Figurino

Este trabalho aponta o uso de signos para facilitar a compreensão de universos fictícios. Utilizando elementos históricos e culturais como forma de inserir o espectador no mundo fantástico. O objetivo é apontar essas referencias e sua relevância para a construção do personagem. Foi escolhido para exemplificar esse método a analise critica e comparativa de figurinos cinematográficos, através de analise bibliográfica e de filmes. Trata-se de um estudo de caso, que analisa os figurinos da personagem Padmé Amidala, da nova trilogia Star Wars.

Apesar da compreensão da figura do autor no cinema cada vez mais gerar críticas e debates nos últimos tempos, este é um conceito que se adequa confortavelmente ao cineasta texano Wes Anderson, ao se analisar a perspectiva de sua obra que não se limita a filmes, mas curtas spin-offs, animações, comerciais e fashion films. A obra de Anderson se destaca por meio de produtos com uma identidade muito particular, com atributos que se repetem e permitem identificar um estilo que se desdobra pela direção, pela fotografia, pelo som, pela direção de arte e, especialmente, pela forma como estrutura a história e desenvolve seus personagens. Nesse sentido, pensar a obra de Anderson é instigante pela diversidade de elementos que a compõem, que não se trata apenas de perceber como se deu um filme específico, mas quais as escolhas que permitem caracterizar seus produtos audiovisuais, definindo-os dentro de uma singularidade própria.

A presente pesquisa deteve-se na análise da produção de sentido da minissérie Capitu (Globo, 2008) tendo como base o uso da cor e do figurino na caracterização das personagens Bento, Capitu e Escobar. Norteia este trabalho, a concepção de que tanto o uso da cor quanto do figurino mostram-se como elementos fundamentais seja para a estruturação da narrativa, seja para a construção do discurso visual. Por meio do estudo desses elementos procurou-se explorar a construção da narrativa televisual considerando a indissociável relação entre forma e conteúdo (BAKHTIN, 2010) com o objetivo de compreender a construção visual das três personagens acima citadas. Também foi objeto de análise as possíveis correlações entre os figurinos da minissérie e a moda do período em que se ambienta o romance de Machado de Assis, ou seja, meados do século XIX. O trabalho de fundamentação teórica e metodológica embasou-se nos estudos de linguagem de Bakhtin (2002, 2008, 2010) e Bakhtin/Volochinov (2009), de linguagem audiovisual de Aumont (1993), Aumont e Marie (2003) e Brown (2012). Pallottini (2012), Mungioli (2013) fornecem elementos para a contextualização e discussão das minisséries brasileiras. Além disso, abordamos o estudo da teoria das cores com Guimarães (2000), Pedrosa (2010), Bastos, Farina e Perez (2011) e o alicerce de vestuário e figurino com Köhler (2009), Chataignier (2010), Lipovetsky (2009) e Leite e Guerra (2002). Devido à essencial correlação entre forma e conteúdo que orientou a pesquisa e análise, a metodologia aplicada foi desenhada por meio do estudo da linguagem verbo-visual, destacando em sua composição a visualidade das roupas e cores na construção de sentidos. As características das imagens envolvidas nessa pesquisa não podiam ser abordadas pensando no limite da mesma, pois seu experimentalismo tanto na linguagem audiovisual como na construção narrativa da obra, não caberia em padrões fechados de observação e análise. Assim, o estudo buscou explorar a minissérie sem restringi-la a uma análise puramente técnica, realizando um constante diálogo com o sentido produzido pelo trabalho de produção da obra audiovisual. A análise realizada permitiu considerar a cor como elemento diegético constituinte de uma poética televisual e da tessitura composicional das personagens analisadas. Ao longo da minissérie, há alterações importantes na composição visual, as nuances da caracterização dos protagonistas surgem não apenas com uma função plástica visual, mas também com uma função narrativa.

