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Instrução Direitos Humanos

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Instrução Direitos Humanos

Olá! Como vai?


Seja muito bem-vindo(a) a Instrução de Direitos Humanos da Polícia
Militar do Distrito Federal!
O objetivo da instrução é apresentar os Direitos Humanos de forma
direta, apreensível e, acima de tudo, aplicada à realidade dos policiais militares.
Seria inglória a tarefa de tentar esgotar o debate sobre Direitos Humanos em
organizações policiais em apenas 30 horas-aula, logo, essa instrução se insere
num contexto muito específico: representar um primeiro contato com os
conceitos relacionados aos Direitos Humanos.
Ao longo das aulas, serão disponibilizados materiais complementares
para o aprofundamento de temas relevantes a Instrução. Não deixe de
consultá-los, caso queira saber um pouco mais. A Corporação disponibiliza
instruções específicos para o aprofundamento em Direitos Humanos, como o
Curso Internacional de Multiplicador de Direitos Humanos.
Assim, caso você já tenha tido contato com esses conceitos, essa
Instrução será útil para relembrar conceitos e, talvez, para atualizá-los. Para
você que é um iniciante no tema, utilize essa instrução como um guia
introdutório que, esperamos, ser proveitoso em sua atuação profissional.
Caso você queira contribuir com o conteúdo da instrução, envie suas
sugestões para os autores.
Desejamos uma ótima instrução a todos(as)!
Um forte abraço!
Aula 1 : para o começo de conversa

Competência

 Refletir acerca do conceito de Direitos Humanos utilizado pelo senso


comum.

Habilidade

 Conhecer o conceito de Direitos Humanos.

1.1 Direitos Humanos e o Senso Comum


Você já parou para pensar sobre Direitos Humanos? Não nos
referimos a questões abstratas, mas àquilo que cotidianamente está
relacionado aos Direitos Humanos. Vamos começar com um exercício:
Separe uma folha de papel (ou mesmo um arquivo de texto no
computador) e, por cerca de 10 minutos, responda às questões seguintes. Por
favor, escreva com suas próprias palavras, de maneira objetiva, o que você
considera adequado sobre as questões:

 O que são Direitos Humanos?


 Como os Direitos Humanos estão presentes na minha rotina?
 O que significa uma violação aos Direitos Humanos?

Guarde as suas respostas. Retornaremos a elas no final desta aula.


Não deveria ser difícil falar sobre Direitos Humanos, especialmente
em organizações policiais. Talvez, os órgãos e instituições que atuam na
proteção dos Direitos Humanos tornem essa tarefa menos direta e natural do
que deveria ser. O que você já ouviu falar sobre Direitos Humanos? Talvez você
já tenha escutado pessoas falarem: “lá vêm os Direitos Humanos defender
bandidos”, ou então, “cadê os Direitos Humanos da vítima?”, ou ainda, “depois
que inventaram esses Direitos Humanos, menor delinquente não vai para a
cadeia” ou “adote um bandido”.
Como todas construções baseadas em preconceitos, as marcas ou
estigmas sobre Direitos Humanos não ajudam. São atalhos cognitivos falsos
que impõem uma visão equivocada sobre um conceito ou realidade. Por
exemplo: não há oposição entre a aplicação da lei (que os profissionais de
segurança pública realizam como parte de seus ofícios) e os Direitos
Humanos. Pelo contrário! A manutenção da ordem pública é uma expressão de
diferentes direitos humanos. Realizar detenções, apreensões e prisões são, de
igual forma, expressões de direitos humanos. Poderíamos continuar a longa
lista de tarefas rotineiras de profissionais de segurança pública e relacioná-las
com a defesa dos Direitos Humanos, mas, por que nem sempre é assim?
Mas, por que nem sempre é assim?
Existem diferentes possíveis explicações: uma delas, contudo, é
central: os Direitos Humanos são definidos erroneamente. Indo direito ao
ponto, os Direitos Humanos são inerentes à natureza humana, não podendo ser
concedidos, pois todos nascemos com eles. São parte da essência mínima da
condição humana em sociedade, ou seja, são características próprias dos
indivíduos a partir do momento em que se inserem num contexto social. Estão
presentes na rotina diária de todos nós, desde o direito à vida ao direito à
propriedade, passando pela liberdade de expressão, a designação política e o
direito de constituir uma família. Em ações simples do dia a dia, como entrar e
sair de sua casa, reunir-se com pessoas num restaurante, casar-se e, até
escolher o time de futebol e a profissão. Enfim, são direitos concretos e
cotidianos, longe de serem abstratos ou limitadores.
Os Direitos Humanos são relacionais, específicos de interações na
sociedade e, como tais, caracterizam essas relações numa lógica de mútua
implicação em que os limites são conferidos pelos direitos de outrem. Como se
diz no senso comum, “o meu direito termina onde começa o direito do outro”,
com a ressalva de que os direitos humanos são inerentes a todos ao mesmo
tempo.
Uma consequência direta dos Direitos Humanos é sua defesa por
parte dos poderes constituídos, dentre eles a sociedade civil. A garantia dos
Direitos Humanos deve ser observada por todos numa sociedade, cabendo ao
poder político o papel de implementar medidas para limitar violações. Uma
dessas medidas é a consolidação do ordenamento jurídico baseado na defesa
dos Direitos Humanos. Não pode haver discriminação em virtude de
características individuais ou de grupos na defesa dos Direitos Humanos. O
núcleo dos Direitos humanos é a condição humana! E as polícias são, no
ordenamento jurídico, instituições responsáveis por garantir direitos, assim
como tantas outras, como a Justiça, o Ministério Público e o Legislativo.
Para tanto, o ponto de partida básico de uma atuação adequada dos
profissionais de segurança pública na defesa dos Direitos Humanos é a
garantia de que eles próprios se incluam como sujeitos desses direitos. Como
assim? Ora, os profissionais de segurança possuem necessidades e condições
específicas de trabalho, contudo são, antes de tudo, seres humanos que se
inserem num contexto social. Não apenas satisfazem o conceito de Direitos
Humanos, como também se colocam numa condição especial por serem parte
do poder político que regula os comportamentos em sociedade. Logo, são
sujeitos dos direitos que promovem cotidianamente.
Como forma de resumir o que discutimos nesse começo de conversa,
apresentamos a seguinte definição inicial para Direitos Humanos:

Direitos Humanos são todos os direitos que possuímos,


pelo simples fato de sermos seres humanos, que nos
permitem viver com dignidade, assegurando, assim, os
nossos direitos fundamentais à vida, à igualdade, à
segurança, à liberdade e à propriedade, dentre outros. Eles
se positivam através das normas jurídicas nacionais e
internacionais, tais como tratados, convenções, acordos ou
pactos internacionais, leis e constituições. Estes direitos
são universais, interdependentes e indivisíveis (PMMG,
2010, p. 74).
Depois dessa aula, o que você mudaria nas respostas às questões que
abriram a aula? Volte às respostas e complemente-as, caso julgue necessário.
Aula 2 dignidade da pessoa humana

Competência

 Analisar os direitos relativos a pessoa humana.

