Ensaios

A partir de observações sobre aspectos formais, temáticos e filosóficos característicos da poética de Velimír Khlébnikov, e da inserção de sua criação no contexto das vanguardas russas do início do século XX, este artigo tem como objetivo apresentar e abordar exemplos de sua produção em prosa, texto dramático e ensaio. Khlébnikov é bastante conhecido no Ocidente por sua produção lírica e seu trabalho com outros gêneros ainda é pouco estudado e traduzido em língua portuguesa.
(continua na p. 1)

O que intentamos, ao incluir um capítulo sobre o ensaio neste Manual (pp.13 a 16), é uma coisa aparentemente impossível: estabelecer uma série de regras para sua produção, ainda que saibamos que seu principal teorizador tenha escrito que "O ensaio não admite que seu âmbito de competência lhe seja prescrito" (ADORNO, 2003, p.16). Neste breve ensaio, portanto, que pode servir de exemplo às regras adotadas, pretendo defender o intuito paradoxal de se estatuir uma normalização que deverá ser levada em consideração no momento da confecção de um ensaio acadêmico, para sua posterior avaliação por um leitor competente. Assim, mesmo reconhecendo que o ensaio é um tipo de texto que desfruta de grande liberdade formal, defendo que ele tem de obedecer a certas regras preexistentes, nem que fossem somente as da gramática da língua. Como diz o próprio Adorno, "o ensaio procede, por assim dizer, metodicamente sem método" (p.30). Mesmo José Saramago, quando afirma que escreve "ensaios com personagens", tem de proceder dentro de certas regras-nem que sejam as da ficção, como a verossimilhança-para, através delas, poder efetuar uma "reflexão lenta e ponderada" sobre o ser humano, aproximando-se portanto da concepção de Lukács (criticada, no entanto por Adorno), para quem o ensaio está vinculado à arte, o que radicaliza a definição do ensaio como "pensar alegoricamente por imagens" (SANSEVERINO, p.103). Além disso, mesmo havendo regras, o ensaio não perde a sua liberdade, já que funcionam como as regras de um jogo, tornando-se uma espécie de experiência controlada. Do mesmo modo como acontece nos ensaios musicais e teatrais, apesar de a atmosfera nessas ocasiões ser de muita concentração e seriedade, para que tudo dê certo no dia da apresentação de estréia, o clima reinante é também de muita descontração e brincadeiras, e mesmo de despretensiosa festa entre amigos. Tendo regras, portanto, podemos segui-las e, ao mesmo tempo, dentro delas, brincar à vontade e também nos divertir expondo nossa subjetividade e alegria. O ensaio não difere muito de um jogo infantil, amarelinha ou carteado: as regras estão aí não como camisa-de-força, mas como garantia de que todos poderão participar. O ensaio se insurge, então, contra "a consciência científica [que] sempre foi comprometida com o princípio de realidade e, como este, inimiga de qualquer felicidade" (ADORNO, 2003, p.41). Além disso, o fato de ser "experimental" permite ao ensaio abrir-se ludicamente ao perigo da aventura. No ensaio, as elocubrações da sofística e da retórica, como "a associação livre, a ambigüidade das palavras e a omissão da síntese lógica" mesclam-se "ao teor de verdade", o que equivale a dizer que a verdade continua sendo buscada, embora o caminho para encontrá-la passe por outras estações que não as tradicionais da ciência. Num ensaio, avalia-se a seriedade da busca pela verdade, sabendo-se, no entanto, que ela é construída ao caminhar, e não que preexiste à investigação. A verdade deve ser inventada, e não descoberta. Portanto, o que se avalia não é a adequação do discurso ao objeto estudado, mas o percurso que se fez para construir esse objeto, percurso esse balizado por regras. No entanto, é possível que alguém afirme a inviabilidade de se avaliar a subjetividade inerente ao ensaio, ao que podemos responder que, de qualquer modo, é impossível eliminar o sujeito que escreve, como gostariam os positivistas (ADORNO, 2003, pp.18s.). Num ensaio, "o pensador, na verdade, nem sequer pensa, mas sim faz de si mesmo o placo da experiência intelectual, sem desemaranhá-la" (ADORNO, 2003, p.30), o que fica mais claro quando lembramos o modo como fez Roland Barthes logo no início de O prazer do texto. Ao tentar estabelecer com mais rigor a distinção entre o texto de prazer e o texto de fruição, ele revela: Prazer / fruição: terminologicamente isto ainda vacila, tropeço, confundo-me. De toda maneira, haverá sempre uma margem de indecisão; a distinção não será origem de classificações seguras, o paradigma rangerá, o sentido será precário, revogável, reversível, o discurso será incompleto. (BARTHES, 1996, p.8) O que deve ser avaliado, portanto, em um ensaio, é esse arriscar-se ao perigo do desconhecido que o ensaísta tem de enfrentar, arriscar-se ao perigo que é o movimento propriamente derivado da experiência (ex-periri). Afinal, o caráter aberto do ensaio não é vago como o do ânimo e do sentimento, mas é delimitado por seu conteúdo. Uma outra possível objeção à possibilidade de normalização do ensaio talvez fosse a sua natureza incompleta, fragmentária, que não pretende nunca esgotar o assunto. Aliás, "o ensaio não apenas negligencia a certeza indubitável, como também renuncia ao ideal dessa certeza" (ADORNO, 2003, p.30). Todavia, mesmo que o ensaio se insurja contra a idéia de totalidade e de sistema, suas regras não são cartesianas; pelo contrário, o ensaio "deveria ser interpretado, em seu conjunto, como um protesto contra as quatro regras estabelecidas pelo Discurso do método de Descartes, no início da moderna ciência ocidental" (ADORNO, p.31). Portanto, o que é avaliado no ensaio é exatamente "sua própria relativização: ele precisa se estruturar como se pudesse, a qualquer momento, ser interrompido", já que o ensaio "pensa em fragmentos, uma vez que a própria realidade é fragmentada" (ADORNO, 2003, p.35). A conclusão do ensaio é sempre provisória por definição, mas posso aqui perceber que a sua normalização não somente é possível como também necessária, já que o conjunto de regras disposto neste Manual precisa ser claro, até mesmo para que o ensaísta sinta-se à vontade de nem sempre respeitá-lo.

