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Dissertação de mestrado em Antropologia Social defendida em 2009 no Museu Nacional da UFRJ.
Research Interests:
Nesta tese analiso as relações engendradas por imagens de santos, ex-votos e outros objetos de devoção em situações nas quais os mesmos são mobilizados para outros fins que não o culto religioso. Além das trajetórias dos objetos em... more
Nesta tese analiso as relações engendradas por imagens de santos, ex-votos e outros objetos de devoção em situações nas quais os mesmos são mobilizados para outros fins que não o culto religioso. Além das trajetórias dos objetos em questão, discuto as motivações de quem os retira de espaços onde eles são expostos para finalidades devocionais e os desloca para outros, como museus e locais privados nos quais as coleções são elaboradas. A elucidação de tais questões vale-se principalmente de dados produzidos a partir de Natal-RN, onde realizei um longo investimento na observação participante do cotidiano de um colecionador, ex-galerista, estudioso e comerciante de arte e suas interações em práticas de busca, comercialização, colecionamento e exposição de objetos. Através dessa interlocução mais específica em torno de um conjunto de obras classificadas, em sua maioria, como “arte popular” —  convivi com diversas outras peças entendidas neste trabalho como emaranhados de relações tecidas no decurso de sua produção, circulação, exposição e mesmo destruição. São esculturas, como os já aludidos santos e ex-votos, passando por exposições e publicações delas decorrentes, tais como livros e catálogos; pensadas como imiscuídas no fluxo da ação social de agentes diversos: fornecedores de material, artistas, marchands, colecionadores, folcloristas, intelectuais, restauradores, curadores, inventariadores, museus, professores universitários, órgãos culturais etc.  A abordagem etnográfica privilegia processos (colecionamento, artificação, patrimonialização, exposição etc.) em vez de estados reconhecidos dos objetos (obra-prima, artefato, obra de arte, coleção etc.). Desse modo, destaco a rentalibilidade de ritualizar atos de criar, ver, manipular, transacionar e mostrar certos objetos. Essa proposta envolve a descrição do processo de musealização de parte de um acervo particular. A análise da exposição de santos e ex-votos decorrente desse processo culmina na discussão sobre a possibilidade de criação (ou reatualização) da força ritual presente nessas coisas em suas utilizações pretéritas.
Research Interests:
This article reflects upon objects and actions of counter-memory activism in Brazil in the wake of anticolonial demonumentalizations. Initially, it focuses on statues symbolizing colonial and traumatic pasts, notably the Borba Gato statue... more
This article reflects upon objects and actions of counter-memory activism in Brazil in the wake of anticolonial demonumentalizations. Initially, it focuses on statues symbolizing colonial and traumatic pasts, notably the Borba Gato statue in São Paulo, dedicated to a colonial explorer. The monument was set ablaze in July 2021, sparking widespread debate. The discussion deepens with the commemoration of Marielle Franco, a councilwoman and human rights advocate who was murdered in 2018. The interplay between memory initiatives and political activism is examined, with tributes analyzed as collective authorship by black and feminist movements. Ethnographic data from Rio de Janeiro and digital environments inform this analysis. Events related to monuments and other objects are viewed as political rituals in the struggle against forgetting. Statues, street signs, graffiti, posters, and other forms of counter-memory supports are identified as focal points for understanding the relationship between objects, artistic-political practices, and public life.
A partir da ação desmonumentalizadora direcionada ao monumento em homenagem ao bandeirante Borba Gato, ocorrida em São Paulo–SP, em meados de 2021, neste texto evidenciamos as interpelações recíprocas entre monumentos (e outros objetos... more
A partir da ação desmonumentalizadora direcionada ao monumento em
homenagem ao bandeirante Borba Gato, ocorrida em São Paulo–SP, em meados de 2021, neste texto evidenciamos as interpelações recíprocas entre monumentos (e outros objetos memoriais), pessoas e ambientes urbanos. Desse modo, partindo de conflitos de memória no espaço público, refletimos sobre quais objetos e discussões sobre cultura memorial são colocadas em diálogo. Para a presente discussão, nos valemos de dados etnográficos produzidos no Rio de Janeiro, em ambientes digitais e da análise de materiais de imprensa relacionados aos episódios abordados. Além da estátua de Borba Gato, exploramos um conjunto de objetos, imagens e eventos em torno de Marielle Franco e ainda o antimonumento
em homenagem a Carlos Marighella.