Habilidade

 Diferenciar os conceitos sobre a dignidade da pessoa humana.


 2.1 Diferenciar os conceitos sobre a dignidade da pessoa humana
 A Declaração Universal dos Direitos do Homem inicia seu documento
afirmando que:
 Art. 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais
em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros
com espírito de fraternidade.
 Esse talvez seja postulado básico das relações entre os seres humanos.
A vida em sociedade é regulada por diferentes normas e valores, mas a
liberdade e a igualdade em dignidade e direitos são centrais para o
desenvolvimento de outros direitos. Como pensar no direito à
propriedade sem igualdade? E no direito à vida sem liberdade? Antes de
ser um enunciado abstrato, trata-se de uma questão tão importante
quanto presente nas nossas relações diárias.
 Por exemplo, pensemos da seguinte forma: como devemos tratar uns
aos outros? Como gostaríamos de ser tratados?
 A Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia – FRA (2016)
defende que a resposta a essas questões está no cerne dos direitos
fundamentais que se originaram da Regra de Ouro que consiste em um
antigo princípio ético oriundo de várias filosofias e religiões de todo o
mundo ao longo da história.
 Os direitos humanos são, em muitos aspetos, a formulação
moderna e mais pormenorizada da Regra de Ouro. Os
princípios dos direitos humanos escoram-se na ideia de que
todos os seres humanos têm uma dignidade humana que lhes
é inerente. Deste modo, todos temos de nos abster de violar
essa dignidade. Todos temos também de agir para proteger a
dignidade humana dos outros e a nossa. Além da dignidade,
os direitos humanos englobam também as ideias de
liberdade, justiça, igualdade e solidariedade (FRA, 2016, p. 27).
 Nessa linha, seria possível instituir uma regra de ouro nas relações
humanas que diz respeito ao princípio ético da reciprocidade. A resposta
às questões seria no seguinte sentido: trate os outros como você
gostaria de ser tratado!
 O argumento da regra de ouro nos leva à noção de dignidade da pessoa
humana. Não seria possível supor uma relação respeitosa sem que um
mínimo fosse respeitado.
 De acordo com Chaves Júnior (2016) não existe um conceito pronto e
acabado de “dignidade da pessoa humana”, por essa razão, acredita-se
que seu conceito é convencionado e produzido pelos sujeitos, ou seja, é
condizente com cada época, adaptando-se aos períodos históricos.
Embora não seja possível conceituar precisamente “dignidade da pessoa
humana”, é possível apresentar seu conteúdo mínimo (núcleo duro),
considerando ser um conceito polissêmico: Dignidade da pessoa
humana é ter a integridade física e psíquica, a liberdade e igualdade e o
direito mínimo existencial (ou direito ao patrimônio mínimo).
Mas como poderíamos caracterizar a dignidade da pessoa humana de forma prática?
Para tanto, sugerimos cinco passos descritos por Herrera Flores (2009):

1 passo : trata da necessidade de reconhecimento universal da capacidade


de que todos os seres humanos devem e podem reagir, culturalmente, diante
das relações que vivenciam na sociedade.

2 passo : ocupa em orientar a importância do “respeito” ao ser humano como


condição para compreender as diferentes percepções de mundo ao distinguir o
ser humano que tem privilégio em detrimento do outro e está em posição de
subordinação.

3 passo : tem o instituto da “reciprocidade,” como mecanismo de construção


de privilégios, ao retribuir ao outro o que dele se apodera. Pode-se extrair daqui
a ideia de solidariedade, de maneira a não ter espaço para aspectos negativos,
já que ninguém, em regra, quer seu próprio mal.

4 passo : dispõe sobre a “responsabilidade” assumida com toda


potencialidade para o bem-estar do próximo. Mas também na exigência de
responsabilidades daquelas pessoas que, de alguma forma, “cometeram o
saqueio e a destruição das condições de vida dos demais”.

5 passo : aborda um estratégico meio de se evitar o favorecimento individual


ou pessoal para uns e desvantagem para outros por meio da “redistribuição” de
“regras jurídicas, fórmulas institucionais e ações políticas e econômicas
concretas que possibilitem a todos não somente satisfazer as necessidades
vitais ‘primárias’ – elemento por demais básico e irrenunciável – mas, além
disso, a reprodução secundária da vida”.

Em resumo: capacidade, respeito, reciprocidade, responsabilidade e


redistribuição.

3.1 Evolução e as categorias dos Direitos Humanos


Os Direitos Humanos têm evoluído ao longo do tempo. São
manifestados a partir de valores, leis e políticas. Desde a dignidade da pessoa
humana, passando pela liberdade e igualdade que discutimos na aula anterior,
os Direitos Humanos se tornaram expressões concretas da densidade das
relações humanas. São espécies de contratos tácitos e construídos
historicamente, sobre os quais as gerações futuras se beneficiam para o
desenvolvimento de novos direitos e obrigações a partir de suas necessidades.
Os Direitos Humanos contribuem para criar as condições de
satisfação das necessidades fundamentais dos seres humanos, garantindo
valores básicos como a vida, a integridade física e mental, a liberdade e a
segurança. Além disso, os Direitos Humanos são mecanismos de resolução de
conflitos em situações de interesses legítimos (os direitos e a liberdade de um
indivíduo terminam onde começam os direitos e a liberdade de outro indivíduo).
Essas “implicações” dos Direitos Humanos também são válidas para as
relações entre os Estados e os indivíduos. Por exemplo, a ação estatal aderente
à defesa dos Direitos Humanos se preocupa em propor e criar leis adequadas,
executadas por agências capazes e julgadas por tribunais e ritos justos.
Os Direitos Humanos abarcam muitos domínios da vida, sendo
frequentemente agrupados nas categorias organizadas no quadro a seguir:
Mas, o que todos esses direitos têm em comum? As principais
características que os unem são:
1) Historicidade: Os Direitos Humanos não surgiram da noite para o
dia, mas, sim, a partir do processo de conquistas e lutas históricas pela
sociedade, que se tem retrocessos e avanços.
2) Vedação do retrocesso: Um país, um governo ou um órgão que
proporcionar um avanço na garantia e proteção dos Direitos Humanos não
pode fazer um retrocesso (trazer uma situação pior) às pessoas submetidas a
sua jurisdição, porque elas já tiveram incorporadas em seus patrimônios
culturais esse avanço.
3) Irrenunciabilidade: Uma pessoa não pode renunciar (dispor) de
algum direito humano incorporado na sua dignidade da pessoa humana.
4) Inexauribilidade: Os direitos humanos são inesgotáveis e não se
limitam a rol taxativo previsto nas normas, sendo possível sempre a ampliação
desse rol de direitos humanos, mas, jamais, a sua redução. O entendimento
novo se agrega com o entendimento já existente.
5) Imprescritibilidade: A pretensão de respeito e a concretização dos
Direitos Humanos não se esgotam, ou seja, não se perdem pelo passar dos
tempos, mesmo quando nunca tenham sido exercidos. Além disso, a busca por
reparação relativa aos direitos humanos não prescreve.
6) Relatividade (característica dos direitos humanos aplicada em
sentido amplo): a natureza universal dos Direitos Humanos é inquestionável.
Contudo, as normas de Direitos Humanos podem ser relativizadas em razão
dos elementos culturais, morais e costumeiro de determinado local. Como
assim? Os direitos humanos são universais, mas devem ser interpretados e
aplicados num determinado contexto histórico e cultural. Os países signatários
da ONU se manifestaram a respeito da seguinte forma:
[...] embora se deva ter sempre presente o significado das especificidades nacionais e
regionais e os diversos antecedentes históricos, culturais e religiosos, compete aos
Estados, independentemente dos seus sistemas políticos, econômicos e culturais,
promover e proteger todos os Direitos Humanos e liberdades fundamentais (ONU,
1993, p.4).