RESUMO: A presente dissertação aborda o trabalho da direção de arte enfocando sua contribuição na construção do personagem cinematográfico. Tem como corpus as cenas de apresentação dos personagens Lígia, Kika e Wellington do filme Amarelo manga (Cláudio Assis, 2003, Brasil). Trata da participação da direção de arte no processo de transposição do personagem, escrito e descrito, e de seu universo para a imagem cinematográfica. Apresenta a direção de arte como responsável pela concepção da materialidade necessária para estabelecer a visualidade do personagem e de seu entorno. Assinala a importância de selecionar e relacionar estrategicamente as informações visuais contidas em seus elementos de trabalho a fim de proporcionar indícios que contribuirão para revelar vários aspectos do personagem.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação. Cinema. Direção de arte. Personagem cinematográfico. Imagem cinematográfica. Amarelo manga.

ABSTRACT: This dissertation discusses the work of art direction focusing on its contribution to the construction of the cinematographic character. It has as the corpus the presentation sequences of the characters Lígia, Kika and Wellington at the movie Mango yellow (Amarelo manga, Cláudio Assis, 2003, Brazil). It treats the participation of the art direction in the process of transposing the character - written and described – and its universe to the  cinematographic image. It presents the art direction as the responsible for the conception of materiality needed to establish the visuality of the character and its environments. It also points to the importance of select and strategically relate the visual information contained in its work elements to provide indicative evidence that will help to reveal various aspects of the character.

KEY-WORDS: Communication. Cinema. Art direction. Cinematographic character. Cinematographic image. Mango yellow.

O diretor de arte é um profissional relativamente recente nas equipes cinematográficas quando tomado em relação a outros profissionais como os diretores de fotografia, por exemplo. Disto resulta um menor reconhecimento de sua função no mercado de trabalho, uma frágil noção de suas competências pelos outros profissionais do meio muitas vezes, e um menor espaço destinado à formação deste profissional nas universidades. Em virtude destes problemas, fez-se necessária esta pesquisa que visa esclarecer quais as responsabilidades deste profissional tão próximo à direção. Tão próximo que surge a dúvida - quem estabelece a linguagem plástica de uma obra audiovisual, o diretor ou o diretor de arte? Sendo assim, a hipótese desta tese é provar que um bom diretor, um diretor pleno, concebe a sua obra já em imagens e, nestes casos, o diretor de arte tem o papel de executar tecnicamente ou propor soluções que correspondam às coordenadas do diretor. Para investigar esta questão, serão empreendidas análises de seis obras do diretor Luiz Fernando Carvalho: Lavoura Arcaica (2001), Os Maias (2001), Hoje é dia de Maria (2005), Capitu (2008), Afinal, o que querem as mulheres? (2010) e Meu pedacinho de chão (2014). O diretor e as obras foram escolhidos justamente por sua complexidade visual, consistindo em excelente material de pesquisa para desvendar este assunto.

Resumo: O artigo investiga a constituição do corpo imagem na dança contemporânea, tendo escolhido o trabalho do bailarino e coreógrafo brasileiro, Ismael Ivo, para abordar a questão. Também compara o efeito de alguns dos figurinos de Ivo com outros, da bailarina e coreógrafa americana moderna, Martha Graham, em obras em que parece haver um hibridismo de linguagens artísticas.

Palavras chave: Ismael Ivo; Corpo-imagem; Figurino.

Abstract: The article investigates the constitution of the body-image in contemporary dance, having chosen the work of the Brazilian dancer and choreographer, Ismael Ivo, to address the issue. It compares the effect of some of Ivo's costumes with others by modern American dancer and choreographer Martha Graham in works in which there seems to be a hybrid of artistic languages.

1. Teatro. 2. Cenografia - Produção. 3. Figurino - Produção. 4. Vestuário – Produção. 5. Figurinistas – Entrevistas. 6. Cenógrafos – Entrevistas. 7. Costureiros – Entrevistas. 8. Carnavalescos – Entrevistas. I. Viana, Fausto Roberto Poço, org. II. Moura, Carolina Bassi de, org.

