Teorias Da Comunicação

Nesse artigo, discuto a não-definição clara de mídia (e sua indistinção em relação às materialidade) em Kittler e Gumbrecht como uma opção para manter aberta as possibilidades de definirem ad hoc o que é "mídia" em seus trabalhos, o que permitiu aos Estudos de Mídia saltar as fronteiras acadêmicas. A definição mais próxima de mídia como toda materialidade que armazena, processa e transmite dados/informação é mais operacional (metodológica) do que epistemológica (teórica). Minha "hint" é que esse entendimento de mídia não é particularmente uma construção, mas um entendimento tácito entre alguns autores a partir de sua experiência vivida (ou seja, a "rede discursiva" que possibilitou a emergência dos Estudos de Mídia em primeiro lugar). Nessa conceituação recursiva, mídia e os Estudos de Mídia são tanto sintoma quanto produto de uma situação específica - as reformas universitárias nos países de língua alemã desde a década de 1980.

Resumo Explorando possibilidades de interpretação da obra do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987) e do co-municólogo Luiz Beltrão de Andrade e Lima (1918-1986) e inspirados pelos princípios da sociologia da ciência, pretendemos indicar pontos em que a obra e o pensamento dos dois autores se aproximam e/ou se distanciam Palavras-Chave: Luiz Beltrão; Gilberto Freyre; Sociologia da ciência.

Embora o campo da Comunicação só comece a ser institucionalizado a partir das ações pioneiras de Wilbur Schramm – que, em 1947, cria o primeiro programa de pós-graduação na área –, as primeiras pesquisas em Comunicação costumam ser associadas ao trabalho de quatro autores, anteriores à institucionalização: Carl Hovland, Paul Lazarsfeld, Harold Lasswell e Kurt Lewin, considerados os principais precursores do pensamento comunicacional pelo próprio Schramm. Este artigo tem como objetivo situar o surgimento e as conseqüências do “mito dos quatro fundadores” na formação da história do campo.

Propõe-se aqui o exame crítico das idéias que conferiram - historicamente falando – o núcleo temático e conceitual de uma discursividade estética no campo dos estudos da Comunicação no ultimo século, especialmente no exame de suas modalidades mediáticas preferenciais na cultura contemporânea, em sua considéravel variedade de manifestações: partindo da identificação entre tal orientação estética da comunicação e uma axiologia dos juízos sobre produtos e processos da cultura mediática, as teorias da Comunicação vincularam historicamente o núcleo estético dos fenômenos desse campo a seu caráter originário de "artisticidade", em vários de seus aspectos (tanto na relação com sua ordenação poética quanto no de sua distinção honorífica). Propomos retomar - agora numa inflexão mais crítica - o lugar mais preciso desse estatuto artistico enquanto matriz valorativa das abordagens estéticas, especialmente no âmbito das séries culturais associadas ao universo mediático: com tal propósito, propomos demarcar novos significados desta atribuição do valor "estético", agora em sua assimilação às dimensões afetiva e sensorial da sociabilidade, com os corolários de uma modalidade necessariamete comunicacional (portanto potencialmente partilhável) da sensibilidade. Reconhecendo o imenso alcance dessas formulações em todas as impicações que possa assumir para o espaço estrito dessa comunicação de pesquisa, propomos nos deter momentaneamente sobre as questões que mobilizam os tipos de articulação entre o caráter estético da producão mediática e sua condicionante artística de circunscrição: reconhecendo na fonte dessa orientação a dupla linhagem da crítica frankfurtiana sobre a racionalidade instrumental na modernidade cultural, de um lado, e a fonte mcluhaniana de uma elegia à instrumentalidade « estendida » dos sentidos naturais, própria aos modernos meios de comunicação, de outro, propomos um deslocamento em relação a tais alternativas, identificando nelas tudo aquilo que impede o vislumbre mais nítido do núcleo estético da comunicação mediática, para além de suas relações com as engenharias da mediatização e da transmissão cultural em escala planetária na contemporaneidade. Na linha oposta das « questões sobre a técnica » (seja em seus aspectos deletérios ou adventícios), uma estética da comunicação deverá valorizar, no exame concreto de seus produtos, fenômenos e processos, o caráter de uma « promoção experiencial » que define o sentido originário da destinação das obras do espírito - não obstante seus variados regimes, estratégias, circuitos e alcances de veiculação cultural. Tal orientação estética da comunicação valoriza igualmente as instâncias da receptividade e da compreensão, enquanto elementos que definem a experiência estética enquanto interação comunicacional entre obras e horizontes de sentido e de significação.