Aula 4 DEGLARAÇÃO UNNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH)


Competência

 Analisar os principais artigos da Declaração Universal dos Direitos


Humanos.
Habilidade

 Descrever os principais pontos apresentados na Declaração Universal


dos Direitos Humanos.
 4.1 Origem da Declaração Universal dos Direitos Humanos
 Após as atrocidades cometidas durante a 2ª Guerra Mundial, a ONU
promoveu a aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH). Ela foi elaborada por representantes de diferentes origens
jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo.
 A Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas
em Paris, em 10 de dezembro de 1948, por meio da Resolução 217-A (III)
da Assembleia Geral como uma norma comum a ser alcançada por
todos os povos e nações. Esta Declaração estabeleceu, pela primeira
vez, a proteção universal dos direitos humanos.
 Você sabia que a Declaração Universal dos Direitos Humanos tem trinta
artigos?
 Estudaremos apenas os considerados mais importantes para esse
momento, ou seja, aqueles que norteiam nossas ações
profissionais.Vamos lá?
ARTIGO I Artigo I - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em
relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

O primeiro artigo esclarece os princípios da liberdade e da igualdade: no caso


do primeiro, um direito de primeira dimensão como os direitos civis e políticos;
já no caso da igualdade, trata-se de conjuntos de
direitos de segunda dimensão, como os direitos sociais, econômicos e
culturais.
É importante lembrar que a DUDH foi aprovada como Resolução pela
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, o que
implica dizer que tem efeito vinculante para todos os Estados signatários,
incluindo o Brasil. A DUDH tem caráter histórico e resgata, em grande medida,
instrumentos anteriores como a Declaração do Bom Povo da Virgínia (1776) e a
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Por exemplo, a DUDH
recupera o lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade).!
No caso brasileiro, as semelhanças se mantêm! O artigo 5º da CF/1988
representa a expressão originária dos Direitos Humanos no ordenamento
jurídico brasileiro, inclusive na redação de diferentes incisos.
ARTIGO II Artigo II - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e
as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer
espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.

Esse artigo reconhece a personalidade jurídica dos seres humanos. A


capacidade de gozar direitos não é algo concedido aos seres humanos, mas
inerente à sua condição. Na atividade policial militar, os policiais devem atuar
na manutenção da ordem e na proteção de TODOS, sem distinção de qualquer
espécie.
O dispositivo jurídico deste artigo é a base da noção de igualdade formal, o que
é recepcionado no caput do artigo 5º da Constituição Federal: “Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes”.
Não é à toa que as redações são semelhantes. A igualdade é fundamental para
orientar o funcionamento da sociedade, inclusive do trabalho policial.
ARTIGO III Artigo III - Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à
segurança pessoal.

Veja que interessante: esse artigo trata sobre os bens jurídicos mais básicos de
uma sociedade. Sem segurança e sem liberdade a vida fica enfraquecida. São
conhecidos como os direitos fundamentais. Juntamente com a igualdade e a
propriedade, esses direitos são considerados fundantes para os demais
direitos de uma sociedade, como liberdade religiosa, opinião e expressão,
legítima defesa, inviolabilidade do domicílio, dentre outros.
Sendo assim, esses direitos representam parte da razão de existir do próprio
Estado e suas instituições. As polícias militares são, em última medida, as
defensoras dos direitos fundamentais e suas derivações.

ARTIGO V Artigo V - Ninguém será submetido à tortura nem a


tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Esse é um ponto essencial da aplicação da DUDH à atividade


policial. A aplicação da lei não permite a tortura e nem tratamentos
degradantes, desumanos, cruéis. Na DUDH, esses comportamentos
são vedados, assim como a escravidão. Não há possibilidade de
que tais condutas e comportamentos sejam adotadaos, ainda mais
por àqueles que devem aplicar a lei, como os policiais militares.

SAIBA MAIS
Atualmente a legislação tem especificado os casos em que pode e não pode
ser feito o uso das algemas. É de extrema importância que o policial conheça
essa legislação e que descreva em sua ocorrência policial a situação que
impôs o uso de algemas. O uso fora das situações legais pode tornar uma
prisão ilegal e culminar no seu relaxamento, ou ainda um apenamento dos
policiais por abuso de autoridade.
IMPORTANTE – Estude sobre a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997, que define
os crimes de tortura e dá outras providências.
Para ler as regulamentações sobre uso de algemas, acesse os links abaixo:
Decreto 8858/2016, que regulamenta o uso de algemas
Lei 13.434/2017, que veda o uso de algemas em mulheres grávidas
4.1 Origem da Declaração Universal dos Direitos Humanos (Continuação)

ARTIGO VII Artigo VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra
qualquer incitamento a tal discriminação.

Esse artigo estabelece a necessidade do reconhecimento da igualdade na


aplicação e na proteção dos bens jurídicos tutelados legalmente. Não é
permitido que qualquer legislação seja aplicada de forma discriminatória, quer
seja por razões de classe social, raça, sexo, orientação sexual, idade e outros.
Inclusive, não podemos esquecer que uma pessoa que comete um crime não
perde seus direitos humanos e tampouco perde a proteção integral desses
direitos.
Você já ouviu falar em racismo institucional?
Trata-se de um conceito que busca captar como o racismo se manifesta em
uma sociedade, quer seja nas estruturas de grupos sociais ou em instituições.
De uma maneira geral, ele é definido como privilégio a determinado grupo de
indivíduos em detrimento de outros, em razão da etnia a qual estes pertencem,
revelando-se na diferença de tratamento, distribuição de serviços ou benefícios.
Para conhecer mais assista ao vídeo a seguir:
https://virtual.iscp.edu.br/pluginfile.php/115622/mod_resource/content/4/inde
x.html#/aula04-02
ARTIGO IX Artigo IX - Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

A limitação da liberdade é regulada pela lei. Não são aceitas medidas


discricionárias em desacordo com os limites da lei, especialmente para a
limitação da liberdade. Essa é a reafirmação de um dos direitos fundamentais,
do qual decorrem implicações como o princípio do juiz natural, a presunção de
inocência, a inexigibilidade de produção de provas contra si mesma, a ampla
defesa, o contraditório, dentre outras.
A profissão policial militar requer um conhecimento aprofundado de densos
currículos formativos. Um dos núcleos da formação policial militar é o respeito
às leis. Enquanto protetores da sociedade, devemos conhecer as leis. Portanto,
é esperado que nossas ações sejam fundamentadas.
É preciso ter clareza das nossas ações, especialmente quando essa ação
implicar em restrição de direitos, como a detenção de uma pessoa.
ARTIGO XI Artigo XI -