O presente trabalho aborda a forma como as obras televisuais, cada vez mais imersas nas tecnologias de câmeras e de pós-produção, ainda encontram espaço para o trabalho autoral nos estúdios de produção. A partir disso, o trabalho visa desenvolver o estudo sobre os elementos cenográficos e a construção imagética nas telas, compreendendo como os aspectos técnicos se relacionam com a construção dos processos artísticos responsáveis pela linguagem visual das tramas.

Este trabalho objetiva analisar a produção de sentido na narrativa visual da minissérie Capitu (Globo, 2008) por meio do estudo do figurino da personagem Bento e Escobar. Busca-se analisar a caracterização das personagens ao longo da obra audiovisual, identificando a paleta de cores das vestimentas e as características do figurino apresentado no decorrer da trama. Autores como Newcomb (2010), Leite e Guerra (2002) auxiliam este estudo ao abordarem o vestuário como artifício de comunicação. Compreende-se a percepção das cores e seus efeitos fisiológicos e psicológicos quando inseridas no contexto audiovisual. Hirsch (2011), e Bastos, Farina e Perez (2011) amparam o estudo das sensações visuais e experiência cromática. A análise leva em consideração a missérie completa com a intenção de observar a construção da narrativa e seus sentidos a partir da articulação das estratégias narrativas constituídas tanto pelo figurino e suas cores quanto pelo discurso verbal. O estudo dos discursos leva em consideração os trabalhos de Bakhtin sobre linguagem.

Eiko Ishioka traz para o filme "Drácula de Bram Stoker" , dirigido por Francis Ford Coppola, uma nova interpretação para o personagem Drácula com referências da indumentária de vários países e épocas, além de figuras animais. O objetivo desta pesquisa é reconhecer e analisar essas influências relacionando com as teorias de Jung para explicar o mito do vampiro e a evolução das personagens.

Eiko Ishioka brings to the film "Bram Stoker's Dracula", directed by Francis Ford Coppola, a new interpretation for the Dracula character, who wears a blend of influences from various countries, eras and animal figures. This research aims to recognize and analyze these influences relating to Carl Jung's theories to explain the vampire myth and the evolution of the characters.

Trabalho apresentado no 10º Colóquio de Moda em 2014: http://www.coloquiomoda.com.br/anais/anais/10-Coloquio-de-Moda_2014/POSTER/POSTER-EIXO7-FIGURINO/PO-EIXO-7-Artigo-Dracula-Eiko-Ishioka-e-Jung-Uma-Analise-de-Figurinos.pdf

RESUMO Neste artigo, buscamos refletir sobre a importância do figurino no cinema, ao analisar como ele é usado na construção dos personagens e da narrativa cinematográfica. Nesse sentido, nos deteremos no filme Psicose (1960), do cineasta britânico Alfred Hitchcock, e a partir da análise de seu vestuário, objetivamos aproximar os campos da moda e do cinema, para perceber como é possível estabelecer conexões estéticas entre eles. ABSTRACT In this article, we aim to reflect on the importance of costumes in the cinema, at the moment we analyze how it is used in the construction of the characters and the cinematographic narrative. In this sense, we focus on the film Psycho(1960) by the British filmmaker Alfred Hitchcock, and from the analysis of its clothing, we aim to approach the fields of fashion and film, to see how it is possible to establish aesthetic connections between them.

RESUMO O presente artigo se destina a descrever e analisar brevemente o trabalho criativo de uma artista brasileira intensamente autoral-Marilena Ansaldi (1934), mediante as transformações sofridas pela dança ao longo da história. É precursora da dança-teatro no Brasil, envolvendo em suas obras diferentes linguagens-dança, teatro, poesia, literatura, música. Embora sua carreira tenha se iniciado no balé clássico e nele tenha obtido grande sucesso, sentiu necessidade de expandir suas possibilidades expressivas como intérprete-criadora. Assim, em 1975, estreou o espetáculo solo Isso ou Aquilo, que inaugurou um novo gênero e foi muito bem recebido pela crítica. O solo inaugurou também o espaço fundado por iniciativa dela: o Teatro de Dança Galpão (1975-1981). Este espaço reuniu muitos artistas experimentais da dança que misturaram os limites da dança e do teatro. O interesse no trabalho de Ansaldi se deve à originalidade da natureza de suas obras e por ter concebido não somente a coreografia dos solos que performou, como também, muitas vezes, participado ativamente nas escolhas dos elementos da cena, como cenário/objetos cênicos, maquiagem e figurino (em muitos casos, cenográfico), nosso assunto de interesse. Palavras-chave: traje de cena; dança-teatro; intérprete-criador 1 Doutora e Mestre em Artes Cênicas pela ECA-USP. Professora do curso de Cenografia da UNIRIO. Diretora de arte, cenógrafa e figurinista. Interessa-se pela construção poética da imagem em cinema, televisão, teatro, performance, fotografia, literatura e artes em geral.

