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Psicoterapia Familiar Sistemica

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AYESKA MARQUES, DENISE BARROS, FREDERICO ARLEN, JANAÍNA

OLIVEIRA, KARINA VITÓRIA, MARCELA NUNES, MATHEUS JUNIO

ESCOLAS DE TERAPIA FAMILIAR DE 1ª E 2ª ORDEM


ESCOLA DE MILÃO

BELO HORIZONTE
2022
AYESKA MARQUES, DENISE BARROS, FREDERICO ARLEN, JANAÍNA
OLIVEIRA, KARINA VITÓRIA, MARCELA NUNES, MATHEUS JUNIO

ESCOLAS DE TERAPIA FAMILIAR DE 1.ª E 2.ª ORDEM


ESCOLA DE MILÃO

Trabalho apresentado a disciplina de Psicoterapia


Familiar Sistêmica.

Professora: Vanessa

BELO HORIZONTE
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4

1.1 EPISTEMOLOGIA 4

2 EVOLUÇÃO 5

3 CONCEITOS TEÓRICOS 7

3.1 TEORIA DO PROBLEMA 8

3.2 TEORIA DA MUDANÇA 8

4 METODOLOGIA 9

4.1 PERGUNTAS CIRCULARES 9

4.2 HIPÓTESES 9

4.3 NEUTRALIDADE 10

5 A ENTREVISTA DA ESCOLA DE MILÃO 10

6 CONCLUSÃO 11

REFERÊNCIAS 12
1 INTRODUÇÃO

A terapia de famílias é uma nova forma de trabalho em nosso meio, embora


já adotada há cerca de 30 anos na América do Norte e Europa. A principal
representante deste grupo é Mara Selvini Palazzoli que, com Boscolo, Ceccin e
Prata, fundou em 1967 o Centro para o Estudo da Família. Partindo dos mesmos
pressupostos teóricos da Escola Estratégica, Palazzoli et al (1980) consideram que
os problemas que emergem quando os mapas familiares não são mais adequados,
ou seja, os padrões de comportamento desenvolvidos não são mais úteis nas
situações atuais. Dada a tendência à homeóstase, os problemas surgem quando as
regras que governam o sistema são tão rígidas que possibilitam padrões de
interação repetitivos, homeostáticos e vistos como "pontos nodais" do sistema.

1.1 EPISTEMOLOGIA

Durante a década de 1970 uma psicanalista de nome Maria Selvini Palazzoli


começou a identificar abordagens para tratamento de famílias com membros
anoréxicos. Frustrada com o fracasso da terapia individual no tratamento da
anorexia, ela formou uma equipe com Luigi Boscolo, Gianfranco Cecchin e Giuliana
Prata para examinar abordagens familiares. Começou com a abordagem sistêmica
do Instituto de Pesquisa Mental, delineada em Pragmática da Comunicação
Humana e, mais tarde encontrando-se com Paul Watzlawick em 1972, a equipe
começou a trabalhar com a família como um sistema. Ao mergulharem ni trabalho
seminal de Harley e Bateson, eles visavam desenvolver um modelo que fosse
conceitual e metodologicamente consistente com a epistemologia de Bateson.
Quando finalmente publicaram suas descobertas, eles relataram um sucesso
dramático no tratamento de famílias com membros anoréxicos e esquizofrênicos
(Selvini Palazzoli, et al., 1978).
A equipe se separou em dois e os vários membros seguiram caminhos separados
(Becvar & Becvar 1998: 239), separando-se em 1980 (Becvar & Becvar 1998: 245).
Palazzoli e Prata dedicaram-se a pesquisa, experimentando a “receita invariante”,
medição usada com todas as famílias (Selvini Palazzoli, 1986).Boscolo e Secchin
estavam dando mais enfase ao processo de entrevista.
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2 EVOLUÇÃO