Há algo de ficcional no modo como o filósofo e ensaísta tcheco Vilém Flusser (Praga, 1920-1991) descreve e levanta problemas, hipóteses, observações e digressões pela história do pensamento ocidental, sempre de maneira a combinar domínio sobre gramática e ferramental clássicos das ciências humanas e sociais, com perguntas germinadas em terreno do ordinário. Soa como se investigasse como quem conta uma história. "Gesten: Versuch einer Phänomenologie" foi publicado na Alemanha, pela editora Bollmann, em 1991, seu último livro editado em vida. A versão em português, "Gestos", escrita pelo próprio autor-que escrevia e reescrevia seus trabalhos em alemão, português, inglês e francês, nesta ordem, não escrevia em sua língua materna por considerá-la doce demais, foi publicada em 2014, em São Paulo, pela editora Annablume, prefaciada por Gustavo Bernardo, pesquisador e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mesmo prefaciador de "Fenomenologia do brasileiro", também de Flusser, publicado no Brasil, em 1998. O livro compõe-se de uma introdução, intitulada "Esboço para uma introdução a uma Teoria Geral dos Gestos", e sete ensaios, cada qual acerca de um gesto diferente, são eles: 1) o gesto de fumar cachimbo; 2) o gesto de pesquisar; 3) o gesto de pintar; 4) o gesto em vídeo; 5) o gesto de fazer; 6) o gesto de escrever; 7) o gesto destrutivo.

La infancia, la comunicación y la educación han sido protagonistas en las agendas de la política pública durante las dos últimas décadas en la mayoría de países del mundo. También han sido objetos de estudio centrales en disciplinas como la sociología, la psicología, la antropología y la pedagogía. Recientemente han sido incorporados a campos de investigación de carácter interdisciplinario como los estudios culturales, los estudios de la comunicación, los estudios sobre la infancia y las neurociencias. Finalmente, tanto entidades del Estado como organismos multilaterales y corporaciones transnacionales, motivados por distintos intereses, han expresado que los tres, si son estimulados y potencializados, podrán favorecer el desarrollo y el progreso de las sociedades.

Esta mirada preliminar permite evidenciar que existe una preocupación creciente por estos temas y sus transformaciones. Asimismo, se puede deducir que hacen parte de un núcleo de inquietudes fundamentales en torno a la capacidad de las instituciones y la sociedad civil para responder a las nuevas expresiones de los sujetos en el ámbito cultural. Frente a estos desafíos y las posibles relaciones entre los tres conceptos, surgen frecuentemente dosposiciones: sorpresa ante la novedad o preocupación ante la crisis.

Entender o que são signos e como estes funcionam na comunicação é, sem dúvida,  uma tarefa complexa e que exige tanto  o domínio das principais teorias que se dedicam a discutir esse tema como a habilidade de refletir criticamente sobre as práticas sociais, as expressões culturais e as manifestações artísticas. Nesta obra, você é convidado a explorar a semiótica, ciência que, além de investigar a estrutura, a relação e o encadeamento dos signos, se utiliza dos campos da semântica, da referência e da pragmática, configurando-se como ferramenta essencial para quem se propõe a pensar o ser humano e as relações sociais.