À travers l'analyse d'une exposition d'ex-voto, l'article explore les problématiques de la sélection des œuvres et des modalités de mise en scène des « miracles ». Dans ce but, l'interlocution avec un collectionneur d'art ainsi que les... more
À travers l'analyse d'une exposition d'ex-voto, l'article explore les problématiques de la sélection des œuvres et des modalités de mise en scène des « miracles ». Dans ce but, l'interlocution avec un collectionneur d'art ainsi que les expériences et impressions suscitées par certains dispositifs de présentation de l'exposition Casa dos Milagres -
Santos e Ex-votos na Coleção de Antônio Marques, organisé dans dans la ville de Natal, l'état de Rio Grande do Norte, au Brésil, sont thématisés suivant une perspective ethnographique. Les principaux débats développés explorent les caractéristiques des espaces où les ex-voto sont exposés en contexte dévotionnel; les inflexions de la vie rituelle des ex-voto; le potentiel de l’exposition d’activer les pouvoirs des objets et, enfin, sur l' exposition comme un rituel.
Em julho de 2021, manifestantes atearam fogo em pneus espalhados nas proximidades da estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo, envolvendo-o em uma aura de fogo e fumaça. Dias depois, na mesma cidade, o painel em homenagem à... more
Em julho de 2021, manifestantes atearam fogo em pneus espalhados nas proximidades da estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo, envolvendo-o em uma aura de fogo e fumaça. Dias depois, na mesma cidade, o painel em homenagem à Marielle Franco, situado no “Escadão” atualmente conhecido pelo nome da vereadora, amanheceu manchado de tinta vermelha e pichado com a inscrição “Viva Borba Gato”, o número “666” e o desenho de um pênis. Ainda no contexto de resposta ao ataque ao bandeirante, o antimonumento em homenagem ao líder comunista Carlos Marighella foi coberto por tinta vermelha. Como pode ser visto, centelhas do incêndio provocado na estátua do bandeirante atingiram outras homenagens feitas em diferentes suportes no espaço público.
O contexto mais imediato do ato no monumento de Borba Gato foi o de manifestações contrárias ao presidente do Brasil, realizadas no mesmo dia em diversos estados do país. As ações envolvendo monumentos, contudo, inserem-se em tecido mais amplo, marcado pela contestação de celebrações que exaltam personagens da colonização de povos africanos, indígenas e outros não brancos. A trama de tal tecido é formada por iniciativas internacionais e tem sido bastante mobilizada na esteira dos movimentos #BlackLivesMatter (#VidasNegrasImportam), deflagrados no contexto de luta contra a violência policial direcionada a pessoas afro-estadunidenses.
Diante do exposto, a presente comunicação tem como propósito analisar conflitos de memória no espaço público, evidenciando como e quais objetos eles colocam em conexão. Para tanto, observamos homenagens em suportes diversos e as ações que as têm colocado no centro do debate sobre a presença de figuras públicas no meio urbano. Nossa atenção se voltará principalmente às intervenções que transformam muros, estátuas e outras superfícies em suportes de contra memória, entendidos em nossa proposta como aqueles que dão a ver histórias diversas daquelas corporificadas por estátuas de homens brancos, militares, fardados e seus correlatos.