O trabalho inicial dos associados de Milão (pré 1975) refletia a visão


cibernética de primeira ordem dos sistemas. Desta perspectiva as famílias
“disfuncionais” exibiam rigidez nas regras que regiam seu sistema de tal forma que
uma gama extremamente restrita de comportamentos era permitida (Selvini
Palazzoli et al., 1978). Os padrões interativos repetitivos no presente foram de
importância primordial. As intervenções foram focalizadas em padrões
homeostáticos “patológicos” particulares considerados pontos nodais (Tomm, 1984).
Embora suas prescrições incomuns atraíssem a atenção merecida, sua base
conceitual era de fato bastante como conceitos estruturais ou estratégicos relativos à
família.
O aspecto mais revolucionário da Escola de Milão, no entanto, foi vir depois
que Boscolo e Cecchin começaram a treinar outros, focalizando na atividade do
terapeuta, eles se toraram mais conscientes do sistema terapeuta familiar e
interessados na noção de “sistemas de observação”, ou seja, a diferença entre
cibernética de primeira e segunda ordem. (Howe e Von Foerster, 1974).
A cibernética de segunda ordem enfatiza a inclusão e participação do
observador no sistema, e inclui conceitos como auto-referência, processos
recursivos e a construção da realidade. A cibernética de segunda ordem é de ordem
superior à simples ou primeira cibernética, que enfatiza as propriedades
homeostáticas e adaptativas dos sistemas, e da segunda cibernética que enfatiza o
feedback positivo na transformação do sistema (Marayama, 1968). De uma visão
cibernética de segunda ordem, é o observador (terapeuta) que desenha distinções
que criam a "realidade". Da mesma forma, o sistema considerado relevante é
também uma construção do observador que desenha distinções. O observador
constrói e une uma ecologia de ideias — a construção e manutenção da realidade. É
através da linguagem, sugere Maturana, que conseguimos construir nossa visão
individual do mundo (Maturana & Varela, 1980).
O terapeuta e a família compreendem um sistema de co-evolução engajado
em um processo recursivo em que ambos fazem distinções sobre distinções. A
família não é uma máquina que possa ser programada ou controlada do exterior
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(Keeney, 1983). Ao contrário, o problema é uma ecologia de ideias e o que entra


pela porta do médico nunca é uma organização familiar, por si só (Hoffman, 1985).
Esta é a distinção de Bateson entre sistemas de energia e sistemas de informação.
Hoffman (1985) descreve como Bateson, por esta razão, discordou da terapia
estratégica que utilizava vocabulário baseado em jogos de guerra e de adversários,
tais como táticas de poder, estratégia, ser um para cima ou um para baixo, etc.
Os terapeutas adotando uma perspectiva cibernética de segunda ordem não
poderiam mais falar sobre patologia, disfunção ou resistência. A noção de disfunção
evolui a partir de uma visão das famílias como organismos, enquanto a
epistemologia sistêmica "desconstrói a patologia e nos deixa a viver em um mundo
de nossos próprios valores" (Dell, 1985, página 64). O conceito de "resistência"
emerge da percepção de que o terapeuta e o sistema familiar são entidades
separadas, em vez de aspectos de um mesmo processo. A "resistência" é, de fato,
um relacionamento e não uma característica de uma família (Keeney, 1983). Além
disso, se os problemas são vistos como embutidos em um sistema de significado
que inclui atribuições de causa e culpa, então tal sistema deve sempre incluir o
terapeuta, outras agências envolvidas e definições culturais, valores e crenças
(Hoffman, 1985).
Ao contrário dos modelos tradicionais de terapia familiar que se concentravam
em alterar "objetivamente" o comportamento percebido, padrões interativos,
estruturas disfuncionais, etc., o modelo de Milão desenvolveu um interesse renovado
pelo fenômeno mental, como ideias, crenças, atitudes, premissas e valores
(Hoffman, 1985).

3 CONCEITOS TEÓRICOS

Os terapeutas adotando uma perspectiva cibernética de segunda ordem não


poderiam mais falar sobre patologia, disfunção ou resistência. A noção de disfunção
evolui a partir de uma visão das famílias como organismos, enquanto a
epistemologia sistêmica "desconstrói a patologia e nos deixa a viver em um mundo
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de nossos próprios valores" (Dell, 1985, página 64). O conceito de "resistência"