Os últimos anos no Brasil foram marcados por uma crescente onda de violência contra minorias, mulheres, ativistas, ambientalistas e jornalistas e por discursos de ódio desvelados, com uso de frases racistas, homofóbicas e misóginas. A preocupação com esse contexto justificou a necessidade de uma obra que se contraponha ao antirracionalismo e ao obscurantismo, que estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano, deslegitimando os direitos humanos em seus aspectos históricos, teóricos e práticos.

Organizado por Miquel de Moragas, José Luis Terrón e Omar Rincón, da Universitat Autònoma de Barcelona, com colaboração de pesquisadores de vários países, reúne estudos de campo e leituras críticas com fundamentação no livro que Jesús Martín-Barbero publicou em 1987 e que permanece com extrema atualidade. Os ensaios abordam noções de povo e classe, considerando a complexidade que estas categorias atingem na sociedade contemporânea. Também são abordadas as articulações dos estudos culturais com a política e a economia, analisando como os meios de comunicação tradicionais (jornais, revistas, rádio, cinema, TV) contribuíram para unificar as sociedades latino-americanas em torno da conceito moderno de nação.

Este trabalho buscou analisar os caminhos que a literatura distópica do século XX fornece para refletir acerca dos avanços dos meios de comunicação. Através do método da análise cultural, tomaram-se como objeto de pesquisa as obras 1984, de George Orwell, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, com o objetivo de entender de que forma a literatura fornece bases para a discussão dos meios de comunicação enquanto instrumentos de poder, influência e controle. Dessa forma, a presente pesquisa propôs um diálogo com os primeiros estudos e teorias da comunicação da Sociologia Americana e da Teoria Crítica, em construção também no século XX. Para isso, foi necessário realizar uma breve contextualização histórica do período em que as obras foram escritas, a fim de correlacionar os conceitos do campo da comunicação presentes nestas narrativas e com o intuito de pensar cultura como uma manifestação ativa, dotada de múltiplos significados e realizada no cotidiano.

Este artigo tem como objetivo falar sobre os comentários desrespeitosos, o assédio virtual e os discursos de ódio, tendo como pretexto as redes sociais, e mostrar que nos tempos de hoje as redes sociais são um dos maiores veículos dessas atitudes. Pretende-se ver como as redes sociais são por um lado uma consequência dessa atitude no dia a dia, e por outro lado  como as redes sociais tendem a aumentar essas atitudes, devido à especificidade da forma de comunicação feita através da Internet. Distinguimos entre comentários, assédio virtual de outras formas de assédio, e discursos de ódio, mostrando os pontos em comum e o que os distingue. Finalmente é apresentado o argumento do direito à liberdade de expressão, em nome do qual atuam os protagonistas dessas atitudes, e discutimos os prós e os contras da justificação do direito à liberdade de expressão, terminando por defender e justificar a intolerância para com essas atitudes, que devem aliás ser penalizadas.

PALAVRAS-CHAVE :
Redes sociais, comentários, assédio virtual, discursos de ódio, liberdade de expressão

“Todas as cartas: Correspondências fílmicas” dá título a uma série de cartas filmadas produzidas durante 2005 e 2011 que foram trocadas por importantes realizadores do cinema contemporâneo, constituindo-se como uma geografia audiovisual de intimidades: José Luis Guerín (Barcelona) e Jonas Mekas (Nova York), Isaki Lacuesta (Girona) e Naomi Kawase (Nara), Albert Serra (Banyoles) e Lisandro Alonso (Buenos Aires), Víctor Erice (Madri) e Abbas Kiarostami (Teerã), Jaime Rosales (Madrid) e Wang Bing (Shaanxi), Fernando Eimbcke (Cidade do México) e So Yong Kim (Pusan/Nova York). O formato epistolar abre um espaço particular para reflexão não apenas do fazer cinematográfico de cada autor, mas do próprio desejo de se criar um espaço de partilha, tanto entre os realizadores, quanto como encenação a um público. Ao mesmo tempo, as correspondências fílmicas expõem uma temporalidade antiga: a do intervalo ou da espera, como elemento constitutivo da comunicação, ou seja, um tempo de latência, no qual habita a inquietude de uma falta ou de uma negatividade fundamental. A partir de um diálogo textual com essas correspondências fílmicas, este trabalho pretende abordar uma poética epistolar capaz de problematizar uma questão cara à teoria da comunicação, a partir da transformação do emissor em um “respondente”.

