Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
NÚMERO 15 OUTUBRO 2020 A Revista Movimento é um periódico científico semestral, organizado pelos alunos do Programa de Pósgraduação em Meios e Processos Audiovisuais da ECA/USP. Universidade de São Paulo Reitor Vahan Agopyan Vice-Reitor Antonio Carlos Hernandes ___ Qualis: B4 (Comunicação e Informação) Escola de Comunicações e Artes Diretor Prof. Dr. Eduardo Henrique Soares Monteiro Vice-Diretora Profa. Dra. Brasiliana Passarelli ___ ISSN: 2238-8699 ___ Imagem de capa e vinhetas Unsplash Edição da imagem de capa Erika Amaral Projeto editorial Erika Amaral e Raissa Araújo Diagramação Erika Amaral Revisão Eleonora Loner Coutinho Giancarlo Gozzi Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. A reprodução total ou parcial dos mesmos é autorizada, mediante apresentação de créditos. ___ REVISTA MOVIMENTO Escola de Comunicações e Artes ECA/USP Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 - Prédio 4 Cidade Universitária - Butantã CEP 05508-020 São Paulo - SP - Brasil movimento@usp.br sites.google.com/site/revimovi facebook.com/revimovi Pareceristas adhoc Anderson Moreira Diego Paleólogo Assunção Elena Altheman Felipe Ferro Rodrigues Gabriela Orestes Luana Cabral Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais Coordenadora Esther Imperio Hamburger Vice-Coordenadora Irene de Araújo Machado Conselho Editorial Driciele Souza Eduardo Chatagnier Perez Eleonora Loner Coutinho Erika Amaral Giancarlo Gozzi Haroldo Ferreira Lima Lygia Pereira Lívia Perez Marcella Grecco Conselho Científico Prof. Dr. Almir Antonio Rosa Prof. Dr. Cristian Borges Prof. Dr. Eduardo Morettin Prof. Dr. Eduardo Vicente Prof. Dr. Henri Gervaiseau Prof. Dr. Marilia Franco Profa. Dra. Patrícia Moran Profa. Dra. Rosana Soares Prof. Dr. Rubens Machado Junior Serialidades audiovisuais Ao longo dos últimos séculos, a forma Não foi diferente com a televisão, lócus das seriada se fez cada vez mais presente na cultura discussões atuais sobre serialidade. Mesmo com a ocidental, desde sua primeira bem-sucedida apli- importante presença de programas de variedades cação nas narrativas ficcionais de rodapé de jornal. e de vaudeville no dial televisivo, as séries (tanto Os folhetins de jornal vão inaugurar no início do sé- no campo da comédia, com as sitcoms, quanto no culo XIX uma estrutura narrativa em série que será campo do drama, com as soap operas e telenovelas então aplicada a cada nova mídia que surgir, indo latino-americanas) terão presença central no de- da palavra impressa ao streaming digital. A relação senvolvimento e popularização do meio televisivo. entre serialidade, indústria cultural e consumo E, no atual momento de grande discussão sobre as comercial é simbiótica: cada vez que uma mídia mudanças na televisão e o crescimento das plata- entrou em circulação, utilizou-se de formas nar- formas de streaming online, são seriados que ocu- rativas seriadas para popularizá-la e torná-la co- pam o lugar central de objeto de análise. mercialmente viável. O próprio folhetim teve uma Os sete textos que compõem a atual edi- enorme importância para a consagração da leitura ção irão de diferentes formas abordar essa multifa- de jornal como um ato diário e constante na vida cetada questão. Em “Universos cinematográficos e dos cidadãos dos Estados-Nação nascentes. Com a reformulação das franquias audiovisuais: como o advento do cinema, são séries fílmicas que irão a serialidade fílmica contemporânea revela uma atrair grandes públicos; com a criação do rádio co- nova experiência de cinema”, Antonio Davi Delfino mercial na primeira metade do século XX, são no- Ferreira e Marcelo Dídimo Souza Vieira discutem a velas faladas que irão popularizar o meio. atualização contemporânea da serialidade fílmica, REVISTA MOVIMENTO | outubro 2020 a partir da dominação cada vez maior de séries fíl- indústria do entretenimento e as pautas identitá- micas que exploram universos ficcionais expandi- rias que trazem em suas narrativas. Seu objetivo dos e transmidiáticos, sugerindo novas formas de é justamente tentar compreender a proliferação pensar e experienciar o cinema enquanto meio e cada vez maior de narrativas do eu, produzidas dispositivo. e consumidas em escalas sem precedentes, e no Em consonância com a aposta pelas plata- qual discussões sobre questões de raça, gênero e formas de streaming em uma intensa produção de sexualidade ganham maior espaço nos debates pú- séries próprias, Luiz Felipe Baute discute em “In- blicos e nas mídias, impulsionadas principalmente terfaces seriadas: um estudo sobre a produção, or- pela internet e as redes sociais. ganização e distribuição de séries em plataformas Os três artigos subsequentes irão por sua de streaming” as estratégias das plataformas para vez se debruçar mais detalhadamente em análises construírem e destacarem o seu próprio acervo. de títulos específicos, embora com conclusões não Seu objeto de estudo é especificamente a Netflix e menos abrangentes. Em “O Mistério Transmidiáti- a sua produção de séries, o papel de destaque de co de Gravity Falls”, Ingrid Schmidt discute a série formas seriadas na plataforma e o surgimento de animada Gravity Falls, criada por Alex Hirsch para o altgenres como um procedimento de classificação canal Disney Channel, que se estendeu para os mais pertinente aos estudos de gêneros cinematográfi- diversos meios e engajou seus fãs através de códi- cos e audiovisuais. gos a serem decifrados para que o mistério da série A distribuição transnacional das plata- fosse desvendado junto – ou até antes – dos per- formas, disponibilizando simultaneamente suas sonagens. A partir da série, a autora discorre sobre produções ao redor do globo, leva a múltiplas e a popularização de narrativas transmídias, que se díspares recepções de um mesmo título, tema de utilizam de elementos diegéticos e extra-diegéticos “Distopia e ficção