Em continuidade à reflexão já iniciada (Lânes e Gomes, 2021) acerca do protagonismo de outros sujeitos na produção do espaço urbano, pretendemos dar prosseguimento à análise sobre objetos, imagens e eventos memoriais que homenageiam Marielle Franco. Estes têm se pluralizado pelas ruas de diferentes cidades desde o assassinato da vereadora e ativista dos direitos humanos em 2018. Interessamo-nos ainda pelos processos de viralização, no ambiente digital, das ações, aparentemente efêmeras, em torno de monumentos e objetos afins. Desse modo, buscaremos evidenciar suportes, processos e narrativas que se inserem em embates políticos contemporâneos, modulados por violências e resistências resultantes da atualização de relações coloniais de raça, gênero e de classe.
RESUMO Booktubers são leitores majoritariamente jovens que se dedicam a fazer considerações sobre exemplares literários em canais do YouTube. Por meio da análise de seus vídeos, da promoção de um encontro de booktubers e da participação... more
RESUMO Booktubers são leitores majoritariamente jovens que se dedicam a fazer considerações sobre exemplares literários em canais do YouTube. Por meio da análise de seus vídeos, da promoção de um encontro de booktubers e da participação em outros eventos, observamos como é pungente o apreço pelos livros em papel. A ênfase em aspectos materiais dos exemplares (cores, texturas, acabamento etc.) nos possibilita percorrer dimensões do relacionamento entre livro e leitor que flertam com os trejeitos do colecionador benjaminiano.
No presente artigo, abordo percursos e destinos de ex-votos, objetos ofertados por devotos aos santos católicos e expostos em diversos locais de devoção. As feições dos objetos votivos são muito variadas e também podem ser vistas em... more
No presente artigo, abordo percursos e destinos de ex-votos, objetos ofertados por devotos aos santos católicos e expostos em diversos locais de devoção. As feições dos objetos votivos são muito variadas e também podem ser vistas em coleções, museus e exposições de arte. Com vistas a entender as transformações que levam esse objeto de devoção a ser visto como obra de arte, inicialmente exploro como os encontros com os ex-votos são decisivos para que tais peças, já investidas de funcionalidade estética e expositiva em seu loci rituais,
sejam atreladas a outros sujeitos e contextos criativos. Dedico-me, em seguida, à reflexão sobre trajetórias de ex-votos específicos, buscando aprofundar a análise da dimensão de coleta que antecede a entrada de objetos no âmbito da coleção.
Neste artigo, analiso as incertezas em torno das obras de Aleijadinho, com vistas a sublinhar como argumentos sobre expertise são acionados em elaborações acerca da atribuição de autoria. Inicialmente, apresento o artífice/artista e como... more
Neste artigo, analiso as incertezas em torno das obras de Aleijadinho, com vistas a sublinhar como argumentos sobre expertise são acionados em elaborações acerca da atribuição de autoria. Inicialmente, apresento o artífice/artista e como o referencial da antropologia da admiração (Heinich 1991) é profícuo para entender os efeitos da mitificação de sua trajetória e a importância conferida às suas obras no campo da arte brasileira. Em seguida, mostro como tais obras e outras imagens são vinculadas a noções de autoria, de estilo e de originalidade. Destaco, por fim, que imagens de santos e outras obras de arte podem se configurar como artefatos que devem ser decifrados por um olhar particular e revelador de afinidades entre domínios artísticos e mágico-religiosos.
Artigo premiado em primeiro lugar no Prêmio Lévi-Strauss, concedido pela Associação Brasileira de Antropologia - ABANT, em 2009.
Research Interests:
David Le Breton é professor da Universidade de Estrasbourgo, na França. Sua obra é referência incontornável em reflexões sobre a condição do corpo na sociedade ocidental. Muitos de seus trabalhos foram traduzidos para o português, tais... more
David Le Breton é professor da Universidade de Estrasbourgo, na França. Sua obra é referência incontornável em reflexões sobre a condição do corpo na sociedade ocidental. Muitos de seus trabalhos foram traduzidos para o português, tais como Adeus ao corpo (Papirus, 2007); As paixões ordinárias: antropologia das emoções (Vozes, 2009); Antropologia do corpo e modernidade (Vozes, 2011), Antropologia da dor (Fap-Unifesp, 2013) e Desaparecer de si: Uma tentação contemporânea (Vozes, 2018).