1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser


presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de
acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido
asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no


momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou
internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela
que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

O artigo XI está relacionado aos anteriores. O artigo 5º da CF/1988 desenvolve


o disposto no artigo XI em diferentes incisos:
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.
Em particular, a presunção de inocência é um dos direitos fundamentais e se
aplica a todos os seres humanos. No caso dos policiais militares, esse direito
tem diferentes implicações: tanto em nossa atuação de policiamento (não
imputando condutas a terceiros) quanto nas rotinas administrativas (como em
situações de sindicância, inquéritos e outros procedimentos apuratórios).
ARTIGO XII Artigo XII – Ninguém será sujeito à interferência em sua vida
privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataque
à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra
tais interferências ou ataques.

A polícia militar é acionada cotidianamente para intervir em diferentes


situações. A vida privada, a honra e a reputação representam direitos cujas
violações podem ser desafiadoras para os policiais militares. Logo, é
importante lembrar que o domicílio é constitucionalmente protegido pelo art.
5°, inciso XI “- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
Além disso, o Código Penal e o Código de Processo Penal regulam as
circunstâncias específicas da inviolabilidade do domicílio e a validade de
buscas e apreensões. Sobre os crimes contra a honra destacamos três artigos
descritos no Código Penal:
ARTIGO XIII Artigo XIII -

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência


dentro das fronteiras de cada Estado.

2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o


próprio, e a este regressar.

A Constituição Federal promove no art. 5º, XV, que é livre a locomoção no


território nacional em tempo de paz (sendo que no estado de sítio este direito
pode ser declinado), e muitas vezes nos deparamos com frases de cidadãos
sobre o “direito de ir e vir” em meio a manifestações, passeatas, protestos.
O que deve ser observado na conduta à legitimidade constitucional do “ir e vir”
seria a não interdição de via pública, que por certo tem sido comum em
manifestações na Capital Federal, bem como tal direito, todavia, deve ser
exercido sempre respeitando o direito de terceiros.
ARTIGO XVI Artigo XVI -

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,


nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar
uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua
duração e sua dissolução.

2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento


dos nubentes.

3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem o direito


à proteção da sociedade e do Estado.

Talvez você deve estar pensando o que esse artigo tem a ver com a conduta
policial de atendimento? Estamos em pleno século XXI, com novas
configurações familiares, por isso, não podemos atender ocorrências policiais
com qualquer tipo de discriminação e desinformação.

ARTIGO XVIII Artigo XVIII - Todo ser humano tem direito à liberdade de
pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de
religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em
particular.

Você policial do DF sabe muito bem que estamos constantemente presentes


na Esplanada dos Ministérios para inúmeros eventos, dentre eles
manifestações, passeatas, protestos. Devemos estar atentos para defender a
liberdade de pensamento, consciência ou religiosa independente de opinião ou
crença pessoal. Como policiais não podemos manifestar qualquer tipo de
discriminação em função da nossa condição de representativa do Estado.
Assista ao vídeo a seguir sobre a Declaração Universal dos Direitos 
https://www.youtube.com/watch?
v=RNfIuGQYeTQ&ab_channel=DespertaiConsci%C3%AAncias
Os 30 Artigos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos

Instrução Direitos Humanos


Importantes instrumentos desenvolvidos para a defesa dos Direitos Humanos ao
longo do tempo
AULA 5 : DIREITOS HUMANOS E O TRABALHO POLICIAL

Competências

 Refletir a relação entre os diretos humanos e os profissionais de


segurança pública;

 Caracterizar o papel da polícia face aos direitos fundamentais numa


sociedade democrática.

Habilidade

 Relacionar o conteúdo com a realidade profissional.


 5.1 O Profissional de Segurança Pública como Sujeito de Direitos
Humanos
 Uma das questões que dificulta a discussão sobre os Direitos Humanos
em organizações policiais é o policial enquanto sujeito de direitos. São
comuns os questionamentos sobre a extensão e as limitações dos
direitos dos funcionários públicos, dentre eles os policiais militares, em
virtude de suas ocupações profissionais. Por exemplo, em cursos de
formação, o estranhamento com as novas rotinas pode gerar
questionamentos relacionados à forma de condução dos
treinamentos/horários, às rotinas intensas de atividades, e outras.
Ocorre que as organizações policiais devem formar seus integrantes
para estarem preparados para lidar com situações distintas do dia a dia,
que vão desde o trabalho administrativo até a atuação em
manifestações, enfrentamento a criminosos armados, ou mesmo em
ocorrências com explosivos. Ainda assim, o respeito aos direitos
humanos deve prevalecer nas diferentes rotinas organizacionais.
 Em vez de falarmos em “coisificação” ou “instrumentalização” da pessoa
humana, os policiais militares são sujeitos de direitos humanos como
todos os indivíduos em sociedade. São detentores de dignidade, de
identidade cultural e de patrimônio cultural, conscientes da sua
participação social, da sua expressão como pessoa e como
profissionais, indivíduos e membros da comunidade. Nesse sentido, são
invocados os seus direitos previstos em vários documentos
internacionais em matéria de direitos humanos, tais como a Convenção
Europeia dos Direitos do Homem (CEDH) ou o Pacto Internacional sobre
os Direitos Civis e Políticos (PIDCP). São aplicáveis aos direitos
humanos dos policiais os mesmos princípios que se aplicam aos
direitos humanos em geral (FRA, 2016). Em última medida, os direitos
humanos são indivisíveis e se aplicam a todos os seres humanos de
forma intrínseca.
 Contudo, existem diferenças importantes entre policiais e não-policiais
em matéria de Direitos Humanos. Em virtude da natureza de suas
ocupações, os policiais lidam com a manutenção da ordem como
instrumento de trabalho diário, o que sugere a constante contraposição
entre direitos. Essa constatação torna a atividade policial uma atividade
desgastante, cujas implicações para a vida dos policiais se estendem
em âmbito familiar, psicológico e social. São necessários cuidados
específicos para e pelos policiais. Por exemplo, a saúde mental dos
policiais militares tem sido preocupação cada vez mais pronunciada nas
organizações policiais. Outros pontos também podem ser citados:
necessidade de preparação para atuação em situações de risco;
necessidade de equipamentos especiais; necessidade de equipamentos
de proteção especiais; necessidade de sistemas de proteção social
específicos. Logo, tratam-se de necessidades específicas desse grupo
social que exige do poder público políticas específicas. O quadro abaixo
reúne exemplos de direitos humanos aplicados aos policiais militares:
5.2 Atuação Policial e Direitos Humanos
Na introdução desta instrução, afirmamos que a atuação policial em
contextos democráticos é uma expressão dos Direitos Humanos. Com isso,
nos referimos ao respeito às ordens constituídas em uma sociedade, cabendo
às polícias a manutenção da ordem e a aplicação da lei. Existem diferentes
maneiras do trabalho policial ser realizado. O respeito aos Direitos Humanos é
condição básica da convivência em sociedade, inclusive do trabalho policial.
Por exemplo, imagine que uma equipe de policiais militares atende a
um chamado de alguém que teve um celular furtado na rua. Os policiais
militares estavam em patrulhamento corriqueiro e percebem o movimento na
rua, quando são acionados pela vítima. Depois de entenderem o que havia
ocorrido, os militares seguem na viatura em busca dos suspeitos. Pouco tempo
depois, dois suspeitos são detidos com vários celulares e levados para a
apuração criminal. Como os Direitos Humanos estão presentes nessa situação
prática?
Em primeiro lugar, quando um policial militar detém um suspeito por
furto, a motivação é a violação do direito à propriedade de outrem. Logo, trata-
se da afirmação do direito à segurança da vítima.
Em seguida, os suspeitos são levados à apuração: respeita-se
o direito ao processo equitativo. Ou seja, ninguém será acusado e julgado sem
o devido processo legal prévio. A detenção dos autores pode vir a representar
uma privação ao direito à liberdade dos autores, o que só foi necessário por
terem violado a regra de ouro dos Direitos Humanos: o direito de outras
pessoas foi atingido no momento em que, no caso hipotético, o celular foi
furtado. Em suma, a interferência neste direito humano pode ser justificada
pela necessidade de proteger os direitos de outros ou de fazer cumprir a lei.
O exemplo acima demonstra como a rotina policial é fundada nos
Direitos Humanos. Por vezes, a atuação dos policiais se torna automática em
virtude da quantidade de casos atendidos, o que não implica dizer que essas
bases são esquecidas. Como forma de exemplificar diferentes instâncias da
atuação policial, o quadro abaixo reúne imperativos à atividade policial:
Tabela 2 - Obrigação de respeitar: exemplos no contexto do policiamento
Com isso, percebemos que os policiais ocupam um lugar de destaque
na defesa dos Direitos Humanos em contextos democráticos. O Estado confere
aos policiais o poder de usarem a força sempre que necessário e na medida
proporcional à ofensa ou à necessidade.