O presente estudo se propõe a analisar a construção da narrativa da minissérie Capitu (Globo, 2008) a partir do uso das cores nas vestimentas da personagem Capitu. Tendo como base o sistema cultural de signos de Baudrillard (2006), as discussões sobre estética empreendidas por Bakhtin e os apontamentos classificatórios das cores de Farina, Bastos e Perez (2011) é possível identificar as associações afetivas da personagem às diversas fases de sua vida retratadas na minissérie. As cores de seu figurino ganham tons mais escuros que se articulam esteticamente à complexificação de seu romance com Bento Santiago.

Embora muitos considerem desatualizada a contribuição de Barthes para a análise da significação do vestuário, acreditamos que situar sua perspectiva em relação ao contexto da linguística e operacionalizar algumas de suas propostas em análises concretas são formas de aproveitar os aspectos mais relevantes dos desenvolvimentos do teórico francês. Por meio da revisão dos trabalhos de diversos teóricos dos estudos da linguagem, o presente artigo objetiva articular a noção barthesiana de "sistema" com a semântica lexical de Pottier, de modo a, mediante a análise de alguns elementos do figurino do filme 2001: uma odisseia no espaço, propor um ferramental interpretativo que reconheça as particularidades do discurso fílmico, em detrimento da tendência largamente difundida que transpõe mecanicamente os modelos de análise de textos verbais para o cinema. Concluímos que do diálogo teórico entre Barthes e Pottier emerge uma perspectiva analítica que pode iluminar as relações estabelecidas entre sistema e sintagma.

Resumo: Análise feita a partir de uma coleção pessoal de óculos de várias épocas, formada a partir de diversos trabalhos de produção de figurino. Com base nesses objetos de segunda mão são discutidas questões sobre o seu uso, seu valor e a memória associada à eles.

Abstract: Analysis of a personal glasses collection of many different years, made after many costume production work. From these secondhand objects some issues are discussed about its use, its value and the memory associated with those objects.

Artigo apresentado no  12º Colóquio de Moda em 2016: http://www.coloquiomoda.com.br/anais/anais/12-Coloquio-de-Moda_2016/COMUNICACAO-ORAL/CO-07-Figurino/CO-07-Memoria-Valor-e-Cultura-Material-em-Figurinos-Uma-Analise-de-Colecao-de-Oculos.pdf

Esta pesquisa analisa o caráter fundamental dos recursos plásticos de figurino e cenário para o processo de construção do personagem no cinema. Verifica a importância de uma direção de arte mais livre ao fazer suas composições, ao optar por formas e cores que sejam mais coerentes com ideias e sensações do que com reproduções realistas. O estudo se faz a partir da obra cinematográfica de Federico Fellini, diretor despreocupado com concepções realistas e criador de um processo criativo muito próprio. Serão considerados especificamente os filmes La Strada (1954), Julieta dos Espíritos (1965) e Toby Dammit1 (1967), por serem emblemáticos desta construção plástica fortemente elaborada.

O presente artigo parte do livro Batuque, Samba e Macumba, que reúne as aquarelas pintadas por Cecília Meireles (de 1926 a 1934), para verificar a influência dos trajes de baiana-social e religioso-sobre o traje de baiana no carnaval. Nesse processo, ressalta o caráter performático dessa indumentária nas três instâncias, acrescida do gesto e do ritmo, destacados nos estudos visuais de Cecília.