Em primeiro de março de 2018, David Le Breton proferiu a conferência “Experiências da dor: uma antropologia”, na PUC - Rio de Janeiro. No dia seguinte, o pesquisador nos recebeu no hotel em que estava hospedado e durante mais de uma hora respondeu de forma solícita às questões formuladas por nós. Ao recuperar sua trajetória, deixou nítido em que medida entende o engajamento com a pesquisa; como o envolvimento com certos temas requer, por seu turno, o estabelecimento de uma “boa distância” e dentre muitos outros assuntos, abordou como o silêncio pode ser mote para muitas palavras. Sublinhamos, por fim, a atenção às questões que lhe colocamos em diálogo com nossos interesses de pesquisa.
Agradecemos à Marine Lila pela transcrição do áudio em francês. A tradução foi feita por Thais Costa, ao passo que a revisão e a edição final couberam à Lilian Gomes.
Resenha da obra de PIRES, Flávia Ferreira. 2011. Quem tem medo de mal-assombro? Religião e infância no semiárido nordestino. Rio de Janeiro:
E-papers; João Pessoa: UFPB. 278 pp
No presente artigo refletimos sobre os conflitos de memória evidenciados pela biografia cultural (KOPYTOFF, 2008) de objetos produzidos em homenagem a Marielle Franco e Eduardo de Jesus. Marielle foi assassinada em 2018 quando era... more
No presente artigo refletimos sobre os conflitos de memória evidenciados pela biografia cultural (KOPYTOFF, 2008) de objetos produzidos em homenagem a Marielle Franco e Eduardo de Jesus. Marielle foi assassinada em 2018 quando era vereadora da cidade do Rio de Janeiro. Alguns anos antes, em abril de 2015, Eduardo de Jesus, então com 10 anos, morador do Complexo do Alemão (RJ) foi assassinado por policiais na porta de sua casa. O assassinato de ambos gerou inúmeras mobilizações sociais, ainda que com amplitudes distintas, entre elas a fixação de "placas de rua" com seus nomes em diferentes espaços da cidade. A placa “Rua Marielle Franco” foi colocada por manifestantes na Cinelândia, centro da cidade, em frente à Câmara Municipal, palco histórico de inúmeras mobilizações políticas, incluindo o velório de Marielle. No contexto das eleições de 2018,  a placa em sua homenagem foi quebrada em duas partes em um comício. Um dos autores da retirada da intervenção foi eleito deputado estadual e passou a exibir uma parte da placa quebrada emoldurada em  seu gabinete na Assembleia Legislativa. Em contraposição à exibição do objeto - e espécie de troféu - reduzido à condição de fragmento, observamos uma proliferação das placas para celebrar Marielle. Já a placa “Beco Eduardo de Jesus Ferreira” foi instalada um ano após a morte do homenageado, em ato organizado por seus familiares, movimentos sociais do Complexo do Alemão e outros atores, no beco onde Eduardo viveu e morreu. Ao retornar ao local em 2018, juntamente com a mãe do menino, Thainã Medeiros, um dos idealizadores da homenagem, constatou o sumiço da placa, que foi retirada por policiais. A nomeação de espaços públicos, conforme denunciou o museólogo e ativista, integra disputas de imaginários. O desaparecimento da homenagem a Eduardo constitui, assim, explícita negação do “direito à memória” por parte do Estado.  A tentativa de retirada desses suportes de memória da arena política, contudo, não levou ao desaparecimento deles. A “viralização” da placa Rua Marielle Franco e a inserção da placa Beco Eduardo de Jesus em um repertório de luta de moradores de favelas - pelo direito a lembrarem de seus mortos e cobrança por justiça - nos interessam como mobilizadoras de gramáticas de lembrança e esquecimento. Desse modo, exploramos distintas estratégias que possibilitam modos de narrar o lugar e, por conseguinte, produzir a memória, entendida por Halbwachs (1997) como “fenômeno construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações e mudanças constantes”.