seriada: questões de qualidade para engajar seus fãs em discussões online. nas críticas de 3% - Três Por Cento”, de Heitor Leal Já em “Melodrama and the myth of roman- Machado. A partir da análise da recepção crítica da tic love: does Grey’s Anatomy succeed in portraying série brasileira 3% - Três Por Cento, em que as per- a love story from a feminist perspective?”, Virgínia cepções estrangeiras e brasileiras divergem sobre a Jangrossi analisa como que Grey’s Anatomy (Shonda qualidade de uma mesma produção audiovisual, o Rhimes, ABC, 2005- ) atualiza o modo melodramá- autor discorre sobre a noção de qualidade televisi- tico para uma trama que gira em torno de perso- va nas séries distópicas pela perspectiva da crítica. nagens femininas que, apesar de suas aspirações Em “Narrativas do Eu e Autoficção nas profissionais e independência, ainda procuram no Séries de TV: Panorama da Tendência Semiauto- relacionamento amoroso sua satisfação pessoal. A biográfica”, João Pedro Pinho irá apresentar um partir de paralelos entre a série, literatura, e filmes panorama das séries semiautobiográficas e suas destinados a mulheres, a autora examina se Grey’s respectivas temáticas, com maior atenção aplicada Anatomy apresenta ou não uma representação fe- a alguns objetos e seus criadores, suas jornadas na minista de histórias de amor. REVISTA MOVIMENTO | outubro 2020 Por fim, em “Irmão do Jorel e a ignorância sões maiores sobre raça, gênero e sexualidade. A sobre a Ditadura Militar nas mídias”, Stephanie produção audiovisual seriada é um fenômeno que Watanabe discute a série animada infantil brasi- não se esgota em análises simples e diretas, e sua leira Irmão do Jorel (Cartoon Network, 2014-2019), crescente permanência apenas atesta uma neces- e como que seu conteúdo referencia o momento sidade cada vez maior de discuti-la, tanto critica- histórico da ditadura militar brasileira e as recentes mente quanto perscrutando suas possíveis poten- marcas que esta deixou nos personagens. Por meio cialidades. da observação das três primeiras temporadas e do comportamento online dos fãs, Watanabe busca compreender como esta temática se apresenta na Uma ótima leitura e até a próxima edição! série infantil e de que maneira a recepção interage Giancarlo Casellato Gozzi* com esta discussão política. Membro do Conselho Editorial da Revista MoviApresentamos portanto nessa edição uma mento visão ampla e diversa do fenômeno das narrativas seriadas contemporâneas, apresentando análises Outubro de 2020 sobre a atualização das séries fílmicas, o advento das plataformas de streaming e as mudanças que promovem na produção, distribuição e recepção de obras seriadas, e análises sobre títulos específicos e seus desdobramentos. O conjunto dos artigos publicados demonstra justamente a atualidade e persistência de um modelo de produção em série, em consonância com as expectativas de produção lucrativa por parte da indústria cultural, mas que também abre espaço para discussões mais amplas sobre a sociedade contemporânea. Se a indústria cinematográfica vê na produção de séries fílmicas um modelo de negócio extremamente lucrativo, *Mestre em Ciências pela Escola de Comunicações como apresentado por exemplo por Delfino Fer- e Artes da Universidade de São Paulo, é doutoran- reira e Souza Vieira, é também pela produção de do pela mesma instituição. Pesquisa séries televisi- séries televisivas semi-autobiográficas que João vas contemporâneas e a interseção nelas do modo Pedro Pinho irá perceber um espaço para discus- melodramático e representação histórica. REVISTA MOVIMENTO | outubro 2020 DOSSIÊ SUMÁRIO 7 Interfaces seriadas: um estudo sobre a produção, organização e distribuição de séries em plataformas de streaming | Luiz Felipe Baute 15 27 Universos cinematográficos e a reformulação das franquias audiovisuais: como a serialidade fílmica contemporânea revela uma nova experiência de cinema | Antonio Davi Delfino Ferreira e Marcelo Dídimo Souza Vieira 50 Melodrama and the myth of romantic love: does Grey’s Anatomy succeed in portraying a love story from a feminist perspective? | Virgínia Jangrossi 73 Distopia e ficção seriada: questões de qualidade nas críticas de 3% - Três Por Cento | Heitor Leal Machado 97 Narrativas do Eu e Autoficção nas Séries de TV: Panorama da Tendência Semi-Autobiográfica | João Pedro Pinho 124 Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias | Stephanie Watanabe 147 O Mistério Transmidiático de Gravity Falls | Ingrid Schmidt DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 124 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias ̧ Stephanie Watanabe ̂ ̧ ̂ ̧ 125 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 126 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 127 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 128 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 129 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 130 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 131 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 132 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 133 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 134 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 135 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 136 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 137 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 138 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 139 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe ̂ ̧ ̧ ̧ ̂ ̂ 140 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 141 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 142 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 143 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 144 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 145 DOSSIÊ Irmão do Jorel e a ignorância sobre a Ditadura Militar nas mídias Stephanie Watanabe 146