Recentemente foram publicadas as obras poéticas ditas reunidas ou totais de Arturo Carrera
(Vigilámbulo, 2014) e Paulo Leminski (Poesia toda, 2013). Desse corpus, porém, foram excluídos os numerosos
textos críticos que ambos escreveram e até aqueles que constavam nas primeiras edições enquanto prólogos
e epílogos. Produz-se ali uma questão sobre a consideração desse outro corpus reflexivo no espaço da
obra poética. No presente artigo pretendo me deter em alguns conceitos que aparecem naqueles textos
críticos: movimento-ritmo, inutensílio e provincianismo, para poder ler a produção poética de Carrera e
Leminski dentro da constelação que formam esses três indicadores.

Tornou-se trivial nos estudos sobre os Ensaios de Montaigne a percepção de que o autor teria se espelhado nos antigos – Cícero, Plutarco e Sêneca, por exemplo – na construção de sua prosa, o que é reforçado pela abundância de citações e referências tomadas desses e de outros autores antigos. Partindo do exame de algumas características do sistema pedagógico do Humanismo discutidas por Moss (1989), Boutcher (1996), Davies (1996) e Bloom (2005), por exemplo, e tomando Sêneca – principalmente suas Cartas a Lucílio – como influência mais importante na escrita de Montaigne, pretendemos mostrar que esse mosaico de excertos constitui-se, por um lado, método consistente e consciente de produção dos Ensaios e, por outro, estratégia para a imitação desses autores da Antiguidade Clássica. Além disso, investigamos como essa imitação serviu ao autor para a construção de seu próprio eu presente nessa obra.

A number of my friends has recently been given unexpected love declarations.

From people that they could not rely upon for such a task, long time ago.

We cannot but see, through the mores of outspoken love, the mirror of expectations, in sediments.