Neste livro apresento uma coletânea de textos, artigos, capítulos de livros e excertos que já compuseram
publicações acadêmicas ao longo de vários anos, cuja afinidade temática e interesses de pesquisa permitiu reuni-los
num só volume, oferecendo mais praticidade de leitura e
consulta aos pesquisadores da área de arte, estética e, em
algum grau, filosofia. “Arte e pensamento estético” me pareceu um título suficiente o bastante para nomear esta obra
que pretende oferecer aos leitores uma imagem, até certo
ponto panorâmica, da questão da estética e da arte como
produtoras de conhecimento.

Na virada do século, percebemo-nos "cidadãos do mundo" - não no antigo sentido, de pessoas viajadas, mas sim das que compartilham um mesmo cotidiano. Marlboro, Disney, fast-food, lojas, chocolates, computadores invadem nossas vidas, nos constrangemou nos libertam, fazem parte da mobília do dia-a-dia. Esta é uma reflexão sobre a mundialização da cultura e a inevitável reorientação das sociedades atuais.

A observação da presença de elementos da narrativa de ficção no gênero telejornal representa o aspecto central deste trabalho. Reconhecida por autores como Elizabeth Bird e Robert Dardene, Paul Weaver, François Jost, Robert Stam e Iluska Coutinho, esta aparentemente estranha presença dos atributos da ficção no noticiário televisivo é examinada, aqui, especialmente, como base de construção da principal unidade do programa: a reportagem. Diante do espaço de fala, auto-assumido pelo formato telejornal, de referência para o conjunto da sociedade, observamos uma relação estabelecida entre o programa e a capacidade das narrativas de ficção à representação e orientação de valores sociais. Examinamos neste trabalho, a aproximação dos enredos visuais, aos quais as notícias são convertidas nas reportagens do telejornal, com a orientação de comportamentos e contornos da vida em sociedade que as 'estórias' sedimentam através dos séculos. Mais precisamente, examinaremos a aproximação das reportagens do telejornal com as fábulas, à moda dos Pãncatantras indianos ou das narrações do grego Esopo. Por meio da análise de diferentes telejornais identificamos esta ligação que atravessa os campos, a princípio distintos, do noticiário televisivo e do gênero literário fábula.

O material apresenta uma síntese sobre as principais correntes teóricas comunicacionais a partir de uma coletânea de dados enciclopédicos e trechos de importantes obras de referência. Desenvolvido didaticamente para os iniciantes na disciplina.

A Teoria dos Usos e Gratificações, também conhecida como Teoria dos Usos e Necessidades ou ainda Teoria dos Usos e Satisfações, criada por Blumler e Katz inicialmente nos anos 40 e revigorada nas décadas de 70 e 80, apresenta uma concepção sobre as atividades da audiência em contesto ao que as “audiências fazem com as mensagens da mídia em lugar de perguntar o que a mídia faz com suas audiências” (BLUMLER E KATZ, 1974; ROSENGREN et al. 1985). Em outras palavras, “ao invés de perguntar o que os meios fazem com as pessoas, a preocupação está em saber o que as pessoas fazem dos meios” (MENEZES, 2014 p.128).
Tal corrente de estudo visa entender o que as pessoas fazem com a mídia a partir de uma abordagem onde os seus usuários são tidos como indivíduos autônomos, livres e racionais em suas escolhas, que dispõem do conteúdo dos meios de comunicação como fonte para suprirem suas carências psicossociais.