Neste artigo, buscamos refletir sobre a importância do figurino no cinema, ao analisar como ele e usado na construcao dos personagens e da narrativa cinematografica. Nesse sentido, nos deteremos no filme Psicose (1960), do cineasta britânico Alfred Hitchcock, e a partir da analise de seu vestuario, objetivamos aproximar os campos da moda e do cinema, para perceber como e possivel estabelecer conexoes esteticas entre eles.

O cinema apresenta-se como objeto de estudo no qual concorrem múltiplos sistemas de significação dotado de uma pluricodicidade capaz de promover uma comunicação complexa, integrando elementos significantes de diversos sistemas de códigos. Desta forma, todos os elementos materiais da mise-en-scène cinematográfica constituem-se em signos destinados a emitir aos espectadores a informação pretendida pelo roteirista ou pelo diretor. O labor do figurinista assume relevante papel na Semiótica do Cinema, pois cabe a este profissional buscar as referências textuais para inseri-las em um conjunto de vestuário que permita a identificação e leitura imediata do público sobre as características de cada personagem. O presente artigo pretende uma análise dos figurinos do filme O Auto da Compadecida (ARRAES, 2000), cujo roteiro consiste em uma contaminatio de dois textos de Ariano Suassuna: O Auto da Compadecida e O Santo e a Porca. Devido a amplitude do objeto se faz necessário um recorte de personagens, em especial, o quarteto formado por João Grilo, Severino, Rosinha e Eurico por conter as especificidades das duas obras literárias. Assumindo a decupagem como ponto de partida do trabalho criativo do figurino, analiso ambos os textos dramáticos para buscar suas unidades, seu funcionamento e as intenções do dramaturgo, como reivindica Patrice Pavis (1996). Em seguida, realizo uma análise comparativa entre as referências literárias e os figurinos utilizados pelos personagens da película para observar como o figurinista trabalha os sentidos latentes nas obras segundo as intenções do diretor. Pretendo, portanto, avançar na interpretação dos sentidos e proceder a uma análise semiótica que não se limite aos elementos significantes, mas que avance na questão dos significados, conforme sustenta o semioticista do cinema Gianfranco Bettetini (1977).

Artigo redigido como exigência da disciplina
Vídeo Instrumental, ministrada pelo
professor Alexandre Alvarenga , durante o
período de 2018.2, no curso de Bacharelado
Interdisciplinar de Artes e Design da UFJF.
Em uma sexta-feira, lendo o livro “O que o sol faz com as flores” de Rupi Kaur
enquanto esperava o ônibus para seguir para a aula de Vídeo Instrumental, encontrei
o poema que daria origem à “Jà não era mais você”, um curta-metragem dramático e
inspirador realizado pelos alunos Fernanda Ferreira, João Marcello, Maria Clara
Brigatto e Maria Clara Zenderski. Segue abaixo a experiência vivida por mim,
Fernanda.