Os agentes de polícia ocupam um lugar especial numa sociedade


democrática, visto que o Estado lhes confere o poder do uso da
força quando necessário. Os direitos humanos impõem restrições
importantes à ação policial e ao uso da força, vinculando-os de
forma rigorosa aos princípios da legalidade, da proporcionalidade e
da necessidade. Tais restrições ajudam a garantir que, ao agir, a
polícia respeite os direitos humanos e procure utilizar os meios
menos intrusivos para alcançar os seus objetivos. Os agentes de
polícia não só têm de respeitar como têm proteger ativamente os
direitos humanos, por exemplo, detendo um suspeito para proteger
os direitos de outras pessoas. É esta obrigação de proteção da
polícia que faz com que os direitos humanos sejam a base do seu
trabalho (FRA, 2016, p. 58).
Sendo assim, o policial exerce um papel central na manutenção das
condições necessárias para a aplicação dos direitos humanos, bem como na
manutenção da ordem pública, na aplicação da lei, na prevenção e na detecção
da criminalidade, na assistência e no serviço à população.
AULA 6 DIREITOS HUMANOS E I GRUPOS EM SITUAÇÃO DE VUNERABILIDADE SOCIAL

Competências

 Diferenciar grupos em situação de vulnerabilidade social e minorias;

 Conhecer procedimentos na atuação policial específica com mulheres;

 Conhecer procedimentos na atuação policial específica com crianças e


adolescentes;

 Conhecer procedimentos na atuação policial específica com pessoas


LGBT;

 Conhecer procedimentos na atuação policial específica com pessoas


com deficiências;

 Conhecer procedimentos na atuação policial específica com pessoas


em situação de rua.

Habilidade

 Realizar abordagens policiais identificando a particularidade de cada


grupo específico.

6.1 Você consegue identificar a diferença dos termos Minoria e Grupos em


Situação de Vulnerabilidade Social?
Definimos minorias como um traço cultural comum presente em todos
os indivíduos, originando grupos específicos, que são sujeitos ligados entre si,
daí a denominação “minoria” (exemplo: indígenas, quilombolas, ciganos, etc.).
O conceito é visto como sinônimo de minoria quantitativa, mas, para o
qual, segundo Giddens (2005), as principais características são as seguintes:

 O compartilhamento de uma sensação de desfavorecimento em relação


a outros na distribuição de bens como recursos monetários e segurança;

 Existência de solidariedade ou identificação entre os membros do grupo.

Grupos em situação de vulnerabilidade são definimos quando não há


uma identidade, um traço em comum entre os indivíduos como fator que os
atraem; são grupos compostos pela sociedade de uma maneira geral.
Compreende-se que são indivíduos suscetíveis de ser feridos, ofendidos ou
atacados em virtude da condição ou especificidade que os distingue. É
interessante notar que a expressão correta é grupos em situação de
vulnerabilidade e não grupos vulneráveis, tendo em vista que a vulnerabilidade
é uma condição transitória, não-permanente, e que pode deixar de ser
considerada como uma condição suscetível a ofensas ou a ataques.
A vulnerabilidade é, assim, direcionada para três elementos (SANTOS,
2010):

 A exposição de indivíduos ou grupos a determinados riscos;


 A capacidade de respostas desses grupos e indivíduos a esses riscos;
 E os efeitos desses riscos sobre a vida daqueles vulneráveis.