A partir da ação desmonumentalizadora direcionada ao monumento em homenagem ao bandeirante Borba Gato, ocorrida em São Paulo - SP, em meados de 2021, neste texto evidenciamos as interpelações recíprocas entre monumen-tos (e... more
A  partir  da  ação  desmonumentalizadora  direcionada  ao  monumento  em  homenagem ao bandeirante Borba Gato, ocorrida em São Paulo - SP, em meados de 2021, neste texto evidenciamos as interpelações recíprocas entre monumen-tos (e outros objetos memoriais), pessoas e ambientes urbanos. Desse modo, par-tindo de conflitos de memória no espaço público, refletimos sobre quais objetos e discussões sobre cultura memorial são colocadas em diálogo. Para a presente discussão, nos valemos de dados etnográficos produzidos no Rio de Janeiro, em ambientes digitais e da análise de materiais de imprensa relacionados aos episó-dios abordados. Além da estátua de Borba Gato, exploramos um conjunto de ob-jetos, imagens e eventos em torno de Marielle Franco e ainda o antimonumento em homenagem a Carlos Marighella.
Em julho de 2021, manifestantes atearam fogo em pneus espalhados nas proximidades da estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo, envolvendo-o em uma aura de fogo e fumaça. Dias depois, na mesma cidade, o painel em homenagem à... more
Em julho de 2021, manifestantes atearam fogo em pneus espalhados nas proximidades da estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo, envolvendo-o em uma aura de fogo e fumaça. Dias depois, na mesma cidade, o painel em homenagem à Marielle Franco, situado no “Escadão” atualmente conhecido pelo nome da vereadora, amanheceu manchado de tinta vermelha e pichado com a inscrição “Viva Borba Gato”, o número “666” e o desenho de um pênis. Ainda no contexto de resposta ao ataque ao bandeirante, o antimonumento em homenagem ao líder comunista Carlos Marighella foi coberto por tinta vermelha. Como pode ser visto, centelhas do incêndio provocado na estátua do bandeirante atingiram outras homenagens feitas em diferentes suportes no espaço público.
O contexto mais imediato do ato no monumento de Borba Gato foi o de manifestações contrárias ao presidente do Brasil, realizadas no mesmo dia em diversos estados do país. As ações envolvendo monumentos, contudo, inserem-se em tecido mais amplo, marcado pela contestação de celebrações que exaltam personagens da colonização de povos africanos, indígenas e outros não brancos. A trama de tal tecido é formada por iniciativas internacionais e tem sido bastante mobilizada na esteira dos movimentos #BlackLivesMatter (#VidasNegrasImportam), deflagrados no contexto de luta contra a violência policial direcionada a pessoas afro-estadunidenses.
Diante do exposto, a presente comunicação tem como propósito analisar conflitos de memória no espaço público, evidenciando como e quais objetos eles colocam em conexão. Para tanto, observamos homenagens em suportes diversos e as ações que as têm colocado no centro do debate sobre a presença de figuras públicas no meio urbano.
Nossa atenção se voltará principalmente às intervenções que transformam muros, estátuas e outras superfícies em suportes de contra memória, entendidos em nossa proposta como aqueles que dão a ver histórias diversas daquelas corporificadas por estátuas de homens brancos, militares, fardados e seus correlatos.
Em continuidade à reflexão já iniciada (Lânes e Gomes, 2021) acerca do protagonismo de outros sujeitos na produção do espaço urbano, pretendemos dar prosseguimento à análise sobre objetos, imagens e eventos memoriais que homenageiam Marielle Franco. Estes têm se pluralizado pelas ruas de diferentes cidades desde o assassinato da vereadora e ativista dos direitos humanos em 2018. Interessamo-nos ainda pelos processos de viralização, no ambiente digital, das ações, aparentemente efêmeras, em torno de monumentos e objetos afins. Desse modo, buscaremos evidenciar suportes, processos e narrativas que se inserem em embates políticos contemporâneos, modulados por violências e resistências resultantes da atualização de relações coloniais de raça, gênero e de classe.