Across this grungy bush, we dared not, but someone took the initiative to another stage.

https://medium.com/@CarlosFredericoPdSG/the-blue-escort-902741b97719

https://www.wattpad.com/myworks/130507322/write/502114778

As obras podem ser escritas sem influência da vida e do meio externo em torno de cada autor, mas muitos afirmam o contrário. É o caso do crítico literário Antônio Cândido, (1985, p. 34) o qual afirma que para realizar a análise de alguns poemas, é importante possuir o conhecimento da biografia do autor. Neste âmbito, Cândido irá se referir à poesia lírica de Tomás Antônio Gonzaga, na obra Marília de Dirceu. Certamente, pensar o sujeito artista seria também remeter à biografia dele. Entretanto, também é possível indicar prováveis divergências entre a vida e a obra de tal indivíduo, seja este um artista literário, visual, cênico, músico, entre outros. As análises e a deduções irão depender da obra, por isso, nem todas estas trarão uma relação visível entre vida pessoal e produção. O maior risco é cair nas armadilhas do automatismo e, então, determinar a produção artística enquanto entende-se o seu fazer a partir da história de vida do autor, do seu percurso biográfico

Este artigo discute “Street Life”, “Days in the Branch’ e “A Place of Pasts”, fragmentos do livro de memórias inacabado que Joseph Mitchell, repórter da revista The New Yorker, começou a produzir durante seu famoso período de silêncio entre 1964 e 1996. Dentro do contexto maior da obra de Mitchell, os textos podem ser compreendidos como uma quarta fase de sua produção, formada gradualmente entre a segunda metade dos anos 1940 e o início dos anos 1960, e constituem um gênero jornalístico singular, aqui denominado ensaio-memorial.

Na presente tese apresentamos uma interpretação filosófica dos "Ensaios" de Michel de Montaigne, defendendo a presença de uma nova maneira de fazer filosofia na obra, a qual podemos denominar de “filosofia do ensaio”. A nossa tese se coloca como uma possibilidade conciliatória entre duas importantes interpretações: uma que vê em Montaigne uma filosofia de cariz cético, elegendo dentro da obra um capítulo como principal, a Apologia de Raymond Sebond (II, 12); e outra, de viés literário, que enxerga, de modo exclusivo, o termo “ensaio” como rótulo de uma forma literária. A nossa interpretação sugere uma outra leitura dos Ensaios, atentando para a construção montaigneana de um conceito que se tornará o ponto nodal da sua filosofia, vindo a denominar o seu próprio método ou procedimento, o conceito de “ensaio”. Será a partir da investigação deste conceito e da articulação que ele opera dentro da obra, que buscaremos esclarecer por que ele não é apenas uma forma literária, bem como, de que maneira, ele torna possível a elaboração de uma nova forma de fazer filosofia, a qual excede os contornos negativos do ceticismo pirrônico, dando azo a um novo método filosófico de investigação, formação e criação: o ensaio.

Tomando como ponto de partida a relação entre o tratamento da memória em Blade Runner 2049 e a dupla matriz do realismo na literatura ocidental proposta por Eric Auerbach no primeiro capítulo de seu livro Mimesis, este ensaio busca analisar o sentido político do filme para além dos termos ditados pela lógica da representação. Para tanto, é abordada tanto a relação entre memória e subjetividade que o filme elabora, como também a propriedade de tratá-lo como uma obra de arte, e não como um mero produto cultural. O argumento é desenvolvido com especial atenção para a relação do protagonista K com a paisagem fílmica que o cerca, e também com dispositivos narrativos voltados ou bem para a sustentação de sua identidade, ou então para sua desintegração. Abstract This essay takes as its starting point the relationship between the treatment of memory in Blade Runner 2049 and what Eric Auerbach famously proposed as the double origin of realism in Western literature, in the first chapter of his book Mimesis, in order to address the political meaning of the film in terms that exceed the logic of representation. It discusses the articulation between memory and subjectivity that film elaborates as well as the very possibility of treating the film as an artwork, and not merely as a cultural commodity. The argument also draws on the relationship between the protagonist K and both the filmic landscape that surrounds him and narrative devices that either sustain or erode the stability of his identity.

Ungrounded ground, the chair standing by a person that may arrive.

For those in any capacity, inadequate. Repulsive, for some.

https://medium.com/@CarlosFredericoPdSG/anchors-to-anxiety-33ed50bb08f
https://www.wattpad.com/495846206-anchors-to-anxiety

Este artigo tem como objetivo levantar algumas hipóteses sobre um possível diálogo entre as
concepções de escrita ensaística do modernista brasileiro, Mário de Andrade, e os
comentários concernentes à forma do iniciador do gênero ensaístico, Montaigne. Apesar da
distância entre o universo dos dois escritores, há semelhanças na concepção do gênero ensaio,
que se relacionam à ideia de que a escrita ensaística partiria da intuição e, por isso, incluiria,
além de especulações críticas, um desdobramento do eu. Assim, tanto no autor de Ensaios,
como no de Macunaíma, a escrita ensaística, além das múltiplas hipóteses levantadas no interior de
cada texto, reflete as concepções morais próprias às concepções particulares e às máscaras
assumidas pelo escritor em cada contexto.