Todos esses elementos são variáveis na população, ou seja, não se


distribuem de maneira aleatória, sendo possível perceber que determinados
grupos estão mais expostos a determinadas situações e, que mesmo entre
eles, as possibilidades de escape são diferentes.
Logo, vulnerabilidade é diferente de minoria.
6.2 Grupos em situação de vulnerabilidade social
A noção de grupos em situação de vulnerabilidade social não está
relacionada à quantidade de pessoas, mas aos riscos a que estão expostas
essas pessoas. É comum que sejam confundidos esses dois conceitos, por
isso lembre-se: mesmo quando maioria em números absolutos, os grupos em
situação de vulnerabilidade social tendem a sofrer com os impactos do menor
acesso aos meios de minimizar os efeitos dos riscos a que estão expostos.
Mas, o tratamento diferenciado para grupos em situação de
vulnerabilidade social é legal? É necessário?
O Estado de Direito prevê que todas as pessoas sejam submetidas à
lei. A legislação deve, portanto, tratar de maneira indistinta todos os cidadãos.
Contudo, em várias situações, o tratamento baseado numa concepção
essencialista de igualdade acaba por aprofundar desigualdades.
Como assim? Sempre que houver condições diversas de
oportunidades, o ponto de partida será diferente e a mera “aplicação” da norma
tende a aprofundar nas condições diversas. Desigualdades injustas precisam
ser corrigidas e a criação de direitos desiguais para a participação dos ativos
sociais é uma estratégia que ganha espaços na sociedade contemporânea.
Para a defesa dos Direitos Humanos, a noção de igualdade deve se
aproximar da ideia de equidade. Do latim aequitate, a palavra equidade significa
justiça natural, disposição para reconhecer imparcialmente o direito de cada
um, ou simplesmente justiça, igualdade e retidão, levando em consideração o
relacionamento entre os indivíduos em seu meio. Por exemplo, a política
pública de saúde brasileira (representada pelo Sistema Único de Saúde - SUS)
tem a equidade como um princípio doutrinário. Isso equivale a dizer que as
ações de saúde são orientadas pela equidade. Logo, os indivíduos são tratados
de acordo com suas necessidades, oferecendo mais a quem mais precisa e
menos a quem requer menos cuidados. Com isso, são reconhecidas as
diferenças nas condições de vida e de saúde e nas necessidades das pessoas,
considerando que o direito à saúde passa pelas diferenciações sociais e deve
atender a diversidade.
Assim, a oferta de serviços como a classificação de riscos em
hospitais (orientando quem deve ser atendido primeiro de acordo com critérios
de ordem de chegada, urgência e gravidade), equipes de saúde da família,
programas que atendem populações do campo e da floresta, ciganos, pessoas
em situação de rua, idosos e pessoas com deficiência, dentre outros.
A noção de igualdade deve se aproximar da noção de justiça, como
resume Aristóteles em seu livro Política:

Pensa-se, por exemplo, que justiça é igualdade – e de fato é, embora não o seja
para todos, mas somente para aqueles que são iguais entre si; também se
pensa que a desigualdade pode ser justa, e de fato pode, embora não para
todos, mas somente para aqueles que são desiguais entre si... [...] Para
pessoas iguais o honroso e justo consiste em ter a parte que lhes cabe, pois
nisto consistem a igualdade e a identificação entre pessoas; dar, porém, o
desigual a iguais, e o que não é idêntico a pessoas identificadas entre si, é
contra a natureza, e nada contrário à natureza é bom. (1997, p. 228).
6.3 Mulheres
Você sabia que há menos de 100 anos as mulheres não podiam votar,
não podiam trabalhar fora de casa sem autorização do marido, não podiam
trabalhar no serviço público? Mulheres casadas eram consideradas incapazes
pelo Código Civil de 1916 e essas eram restrições legais, ainda existiam outras
restrições de âmbito cultural e social.
Ao longo desses últimos 100 anos, os direitos das mulheres foram
lentamente sendo reconhecidos e os preconceitos sociais foram diminuindo. É
bastante claro o quão recente é essa evolução.
Apesar da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirmar que
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, e da
CF/1988 estabelecer no artigo 5º, II, que “homens e mulheres são iguais em
direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”, ainda persiste uma
desigualdade de fato entre homens e mulheres. A discriminação em razão do
gênero existe não apenas em nível de relações privadas, mas também na vida
pública.
E em relação à atividade policial, quais são as especificidades do
atendimento às mulheres ofensoras?

 A primeira máxima relacionada ao tratamento das mulheres em


operações policiais é a de que a revista pessoal só deverá ser realizada
por profissionais do sexo feminino. O art. 249 do CPP garante esse
direito caso não represente prejuízo ou atraso da atividade operacional
(BRASIL, 1941).

 As mulheres capturadas ou detidas serão conduzidas somente junto a


outras mulheres.

 A internação também será feita em locais ocupados somente por


pessoas do sexo feminino.

 As gestantes e lactantes exigem atenção especial dos profissionais de


segurança pública em situação de prisão ou detenção.
 Atenção para o uso de algemas em mulheres, além de obedecer a norma
geral (de acordo com Decreto nº 8.858/2016) é importante saber que é
vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos
médico-hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o
trabalho de parto, bem como em mulheres durante o período de
puerpério imediato, art. 292, CPP. Tenha cuidados especiais durante a
abordagem e a condução da mulher gestante e lactante, respeitando as
suas limitações físicas.

E em relação às mulheres ofendidas?


O atendimento a mulheres vítimas da violência também exige atenção
especial, posto que o processo que culminou em ocorrência pode envolver a
participação de familiares e, portanto, representar assunto doloroso e, por
vezes, constrangedor. O profissional de segurança pública precisa interagir
com a vítima, fazendo com que ela se sinta segura/confortável com o
atendimento policial. Nunca priorize o atendimento policial em detrimento do
atendimento psicológico necessário e devido às mulheres vítimas de violência.
Antes de tentar obter informações, busque acolher as mulheres vítimas de
violência.
Além disso, existem legislações específicas. Todos conhecemos a Lei
Maria da Penha, Lei n.º 11.340/2006, mas muitos desconhecem a história real
e a luta até a sua edição.
Assista ao vídeo abaixo e conheça a História de Maria da Penha
Fernandes

https://www.youtube.com/watch?
v=85hI7RZ5uPY&t=14s&ab_channel=ConselhoNacionaldeJusti
%C3%A7a%28CNJ%29
Maria da Penha é uma farmacêutica cearense que sofreu constantes
agressões do marido, culminando em duas tentativas de morte, vindo a deixá-la
paraplégica. Quando a Srª. Maria da Penha finalmente criou coragem para
denunciar o marido, encontrou descrença e morosidade da justiça.
A omissão do Estado em julgar o caso em um prazo razoável do
processo gerou revolta na farmacêutica, que se juntou ao Centro pela Justiça e
o Direito internacional (CEJIL) e ao Comitê Latino-Americano de Defesa dos
direitos da mulher (CLADEM), no intuito de oferecer denúncia contra o Brasil na
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), entidade dos Estados
Unidos, órgão legítimo para apresentar defesa em favor de qualquer cidadão
que tiver os seus direitos humanos violados.
Apenas em 2002, o caso da Maria da Penha foi solucionado, quando o
Estado brasileiro foi condenado por omissão e negligência pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos. Então, o Brasil teve que se comprometer
em reformular suas leis e políticas em relação à violência doméstica.
Apesar do avanço no reconhecimento dos direitos das mulheres,
ainda há muitos preconceitos enraizados na nossa sociedade, o que faz com
que o Estado precise de políticas públicas para promover a igualdade entre
homens e mulheres, e combater todas as formas de preconceito e
discriminação.
E você policial está pronto para o atendimento de mulheres em
situação de vulnerabilidade?
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer quais tipos de ocorrências
podem ser definidas pela Lei Maria da Penha. São as ocorrências que envolvem
os casos de violência contra a mulher com o propósito de oprimir o gênero
feminino em razão da vulnerabilidade ou subordinação frente ao gênero
masculino.
Para isso você precisa saber que encontrará mulheres em situação de
vítima e em situação de autora de crimes. Mesmo assim, deve-se estar atento
ao atendimento adequado a mulher:

 Não emitir julgamentos;