Os dez capítulos que compõem o volume são resultado do projeto bienal de pesquisa 2018-2019 da Rede Obitel-Brasil de Pesquisadores da Ficção Televisiva. Da produção à recepção, passando pela narrativa, tentam responder como se dá  construção de mundos na ficção televisiva brasileira

Ohin loron sosiedade sira iha dalan barak atu halo, fahe no simu informasaun sira. Hanesan ne’e importante tebes ita hotu hodi hanoin kona-ba komunikasaun sosiál no maneira oinsá ita-nia relasaun ho informasaun sira. Atu hanoin kona-ba asuntu ida- ne’e, artigu ne’e fahe ba parte tolu. Parte dahuluk ko’alia kona-ba teoria komunikasaun nian no prosesu entre emissor (sé maka hato’o) no receptor (sé maka simu) mensajen nian, no relasaun entre código, canal de comunicação, mensagem, referente, ruídos no subjetividade (dinámika sira consciente no inconsciente) ne’ebé fó in uénsia ba prosesu komunikasaun sira. Daruak halo análize kona-ba signi kadu ba ‘argumentu’, falácia lójika sira no konseitu kona-ba Dialética Erística hosi Schopenhauer nia hanoin. Parte ikus, artigu ida-ne’e fó hatete konseitu kona-ba indústria cultural hosi Adorno no Horkheimer sira-nia hanoin iha Teoria Crítica da Sociedade.

In times when societies have numerous alternatives for the production and reception of information, it is important to think about the media and the way people relate to information. To organize these analyzes, this article is divided into three parts. In the  rst section, I approach the theory of communication and the process between sender and receiver, as well as the relationship between code, channel, message, referent, noise and subjectivity (conscious and unconscious dynamics) that interfere in the communication process. In the second part of the article, I discuss the meaning of ‘argument’, the logical fallacies and the concept of Eristics Dialectic developed by Schopenhauer. Finally, I present the concept of cultural industry de- veloped by Adorno and Horkheimer within the scope of Critical  eory of Society.

O artigo discute de forma teórica a presença online de profissionais autônomos. Aponta que estes profissionais fundem as partes privada e pública da representação de si (GOFFMAN, 1974, 1985) online como estratégia para captação de clientes e exposição de sua marca (JONES ET AL., 2015). Defende que eles precisam ter educação midiática e comunicacional. A partir de dois estudos de caso, discute-se que papel teria essa educação na prática destes profissionais e quais dificuldades precisam ser superadas.

Religides representam sistemas de simbolos semelhante a urn vocabulario estruturado por uma gramatica. Seguindo essa definição de Clifford Geertz, pode-se dizer que conceitos de comunicação desempenham um papel analítico importante para o estudo das religiões. Basta citar a definitjao mais basica de comunicação  - emissao e recepção de informações atraves dos meios apropriados - a fim de identificar a relevancia de pesquisas sobre temas afins para a Ciencia da Religiao, cujos objetos nem existiriam sem a voz, a palavra e o texto.