Trata-se de discutir o sentido filosófico da presença das citações nos Ensaios de Montaigne. Montaigne faz críticas à multiplicidade de comentários dos autores antigos, mas preenche seus ensaios com uma diversidade de citações destes mesmos autores. Jean Starobinski interpreta a presença destas citações como pautada pela ideia de independência. Tomando outra direção, procuramos mostrar como elas se vinculam a uma valorização do julgamento e da experiência.

O ensaio tematiza o escritor argentino Rodolfo Walsh, assassinado pela ditadura em 1977. O percurso narrativo-reflexivo se estrutura em uma visita à Escola de Engenharia Mecânica da Marinha (Esma), em Buenos Aires, serviu de maior campo de detenção ilegal e de tortura durante a última ditadura militar (1976-1983) argentina, para onde o corpo de Walsh foi levado após o assassinato. Hoje em dia, abriga o Espacio para la Memoria y la Promoción y defensa de los Derechos Humanos, o qual se pode visitar. Estamos diante de um autêntico local traumático, conforme a definição de Aleida Assmann em Espaços da recordação – Formas e transformações da memória cultural: “O local traumático preserva a virulência de um acontecimento que permanece, como um passado que não se esvai, que não logra guardar distância”. Segundo Assmann,  a expectativa é que esses locais promovam um aumento da intensidade da recordação por meio da contemplação sensorial. A partir disso, o ensaio se propõe a pensar uma forma literária de descrever e ressignificar o que aconteceu na Esma e na ditadura argentina.

O ensaio entrelaça a narração de uma visita ao primeiro campo de concentração instalado pelos nazistas e a obra A espécie humana, de Robert Antelme, escritor francês que era membro da Resistência e em junho de 1944 foi preso pela Gestapo e encarcerado em Dachau.

Indo além da tradição filosófica, Luc Ferry nos conta como lê o seu tempo, e como acontecimentos do passado deram o ensejo para a "terceira revolução industrial", chamada também de "transumanismo", tratada no seu livro "A Revolução transumanista" de 2018, prefaciado por com uma entrevista de Luc Ferry ao psicanalista brasileiro Jorge Forbes.

Este texto é uma defesa do uso do gênero ensaio em pesquisas acadêmicas de literatura e outras artes. Em primeiro lugar, faz-se uma exposição das condições de emergência desse tipo de escrita no século XVII e da sua herança nos séculos seguintes. Em segundo lugar, pensa-se o ensaio a partir da virada pós-estruturalista na segunda metade do século XX e como tal gênero pode ser um modo de conceber, hoje, novos horizontes para os estudos literários, tendo em vista a possibilidade de escritas ao mesmo tempo inventivas e cientificamente rigorosas. Assim, a discussão é legitimada por meio do apelo a pensadores como Espinosa, Nietzsche, Foucault, Barthes, Deleuze e Agamben.

Todo autor de grande estatura é logo diminuído por antologistas. Para a maioria dos leitores que não vão além da antologia (ou, se vão, lembram-se apenas do que leram primeiro e não podem se livrar da impressão de que este é o verdadeiro núcleo do autor), os Sermões de Donne são uma vaga penumbra em torno da passagem sobre nenhum homem ser uma ilha e não se perguntar por quem os sinos dobram, Dom Quixote é um longo epílogo à aventura dos moinhos e Proust se inclina para sempre sobre sua petite madeleine. Creio que T. S. Eliot disse certa vez que ficaria muito feliz se "Tradição e talento individual" nunca mais fosse impresso, de modo que seus outros ensaios pudessem ter alguma chance de serem lidos. Montaigne, se estivesse vivo hoje, bem poderia dizer o mesmo sobre seu ensaio "Dos canibais". Um resultado infeliz da frequente escolha deste ensaio para inclusão em antologias é que ele muitas vezes foi mal compreendido por ser lido fora de contexto. Como deve ser claro para qualquer um que leia o resto dos Ensaios, seu tema principal, apesar do título, não são os canibais, nem mesmo o paraíso nos Andes descrito na segunda parte do ensaio, mas sim como devemos julgar outras culturas-e a nós

