredir pessoa estranha, mas por erro de
representação fere o irmão, responderá pela lesão corporal sem aquela
agravante” (DELMANTO, p. 135).
• CP - Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do
art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia
ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
ERRO ACIDENTAL
• ATENÇÃO: “a aberratio ictus ou erro na execução não se confunde com o
erro quanto à pessoa, onde há representação equivocada da realidade, pois o
agente acredita tratar-se de outra pessoa” (BITENCOURT, p. 831).
• “Em caso de crime continuado ou concurso formal próprio, deve ser adotado o
critério da quantidade de crimes cometidos, ficando estabelecidas as seguintes
medidas: dois crimes - acréscimo de um sexto (1/6); três delitos - acréscimo de
um quinto (1/5); quatro crimes - acréscimo de um quarto (1/4); cinco delitos -
acréscimo de um terço (1/3); seis crimes - acréscimo de metade (1/2); sete
delitos ou mais - acréscimo de dois terços (2/3)”. TJDFT - Acórdão n.1073167, 20170910068707APR, Relator:
8/6/2020.
ERRO ACIDENTAL
• RECURSO ESPECIAL. TRIBUNAL DO JÚRI. PRONÚNCIA. HOMICÍDIO DOLOSO. ERRO NA EXECUÇÃO.
ABERRATIO ICTUS COM DUPLICIDADE DE RESULTADO. DOLO. EXTENSÃO À CONDUTA NÃO
INTENCIONAL. INCIDÊNCIA DO ART. 73, ÚLTIMA PARTE, DO CP. APLICAÇÃO DO CONCURSO FORMAL.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Ocorre aberratio ictus com resultado duplo, ou unidade complexa, de que
dispõe o art. 73, segunda parte, do CP, quando, na execução do crime de homicídio doloso, além do resultado
intencional, sobrevém outro não pretendido, decorrente de erro de pontaria, em que, além da vítima
originalmente visada, outra é atingida por erro na execução. 2. Pronunciado como incurso nos arts. 121, § 2°, I e
IV, e do art. 121, § 2º, e IV, c/c o art. 14, II, na forma do 73, do CP, o réu, em apelação, teve desclassificada a
conduta, relativa ao resultado danoso não pretendido, para lesão corporal culposa. 3. Alvejada, além da pessoa
que se visava atingir, vítima diversa, por imprecisão dos atos executórios, deve ser a ela estendido o elemento
subjetivo (dolo), aplicando-se a regra do concurso formal. 4. "A norma prevista no art. 73 do Código Penal
afasta a possibilidade de se reconhecer a ocorrência de crime culposo quando decorrente de erro na
execução na prática de crime doloso" (HC 210.696/MS, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
19/09/2017, DJe 27/09/2017). 5. "Por se tratar de hipótese de aberratio ictus com duplicidade de resultado, e não
tendo a defesa momento algum buscando desvincular os resultados do erro na execução, a tese de
desclassificação do delito para a forma culposa em relação somente ao resultado não pretendido, só
teria sentido se proposta também para o resultado pretendido" (HC 105.305/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 27/11/2008, DJe 09/02/2009). 6. Recurso especial provido para restabelecer a sentença de
pronúncia. (STJ, REsp 1853219/RS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, j. em 02/06/2020).
ERRO ACIDENTAL
• EM CONCURSO:
• (DEP-PR – AOCP - 2022) Após uma discussão com Bruno, Rubens resolve adquirir
um revólver para matá-lo. Com animus necandi, Rubens vai até a casa em que
Bruno reside e, munido do revólver, efetua disparos de arma de fogo em sua
direção. Os disparos atingem Bruno, que morre imediatamente. Todavia, em virtude
de imprudência, os disparos também atingem o filho de Bruno, César, que sofre
lesões corporais. Diante dessa situação hipotética e considerando o entendimento
do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema, Rubens deverá responder por
• a) homicídio consumado com relação a Bruno e lesão corporal culposa com relação
a César, em concurso formal próprio.
• b) homicídio consumado com relação a Bruno e lesão corporal dolosa com relação
a César, em concurso formal próprio.
• c) homicídio doloso consumado com relação a Bruno e homicídio doloso tentado
com relação a César, em concurso formal próprio.
• d) homicídio doloso consumado com relação a Bruno e lesão corporal culposa com
relação a César, em concurso formal impróprio.
• e) homicídio doloso consumado com relação a Bruno e homicídio doloso tentado
com relação a César, em concurso formal impróprio.
ERRO ACIDENTAL
• NUCCI: “diz a lei, expressamente, que o desvio no ataque pode ocorrer por acidente
ou por erro, bastando, para responsabilizar o agente, a existência de nexo
causal. Cuida-se, pois, de outra hipótese de responsabilidade penal objetiva
constante no Código Penal (a outra se refere à embriaguez voluntária ou culposa,
art. 28, II, CP)”.
• DAMÁSIO: “é possível que o sujeito não tenha agido dolosa ou culposamente (casus)
em relação à morte (ou lesão) do terceiro. Neste caso, o resultado produzido na
vítima efetiva não pode ser imputado ao agente. Responde por homicídio ou
tentativa de homicídio em relação à vítima virtual. Solução diversa levaria à
responsabilidade penal objetiva”.
ERRO ACIDENTAL
• EM CONCURSO:
• CORRETO?
ERRO ACIDENTAL
• a) O agente quer atingir uma coisa e atinge uma pessoa. Responde pelo resultado
produzido a título de culpa (homicídio ou lesão corporal culposos).
• b) O agente pretende atingir uma pessoa e atinge uma coisa. Não responde por crime de
dano culposo, uma vez que o Código não prevê a modalidade culposa. Pode responder por
tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal, conforme o elemento subjetivo.
• c) O agente quer atingir uma pessoa, vindo a atingir esta e uma coisa. Responde pelo
resultado produzido na pessoa, não havendo crime de dano (não há dano culposo).
• d) O agente quer atingir uma coisa, vindo a ofender esta e uma pessoa. Responde por dois
crimes: dano (art. 163) e homicídio ou lesão corporal culposa em concurso formal (concurso
entre crime doloso e culposo). Aplica-se a pena do crime mais grave com o acréscimo de
um sexto até metade.
ERRO ACIDENTAL
• REFERÊNCIAS
• BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Vol. 1 - Parte Geral, 23ª edição,
Editora Saraiva, 2017.
• CAPEZ, Fernando. Código penal comentado, 6ª edição.. Saraiva, 4/2015.
• JESUS, Damásio de. Direito penal, volume 1: parte geral, 35ª edição. Saraiva, 12/2013.
• DELMANTO, Celso, DELMANTO, Roberto, D. JUNIOR, Roberto D. Código Penal
Comentado, 1ª edição. Saraiva, 1/2016.
• GRECO, Rogério, Curso de Direito Penal. Editora(s) Impetus.
• MAGALHÃES NORONHA, Edgard. Direito Penal, Saraiva, 1999.
• MIRABETE, Julio. FABBRINI, Renato. Manual de Direito Penal, Atlas, 2014.
• NUCCI, Guilherme Souza. Manual de Direito Penal. Forense, 11/2016.
• REALE JÚNIOR, Miguel, Cord. Código Penal Comentado, Saraiva, 2017.
• SANCHES, Rogério Cunha. Manual de Direito Penal – Parte Geral, JusPodivm, 2017.
• ZAFFARONI, Eugenio Raúl, PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal
Brasileiro – Parte Geral, RT, 2004.