Esta tese investiga como e em que medida a noção de “mediação”, delineada pela Teoria Ator-Rede (TAR), contribui para caracterizar ações comunicacionais em redes sociais online ao especificar o sentido comunicacional de ações sociotécnicas nessas redes, ao apreendê-las como redes sociotécnicas e ao descrever os modos de ação nelas. Os métodos descritivo e de revisão de literatura auxiliam definir ação comunicacional. Para a TAR, humanos e não humanos afetam-se mutuamente. A ação desses atores ou actantes, aqueles que levam outros a agir, é definida como associação, vinculação ou conexão, da qual resulta o social. A TAR investiga ações, sem predeterminar atores. Isso impacta na definição de comunicação, distribuída entre humanos e não humanos nas redes sociais online. Por fazerem fazer outros, ambos medeiam. A mediação é a ação que altera o que é transportado e os sentidos produzidos. Conforme a TAR, a mediação apresenta quatro sentidos: tradução, composição, reversibilidade e delegação. A hipótese teórica é que a comunicação configura o quinto sentido de mediação por enfatizar o
agenciamento de actantes em contato e em contágio mútuo, pois eles agem em comum, de maneira vinculada. Situações de isolamento, inércia ou que não impliquem em transformações de mediadores e de sentidos não são tratadas como comunicação. Conforme a hipótese, em redes sociais online, a especificidade de ações comunicacionais reside nos rastros digitais (como visualizações, reações, comentários e compartilhamentos) de actantes (como algoritmos, affordances, botões, sentidos, materialidades, empresas e usuários). Esses rastros se expressam nas métricas das redes mais utilizadas nacional e internacionalmente – Facebook, YouTube, Instagram e Twitter –, mas não se restringem a elas, pois produzem efeitos que se atrelam aos conteúdos. Os rastros podem ser recuperados de modo mais veloz e em maior quantidade conforme os recursos e os dados disponíveis nas redes investigadas. A diferença entre ações online e off-line está no tipo de rastro recuperado e na possibilidade de recuperá-lo. O sentido comunicacional de ações em redes sociais online se refere ao vínculo observável entre ações e mediadores, e não apenas às interações entre usuários. Trata-se de redes sociotécnicas porque enredam materialidades, textualidades, algoritmos, affordances, usuários e sentidos. O agenciamento desses actantes caracteriza o online das redes investigadas, que não preexistem
às ações deles. Os modos de ação comunicacional são descritos por meio de capturas de tela nos sites e nos aplicativos das redes de modo a evidenciar suas affordances, que se referem às condições de ação ofertadas por tais ambientes. A conclusão aponta que ações em redes sociais online são comunicacionais quando encadeiam mediações realizadas por diversos actantes, os quais se contagiam e se vinculam provisoriamente em ações partilhadas e distribuídas entre os híbridos que compõem as redes analisadas. A comunicação configura modos de ação por ser um dos sentidos de mediação, ou seja, manifesta-se em agenciamentos híbridos que associam os demais sentidos da mediação de maneira reticular e processual. Especificamente, o sentido comunicacional enfatiza o conjunto de ações e de actantes comuns que rompem o isolamento, vinculam-se, contagiam-se mutuamente e alteram sentidos em dinâmica de rede.

Destinado a jornalistas e profissionais de mídia, este manual foi concebido para fornecer informações importantes e estimular a reflexão sobre a forma como o terrorismo é abordado na mídia. Fundamentado em recomendações de instituições e especialistas de destaque, e com uma grande quantidade de exemplos, o manual explora os desafios profissionais e os dilemas éticos inerentes à cobertura do terrorismo, assim como propõe questões fundamentais sobre o possível impacto do tratamento atual sobre a coesão social e a predomínio do medo na sociedade.

A pesquisa tem como objetivo principal analisar como a construção discursiva em dois importantes sites de notícias contribui para a qualificação da cobertura sobre a temática, o que implica ainda em fazer a análise de um produto midiático em ascensão e em amplo uso,
que é o webjornalismo. A análise percorre a construção discursiva de 108 notícias online sobre violência sexual infanto-juvenil publicadas na Folha.com e no G1, no período de 2007 a 2011.
Nesse campo discursivo foram considerados quatro enquadramentos para categorizar as notícias: prevenção, crimes e prisões, estatísticas e políticas públicas (ações de governo). O estudo analítico comparativo pretende responder a seguinte questão: como ocorre a construção discursiva das webnotícias sobre violência sexual contra crianças e adolescentes na Folha.com e no G1 e como os atores sociais são expostos nas notícias? A abordagem teóricometodológica que agrega os elementos para responder a essa questão foi desenvolvida por
intermédio dos conceitos da Análise de Conteúdo, Análise de Discursos e Teorias da Comunicação (enquadramento, características do webjornalismo e valores-notícia). Um dos objetivos dessa pesquisa é encontrar os modos de dizer dos atores sociais envolvidos nas notícias: o suspeito/agressor, a criança ou adolescente violentado, a família, representantes da justiça e outras fontes.