O caminhar como uma forma de pensar e interagir com o espaço urbano se tornou recorrente em diferentes áreas do conhecimento. No campo das Artes esta prática se tornou a poética de muitos artistas desde o final do século XIX . O trabalho a ser apresentado neste texto começou a ser pensado com o objetivo de abordar a transformação urbana da zona sul de Porto Alegre por meio do caminhar, entretanto ao começar a desenvolver este projeto, a artista percebeu que pouco se fala deste assunto por um viés do gênero feminino. O intuito do presente artigo é fazer refletir sobre a mulher no espaço urbano através da atuação desta autora como artista e pesquisadora, unindo a caminhada, a fotografia e a reflexão textual resultando na série fotográfica Até Onde Ela Vai: Um Inventário Poético da Zona Sul de Porto Alegre.

Quando alguém diz que quer ser livre, entenda: não quer ter que dizer isso mais a ninguém.

Incluindo você.

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Tomando um vídeo como ponto de partida e princípio-guia, elaborei algumas reflexões acerca da imagem, dos seus usos, formas e importância. Elas não aparecem tão nítidas, ainda mais quando a reflexão engendrada por este plano de existência da imagem demanda mais palavras do que a palavra pode providenciar. Ambas (imagem e texto) entram em tensão, procurando uma na outra, cavar e tornar visual o que pouco sabe de si, o quão pouco quem escreve sabe de si, da imagem e do texto. Um retumbante fracasso, ou nem tão retumbante se ele tivesse sido levado a cabo, numa procissão infinita de dizer.

Este ensaio parte do filme Esse amor que nos consome¹ (2012), de Allan Ribeiro, a fim de relacionar cinema e dança adentrando suas diversas camadas, notadamente a relação com a cidade, com as políticas do corpo e com a ancestralidade.
disponível em: https://revistamoventes.com/2017/05/09/ensaio-do-filme-que-me-consome/

Daniel Aarão Reis é um historiador que ousou colocar em prática as teorias rebeldes do século XX e, sem abdicar da visão crítica, repensá-las. Estudante de Direito dos “anos rebeldes”, foi militante de organização revolucionária, ajudou no sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick em ousada e famosa empreitada. Preso e torturado, foi para o exílio em Cuba de onde planejava voltar melhor treinado. Confrontado com a realidade, ousou reformular e repensar os motivos, razões e pontos fracos de sua geração. Ainda no exílio, foi para a França graduar-se em história nos anos de 1970 e tentar compreender melhor os enigmas brasileiros. Lá também fez o mestrado. Com a anistia, voltou ao Brasil depois de experiências curtas na África, onde lecionou ensino universitário. Concursado na Universidade Federal Fluminense desde 1981, Daniel Aarão Reis se aposentou no início deste ano, depois de uma longa e exitosa carreira, com vários livros publicados e ganhador do prestigioso prêmio Jabuti pela biografia "Prestes: um revolucionário entre dois mundos", lançado pela Companhia das Letras em 2015. Nesta entrevista o historiador fala sobre os dilemas atuais das esquerdas, no plural, como ele gosta de falar. Ele reflete também sobre o ensino universitário, o crescimento das direitas, o liberalismo em terras tropicais, liberdades individuais e a escrita da história.

Em comemoração aos dez anos de existência da Revista Pessoa, Mirna Queiroz , a editora e fundadora da publicação, sugeriu que nós colaboradores fizéssemos um balanço da nossa contribuição à bela trajetória da revista. O ensaio Crítica literária em trânsito, portanto, se propõe a apresentar um plano de trabalho e de defesa de valores críticos no meu trabalho enquanto crítico literário.

O texto pode ser acesso originalmente aqui: https://www.revistapessoa.com/autor/383/Cristhiano%20Aguiar/

Palavras descruzadas, de Carmen Schneider (Opção Livros, 2018) é uma obra de grande relevância no campo da ensaística. A autora rende tributos a grandes nomes da cultura mineira, todos ligados à Academia Mineira de Letras, e registra poeticamente, por meio de um estilo fluido, fatos marcantes da vida de cada um dos notáveis por ela contemplados.