Este trabalho trata de refletir sobre a relação entre o corpo e o traje de cena do personagem Mulher do Passado em O Tempo e a Vida de Carlos & Carlos, de Emílio Di Biase (1987), tendo como objeto de estudo o relato da criadora-intérprete em dança Gaby Imparato sobre o vestido usado no espetáculo. Propomo-nos a pensar a dinâmica desta relação do ponto de vista da Teoria Corpomídia (GREINER & KATZ, 2005; 2010; 2015), que contribui na reavaliação da noção de corpo suporte alicerçada nas práticas e processos de criação e produção de trajes de cena, bem como nas produções acadêmicas do campo de estudo no Brasil. A teoria nos dá também ferramentas para discutir figurino e corpo imbricados numa relação de codefinição enquanto a cena acontece, nos convocando a repensar significações e recursos predeterminados investidos na produção do figurino. O relato da artista possibilitou verificarmos de que modo as intenções do figurinista e os estímulos oferecidos para o corpo que dança, predefinidos no design do traje, encontraram outros caminhos para o desenvolvimento das ações cênicas, mesmo que tal experiência tenha acontecido na semana precedente à estreia do espetáculo. A falta de um registro videográfico de qualidade não se apresentou como uma limitação, já que o foco do estudo é debruçar-se sobre a experiência narrada da artista em relação ao seu traje em cena. Neste aspecto, ressalta-se que a memória de Gaby Imparato a respeito do corpo em movimento foi ampliada, desde 1987, por suas experiências posteriores, portanto, seu fazer como artista, professora e pesquisadora em dança, nesse arco temporal, proporcionou descrever o evento passado com a densidade de sua especialização. Esclarecemos que a entrevista foi estruturada, com perguntas abertas e na forma textual, enviada em maio de 2020, para que a artista pudesse responder no tempo que lhe fosse necessário. O periódico acadêmico Studies in Costume & Performance e a conferência bienal Critical Costume vêm alavancando, desde 2015, pesquisas que abordam as relações processuais entre corpo e traje de cena em âmbito internacional. Já, no Brasil, os estudos teóricos que abordam tais questões podem ainda ser considerados embrionários. Desta forma, a presente reflexão crítica, que faz parte da pesquisa que vem sendo desenvolvida desde o mestrado, se faz necessária. Trazemos a Teoria Corpomídia na medida em que é uma epistemologia fecunda ao propiciar um diálogo inovador e original sobre corpo e suas diversas conexões, como no caso do figurino, além de desarticular as concepções de corpo entendido como um suporte do traje de cena. A proposição do corpo vestido como um lugar de produção de sentidos (BUGG, 2013-2015) contribui para este estudo na medida em que discute que a relação entre o corpo, o traje e o vestir configura-se como ação cênica. Assim, nos colocamos no campo de pesquisa do Costume Thinking (PANTOUVAKI, 2020), que propõe a constituição de um pensamento crítico por meio do traje de cena como uma forma de articular maneiras pelas quais o figurino se torna um recurso para análise, comunicação, experimentação, abordando a dimensão filosófica da existência humana e as maneiras pelas quais cria espaços e urgências de se pensar criticamente.

O objeto de estudo desta pesquisa é a escolha por um dos elementos de vestuário adotado por Elizabeth I, o rufo, e como este contribuiu para a instituição de uma estética feminina de poder, influenciando e perpetuando composições de figurinos até os tempos contemporâneos.
O caminho percorrido tem como ponto de partida um recorte do filme que deu origem à esta pesquisa “Elizabeth- A era do Ouro (2007)”, dirigido por Shekhar Kapur, onde é possível investigar os ritos de composição estética a que a rainha se dispôs a fim da construção de sua imagem madura de governante. A investigação geral abordará a História da Moda- surgimento e evolução do rufo até o auge no período Elizabethano; História da Arte- avaliando retratos Elizabethanos; Análise estética -percurso cronológico de imagens de figurinos contemporâneos fazendo uso da estrutura do rufo, bem como, permeia ainda, estudos referentes à história do teatro, composição de figurinos, sociologia da moda e história cultural, tendo no presente trabalho apenas uma avaliação inicial sobre o problema.

Resumo: O estudo se dedica a entender a contribuição dos figurinos de Rita Lee em suas performances musicais, ao vivo ou gravadas, para a constituição de sua imagem artística e de sua obra. Analisa a operação cênica estabelecida reconhecendo a autoria de Rita Lee nesses processos construtivos, concebendo tais figurinos e usando-os em cena. Utiliza conceitos de Pavis, Ferál, Fernandes e Barreto.