emerge da percepção de que o terapeuta e o sistema familiar são entidades
separadas, em vez de aspectos de um mesmo processo. A "resistência" é, de fato,
um relacionamento e não uma característica de uma família (Keeney, 1983). Além
disso, se os problemas são vistos como embutidos em um sistema de significado
que inclui atribuições de causa e culpa, então tal sistema deve sempre incluir o
terapeuta, outras agências envolvidas e definições culturais, valores e crenças
(Hoffman, 1985). Ao contrário dos modelos tradicionais de terapia familiar que se
concentravam em alterar "objetivamente" o comportamento percebido, padrões
interativos, estruturas disfuncionais, etc., o modelo de Milão desenvolveu um
interesse renovado pelo fenômeno mental, como ideias, crenças, atitudes,
premissas e valores (Hoffman, 1985).
Fiéis à noção de que não há verdade ou 'realidade', as construções teóricas
subjacentes à abordagem de Milão se desenvolvem de forma recursiva com sua
prática, e as ideias que são úteis sobrevivem. Muitos dos conceitos duradouros
evoluem da descrição de Bateson de "mente", ou seja, o sistema vivo. A "mente",
afirma Bateson, "é um agregado de partes ou componentes interativos" (Bateson,
1979, página 101). Através da linguagem trazemos "coisas" para o mundo -
nomeamos e atribuímos características e qualidades a essas coisas. Enquanto
nossa linguagem nos orienta a perceber essas características como se elas
pertencessem às coisas, Bateson nos aconselha a pensar em todas as qualidades e
atributos como se referindo a pelo menos dois conjuntos de interações no tempo.
Palavras que supostamente descrevem indivíduos como "teimoso", "deprimido",
"agressivo", etc., na verdade, se referem ao que acontece entre pessoas, não a algo
dentro de uma pessoa. Este enfoque sobre o que acontece entre as pessoas nos
orienta a nos concentrarmos no relacionamento. Um relacionamento é produto de
uma visão dupla da interação entre às duas pessoas.
Em seguida, o terapeuta de Milão opera recursivamente entre níveis de
descrição e explicação de comportamentos. As "características" ou problemas são
expandidas para derivar suas definições a partir do padrão de interação. Isto é feito
através da obtenção da descrição a partir de múltiplas fontes. A interação entre
partes do sistema é acionada pela diferença" (Bateson, 1979, página 101). Os
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terapeutas de Milão, portanto, estão interessados nas diferenças entre os membros


da família em crenças, comportamentos, relacionamentos e também diferenças
entre um indivíduo ou partes do sistema em pontos diferentes no tempo.

3.1 TEORIA DO PROBLEMA

Bateson (1979, página 161) referiu-se ao aprendizado como um processo


estocástico - um processo seletivo não aleatório que faz com que certos
componentes aleatórios sobrevivam mais tempo do que outros. Dentro de um
grande número de alternativas, há uma seleção determinada por "algo como um
reforço". Da mesma forma, Tomm (1984a) refere-se a padrões de comportamento
que evoluíram por tentativas e erros a partir dos quais os indivíduos constroem
mapas. Segundo Tomm, os problemas surgem quando os "mapas" da família
deixam de ser úteis na situação atual. Penn (1982) se refere ao problema como a
solução para o problema anterior, cujo início se correlacionou com uma mudança em
relacionamentos importantes na família.

3.2 TEORIA DA MUDANÇA

Os terapeutas de Milão não especificam metas para as sessões ou para o


resultado da terapia. Ao invés disso, o terapeuta permanece neutro quanto a como,
ou se, a família muda. Pode-se dizer que a abordagem de Milão tem a meta de
facilitar a mudança nos padrões de mudança existentes, transformando assim os
padrões relacionais no sistema. Isto ocorre mais efetivamente no nível da
epistemologia da família (Tomm, 1984a).

4 METODOLOGIA

4.1 PERGUNTAS CIRCULARES

O processo de entrevista consiste quase inteiramente no questionamento da


família pelo terapeuta. O processo de interrogatório serve para: 1. Confirmar ou
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negar hipóteses previamente geradas; 2. Permitir que o terapeuta adquira uma


compreensão sistêmica da família; 3. Permitir que a família experimente a
circularidade da interação da família; e 4. Desencadear mudanças através da
introdução de informações. O questionamento é um processo recursivo e circular:
cada pergunta se baseia na resposta da família às perguntas anteriores, resultando
em novas perguntas e mais informações. O terapeuta faz assim parte da unidade de
consulta (Tomm, 1985). Esta forma de questionamento tem sido denominada
"circular". As perguntas circulares, portanto, acionam a liberação de informações.

4.2 HIPÓTESES

Hipóteses são "suposições, palpites, mapas, explicações ou explicações


alternativas sobre a família e o "problema" em seu contexto relacional" (Fleuridas,
Nelson e Rosenthal, 1986, página 113). As hipóteses de Milão respondem ao
"porquê" do comportamento sintomático oferecendo razões para o sintoma e
comportamentos conectivos de uma maneira que inclua três ou mais membros do
sistema (Ugazio, 1985). As hipóteses de Milão "baseiam-se em uma epistemologia
sistêmica e, em particular, no princípio de que a mais complexa explica a mais
simples, para criar hipóteses que são pelo menos triádicas e, portanto, implicam um
nível diferente de explicação" (Ugazio, 1985, página 25).