Organizado por Nathalia Salamanca, Jorge Luis Sierra e Carlos Eduardo Huertas, com colaboração de jornalistas de vários países da América Latina, este manual elaborado para jornalistas, profissionais de mídia e pesquisadores sobre jornalismo e tecnologia apresenta diretrizes e desafios sobre a prática do jornalismo na era digital. A partir de exemplos globais e latino-americanos, surgem subsídios sobre as possibilidades de aplicação das tecnologias recentes para responder aos desafios da investigação e da apuração jornalística para contar histórias relevantes, de amplo interesse público, com impactos nos processos democráticos e na qualidade de vida.

Attempting to develop a communicational theory of the imaginary, this chapter considers the imaginary in its constitutive plurality. It suggests a good way to study the notion is to examine all the movement of its social uses and how different imaginaries are adopted, shared and re-created in meaningful (symbolic) activities. The imaginal trajectory names the path of successive imaginaries, a trail of moving and supple plurality of images-text travelling along societies.
Some notes are advanced having in mind the ordering of a map or curve of the imaginal trajectory by pinpointing three landmarks or vectors on its course: publicity, sensibility and intensity.

Manual de educação e treinamento em jornalismo – uma amostragem de pesquisas e propostas normativas que respondem ao problema global emergente de desinformação que as sociedades enfrentam em geral e, em particular, no jornalismo. As abordagens do presente manual confrontam as fraudes chamadas de "notícias falsas" (fake news) pelo que são: uma categoria específica de produção e divulgação de informações criminosas dentro de formas cada vez mais diversas de comunicação, incluindo formatos de entretenimento, como memes visuais, com o objetivo de tirar proveito da vulnerabilidade dos receptores em potencial, recrutados no processo como amplificadores e multiplicadores da desinformação.

This work aims to investigate the dinamics of the communicative strategies and networks created by the Brazilian punks, starting with the publishing of their first fanzines, around 1981, covering publications issued until 1985, encompassing the democratic opening period after two decades of military dictatorship in Brazil. These amateur publications redefined the strategies for visibility adopted by those working class suburban youths. The zine production attributed to the brazilian punks a critical self-referenced identity, based on the do-it-yourself ethos, within an environment that was hostile to their subaltern social condition. The proposed analytical approach is based on dialogue between the research on the communicative processes of marginalized social groups under the Folkcommunication scope and the theoretical and methodological assumptions of contemporary Critical Theory.

Harold Lasswell é um autor comumente citado pelo campo da Comunicação como um
de seus pioneiros, no que tange ao estudo da propaganda no início do século XX e
também em relação ao desenvolvimento do campo comunicacional, com a criação do
famoso modelo que leva seu nome. A tradicional narrativa da história do campo da
Comunicação afirma que foi este modelo o responsável pela organização da pesquisa
em comunicação e a classificou em áreas: o estudo do emissor, o estudo da mensagem,
o estudo do canal, o estudo do receptor, o estudo dos efeitos. Contudo, dificilmente
encontra-se uma análise mais qualificada de sua obra ou uma explicação mais detalhada
de suas teorias, inclusive de seu modelo. A presente tese busca perscrutar as relações
que se estabelceram entre o campo comunicacional e Harold Lasswell, tentando
compreender de que maneira a área da Comunicação constrói a figura deste pesquisador
como um de seus pais fundadores. Buscamos analisar a obra comunicacional de
Lasswell, a partir de um olhar histórico e epistemológico, realizando uma observação
crítica de suas contribuições para o domínio de estudos da comunicação.