O objetivo desta comunicação é pensar a formação dos figurinistas no Brasil com foco especialmente naqueles profissionais que trabalham com cinema. Para tanto, investiga-se as disciplinas de figurino vinculadas aos cursos universitários, pós-graduações, de extensão e livres, em território nacional em 2018 e 2019. O principal problema evidencia-se na constatação de que há algumas concepções equivocadas de corpo que norteiam a formação dos figurinistas e as respectivas disciplinas. São elas o corpo-suporte e o traje de cena-instrumento que ainda vigoram no campo de trabalho. A base metodológica se apoia no mapeamento, seleção, agrupamento, investigação e comparação dos cursos e ementas, a partir da discussão das noções de corpo vinculadas a elas. A análise das disciplinas nas instituições acadêmicas limita-se às ementas pela impossibilidade de acesso à totalidade dos programas/planos de curso desenvolvidos em cada uma-o que certamente traria mais consistência à pesquisa-e, ainda, não leva em conta a desatualização curricular que algumas instituições apresentam na divulgação de seus cursos e/ou PPCs. O referencial teórico considerará o conceito de corpomídia desenvolvido por Greiner e Katz (2005; 2010; 2016) e as relações entre moda e subjetividade investigadas por Mesquita (2004). A hipótese é que a partir da concepção de corpomídia é possível complexificar os processos de criação dos figurinistas de cinema, por meio da possível constituição de procedimentos metodológicos com aptidão para ativar outras relações entre realidades e ficções, imagens e movimentos, percepções e ações. O interesse nesta investigação se dá pela escassez de reflexões na área do traje de cena cinematográfico que considere o corpomídia uma noção alternativa para os entendimentos de corpo nos processos criativos e produtivos do campo de atuação.

O diretor de arte é um profissional relativamente recente nas equipes cinematográficas quando tomado em relação a outros profissionais como os diretores de fotografia, por exemplo. Disto resulta um menor reconhecimento de sua função no mercado de trabalho, uma frágil noção de suas competências pelos outros profissionais do meio muitas vezes, e um menor espaço destinado à formação deste profissional nas universidades. Em virtude destes problemas, fez-se necessária esta pesquisa que visa esclarecer quais as responsabilidades deste profissional tão próximo à direção. Tão próximo que surge a dúvida - quem estabelece a linguagem plástica de uma obra audiovisual, o diretor ou o diretor de arte? Sendo assim, a hipótese desta tese é provar que um bom diretor, um diretor pleno, concebe a sua obra já em imagens e, nestes casos, o diretor de arte tem o papel de executar tecnicamente ou propor soluções que correspondam às coordenadas do diretor. Para investigar esta questão, serão empreendidas análises de seis obras do diretor Luiz Fernando Carvalho: Lavoura Arcaica (2001), Os Maias (2001), Hoje é dia de Maria (2005), Capitu (2008), Afinal, o que querem as mulheres? (2010) e Meu pedacinho de chão (2014). O diretor e as obras foram escolhidos justamente por sua complexidade visual, consistindo em excelente material de pesquisa para desvendar este assunto.

Este artigo tem como objetivo identificar quais sentidos sao produzidos, negociados e tensionados na performance pop da cantora Michelle Melo, mais especificamente na construcao de sua imagem por meio do corpo e do figurino. Conhecida no cenario brega-pop dos suburbios recifenses, Michelle agencia multiplas referencias na construcao de uma imagem publica de forca e sensualidade para seu publico consumidor, tornando-se personagem emblematica a ilustrar dilemas proprios as condicoes de vida e aos anseios de sua camada social.

This communication aims at mapping a costume designer´s education in Brazil, focusing especially on film professionals, to lead a reflection on notions of body. The main problem comes from the evidence that there are mistaken body conceptions which guide this education. The ideas of body as support versus costume as instrument still exists in this area, which opens our path to consider the Corpusmedia Theory as a relevant epistemology.
key-words: stage costume; corpusmedia; costume designer-education

O objetivo desta comunicação é mapear a formação dos figurinistas no Brasil, com foco especialmente nos profissionais do cinema, para conduzirmos uma reflexão acerca de noções de corpo. O principal problema evidencia-se na constatação de que há concepções equivocadas de corpo que norteiam esta formação. As ideias de corpo-suporte x traje-instrumento ainda vigoram nesse campo de trabalho, o que abre caminho para pensarmos a Teoria Corpomídia como uma epistemologia relevante.
Palavras-chave: Traje de cena. Formação-figurinista. Corpomídia.