4.3 NEUTRALIDADE

A posição de neutralidade reflete a premissa de que as percepções e crenças


são construções, não verdade ou realidade. Os terapeutas de Milão tentam manter
uma meta para os membros da família, suas crenças e seus padrões de interação.
Ao manter uma atitude de curiosidade e aceitação, os terapeutas incentivam a
abertura da família com informações. Os terapeutas examinam hipóteses
alternativas, exploram contextos diferentes e evitam tomar uma posição para uma
mudança de comportamento ou de comportamento agressivo.
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5 A ENTREVISTA DA ESCOLA DE MILÃO

A entrevista de Milão consiste em cinco componentes: a pré-sessão, a


sessão, a inter-sessão, a intervenção e a pós-sessão.
Pré-sessão: o processo de entrevista começa com uma discussão em equipe
das informações de referência. A equipe se reuniu por vinte minutos para discutir a
informação disponível no momento da indicação.
A sessão: com a equipe atrás do espelho, o terapeuta inicia a sessão,
obtendo informações específicas sobre a preocupação da família. O terapeuta
observa as atitudes aparentemente diferentes do paciente problema e o explora.
Após mais explorações, a equipe chama o terapeuta para uma breve pausa.
Algumas novas hipóteses passam a ser consideradas. Para testar estas hipóteses, o
terapeuta explora a relação familiar. Como estas relações variam em proximidade
ou distância temporalmente, tendo evidências, portanto, para apoiar a hipótese o
terapeuta explora a área.
A inter-sessão: o terapeuta se junta à equipe para um cruzamento de meia
hora. Eles começaram por compartilhar suas percepções e reações pessoais. À
medida que mais e mais percepções eram compartilhadas, um quadro mais
sistêmico foi sendo construído. A partir da conceituação, a equipe elaborou uma
opinião.
A intervenção: o terapeuta retorna à sala onde se encontra a família e emite
seu parecer.
A pós-sessão: em seguida, ocorre uma pós-sessão onde a equipe discute a
reação da família à intervenção e possíveis direções para a próxima sessão.
Nas sessões seguintes, o contato entre o terapeuta e os membros da família
entre as sessões é evitado sempre que possível para não permitir que a família
desqualifique a intervenção e junte o terapeuta ao seu sistema. Um mês entre as
sessões é comum outras sessões seguem um formato similar de cinco estágios. O
foco do terapeuta mudará para incluir uma exploração das mudanças na família
desde a sessão anterior. Uma transformação dos padrões relacionais da família
pode ocorrer entre as sessões. A terapia é encerrada quando o problema
apresentado é resolvido e não há mais problemas aparentes.
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Figura 1 Ambiente de terapia familiar tradicional com uma equipe de observação (de Cecchin et al
1994: 17).

6 CONCLUSÃO

Em comparação com os modelos anteriores de terapia individual e familiar, o


modelo sistêmico de Milão representa uma abordagem radicalmente diferente da
terapia. Diversos aspectos são profundamente descontínuos com outros modelos: a
ênfase em realidades construídas; a inclusão do terapeuta e sistemas maiores; a
atenção dada às percepções, sentimentos e comportamento de cada indivíduo como
parte de um processo sistêmico; a posição de neutralidade e a confiança no
processo de questionamento.
A ênfase na realidade construída e no sistema de significado em torno do
problema é a força e a fraqueza da abordagem sistêmica de Milão. Ela oferece um
método de terapia rigorosamente consistente com a epistemologia sistêmica. Tal
abordagem, entretanto, se presta à possibilidade de minimizar a opressão, tratando-
a como uma realidade auto-construída. Este perigo é um pouco atenuado pela
ênfase no sistema terapeuta-problema que incentiva os terapeutas a examinar os
efeitos de sua própria participação.
A abordagem de Milão foi anunciada em exames espirituosos de
preocupações teóricas e epistemológicas na terapia familiar. Os aspectos
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terapêuticos da neutralidade e a utilidade do questionamento circular representaram


grandes desenvolvimentos, na prática da terapia familiar. Outros desenvolvimentos
são necessários para abordar as limitações e preocupações práticas dos sistemas
feministas e outros sistemas de valores.

REFERÊNCIAS

MACKINNON, Katherine; JAMES, Kerrie. The Milan Systemic Approach: Thery and
Pratice. Journal of family Therapy : Education Update, Australia and New Zealand, p.
89-98, 1987. DOI 10.1002/j.1467-8438.1987.tb01209.x. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/264683101_The_Milan_Systemic_Approa
ch_Theory_and_Practice. Acesso em: 23 mar. 2022.

NICHOLS, M. P.; SCHWARTZ, R. C. Modelos iniciais e técnicas básicas: Processo de


grupo e análise das comunicações. In: Terapia familiar: Conceitos e Métodos. 7. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2007. cap. 3, p. 65-99. ISBN 978-85-363-0942-2. Disponível em:
https://www.eecarvalhosenne.com.br/wp-content/uploads/2020/10/Terapia-
Familiar-Conceitos-e-Metodos.pdf. Acesso em: 23 mar. 2022.

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