 Mulheres e meninas vítimas de crime sexual devem receber
atendimento, sempre que possível, de policiais femininas;
 São assuntos de polícia atos que envolvam violência, brigas entre
marido e mulher, e os policiais não devem hesitar em interferir;
 Sempre que houver caracterização de crime sexual, constrangimento
ilegal, ameaça, crimes contra a honra ou lesão corporal, os policiais
devem adotar providências legais de imediato.
 6.4 Crianças e Adolescentes
 Segundo o que preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
em seu art. 2°, considera-se criança a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
 queue
 Saiba Mais

 keyboard_arrow_down

 Quais são os termos mais apropriados para se referir as crianças e aos


adolescentes quando se tem em vista a preservação de seus direitos?
 Criança, menina, menino, garota, garoto, adolescente, rapaz, moça,
jovem, ao invés de menor, moleque e outros. Adolescente em conflito
com a lei ou adolescente autor de ato infracional, ao invés de menor
infrator, menor preso, delinquente juvenil, trombadinha, pivete, marginal.
 Nessa mesma linha, prefira "adolescente que cumpre medida
socioeducativa", "adolescente responsabilizado" ou "adolescente
internado" ao invés de "punido" ou "preso".
 Criança (meninos, meninas) em situação de rua no lugar de utilizar
menino de rua, moleque de rua, trombadinha, moleque à toa, menor
abandonado, menor carente. Convencionou-se chamar "meninos (as) de
rua" as crianças e adolescentes que passam seus dias nas ruas. No
entanto, pesquisas demonstram que a maioria deles tem um lar, um
endereço ou uma referência, ainda que diferente do padrão tradicional
de família.
 No caso de adolescentes prefira sempre o uso de dependente químico
ao contrário de drogado. O termo é pejorativo e preconceituoso,
trazendo a ideia de que dependência química é algo proposital e que
todos os dependentes fazem uso de drogas ilícitas.
 A legislação brasileira e a Organização das Nações Unidas (ONU)
reconhecem a criança como pessoa em condição peculiar de
desenvolvimento, que deve ser tratada como sujeito de direitos legítimos
e indivisíveis e que demanda atenção prioritária por parte da sociedade,
da família e do Estado.
 Deve-se estar atento para o uso de algema em adolescentes em conflito
com a lei: apenas em casos excepcionais, que impliquem risco de fuga
ou perigo à integridade física do adolescente ou de terceiros, desde que
justificada por escrito.
 O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8069/1990) não traz em
seu bojo qualquer menção sobre o uso de algemas em crianças ou
adolescentes, apenas restringindo, em seu art. 178, o transporte em
compartimento de fundo de viaturas:
 O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional
não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento
fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua
dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou
mental, sob pena de responsabilidade.
Diante deste cenário, o Supremo Tribunal Federal (STF) editou
a Súmula Vinculante 11 com a seguinte redação:
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão
ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Assim, a Corte Maior restringiu o uso de algemas as seguintes


situações:

 Em casos de resistência;
 Receio de fuga;
 Perigo a integridade do preso ou de terceiros.
Somando-se aos casos autorizados de uso das algemas, deve o
agente ou a autoridade, sob pena de nulidade da prisão, justificar, por escrito, a
excepcionalidade do uso do aparato.
As apenações aplicadas aos adolescentes são:

 Advertência;

 Reparação de dano;

 Prestação de Serviços à Comunidade (PSC);

 Liberdade Assistida;

 Semiliberdade;

 Internação;

 Medidas protetivas como o encaminhamento aos pais ou responsáveis;


orientação, apoio e acompanhamento temporários; matrícula e
frequência obrigatória em escola; inclusão em programa comunitário ou
oficial de auxílio à família e ao adolescente; requisição de tratamento de
saúde em regime hospitalar ou ambulatorial; inclusão em programa
oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
toxicômanos.

A condição especial das crianças e dos adolescentes faz com que os


procedimentos para o atendimento de ocorrências em que haja a participação
de menores de 18 anos, na condição de possíveis autores, obedeça a
procedimentos específicos. Tão logo a criança ou o adolescente sejam
apreendidos pelos profissionais de segurança pública, eles devem ser
conduzidos à presença de autoridade judiciária e, na medida do possível, os
pais ou responsáveis devem ser acionados. Durante a apreensão, a criança ou
adolescente tem o direito de ser informado pelo profissional de segurança
pública dos seus direitos, sendo a algema utilizada somente em caso de
justificada necessidade mencionada no registro de ocorrência policial.
6.5 POPULAÇÃO LGBT
Você sabe o que significa orientação sexual?
É a forma como a pessoa se sente em relação à afetividade e à
sexualidade. Os conceitos de bissexualidade, heterossexualidade e
homossexualidade são tipos de orientação sexual.
Vamos assistir ao vídeo a seguir e aprender um pouco sobre o
assunto:

https://www.youtube.com/watch?v=XsJTCKzL-
Gg&ab_channel=MinutosPs%C3%ADquicos
VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA LGBT?
Segundo GDF(2018) e Glaad (2016) LGBT é a sigla de LÉSBICAS,
GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS e TRANSEXUAIS
Lésbica: designa mulheres que sentem atração física e sentimentos
de amor apenas por outras mulheres.
Gays: designa pessoas que sentem atração física, romântica e
emocional por pessoas do mesmo sexo. Às vezes lésbica é o termo preferido
para mulheres. Evite identificar Gays como “homossexuais”, pois é uma forma
ultrapassada e considerada ofensiva por várias pessoas gays e lésbicas.
Bissexuais: designa indivíduos que se sentem atraídos afetiva e
sexualmente tanto por pessoas de gênero masculino quanto feminino.
Transexuais: pessoas que nascem com o sexo biológico diferente do
gênero com que se reconhecem. Essas pessoas desejam ser reconhecidas
pelo gênero com o qual se identificam, sendo que o que determina se a pessoa
é transexual é sua identidade, e não qualquer processo cirúrgico.
Travestis: pessoas que nasceram com o sexo masculino e que se
identificam com o gênero feminino, exercendo seu papel de gênero feminino.
Isso quer dizer que a forma de tratamento com travestis é sempre no feminino.
Obs.: O termo correto deverá ser a travesti.
Nas situações de abordagem policial, a Cartilha de Atuação Policial na
Proteção dos Direitos Humanos de Pessoas em Situação de Vulnerabilidade
(2013) sugere que o agente ou autoridade de segurança pública esteja atento
às seguintes questões:

 Pergunte como a pessoa LGBT gostaria de ser chamada;

 Nunca utilize termos jocosos quando abordar uma pessoa LGBT;

 Utilize os pronomes de tratamento adequados: Senhor/ Senhora;

 As travestis e transexuais que assumiram o gênero feminino devem ser


tratadas com termos que correspondam à sua identificação social
feminina (Ex.: senhora, ela, dela). O mesmo pode ser dito a respeito dos
transexuais masculinos;

 O policial ou outro profissional de segurança pública deve aceitar a


indicação da pessoa sem que isso seja motivo para qualquer
comentário;

 Para evitar constrangimentos, em situações de deslocamento até a


unidade da Polícia Civil, as travestis ou transexuais femininas precisam
ser conduzidas em separado dos homens heterossexuais que possam
estar envolvidos na mesma ocorrência;

 Pelo mesmo motivo, os transexuais masculinos também serão


conduzidos separadamente dos homens heterossexuais para
manutenção da analogia com o Código de Processo Penal que limita a
condução de mulheres em mesmo ambiente que homens;
 Prioritariamente, a revista em transexuais femininas e travestis deve ser
realizada por policiais do sexo feminino com vistas a preservar o direito
ao reconhecimento da identidade de gênero. Contudo, nas situações em
que houver grande diferença entre o porte físico da travesti ou
transexual feminina e a policial presente no momento do fato, a revista
poderá ser realizada por um policial do sexo masculino;

 No caso das transexuais masculinos – que assumem o gênero


masculino – a revista será feita exclusivamente por profissionais de
segurança pública do sexo feminino, conforme o previsto pelo Código de
Processo Penal, art. 249, já mencionado na seção dedicada às mulheres;

 No processo de identificação documental, cabe ao policial repetir em voz


alta o nome presente no documento da pessoa abordada, posto que ele
difira do nome social quando este é informado.

ATENÇÃO
O nome oficial é o nome que consta nos documentos oficiais que deverão ser
informados no registro da ocorrência caso seja necessária sua elaboração.
6.6 PESSOA COM DEFICIÊNCIA
São consideradas pessoas com deficiência de acordo com a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (2018) “[...] aquela que tem
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial,
o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas” (art. 2°).
As barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência, sejam elas:
urbanísticas, arquitetônicas, de transporte, de comunicação e informação,
atitudinais e tecnológicas requerem do poder público instrumentos normativos
para a garantia dos direitos das pessoas com deficiência.
Em situações que existam suspeita acerca do comportamento do
cidadão indicando a presença de um ou mais tipos de deficiência, o policial
militar deve dar atenção especial ao processo de revista e eventual condução,
para que ocorra dentro dos limites da legalidade, do respeito aos direitos
humanos e do respeito à pessoa com deficiência.
Antes de auxiliar uma pessoa com deficiência, pergunte se ela precisa
da sua ajuda, e, também, como você pode ajudá-la.
O Guia de Direitos Humanos: Conduta Ética, Técnica e legal para
instituições policiais militares, produzido pela Secretaria Especial de Direitos
Humanos (BRASIL, 2008), alerta a respeito dos cuidados do Profissional de
Segurança Pública (BRASIL, 2008) ao abordar uma pessoa com deficiência:

ATENÇÃO Quando não atendido em uma solicitação, como por


exemplo uma ordem de parar, é preciso considerar a hipótese de se tratar de
uma pessoa com deficiência auditiva ou intelectual. Isso pode reduzir as
chances de um erro de interpretação que culmine no uso indevido da força.
6.7 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
População em Situação de Rua: Grupo populacional heterogêneo que
possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou
fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, que utiliza
logradouros públicos e áreas degradadas como espaço de moradia e de
sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de
acolhimento para pernoite temporária ou como moradia provisória. (BRASIL,
2009). Ou seja, existem três características principais:

 Desenvolvimento das atividades necessárias à sobrevivência nas ruas;


 Inexistência de moradia regular;
 Rompimento dos laços sociais familiares.
É necessário destacar que a situação de rua não configura crime e
tampouco contravenção penal. Portanto, o simples fato de estar nas ruas não
exige do policial uma atuação repressiva. Desde que não esteja infringindo a lei,
é garantido ao cidadão em situação de rua permanecer em local público
Nas situações em que houver o desrespeito à legislação a abordagem
será feita em conformidade com os padrões da instituição, mas oferecendo
atenção especial a alguns pontos descritos a seguir:

 O agente de segurança pública precisa observar a quantidade de


abordados no local e o tamanho da equipe à disposição para que a
atividade se desenvolva de maneira segura;
 Sugere-se que as pessoas abordadas sejam afastadas dos materiais
geralmente expostos nas áreas, onde estão instalados (papelão,
colchões, cobertores etc.);
 Caso seja necessário, o profissional pode utilizar luvas descartáveis para
o contato com o abordado e seus pertences;
 Os profissionais de segurança pública precisam ter muito cuidado com
os pertences das pessoas em situação de rua. Os objetos têm muito
valor para aquelas pessoas e não podem ser descartados ou jogados de
maneira agressiva;
 Oriente-se a respeito dos serviços de atendimento à população em
situação de rua existentes na região e, se possível, solicite a presença de
agentes desses serviços em operações policiais para que o processo de
atendimento se inicie ali.

SAIBA MAIS
Desde o ano de 2009 através da Lei nº 11.983 a “mendicância” deixou
de ser considerada contravenção penal no Brasil.
REFERNCIAS
ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1997.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.h
tm. Acesso em: 11/01/2020.

________. Lei nº 8.069 de 13 e julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da


Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em:
12/01/2020.

________. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Código Brasileiro de


Trânsito. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm.
Acesso em 10/01/2020.

________. Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos Humanos. Brasília,


2012. Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/06. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm.
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________. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n° 302, de 12 de dezembro


de 2008. Define e regulamenta as áreas de segurança e de estacionamentos
específicos de veículos. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
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________. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n° 304 de 2 de dezembro


de 2008. Dispõe sobre as vagas de estacionamento destinadas exclusivamente
a veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência e com
dificuldade de locomoção. Disponível
em: https://infraestrutura.gov.br/images/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_
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________. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Enfrentando a


Violência contra a Mulher. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as
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________. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Atuação policial na


proteção dos direitos humanos de pessoas em situação de vulnerabilidade. 2
ed. Brasília: Secretaria Nacional de Segurança Pública, 2013. Disponível
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________. Secretaria Especial dos Direitos Humano. Guia de Direitos Humanos:
conduta ética, técnica e legal para instituições policiais militares. Disponível
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________. Ministério dos Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Proteção dos


Direitos da Criança e Adolescente. Violência contra Crianças e Adolescentes:
Análise de Cenários e Propostas de Políticas Públicas Brasília: Ministério dos
Direitos Humanos, 2018.

BRASILIA. Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social. Segurança Pública


e LGBT Disponível em: http://www.ssp.df.gov.br/wp-
conteudo/uploads/2018/09/CARTILHA-LGBT-final-13.pdf. Acesso em:
10/01/2020.

CHAVES JÚNIOR, Isaac Falcão. Disciplina Processo de Esclarecimento sobre


os Direitos Humanos do I Curso de Multiplicador em Direitos Humanos –
CMDH/2018, Nível Misto. ISCP Virtual: Brasília-DF. 2018.

GLAAD. Media Reference Guide, 2016. New York e Los Angeles, 2016.
Disponível em: https://www.glaad.org/sites/default/files/GLAAD-Media-
Reference-Guide-Tenth-Edition.pdf. Acesso em: 15/01/2020.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.

EUROPEAN UNION AGENCY FOR FUNDAMENTAL RIGHTS. Formação policial


com base nos direitos fundamentais. Manual para formadores de forças de
polícia. Viena, Áustria. 2016.

FRA (Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia). Formação policial


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